CORTE-REAL. Provêm os Corte-Reais da família dos Costas, do Algarve, ignorando-se ao certo a origem do apelido, que começou em Vasco Anes da Costa, cavaleiro honrado de Tavira, no tempo de D. João I, ou em seus filhos Vasco Anes Corte-Real, GiVaz da costa e Afonso Vaz da Costa, que também o usaram, transmitindo-se à descendência dos dois primeiros, pois do terceiro não consta que a houvesse. Informam alguns autores genealógicos que Vasco Anes Corte-Real, criado e valido de D. Duarte, dele recebeu o apelido por ser muito agasalhador de pessoas, dizendo o mesmo Príncipe que a sua corte era real quando nela esava Vasco Anes. Foi alcaide-mor de Tavira e Silves, fronteiro-mor do Algarve, o primeiro que desembarcou em Ceuta com o infante e que entrou na porta de Almina.
Outros autores dizem que veio o apelido a Vasco Anes de Costa, seu pai, por este oferecido a D. João I para ir ao desafio dos Doze de Inglaterra e que, deste acontecimento, juntara às armas dos Costas a cruz vermelha, a qual trazia no escudo o cavaleiro inglês com quem se batera. Parece mais natural que o apelido tenha começado em Vasco Anes da Costa e os filhos o recebessem dele do que haver principiado em Vasco Anes, seu filho, e deste o tomassem os irmãos.
As armas dos Corte-Reais são; De vermelho, com seis costas de prata, postas 2, 2 e 2 e firmadas nos falncos; chefe de prata, carregado de uma cruz do primeiro esmalte, solta nos flancos. Timbre: um braço armado de prata, guarnecido de ouro, com lança enristada de prata, hasteada de ouro, com uma bandeira de duas pontas também de prata, carregada de uma cruz de S. Jorge de vermelho.
Jeronimo Corte-Real, filho de Vasco Anes Corte-Real e de sua mulher, D. Joana da Silva, neto paterno de João Vaz Corte-Real e de sua mulher, Maria de abarca, bisneto de Vasco Anes Corte-Real e de sua mulher, Mor Escudeiro, e terceiro neto de Vasco Anes da Costa, o mais antigo a que nos referimos, instituiu o morgado de Vale Palma, o qual por não ter geração, passou a seu sobrinho João Vaz Corte-Real, filho segundo de seu irmão Manuel Corte-Real. Desejando Jeronimo Corte-Real que os administradores do morgado pudessem usar as armas dos Corte dos Corte-Reais sem a diferença que teriam de pôr, em virtude de o chefe da linhagem ser o sobredito seu irmão Manuel, pediu a D. João III lhe concedesse ascrescentando para ele e seus descendentes, o que o soberano fez por Carta de 22-X-1542, confirmada em 10-III-1544. O acrescentamento pedido foi uma lança com bandeira farpada e nela uma cruz, a qual os Corte-Reais traziam detrás do escudo. As suas armas ficaram assim ordenadas: De vermelho com seis costas de prata, postas 2, 2 e 2 e firmadas nos flancos e uma lança de prata, hasteada de ouro com bandeira de duas pontas também de prata carregada de uma cruz vermelha, posta em pala no meio do escudo; chefe de prata carregado de uma cruz de vermelho solta nos flancos. Timbre: um braço armado de prata, guarnecido de ouro, com lança eristadade prata, hasteada de ouro, com bandeira de duas pontas também de prata, carregada de uma cruz de S. Jorge de vermelho.
Da Carta de acrescentamento concedida a este Jerónimo Corte-Real, parece depreender-se que seu pai foi o ganhador do acrescentamento do chefe posto nas armas dos Costas, o qual originou as dos Cortes-Reais.
Não pode a alusão que ali se encontra referir-se a outro acrescentamento, pois mais nenhum se conhece e, sendo ele o chefe d linhagem, era natural que não se perdesse. Pedindo o mencionado Jerônimo por acrescentamento a lança coma bandeira, prova-se que tudo o mais já existia nas armas paternas. Assim, se desfaz a lenda de a cruz provir do escudo do cavaleiro inglês com quem s ebatera Vasco Anes da Costa, no torneio dos Doze de Inglaterra.
Portugal:
João Vaz Corte-Real: Avô de Jerônimo retomencionado, foi nomeado capitão-donatário da Ilha de São Jorge (Açores) e, crucialmente, governador de Angra. A tradição e algumas fontes históricas (como o cronista Gaspar Frutuoso) atribuem-lhe uma expedição ao "Terra Nova do Bacalhau" por volta de 1472, uma década antes de Colombo. Oque lhe daria a primazia da descoberta do Novo Mundo.
Os Irmãos Corte-Real (Miguel e Gaspar): Filhos do supracitado João Vaz, foram também grandes exploradores.
Gaspar Corte-Real: Partiu de Lisboa em 1500 e explorou massivamente a costa da Groenlândia e, pensa-se, da Labrador e Terra Nova (Canadá). Em 1501, numa segunda viagem, desapareceu no mar sem deixar rasto.
Miguel Corte-Real: Partiu em 1502 em busca do irmão. A sua frota também desapareceu, alimentando um dos grandes mistérios da Era dos Descobrimentos.
Estas explorações foram fundamentais para o reconhecimento da cartografia do Nordeste da América do Norte e consolidaram os direitos portugueses sobre as pescarias da Terra Nova, uma riqueza económica colossal durante séculos.
Brasil:
A transferência da família para o Brasil está ligada a cargos de alta administração colonial. O Tenente-General Pedro Luis da Franca Corte Real (o primeiro da lista baiana) era um militar de alta patente, posição reservada à nobreza e à confiança da Coroa. Os casamentos dos Corte-Reais com outras famílias nobres da colônia, mostram uma integração profunda na elite colonial baiana. A família ligou-se a: Famílias de Militares e Governadores: (Pedro Gomes, que governou o Rio de Janeiro); Famílias da Alta Nobreza da Terra: (Abreu Lima, Velho de Araújo); A "Nobreza Fundadora" da Bahia: A menção a Diogo Alvares Correia (Caramuru) e Catharina "Paraguaçu" (através do casamento de D. Luiza da França Corte-Real) é crucial. Ligar-se a essa linhagem significava vincular-se à própria mitologia de fundação do Brasil, conferindo um status quase lendário e direitos sobre terras. A presença de clérigos e um visitador das minas do arcebispado (cargo de grande autoridade e influência) mostra que a família também controlava posições-chave dentro da Igreja, um pilar do poder colonial.
Os três filhos de Domingos Barbosa de Araújo e de D.ª Luiza da França Corte-Real (filha de Afonso da Franca Corte-Real), se unirão a famílias paulistas: Lemos, Góis e Aguiar. A Bahia era o centro político-administrativo do Brasil, e São Paulo emergia como base do bandeirismo e expansão territorial. Desse modo, era comum que filhos de famílias nobres baianas se casassem com paulistas para ampliar terras no interior, tomando parte em expedições / entradas, (busca de ouro, indígenas, destruição de quilombos), e escapar da concorrência na Bahia onde o poder se concentrava em poucas famílias. É assim, que Domingo Jorge Velho (destruidor do Quilombo dos Palmares) irá se casar com uma neta de D.ª Catarina de Araújo casada com o Capitão-Mor Manuel Gonçalves de Aguiar, familia pioneira em Jundiaí.
A família Corte-Real representa um fascinante microcosmo da história luso-brasileira. Das origens no Algarve e nos Açores, alcançou fama eterna através das corajosas explorações de Gaspar e Miguel no Atlântico Norte, que garantiram a Portugal um legado duradouro na América do Norte. No Brasil, o ramo baiano da família, descendente desses mesmos troncos, não se limitou a perpetuar o nome, mas integrou-se estrategicamente na elite governante, militar e eclesiástica da colônia, através de alianças matrimoniais com as famílias mais poderosas, incluindo a linhagem fundadora de Caramuru. A sua história é a da própria construção do Império Português, desde as conquistas no Norte de África até à consolidação do poder na América do Sul.
Os Araújo Corte-Real em São Paulo:
GENEALOGIA CORTE-REAL NA BAHIA:
1. Tenente General Pedro Luis
da Franca Corte Real
2. Afonso da Franca Corte Real c.c. D. Maria Gomes,
neta do mestre de campo Pedro Gomes, que governou o Rio de Janeiro, e de sua
mulher D. Isabel Madeira, filha legítima de Domingos Lopes Falcato e de Agueda
da Costa, viúva do capitão de infantaria Lázaro Lopes Soeiro.
3. D. Catarina da Franca Corte Real c.c.
Tristão Velho de Araújo, Fidalgo da Casa Real, f.º de Paio de Araújo de Azevedo
e de sua segunda mulher D. Ana de Souza, f.ª de Duarte Lopes Soeiro e de D.
Maria de Souza Dormondo (Drummond).
4. D. Ana Maria da Franca Corte Real
c.c. Lopo Gomes de Abreu Lima, filho de Francisco Gomes de Abreu Lima e de Maria
de Brito Cassão.
5.1. Francisco Gomes de Abreu Lima
Corte Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, que faleceu solteiro.
5.3. Lopo Gomes de Abreu Lima Corte
Real, capelão Fidalgo da Casa Real, sacerdote no ano de 1770, e foi visitador
das minas do arcebispado.
5.4. Manuel Caetano de Araújo Corte
Real, clérigo.
5.5. D. Clara Maria de Abreu Lima.
5.6. D. Ana Maria Antônia da Franca.
5.7. Gonçalo Gomes da Franca,
solteiro.
5.8. D. Teresa Maria da Franca.
5.9. D. Isabel Clara de Abreu.
5.10. D. Catarina Josefa da Franca.
3.1. D. Catarina Corte-Real c.c. Afonso da França.
4.1. D. Luiza da França Corte-Real c.c. Domingos Barbosa de Araújo, f.º de Catarina Gil que era neta de Diogo Alvares (Caramuru) e de Catarina Paraguaçu, e de Gaspar Barbosa.
1. Domingos Alvares c.c.
2. Pedro Gomes c.c. Isabel da Costa Madeira, f.ª legítima de Domingos Lopes Falcato e de Ágüeda da Costa, viúva do capitão de infantaria Lázaro Lopes.
3.1. D. Maria Gomes c.c. Afonso da Franca, terceiro filho de Leonor da Franca e seu marido Manuel Gonçalves Barros foi capitão de infantaria.
3.2. Pedro Gomes da França Corte Real (não casou, mas, consta ter tido duas filhas)
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