quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Clã dos Bueno(s)



“Podemos, então, tentar traçar a descendência de Amador Bueno. Na verdade, acabaremos descobrindo que virtualmente todo mundo no Brasil descende dele, porque o número de descendentes cresce, não em potência de 2, como no caso dos antepassados, mas mais rapidamente ainda, por causa do grande número de filhos que as pessoas tinham no passado. A propósito, sei com confiança que sou parente de Amador Bueno, porque um livro chamado Amador Bueno, o Aclamado, na Família Lagoana, menciona o nome de minha avó paterna, Balbina Drummond Pena, como sua descendente."

Sérgio Pena, geneticista.


São muitos os brasileiros descendentes de Amador Bueno. Dentre eles estão vultos como Getúlio Vargas, Tancredo Neves, Roberto Marinho, Júlio de Mesquita Filho, Walter Moreira Sales, Vicente de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade, Frei Gaspar da Madre de Deus, Pedro Taques de Almeida Paes Leme e Bárbara Heliodora.

Teve princípio esta família em Bartholomeu Bueno de Ribeira (natural de Sevilha, *1555, †1620) vindo para S. Paulo em 1571 com seu pai Francisco Ramires de Pórros, carpinteiro da Ribeira de Sevilha, que viera para o Brasil na armada de D. Diego Flores de Valdez e casou-se com Maria Pires f.ª de Salvador Pires, português do Porto, e de Mecia Fernandes (ou Mecia ussú). Mécia Fernandes era filha de António Fernandes, português, e de Antónia Rodrigues, mameluca, descendente do Cacique Piquerobi de Ururaí e de António Rodrigues, um dos dois portugueses encontrados por Martim Afonso de Sousa, que não se sabe como vieram parar no litoral paulista. 

Do casamento de Bartholomeu Bueno de Ribeira com Maria Pires, tiveram os seguintes f.ºs.:

Cap. 1.º Amador Bueno de Ribeira
Cap. 2.º Francisco Bueno
Cap. 3.º Bartholomeu Bueno
Cap. 4.º Jeronimo Bueno
Cap. 5.º Maria de Ribeira
Cap. 6.º Messia de Ribeira
Cap. 7.º Izabel de Ribeira

Cap. 1.º Amador Bueno de Ribeira (o Aclamado), capitão-mór e ouvidor da capitania de S. Vicente, cargo que ocupou em 1627, foi aclamado rei em S. Paulo em 1641 pelo poderoso partido formado de influentes e ricos castelhanos, como foram os três irmãos Rendons da cidade de Coria; dom Francisco de Lemos, da cidade de Orens; dom Gabriel Ponce de Leon, natural de Guayra; dom Bartholomeu de Torales, de Vila Rica de Paraguai; dom André de Zunega e seu irmão dom Bartholomeu de Contreras y Torales; dom João de Espinola Gusmão, da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação em 1641. Não só recusou essa honra, que queriam conferir-lhe, mas ainda, com a espada desembainhada, deu vivas, como leal vassalo, a dom João IV rei de Portugal, em quem restaurou-se a monarquia portuguesa, depois de 60 anos de sujeição ao domínio dos reis de Castela. Por este ato e por outros serviços que prestou à pátria, legou um nome imorredouro à seus descendentes e recebeu carta de el-rei agradecendo esse ato de lealdade. Foi casado com Bernarda Luiz f.ª de Domingos Luiz (o Carvoeiro), cavaleiro professo da ordem de Cristo e de Anna Camacho.

Casou com Bernarda Luís, filha de Domingos Luís, o Carvoeiro, e de Ana Camacho, os quais em 10 de abril de 1603 haviam fundado a capela de Nossa Senhora da Luz no bairro do Guarepe, nos arredores da vila de São Paulo. Tiveram numerosa descendência, entre elas um filho, bandeirante, também chamado Bartolomeu Bueno como seu avô e seu tio e um filho chamado, para distinguir do pai, Amador Bueno, o Moço, também bandeirante.

Entre seus irmãos os famosos bandeirantes Francisco Bueno e Bartolomeu Bueno, o Moço.

Amador Bueno foi o bisavô de outro personagem importante da história de São Paulo, Amador Bueno da Veiga, que comandou os paulistas na Guerra dos Emboabas. Foi também tio e tutor de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro "Anhangüera".


Cap. 2.º Francisco Bueno, foi capitão de uma bandeira que em 1637 estava no sertão. Não sabemos se faleceu o capitão Francisco Bueno no sertão ou se em povoado, só conhecemos a data do falecimento que foi 1638. Filho do castelhano Bartholomeu Bueno de Ribeira, serviu os honrosos cargos da republica em S. Paulo, e casou-se em 1630 em S. Paulo com Filippa Vaz f.ª de Francisco João Branco e de Anna de Cerqueira. Francisco João Branco foi homem nobre, natural de Setúbal, irmão do padre Antonio João Branco e de Manoel João Branco casado com Maria Leme § 4.º do Cap. 5.º do Tit. Lemes, f.ºs. de Simão João e de Filippa Vaz. Teve Francisco Bueno 2 f.ºs. que são:


§ 2.º Bartholomeu Bueno da Silva (o Anhangüéra), natural de Parnaíba, foi notável sertanista. Filho de Francisco Bueno e neto Amador Bueno de Ribeira.

"Este notável sertanista em 1682 penetrou com numerosa bandeira nos sertões do gentio Goyà, e descobriu ouro por observar que as mulheres dos índios se ornavam com folhetas daquele metal. Anteriormente a ele, porém sem resultado, diversos bandeirantes paulistas haviam explorado quase todo o sertão, hoje (1) província de Goiás e Mato Grosso, tais foram (como se vê no inventário do capitão Francisco Ribeiro de Moraes em 1665) o capitão-mór Francisco Lopes Buenavides, o capitão Francisco Ribeiro de Moraes, que faleceu na exploração, Jeronimo Bueno, f.º natural de outro (que era irmão de Amador Bueno), João Martins Heredia, Antonio Ribeiro Roxo, Antonio Fernandes Barros, Francisco Sutil Cide, João de Lara e um tal Manoel Corrêa, que se diz achara algumas oitavas de ouro, que trouxera à povoado. (Cartório 1.º de Orphãos inventário de Francisco Ribeiro de Moraes, Alencastre, - Anais da província de Goiás). Bartholomeu Bueno o Anhanguéra, nessa exploração levava em sua companhia um filho do mesmo nome, de idade de 12 anos, que voltou com seu pai a Parnaíba, tendo este apreendido e conquistado tantos índios, que com eles se poderia fazer uma vila, renunciando por essa ocasião a exploração de minas do precioso metal, mas tendo obtido a certeza de sua abundância pelo estratagema de lançar fogo a um vaso de aguardente em presença dos índios, que, aterrados, prometeram mostrar os lugares em que existia; e pelo que dai em diante o denominaram - Anhangüéra - que significa, Diabo Velho. Pedro Taques refere que este Bartholomeu Bueno tinha um olho furado ou estragado, provindo deste defeito o nome que os índios lhe puseram; mas atribui o fato da aguardente em chamas a outro paulista, também conquistados dos índios, Bento Pires Ribeiro".

Foi 1.º casado com Izabel Cardoso f.ª do capitão Domingos Leme da Silva, que foi inventariado em 1684 em Sorocaba, e de Francisca Cardoso, n. p. de Pedro Leme e de Helena do Prado, n. m. de Antonio Lourenço e de Izabel Cardoso, em Tit. Lemes Cap. 1.º § 5.º; segunda vez casou Bartholomeu Bueno em 1697 em Parnaíba com Maria de Moraes f.ª de Jeronimo de Lemos e de Leonor Domingues. Tit. Moraes Cap. 2.º § 5.º. Sem geração desta 2.ª. mulher, porém, teve da 1.ª:


Bartholomeu Bueno da Silva (o moço), era filho de Bartholomeu Bueno da Silva (Anhangüéra) que, com 12 anos de idade, acompanhou seu pai em 1682 ao sertão de Goiás, em 1722 (40 anos mais tarde) ofereceu-se ao governador capitão-general Rodrigo Cesar de Menezes para explorar de novo aqueles sertões. Sendo aceito seu oferecimento, que era retribuído com promessas de remuneração pelo dito governador, organizou ele uma numerosa comitiva figurando como sócios: seu genro João Leite da Silva Ortiz, seu cunhado Manoel Peres Calhamares casado com a irmã n.º 2-1 supra, seu sobrinho Antonio Ferraz de Araujo f.º de outro e de Maria Pires, e, acompanhados de religiosos beneditinos Frei Jorge e Frei Cosme, partiram de S. Paulo em 30 de junho de 1722, levando detalhadas instruções sobre as minas que por ventura descobrissem. Depois de 3 anos de lutas no sertão contra a fome, contra os inimigos selvagens que os cercavam, mesmo contra as dificuldades do abandono por parte de alguns de seus companheiros, que desanimavam e fugiam, chegou a descobrir as paragens onde tinha estado 36 anos antes com seu pai. Voltou a S. Paulo em 1725, e, depois de dar contas de sua descoberta ao governador Menezes e demorando-se até 1726 para preparar-se, voltou para o sertão em Maio desse ano com o fim de estabelecer-se nas novas minas por ele descobertas, levando em sua companhia: o padre Manoel de Oliveira Gago, Manoel Pinto Guedes, o engenheiro Manoel de Barros, seu genro João Leite da Silva Ortiz e outras pessoas notáveis; foi revestido do posto de capitão-mór regente das minas do arraial de Santa Anna (hoje termo da capital de Goiás), com jurisdição absoluta no cível e crime, e com poderes de dar sesmarias. Chegando ás minas, deu começo a povoação, que em 1739 foi elevada a categoria de vila, com o nome Vila Boa de Goiás. Bartholomeu Bueno da Silva faleceu pobre em 1740, tendo ficado no esquecimento todo o seu sacrifício pela causa publica; ele, que deu um aumento enorme de riqueza à coroa de Portugal, sacrificando na descoberta das minas toda a sua fortuna que tinha herdado de seus pais, teve de recorrer ao governador de Goiás D. Luiz de Mascarenhas, que, sob sua responsabilidade, lhe mandou dar em nome de El-Rei uma arroba de ouro das rendas do estado. Este ato do governador foi censurado, e ordenou-se a restituição dessa quantia com seqüestro dos bens do beneficiado, se por outros meios não fosse efetuada.

Em 1726, à requerimento de Bartholomeu Bueno e seu genro João Leite, tinha sido concedido pelo governador Rodrigo Cesar de Menezes, por 3 vidas, o direito de passagens nos rios, que dependessem de canoas, no caminho de seus descobrimentos e uma sesmaria em cada uma das passagens com 6 léguas de testada e outras tantas de sertão, nos rios Iguatibaya, Jaguari, Rio Pardo, Rio Grande, Rio das Velhas, Rio Parnaíba, Rio Guacurumbá, Rio da Meia Ponte, e dos Pasmados. Entretanto, apenas estabelecidas as 1.ªs. estações para cobrança desses direitos, foram nulificadas as concessões pelo governador Antonio da Silva Caldeira Pimentel, que moveu guerra contra Bartholomeu Bueno, Bartholomeu Paes de Abreu e João Leite da Silva Ortiz.

Este veio a falecer vitimado pelo veneno em 1730 em Pernambuco, quando se dirigia ao reino para representar contra os desmandos do dito Caldeira Pimentel.

Foi Bartholomeu Bueno da Silva, casado com Joanna de Gusmão f.ª de Balthazar de Godoy Moreira e de Violante de Gusmão. Tit. Godoys Cap. 4.º § 5.º. Teve:


Domingos da Silva Bueno, filho de Izabel de Ribeira casada em 1642 em S. Paulo com Domingos da Silva dos Guimarães, era neto de Amador Bueno (o Aclamado). Foi mestre de campo do terço de ordenanças, criado por Arthur de Sá e Menezes governador e capitão-general do Rio de Janeiro em 1697. A seu respeito escreveu Pedro Taques o seguinte, que damos em resumo:

"Foi o mestre de campo Domingos da Silva um paulista adornado de muitos merecimentos, de grande tratamento e igual respeito. Recebeu do rei dom Pedro II uma carta de agradecimento pelos serviços prestados a pátria em data de 1698. Ameaçada a vila de Santos pelo inimigo francês em 1710 desceu para ali em socorro do governador Manoel Gomes Barbosa com todas as companhias de seu terço e ali, à sua custa, se deteve até que o inimigo desapareceu. Foi o 1.º guarda-mór das Minas Gerais de Sabarabuçú, que concedeu e repartiu terras minerais; estabeleceu-se ali em 1711 com numerosa escravatura e extraiu muitas arrobas de ouro.

Estava nessa opulência, quando a cidade do Rio de Janeiro foi atacada e invadida pelos franceses ao mando de Du Guay, que vinha emendar os erros do general Ducler vencido e aprisionado em 1710. De França saiu a armada composta de 16 naus de guerra e 2 de fogo, que conduziam mais de 4000 homens comandados pelo dito Du-Guay. Desta armada teve conhecimento o rei d. João V que mandou sair com presteza a frota que nesse ano devia seguir para o Rio de Janeiro, dobrando-lhe as naus de comboio, a gente e os petrechos militares, e por cabo dela a Gaspar da Costa de Athayde com o posto de mestre de campo do mar. Ao Rio chegou com presteza esta frota com 4 poderosas naus de guerra, bons navios, escolhido cabos e soldados para a defesa da praça. Era então governador Francisco de Castro e Moraes (irmão do mestre de campo Gregorio de Castro e Moraes vitimado em 1710 por uma bala dos franceses, e que deixou no Rio de Janeiro nobre descendência pelo casamento de seu f.º coronel Mathias de Castro e Moraes) a quem chegou aviso em Agosto de 1711 de que na baía Formosa se viram passar as naus inimigas com o rumo para a barra da cidade. No dia 10 de Setembro se ratificou o aviso mandado de Cabo-Frio. No dia 11 protegidas por denso nevoeiro foram divisadas ao meio dia as naus inimigas já para dentro das fortalezas da barra. Atravessaram a enseada dando fogo de artilharia contra as fortalezas e ás 5 horas fundearam na ponta das Baleias.

"Devendo Gaspar da Costa de Athayde meter as naus em linha, na defensa da marinha, as mandou marear para as livrar do inimigo; porém, dando no baixo da Prainha e ponta da Misericórdia, lhes mandou pôr fogo com que arderam lastimosamente. Naquela tarde e nos três dias seguintes foram tais os ecos da artilharia das naus inimigas e das nossas fortalezas, que parecia arruinar-se o mundo, causando mais horroroso estampido a explosão da casa da pólvora da fortaleza de Villegaignon, em que acabaram desastradamente alguns alentados capitães e muitos valorosos soldados. Isto não entibiou o animo dos naturais do Rio de Janeiro; pois vendo que os franceses assentavam artilharia no monte de S. Diogo, para lá se dirigiu o capitão Felix Madeira que matou alguns e fez prisioneiros outros. Bento do Amaral Coutinho, indo defender a fortaleza de S. João, perdeu a vida, depois de tira-la à muitos inimigos; porém, a infelicidade destinada aquela cidade superou ao valor dos seus heróicos defensores, que, vendo desanimado a Gaspar da Costa de Athayde e que o governador Francisco de Castro e Moraes mandara encravar a artilharia da ilha das Cobras, entenderam que, por falta de direção, era irremediável a perdição. Assim sucedeu, porque na noite do 5.º dia da chegada dos inimigos, lançaram estes tantos artifícios de fogo que, pegando no palácio e outras casas, infundiram nos moradores um pânico terror tão intenso, que o governador e Gaspar da Costa assentaram retirar-se com a infantaria e deixar a praça, e assim o fizeram tão confusamente que, por salvarem as vidas, deixaram suas riquezas, não obstante a tempestade e copiosa chuva que teve lugar nessa noite. Senhores da cidade, os franceses, que acharam a cidade já deserta, fortificaram os postos mais importantes e deram-se ao saque, achando um despojo que importou em muitos milhões. No mesmo dia 11 de Setembro se deu aviso a Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho capitão general de S. Paulo e governador, que se achava em Minas Gerais. Este juntou imediatamente 3000 homens armados, ajudado pelo mestre de Campo Domingos da Silva Bueno, que por si convocou um grande corpo de armas e acompanhou em pessoa ao general Albuquerque, indo também incorporado Domingos Dias da Silva, natural de S. Paulo, a quem o general deu a patente de brigadeiro daquele exercito composto de paulistas e europeus. Apesar das marchas forçadas de sol a sol, chegaram ao Rio, quando já a cidade estava ganha e saqueada pelo inimigo. Dela saíram os franceses a 28 de Outubro de 1711. Recolheu-se o exercito para as Minas Gerais donde saíra, levando o mestre de campo Domingos da Silva Bueno e o brigadeiro Domingos Dias da Silva a gloria de honrados e dedicados vassalos que despenderam, sem nunca reclamarem, quantia não pequena para sustentarem e armarem os soldados que trouxeram e se recolherem para as mesmas Minas".


Amador Bueno da Veiga, bisneto de Amador Bueno (o Aclamado). Participou da Guerra dos Emboabas entre 1707 e 1709, quando foi eleito chefe do "exército vingador dos paulistas" após o episódio do Capão da Traição, a frente de 1.300 homens, cercou 400 brancos e 500 pretos de Ambrósio Caldeira Brandt em combates que duraram 4 dias e 4 noites, com três sortidas dos sitiados repelidas. Quando decidiram se retirar ante a aproximação de uma Companhia de 1.200 portugueses vindos de Ouro Preto e duas Companhias de dragões do Rio de Janeiro. Contaram os paulistas 40 baixas contra 80 de portugueses. Finda a Guerra dos Emboabas, e o reconhecimento da coroa do direito dos paulistas sobre as terras descobertas, como recompensa obteve sesmarias no interior do que é hoje o estado de São Paulo.

Em carta ao Rei escrita em 20 de Janeiro de 1708 Antônio Luís Peleja, Ouvidor Geral de São Paulo, fala dele: 

"natural e morador de São Paulo, insolente, régulo, o mais fascinoroso homicida de muitas vida", que se tinha feito atribuir, no momento das repartições, o mais precioso do ribeiro de Bento Rodrigues, em Ouro Preto. Habitou a região de Minas «muitos anos com muito gentio e roças em tempos que davam os maiores lucros, trazendo grande número de arrobas de ouro e tinha tido, durante meses, ourives trabalhando para ele para fundir o ouro em lingotes, cunhá-lo ou fazer jóias e objetos preciosos. Diz Antonil que tirara das minas oito arrobas, ou 128 quilos.

Descendente de bandeirantes, foi por sua vez, ascendente de figuras importantes de São Paulo e do Brasil, como a poetisa Bárbara Heliodora.


Outros Clãs:

Clãs Brasilaicos
Clã Aguirre
Clã dos Pires
Clã Rendon de Quebedo
Clã dos Saraiva(s)
Clã dos Teixeiras
Clã dos Wanderley
Clã Vidal de Negreiros
Clã Vieira de Mello

*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.


terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Clãs Brasilaicos



A representação política na sociedade colonial se fazia representar pela nobreza. Era uma verdadeira aristocracia, onde figuravam exclusivamente os nobres de linhagem aqui chegados ou imigrados e fixados, e seus descendentes; os ricos senhores-de-engenho; a alta burocracia civil e militar da Colônia, e os seus descendentes. Nos dois primeiros séculos de colonização, esse será o regime vigente na vida colonial, o clã parental.

O clã parental, teve, e tem, reflexos e influência sobre a nossa estrutura política. O clã parental é uma organização aristocrática. É uma espécie de Ordem de Cavalaria das grandes famílias dominicais. Foi enorme a sua influência no Período Colonial.

Não se deve cair no anacronismo de confundir a estrutura de clã parental com a eleitoral que posteriormente vigerá durante o império. Era o regime parental, um verdadeiro clã consanguíneo, regido por códigos de honra que abrangia toda parentela. 
"Os acostados da Nobreza eram havidos na conta de parente educados desde a puberdade sob os olhos e direção do seu chefe, auxiliados nos primeiros passos da sua carreira, casados e dotados por ele - sua feitura, como se dizia - e, por toda vida, gloriando-se da sua casa adotiva e prontos a darem a vida pelo amo, de quem se intitulavam "criados", quer dizer: homens da sua criação. Era a mesma idéia que originara a formação do patronato romano, do clã céltico, da comitiva germânica, do patrocínio visigótico, da soberania feudal". - Costa Lobo.
Ao passo que o clã eleitoral, engloba um espectro maior de pessoas, parentes ou não que estejam vinculados a um regime de dependência para com um chefe político. 

O clã era então composto pelas famílias aparentadas, tanto as que se prendem pelos laços da consangüinidade, como pelos da afinidade. Por isto, sempre exorbita a área do domínio-tronco e se estende por vários domínios, e mesmo por municípios inteiros. Normalmente, composto pelos mesmos elementos consangüíneos e afins da família patriarcal: filhos, genros, cunhados, netos, sobrinhos, irmãos, afilhados, crias. 

No período colonial, estas famílias aparentadas eram extremamente solidárias. Todas se sentiam unidas, não só nas lutas privadas, de famílias, como nas lutas contra as autoridades públicas. O talião de sangue se exercia, indistintamente, sobre os elementos da família senhorial, como também sobre os outros elementos do clã parental - desde que fossem partícipes no agravo e se tivessem colocado ostensivamente ao lado do chefe do clã, embora não residissem com ele.

O costume da indivisibilidade do domínio assegurava a permanência dos laços de solidariedade familiar, e assim foi no passado, ainda com mais generalidade e força. Tal como no período colonial, os bens móveis, passam para o filho primogênito - como se ele fosse o próprio patriarca em pessoa: - e toda a família tem assim, na indivisibilidade tradicional dos domínios, a impressão material da sua própria unidade, da sua permanência e continuidade no espaço e no tempo.
"Possuir terras herdadas era sinal de nobreza, devendo o domínio continuar indivisível nas mãos da descendência. Mantinha-se assim o orgulho das linhagens diretas, e o respeito hierático, levado pela sociedade patriarcal desaparecida. Houve como que uma identificação da terra com a família, realizando-se uma espécie de culto aos antepassados, impregnado de um certo animismo fetichista, na representação das pessoas desaparecidas, pelas coisas que lhes pertenceram. Quando morria o chefe, os seus objetos passavam na ordem da importância, isto é, da idade, às gerações dos filhos e dos netos. O gibão de couro era destinado sempre ao filho mais velho, assim como o relógio de ouro, de fabricação suíça, com sua grande corrente e pesada medalha. Vestindo o primeiro em suas campeirações semanais ou usando o segundo nas suas relações da cidade, o herdeiro se reintegrava completamente no seu papel superior do morto, dando muitas vezes a impressão de que, através destes objetos, o chefe desaparecido continuava o comando. O mesmo acontecia com os pertences da cabeça feminina do casal, que iam parar nas mãos das filhas e das netas, desde as jóias antigas, pesadonas, ofuscantes, até as almofadas de bilros para fazer rendas. E foi a propriedade territorial, mantida apesar de irreprodutiva, o elemento mesmo de imposição do interesse moral da ordem antiga sobre a nova, alimentando nas famílias já urbanizadas o orgulho do seu passado rural e aristocrático. Este orgulho, no entanto, está muito longe de ser compreendido como uma arrogância -- e deve ser entendido como uma satisfação quase ingênua de pertencer às linhagens históricas da região"

O clã patriarcal, desenvolvendo a sua função povoadora, se expandia em grupo, localizando-se e fixando-se pelo critério da contigüidade. Ora, este critério de circunvizinhança constituía-se logicamente em condição ideal, dentro da qual o in-breeding iria surgir, consolidando os laços de parentesco: e gerando o clã parental. Daí, desta tendência ao casamento entre parentes, principalmente entre tios e sobrinhas e entre primos e primas - tornarem-se as famílias mais importantes de uma localidade ou de um município, todas elas ligadas pelo vínculo da consangüinidade: e isto era uma razão de consolidação do prestígio social e material da família no período colonial e, no período do Império e ainda hoje, do seu prestígio eleitoral e político. Muito generalizado no Norte, e ainda aí dominante, esta tradição endogâmica o foi também, no período colonial, ao sul.

Tome-se como exemplo Brito Peixoto, que se fixou nas terras do Rio Grande, não só com sua família; mas com todo seu clã de parentes consangüíneos e afins: Barbosa, Lemes, Prados, Raposo Góis, Pacheco, Pinto Bandeira, Silveira, Rodrigues, etc.... todos ramos familiares que se bifurcam. 

Esse entrelaçamento das famílias senhoriais encontrava uma nova força genética no sistema de endogamia. Esta endogamia - que conservamos desde os primeiros séculos, na nossa aristocracia rural - é uma conseqüência deste método de instalação em contigüidade das novas gerações, adotado pelos pater familias senhoriais. Conseqüência do isolamento geográfico, e de uma população ainda rarefeita. 

Em São Paulo, por exemplo, um ouvidor-geral, André da Costa, testemunha que os moradores daquela região "estavam muito aparentados uns com os outros, assim por consangüinidade como por afinidade". Segundo estimativas, baseadas em estudos genealógicos, orbitava em 23,3% na época seiscentista e 42,8% na época setecentista. Uma consangüinidade, incomparavelmente, maior do que o observado em populações européias: França 2%; Inglaterra 3%; Dinamarca 4%; Saxônia 4%; Noruega 6,56%. 

Esse aspecto endogâmico, ilustra que a miscigenação, ao contrário do que se propala, não foi algo generalizado.... mas que se processou de uma forma centrípeta, em que o núcleo endógeno se conservava puro, enquanto a miscigenação se processava fora desse núcleo. 

Daí a nossa tradição rural de casamentos com primos entre si e de tios com sobrinhas - tradição que é a gêmula do clã parental. Tanto ao sul como ao norte, as famílias dos grandes senhores rurais acabaram formando verdadeiras colônias do mesmo sangue - e isto era a base biológica para a organização do clã parental, para a sua consolidação nos costumes e para essas lutas de famílias, que no período colonial dominaram com os seus tumultos todo o Sul e todo o Norte - toda a nossa terra então colonizada. 

O processo de fixação a terra, seu desbravamento, sua defesa ante o gentio bravio, corsários e piratas que infestavam a costa, impelia que esses primeiros povoadores às armas. Uma Aristocracia de guerreiros e não de plutocratas, os caudilhos do sertão tinham, justamente por isto, a preferência, reservada sempre a toda e qualquer nobreza, para os cargos da governança. Inscreviam-se nos "livros de S. Majestade", exibindo os seus grandes feitos no sertão, as suas mais notáveis gestas de bandeirantes: um maior número de índios acaudilhados, ou uma cópia maior de "peças" apresadas, ou de malocas devastadas, ou de castelhanos desbaratados. O fato de serem pobres ou ricos pouco importava.

Prova disto é o requerimento de Diogo Unhates, de Santos, pedindo ao Ouvidor Pedro Cubas que lhe concedesse, em 1614, sesmaria ao sul:
"Diz Diogo de Unhates, morador na Vila de Santos, escrivão da ouvidoria da Fazenda dessa Capitania que, há perto de quarenta anos, é morador nesta Capitania, em cujo tempo tem servido a S. Majestade com muita fidelidade e verdade em tudo quanto a ela tem sido possível, e assim ao Governador e capitão da terra, ajudando-o a defendê-la dos inimigos ingleses e holandeses, que a vieram saquear e destruir, e assim também dos índios rebelados contra os moradores dela e de que, nos recontros e batalhas que com eles tivera, muitas vezes lhe deram muitas frechadas em seu corpo e uma no braço direito, de que ficou aleijado; e porque tem muitos filhos varões e seis fêmeas de legítimo matrimônio, e como quem é os havia de sustentar e amparar, e não tem terras onde fazer suas roças e mantimentos onde possa trazer seus gados e criações, pede uma data de terras e sesmarias na parte que se chama Paranaguá..."
Era assim que eles justificavam a concessão de sesmarias vastas: exibindo os gilvazes da luta, as mutilações do soldado, o corpo cortado pela espada do normando, do bretão ou do flamengo, ou atravessado pela flecha do bugre. Com isto, eles ingressavam na posse da terra - o que era a principal nobreza, ou nos cargos públicos, que também davam nobreza. De qualquer forma, era a bravura militar que dignificava então o indivíduo - e assegurava-lhe títulos à nobreza e à aristocracia.

Esta "nobreza de espada", foi a que vigeu nos primeiros tempos; esta é que aparecia inscrita "nos livros de S. Majestade"; esta é que era eleita para os cargos da governança. Não o era a "gente mecânica", não o eram os alfaiates, os ferreiros, os carpinteiros, os pintores, os pedreiros, como tais e antes de passarem pela purificação aristocratizante das armas. Como tais - como "mecânicos" - podiam ter figurado nos cargos da governança, nos postos da Câmara; mas, por motivo de força maior, ocasionalmente, transitoriamente, acéfala como se achava esta pela deserção dos eleitos ("por os eleitos terem ido ao sertão"), que eram gente nobre, porque consagrada e aristocratizada pelo valor guerreiro. O preconceito aristocrático subsistia na sociedade bandeirante, tanto subsistia, que o próprio Procurador do Povo, em certa ocasião, verbera o abuso de deixarem entrar na república "homens oficiais mecânicos e gente baixa".

Era então a nobreza paulistana, antes de tudo, uma nobreza guerreira e não de riqueza, como passou a ser nos séculos III e IV com o pastoreio, com as minas e com o café. Esses paulistas, que nas cortes portuguesas, são referidos como efeito de irritante pavor para aqueles que, então, pensavam reduzir-nos à simples condição de colônia.

Depois dessas primeiras gerações, Portugal, degradado em sanguessuga de tributos, vem completar o seu parasitismo com as funestas companhias, que, em monopólios execráveis, devem alimentar os inúteis e abjetos dirigentes de lá; quando Portugal separa as populações com as garantias feitas ao reinol insolente e ganancioso, incapaz de qualquer atividade que não seja a rapina mercantil.

Os bastardos dos Braganças, não só entregaram o monopólio comercial as Companhias, quando quase mataram a própria população portuguesa de fome e feriram de morte suas poucas manufaturas, como transformaram o Brasil em uma Colônia terceirizada da Inglaterra, formando o capital da industrialização anglo-saxônica, mas sobretudo, extinguiram o Direito aos cargos da governança serem  exercidos exclusivamente pela nobreza da terra. Oque motivou os episódios da: Revolta de Beckman, Guerra dos Mascates, dos Emboabas, todos, em reação a perda do status quo

Essa mudança institucional, foi um golpe de morte para a fidalguia brasileira, que perdeu seu poder político para os reinóis, gente sem eira nem beira, que chegava com alguns trapos, e enriqueciam da noite para o dia, com os escambos que arrematavam. Concomitante a perda do poder político, e o declínio econômico, o espirito mercantil prevalece e degrada os valores. Casamentos arranjados com gente de baixa estirpe, a perda dos laços parentais, e a mescla de sangue, antes imaculadas. 

O desfazimento do clã, leva ao fim da contiguidade da propriedade familiar sob o poder de um chefe, e conduz a divisão sucessorial, desarticulando a estrutura da família e, em conseqüência, o fim do clã parental, que se baseavam, uma e outro, nesta continuidade e nesta unidade ideal.


Clãs Brasilaicos:

Clã Aguirre
Clã dos Andrade(s)
Clã Alvares Correia (Alves)
Clã dos D'Ávilas
Clã dos Albuquerque 
Clã dos Araújos

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Clã Rendon de Quebedo



A origem deste preclaro linhagem perde-se na escuridão dos tempos. O mais antigo solar, ou casa senhorial, do sobrenome Quevedo, assentou na vila de Pie de Concha, local de onde partiram os diferentes ramos que se conhecem e que foram se espalhando por vários locais da Espanha.

Um de seus eminentes varões, para não dizer o maior, foi Don Francisco de Quevedo y Villegas, que vestiu o hábito da ordem de Santiago e foi senhor da Torre de Juan Abad, nascido em Madrid em 1580 e falecido em Villanueva de los Infantes em 1645. Celebrado escritor não estava alheio aos movimentos da política e, assim, a queda de seu protetor, o duque de Osuna, que esteve exilado em seu senhorio da Torre de Juan Abad, (Cidade Real) e, anos mais tarde, atraiu a inimizade do todo-poderoso conde-duque de Olivares, que ordenou a sua prisão, no convento de San Marcos.

O sobrenome Quevedo está mais estendido para a zona centro da Espanha, sendo praticamente desconhecido na Catalunha e todo o Norte da Península Ibérica.


No Brasil*

A ilustre família de Rendons, Quebedos, Lunas, Alarcões, Cabeças de Vaca (que por varonia são Sarmentos) da capitania de S. Paulo e da de S. Sebastião do Rio de Janeiro, traz a sua propagação da cidade de Coria no reino de Leão em Espanha, de onde eram naturais os Rendons, f.ºs do fidalgo dom Pedro Matheus Rendon, que foi regedor das justiças na vila de Ocanha, e de Magdalena Clemente de Alarcão Cabeça de Vaca, que se passaram ao Brasil seguindo o real serviço na armada que veio a Bahia de Todos os Santos em 1625, para libertar a Bahia dos holandeses.

Os Rendons que nessa armada de Castela vieram com outros fidalgos, para o feito mencionado, foram 3, aos quais se reuniu mais tarde em 1640 um 4º irmão, que foi dom José Rendon. Efetivamente libertaram a Bahia, e acabada a guerra ficaram no real serviço, e passaram a S. Paulo, e foram eles:

N.º 1 Dom João Matheus Rendon de Quebedo
N.º 2 Dom Francisco Rendon de Quebedo
N.º 3 Dom José Rendon de Quebedo
N.º 4 Dom Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca

Nº 1. Dom João Matheus Rendon da Bahia veio fazer assento na cidade de S. Paulo, onde casou 1.ª vez em 1631 com Maria Bueno de Ribeiro, f.ª do capitão-mor Amador Bueno, o aclamado, e de Bernarda Luiz,; 2.ª vez casou em 1653 com Catharina de Góes, viúva do capitão Valentim Pedroso de Barros, ; sem geração desta, porém teve pelo inventário da 1.ª em 1646 (C. O. de S. Paulo):

Cap. 1.º Dom Pedro Matheus Rendon e Luna c.c. Maria Moreira Cabral, f.ª de Luiz da Costa Cabral e de Luiza Moreira. Teve os 6 f.ºs seguintes:

1-1 Dom João Matheus Rendon § 1.º faleceu solteiro nas minas de Paranaguá.
1-2 Dom Pedro Matheus Rendon § 2.º  faleceu solteiro nas Minas Gerais na ocasião do levantamento dos europeus contra os paulistas; entretanto, encontramos um deste nome natural da Ilha Grande, f.º de Dom Pedro Rendon e de Anna Maria Cabral, casado em 1686 em Itu com Anna Rodrigues de Arzam, f.ª do capitão-mor Cornelio Rodrigues de Arzam e de Catharina Gomes. Não será este § 2.º, pressupondo um engano de lançamento no nome da mãe?
1-3 Dom José Rendon de Quebedo § 3.º  com seu irmão o § 4.º seguinte, seguiu o real serviço, saindo de S. Paulo em 1679 com o governador Dom Manoel Lobo, para fundação de Colônia do Sacramento.
1-4 Dom Luiz Rendon de Quebedo § 4.º
1-5 Dom Francisco Matheus Rendon § 5.º
1-6 Maria Cabral Rendon § 6.º

Cap. 2.º Dom João Matheus Rendon, casou-se no Rio de Janeiro com N...... de Azeredo Coutinho, da mais qualificada nobreza daquela capitania, por trazer sua origem do fidalgo Vasco Fernandes Coutinho que, tendo servido na Índia aos reis dom Manoel e dom João III desde 1511, recebeu deste monarca a doação de 50 léguas de terra para fundar uma capitania por carta passada em 1525. Efetivamente a fundou, e é a capitania do Espírito Santo, que teve por capital a vila de Vitória; teve com uma senhora ........ de Almada o f.º Vasco Fernandes Coutinho, o moço, que casou-se e deste matrimônio procedem os Coutinhos do Rio de Janeiro, que do Espírito Santo já veio aliada para esta cidade de S. Sebastião com os Azeredos, pois foi Marcos de Azeredo Coutinho, natural do Espírito Santo, o tronco da família de seus apelidos na dita cidade de S. Sebastião. Não descobrimos geração de dom João Matheus Rendon supra; porém sabemos que, enviuvando, tomou ordens sacras e faleceu de bexigas em Lisboa.

Cap. 3.º Ignez de Ribeira, f.ª do n.º 1, casou-se em S. Paulo com Vicente de Siqueira e Mendonça, f.º de Lourenço de Siqueira e de Margarida Rodrigues, V. 7.º pág. 505. Teve 8 f.ºs:

1-1 Innocencia, que casou-se em Minas Gerais.
1-2 Joana, que casou-se em Minas Gerais.
1-3 Maria, faleceu solteira no Rio de Janeiro.
1-4 Manoel de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de Janeiro com Brites da Fonseca Doria; 2.ª vez em 1693 em Taubaté com Maria Vieira da Maia, viúva de Miguel de Almeida e Cunha. V. 7.º pág. 348. Teve:
Da 1.ª 3.f.ºs:
2-1 Joanna, que casou-se com Manoel Alves Fragoso dos Campos de Goitacazes.
2-2 Brites da Fonseca Doria, casada com Gregorio Nazianzeno.
2-3 Antonia, casou-se nas Minas Gerais.

Da 2.ª não descobrimos geração.
1-5 José de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de Janeiro com Maria da Fonseca Doria, irmã de Brites precedente. Teve:
2-1 Maria, que foi casada com Ignacio Ferreira Funchal.
2-2 Marianna, casada com João da Fonseca Coutinho.
2-3 Ignacio de Siqueira Rendon, faleceu solteiro.

1-6 Lourenço de Siqueira Furtado de Mendonça, capitão-mor da barra de Guaratiba do Rio de Janeiro, casou-se com Barbara da Fonseca Doria. Teve 4 f.ºs:
2-1 Salvador de Siqueira Rendon, que casou com Rosa Maria Caldas.
2-2 Fradique Rendon de Quebedo, capitão-mor da barra de Guaratiba.
2-3 Margarida de Luna, casou-se com José Corrêa Soares, natural do Rio de Janeiro f.º de Gaspar Corrêa e de Luzia de Aguilar, por esta neto de Martim Rodrigues Tenorio e de Magdalena Clemente Cabeça de Vaca, neste Tit. adiante.
2-4 Leonor de Siqueira Rendon, casou-se com Gaspar de Azedias Machado.

1-7 Antonio de Siqueira e Mendonça, casou-se com uma sobrinha do capitão-mor Manoel Pereira Ramos, senhor do engenho e freguesia de Marapicu.
1-8 João Matheus Rendon, último f.º do Cap. 3.º, era solteiro em 1759 no Rio de Janeiro.
Cap. 4.º Dom José Rendon, f.º do n.º 1, batizado em 1641 em S. Paulo, casou-se no Rio de Janeiro com uma irmã dos padres Francisco Frazão e Antonio de Alvarenga Mariz, ambos da companhia de Jesus. Sem geração.
Cap. 5.º Anna de Alarcão e Luna

Nº2, Dom Francisco Rendon de Quebedo. "Acabada a guerra contra os holandeses na Bahia, passou a S. Paulo, onde casou com Anna de Ribeira f.ª do capitão-mor Amador Bueno e de Bernarda Luiz do n.º 1 retro.

Foi este fidalgo dom Francisco Rendon juiz de órfãos proprietário em S. Paulo, onde sempre teve as rédeas do governo da republica e da milícia. Pelo seu grande respeito, atividade e zelo do real serviço foi encarregado para levantar em S. Paulo companhias de picas espanholas, com 40 escudos de soldo por mês os capitães, para restauração de Pernambuco e armada que na Bahia preparava o conde da Torre para passar com ele contra os holandeses.

Deu causa para esta recruta de soldados paulistas o mau sucesso que teve o conde da Torre quando, com poderosa armada, saiu de Lisboa para restaurar Pernambuco, e se recolheu a Bahia, onde então tinha as rédeas do governo geral do Estado Pedro da Silva.

Esta importante recruta se fiou de dom Francisco Rendon de Quebedo, que com atividade e zelo do real serviço conseguiu, elegendo capitão e mais oficiais as pessoas de maior confiança e valor. Desse corpo militar paulistano foram capitães da infantaria Valentim de Barros e seu irmão Luiz Pedroso de Barros, Antônio Raposo Tavares e seu irmão Diogo da Costa Tavares, Manoel Fernandes de Abreu, e João Paes Floriam(1). No porto de Santos, debaixo do comando do capitão dom Francisco Randon de Quebedo, embarcaram os capitães, seus oficiais e soldados, com grande número de índios frecheiros e arcabuzeiros para a Bahia, onde foram recebidos os capitães com benigno agasalho pelo conde da Torre, que lhes mandou passar suas patentes, pagando-se a todos os soldados desde o dia que tinha destacado de S. Paulo. Do Rio de Janeiro fez regresso o capitão Rendon para S. Paulo, ficando entregue de todo o corpo militar o governador Salvador Corrêa de Sá. Estas companhias foram incorporadas na Bahia no terço do mestre de campo Luiz Barbalho Bezerra.

reconhecendo a falta das forças militares, que se desgarrava na armada, que seguia para as Índias de Castela; propuseram ao conde da Torre a necessária providência e socorro que devia deixar em terra em qualquer dos portos daquela costa de onde pudessem marchar pelo sertão para a Bahia. Instava a importância desta resolução e no porto do Touro, 14 léguas do Rio Grande para o Norte, deixou a armada ao mestre de campo Barbalho com 1.300 infantes, em que entravam os capitães, oficiais e soldados paulistas, e os governadores dom Antonio Felippe Camarão e Henrique Dias este dos crioulos e minas, e aquele dos índios.

Havia de ser a marcha pelo interior do mato, e em parte por entre a barbaridade dos índios do sertão, topando em muitas com armas do inimigos holandeses, e em todas sem provisão nem esperança de socorro humano com distância de quase 300 léguas até a cidade da Bahia, cujas dificuldades eram superiores aos mais ousados corações; e só o de cabos tão destemido e que já tinham o caráter de bons sertanistas, havendo conquistado muitas e diversas nações bárbaras dos sertões de S. Paulo e Índias de Espanha nas províncias do Paraguai até o reino do Peru, pôde intentar e vencer semelhante empresa, que ainda depois de conseguida se fez duvidosa. Os transes desta jornada foram registrados por João Martins Esturiano, um dos soldados paulistas que teve a honra de servir em uma das companhias da leva de S. Paulo, e desta patente consta o seguinte sucesso:

Parte de um deserto era o porto de Aguassú junto ao do Touro, onde a armada deixou ao mestre de campo Barbalho com a gente já referida no dia 7 de Fevereiro de 1640, sem mais víveres que os que cada um dos soldados pôde tirar na sua mochila: falta que, considerada em semelhante lugar, esta acusando a determinação, não só de temerária, se não de louca, ficando a livrança dos perigos à contingência de milagres: porém aquele calor de portugueses, sempre igual no desprezo da vida pelas melhoras da pátria, nada mais lhe deixava ver que a constância, a lealdade e o serviço do rei. Todos se alentavam por estes briosos estímulos, e pelo alentado coração do seu mestre de campo Barbalho, que então lhes fez uma discreta e advertida ponderação lembrando-lhes: Que o motivo que os tirara a uns da Bahia e a outros de S. Paulo, deixando todos a pátria, os lançara agora naquela praia, por ficar infrutuosa a restauração de Pernambuco, e se voltavam para a defesa da Bahia; que no mau sucesso da armada tiveram parte os elementos, e não os inimigos; e que nesta jornada tinham de pelejar com os inimigos e com os elementos, estes armados dos rigores do tempo, e aqueles revestidos da cólera do ódio; que tudo se estribados na causa, alentassem a confiança, por ser certo que não falta Deus com auxílios a quem lhe dedica obséquios; que os poderia acobardar a falta de mantimentos, se já não estivessem bem acostumados com as agrestes frutas dos sertões incultos, com o mel silvestre de suas abelhas, com as amêndoas das variedades dos cocos do matos, com os palmitos doces e amargosos, e com as raízes da plantas conhecidas capazes de digestão: e porque, onde se contrasta o maior perigo, se alcança a maior glória, era de parecer que na marcha se buscasse o povoado, no qual poderiam conseguir remédio para a fome e aumento para a fama, que sempre foi mais grata a quem vencia homens, que a quem mata feras; e que quando o holandês os procurasse poderoso, então se aproveitariam da retirada com a vantagem do conhecimento de penetrar sertões, que os fazia superior as forças e numero dos soldados inimigos.

Cap. 1.º Magdalena Clemente Cabeça de Vaca. casou-se em 1642 em S. Paulo com Martim Rodrigues Tenorio de Aguilar, f.º do capitão João Paes e de Suzana Rodrigues. Faleceu Martim Rodrigues em 1654 em S. Paulo, com geração no V. 4.º pág. 504; ali não se menciona a f.ª que Pedro Taques diz que se casado no Rio de Janeiro com Gaspar Corrêa pois não consta do inventário f.ª alguma com esse nome.
Cap. 2.º Bernarda de Alarcão e Luna, casada com Fructuoso do Rego e Castro, natural de Pernambuco, e faleceu em 1683 em S. Paulo e teve os 3 f.ºs:
1-1 Angela de Castro do Rego, que faleceu em 1706 e foi casada com o capitão Antonio Pacheco Gatto, f.º de Manoel Pacheco Gatto e de Anna da Veiga, V. 4º pág....., ali o f.º único.
1-2 Anna de Castro e Quebedo, foi casada com Salvador Bicudo de Mendonça, natural de S. Paulo, ali falecido em 1697 com testamento em que declarou não ter consumado o matrimônio por achaques que tinha.
1-3 Cosme de Rego e Castro de Alarcão faleceu em 1731 de bexigas, estando habilitado para a carreira clerical.

Cap. 3.º Catharina
Cap. 4º Francisca

Nº 3, Dom José Rendon de Quebedo, veio de Madri ao Brasil 1640 e fez seu assento no Rio de Janeiro, onde em 1651 tinha terras em Juriahi e pediu outras nas serras de Jerecinó e Marapicu que lhe foram concedidas pelo capitão-mor João Blau, loco-tenente de condessa de Vimiero Dona Marianna de Sousa Guerra, denotaria da capitania de S. Vicente e S. Paulo.
Casou dom José Rendon do Rio de Janeiro com Suzanna Peixoto, que era viúva, senhora do engenho chamado de Fumaça de Hirajá, que o trocou por outro que possuía em Itacuruçá o governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides. Esta senhora foi mãe de Francisco de Lemos, que faleceu em 1680. Neste engenho de Itacuruçá se estabeleceu dom José Rendon, ficando ele então conhecido pelo nome de seu novo proprietário o dito Rendon. Teve, naturais da ilha Grande de Angra dos Reis, os 6 f.ºs seguintes:

Nº 4, Dom Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca. "também se achou na Bahia de Todos os Santos, e acabada a guerra contra os holandeses passou a S. Paulo com seus irmãos. Não casou este fidalgo; ou se recolheu ao reino de Castela, ou faleceu solteiro. E certo que, depois de estar em S. Paulo muitos anos, se passou para a capitania do Rio de Janeiro, onde todos os irmãos se ajuntaram; e, se casou, foi nesta capitania e não temos certeza alguma seu estado. A noticia difundida dos antigos, que se conserva na memória dos modernos, assevera que se recolhera para a pátria, a cidade de Coria, por ter cessado a causa que a ele e a seus irmãos tinha obrigado a embarcarem para o Brasil na armada com o general dom Fradique de Toledo Osorio, pelo crime de haverem morto à facadas a um geral dos franciscanos em Castela, estando todos em uma quinta divertindo-se; e fora acto primo primus este sacrílego atentado contra o padre geral.

Não encontramos documento algum que verifique esta constante notícia, que a comunicou em S. Paulo o revdmo. padre mestre José de Mascarenhas da companhia de Jesus, que foi um grande indagador de memórias antigas, e único genealógico das famílias da capitania do Rio de Janeiro, S. Vicente e S. Paulo."



Outros Clãs:

*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.


domingo, 23 de dezembro de 2018

O Clã Paes Leme


A Família Leme, descendem de Martim Lems, flamengo de Flandres, à época, parte dos Países Baixos, atualmente parte da Bélgica, que durante a Guerra de Flandres, se mudou para Lisboa, constituindo família em Portugal. Seus filhos, já nascidos em Portugal, migraram para a Ilha da Madeira e de lá para o Brasil, para a Capitania de São Vicente. Com a fundação da Vila de São Paulo de Piratininga, subiram a Serra do Mar e se transformaram numa das mais importantes famílias paulistas. Desse tronco que descende Fernão Dias e outros Lemes, principalmente no interior de São Paulo, Paraná, sul do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

Marten Lems (n. 1516, f. 13/07/1597, Bruges)
foi o mais proeminente Lems em Bruges. Prefeito de Bruges
e Schepenen (1560-85). Casado com Catharina van Hecke.
Segunda vez, em 1579, com Barbara De Boodt.

Fernão Dias Paes Leme:

"Em todo o decurso da sua vida mostrou o defunto Fernão Dias Paes tão grande zelo do  serviço real, que parece não queria vida nem fazenda mais que para a empregar nos aumentos da coroa, e a sua ordinária conversação era sobre a obrigação que tinham os vassalos de servir  a seu príncipe... E sendo-lhe ordenado que desse calor a jornada do governador Agostinho Barbalho Bezerra para as esmeraldas, lhe fez liberalmente parte dos aprestos de mantimentos, que lhe eram necessários, e de todos estes serviços e de outros que de seus papeis constam, não recebeu mercê alguma de Sua Alteza. Era muito zeloso do serviço de Deus, como se viu no convento do patriarca São Bento, que reedificou, dotando-o de bens para sustento de seus religiosos e dos das outras religiões".  

Câmara de Parnahyba - SP, 20 de Dez. de 1681.


Fernão Dias Pais Leme descende efetivamente dos Lemes. Vinha de família de antigos paulistas,  filho de Pedro Dias Pais Leme, por sua vez de Fernão Dias Paes Leme e de Lucrécia Leme, com Maria Leite da Silva, filha de Pascoal Leite Furtado, dos Açores, de nobre família, e D. Isabel do Prado. Seu irmão Pascoal Leite Pais foi também bandeirante, além de bisavô materno do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão. Residia em sua fazenda do Capão, no atual Pinheiros. Em 1626, assumiu o cargo de Fiscal de Rendas da câmara municipal.

O espírito guerreiro do "Caçador de Esmeraldas" se fez presente no século XX: Honório Lemes, que se dizia descendente do bandeirante, conhecido no Rio Grande do Sul como "O Leão de Caverá" ou "O Tropeiro da Liberdade", lutou na Revolução Legalista de 1923 com muita bravura, vindo a falecer em 1930 com 75 anos de idade, pouco antes do começo da Revolução de 1930.


GENEALOGIA DA FAMÍLIA PAES LEME:

Fernão Dias Paes Leme casou-se com Maria Garcia Rodrigues Betting (ou Betim), filha de Garcia Rodrigues Velho Filho e de Maria Betting (Betim ou Betinck).
  1. Garcia Rodrigues Pais, que abriu o chamado Caminho Novo, entre a baía de Guanabara ou seja, o Rio de Janeiro, e as Minas Gerais. Até então o caminho se fazia por mar, até Parati, galgava a serra do Mar e subia pelo interior de São Paulo, transpondo a serra da Mantiqueira – o chamado Caminho Velho.
  2. Pedro Dias Leite, que se casou com Maria de Lima e Morais;
  3. Custódia Pais, que se casou com Gaspar Gonçalves Moreira;
  4. Isabel Pais, que se casou com Jorge Moreira;
  5. Mariana Pais, que se casou com Francisco Pais de Oliveira Horta, sendo o tronco de numerosas famílias mineiras ;
  6. Catarina Pais, que se casou com Luís Soares Ferreira, filho de Gaspar Soares Ferreira e de Ana Maria da Cunha. Sertanista, casara antes com Catarina de Siqueira de Mendonça e, em 10 de abril de 1690, teve patente de capitão dada na Bahia pelo governador-geral para servir no terço do mestre de campo Matias Cardoso de Almeida; morreu em São Paulo, em 1716, e sua descendência é descrita por Silva Leme no volume VII, página 502, de Genealogia Paulistana.
  7. Maria Leite, que se casou com Manuel de Borba Gato;
  8. Ana Maria Leite, que se casou com João Henrique de Siqueira Baruel.


Santo Antônio de Sant'Ana Galvão, mais conhecido como Frei Galvão, é trineto de um irmão de Fernão Dias Paes Leme, Pascoal Leite Pais.


Sobrenome Paes Leme / Leme por Estado: 

Os "Paes Leme" ou apenas "Leme" são o mesmo tronco. No primeiro gráfico consta incidência da denominação "Paes Leme" por Estado. No segundo gráfico, a incidência da denominação "Leme":  




Outros Clãs:


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Clã Vieira de Mello


A Família Mello/Melo é uma das mais antigas de Portugal, Procede de D. Pedro Formarigues, chamado de Riba de Vizela, por ter aí fazendas, morador na Quinta do Paço de Urgezes e casado com D. Gontinha, de quem teve Paio Pires de Guimarães, senhor da casa e fazenda paterna em Riba de Vizela, o qual se recebeu com D. Elvira Fernandes, filha de Fernão Pires Tinhoso, copeiro-mor de D. Afonso Henriques, Viveram Paio Pires e sua mulher no paço de Urgezes, junto de Guimarães, e tiveram D. Reimondo Pais de Riba de Vizela, que sucedeu na casa do pai e contraiu matrimonio com D. Dorgia Afonso, filha de D. Afonso Viegas, chamado Moço Viegas, e de sua mulher. D. Aldara Pires, havendo por filho D. Soeiro Reimondes, esforçado cavaleiro, que parece ser o fundador da vila de Melo, na serra da Estrela, a qual primitivamente se denominou de Merlo, forma arcaica de melro.

D. Soeiro casou com. D. Urraca Viegas, filha de D. Egas Gomes Barroso e de sua mulher, D. Urraca Vasques de Ambia, de quem teve, entre outros filhos, a D. Mem Soares de Melo, senhor da casa paterna, de Melo e de Gouveia, rico-homem, alferes-mor de D. Afonso III. Com quem esteve na tomada de Faro, e casado com D. Urraca Fernandes, da qual teve filhos que seguiram o apelido de Melo, propagando-o.


BRASIL*

Os Vieira de Mello, no Brasil, advém de Antonio Vieira de Mello, Cavalheiro Fidalgo da Casa Real, natural de Catanhede. Consta que era filho de Manoel Francisco e de Francisca Gonçalves, gente honrada, e dos principais da dita Villa de Catanhede. Nos livros da Câmara se acha a este Antonio Vieira, servindo de Vereador em Olinda no ano de 1648 e encarregado da diligencia de fazer conduzir gados do Rio São Francisco para o nosso Exercito, e no 1." da Veãoria se acha o mesmo. Foi senhor de uma propriedade no Cabo de Santo Agustinho, a que ainda hoje chamam Molinote de Antonio Vieira. Serviu com honra na guerra o posto de Capitão de Cavalos e depois delia o de sargento-mor da Comarca. Casou com Margarida Muniz, filha de Marcos Fernandes Bitencourt e de Paula Antunes Muniz, naturais da Ilha da Madeira.

 


Bernardo Vieira de Mello (*Muribeca, 1658. + Lisboa, 1714), filho do Capitão de Ordenança, fidalgo cavalheiro da Casa Real, Bernardo Vieira de Melo e de Maria Camelo de Melo, e neto de António Vieira de Melo. Foi casado com dona Maria de Barros não tendo filhos e em segunda núpcias com Catarina Leitão, filha do capitão Gonçalo Leitão Arnoso, com quem teve quatro filhos.

Bernardo Vieira de Melo foi militar desde 1675 e recebeu patente de capitão-mor de Igarassu em 17 de novembro de 1691. Quando auxiliou o capitão Fernão Carrilho na guerra do Quilombo dos Palmares, onde teve atuação destacada, combatendo gueguês e jacurus. Na Serra da Barriga - Palmares, socorrendo o sargento-mor da tropa alagoana Sebastião Dias Manelli, e agindo de acordo com Domingos Jorge Velho, provocou enorme matança de mais de quatrocentos negros prisioneiros. Por reconhecimento de sua atuação em Palmares foi nomeado Governador do Rio Grande do Norte em 8 de janeiro de 1695, tendo sido o grande responsável pela pacificação da região ao combater os índios Janduís no sertão do Rio Grande do Norte. De regresso a Pernambuco, em 25 de setembro de 1709 foi nomeado sargento-mor do Terço da Linha do Recife.

Tomou parte ativa na luta pela nobreza de Olinda contra a burguesia do Recife, defendendo a aristocracia brasileira. Em 10 de novembro de 1710, revoltados com as concessões dadas pelo reino de Portugal aos mascates do Recife (Carta Régia que elevou Recife à condição de vila e a autorização para instalação de um Pelourinho dada pelo governador de Pernambuco), os olindenses sublevaram-se, eclodindo o que ficou conhecida como Guerra dos Mascates. Após destituírem o governador, que fugiu para Salvador, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro brado de República no novo mundo no Senado da Câmara de Olinda, onde exercia a função de vereador. Pregou a independência de Portugal e, se necessário, se aliar aos franceses.

Em junho de 1711, segundo dizem: por causa de uma mulata.... homens da tropa de Bernardo Vieira de Mello se desentenderam com portugueses. Tendo os mascates assaltado a casa do capitão e o prendido. Tomando o controle da vila do Recife, e reivindicando a volta do governador Sebastião de Castro, que havia fugido.

Mais uma vez os nobres, tendo a frente Bernardo Vieira de Mello e Pedro Ribeiro da Silva, cercaram Recife, com muitas refregas no interior, até a chegada, em outubro, de um novo governador, Felix Machado, que trouxe um perdão geral para todos os implicados.

Felix Machado pareceu agir com bom senso e justiça, buscando acalmar os ânimos. Mera dissimulação do pilantra. Depois de tomar pé da situação e fazer acordos secretos com os “principais” a favor de Portugal, ele mostrou, de fato, a que viera. Em fev. de 1712, decretou a prisão e o sequestro dos bens de dezenas de nobres, sob pretexto de haver em andamento uma nova conspiração. E todos foram submetidos a grandes humilhações, sendo exibidos ao povo em grilhões. Humilhação jamais perdoada e nunca esquecida.

Bernardo Vieira de Melo foi condenado por crime de lesa-majestade e inconfidente. Juntamente com outros parentes e companheiros, e entregou-se em 1712, sendo recolhido inicialmente ao Forte de São João Batista do Brum, no Recife, e em seguida, em out. de 1713, foi embarcado para Lisboa juntamente com seu filho primogênito, o alferes tenente André Vieira de Melo.

Numa noite fria, a 10 de janeiro de 1714, acendeu em sua cela na Cadeia do Limoeiro (Lisboa) um fogareiro de carvão, tendo falecido vítima da intoxicação por gás carbônico. Foi sepultado no Mosteiro do Carmo na capital do Reino. O alferes André morreu um ano depois, ainda prisioneiro, de ataque cardíaco, contando 46 anos de idade.


Genealogia Família Vieira de Mello:

1. Manoel Francisco c.c. Francisca Gonçalves

2. Antonio Vieira de Mello c.c. Margarida Moniz, f.ª de Marcos Fernandes Bittencourt e de Paula Antunes, naturais da Ilha da Madeira.

3.1. Antonio Vieira de Mello, Cavalheiro da Ordem de Christo, e também foi Sargento Mor da Comarca de Pernambuco. Casou na Bahia com Anna de Campos, filha de Jacintho de Campo, e não teve successão.

3.2. Bernardo Vieira de Melo, I, Sr. Eng. Pindoba; c.c. Maria Camello, f.ª de Belquior Álvares Camelo, Morgado das Alagoas e Joana Bezerra.

4.1. Antonio Vieira de Melo;

4.2. Maria Camello, II;

4.3. Sebastiana de de Melo, Sr.ª Eng. Sibiró de Cima;

4.4. Angela Vieira, Sr.ª do Eng. Pindoba de Cima c.c. Francisco de Sá Peixoto, filho de João

Peixoto Viegas e de Joanna de Sá, de familia nobre da Bahia, para onde foram viver, e la tiveram os filhos seguintes:

5.1. João Peixoto Viegas, Coronel da Ordenança que casou no Arrayal do Mestre de Campo Mathias Cardoso com D, Rita..... erva rcu vcas filha de Januario Cardoso e neta do sobredito Mestre de Campo. E deste matrimonio não houve successão, |

5.2. José de Sá Bezerra Peixoto, que também foi Coronel da Ordenança e faleceu solteiro, 

5.3. D, Joanna..... erasrcora “-.«Religiosa em um dos Mosteiros da Cidade da Bahia.

5.4. D. Maria, que vivia solteira no ano de 1748

5.5. Manoel de Mello Bezerra

4.2. Paula Vieira de Mello; c.c. Gonçalo Novo de Lyra (III), Sr. Eng. Uruaé e Araripe

5.1. Cristóvão Vieira de Mello, I, Sr Eng Uruaé;

5.2. Gonçalo Novo de Lira, IV, Sr Eng Uruaé e Araripe;

5.3. Lourenço Muniz de Melo e

5.4. Margarida Moniz, II, Sra Eng Pirajuí

4.3. Antonio Vieira de Melo, II; c.c. Anna de Campos, f.ª de Jacinto de Campos. Sem Sucessão.

4.4. José Vieira de Melo, Padre em Ipojuca;

4.5. Manoel de Melo;

4.6. Angela Vieira

4.7. Cap. Dionísio Vieira de Melo, Sr Eng Trapiche

3.3. José Vieira de Mello, que foi clérigo presbítero e Vigário Confirmado da Igreja de S. Miguel de Ipojuca.

3.4. Manoel de Mello, que faleceu solteiro na Bahia.

3.5. Dionysio Vieira de Mello, foi Cavalheiro Fidalgo, professo na Ordem de S. Bento de Aviz e Capitão de Infantaria do terço ão Mestre de Campo João Fernandes Vieira, por patente de 14 de Fevereiro de 1654. Casou com D. Maria Barbosa, filha de Antonio Teixeira Barbosa, natural de Porto Carreiro, Bispado do Porto, e de sua mulher Anna Mendez, irmã do P. Francisco Dias Teixeira Níta por via paterna de Gaspar Teixeira e de Anna Nogueira, pessoas nobres e principaes da dita freguesia de Porto Carreiro, o que consta de um juramento do genere passado em 14 de Fevereiro de 1680 pelo Doutor Hilário da Rocha de Calheiros, Provisor e Vigário Geral do Bispado do Porto, D. Fernando Correia í.e Lacerda. E por via materna foi a dita D. Maria Barbosa neta de Francisco Pias Delgado, que em 1649 era Juiz ordinário de Olinda, e foi homem de grande. respeito e autoridade. Era senhor do engenho do Trapiche de Ipojuca, sobre c qual teve litígios com Felippe Cavalcante de Albuquerque, e por concerto ficou com o da Tapera, que coube em herança ao dito P. Francisco Dias Teixeira, seu filho, que o vinculou.

4.1. Antonio Vieira de Mello, clérigo presbítero.

4.2. Antonio Teixeira Barbosa c.c. Catharina Bezerra, f.ª de Domingos Gonçalves da Costa e de D.ª Adriana Camello. Sem sucessão.

4.3. Francisco de Mello c.c. Ursula Cavalcante, f.ª de Matheus de Sá e de D.ª Maria Cavalcante. Sem sucessão.

4.4. Dionisio Vieira, que morreu menino.

4.5. D. Margarida Muniz de Mello c.c. Mathias Albuquerque Maranhão 

4.6. D. Maria de Mello c.c. Francisco de Noballas Yurrea, f.º de Manoel Yurrea

5.1. Manoel Nobalhas Yurrea , Sr. Eng. Sibiró, 1º c.c. D. Luisa de Mello, e a 2ª c.c. Sebastiana de Mello. ambas sem sucessão.

5.2. Julianna de Noballas, faleceu solteira, com o hábito de N. Sr.ª do Carmo.

5.3. D. Joanna de Nobalhas, que tambem faleceu solteira,

3.6. Bernardo Vieira de Mello c.c. Maria Camello, f.ª de Belchior Alves Camello, n. de Ponte de Lima, e de Joanna Bezerra, f.ª de Antonio Bezerra Barriga e de Izabel Lopes, n. da ilha da Madeira.

4.1. Bernardo Vieira de Mello c.c. Catharina Leitão, f.ª Gonsalo Leitão Arnoso e de Maria Leitão

5.1. André Vieira de Mello c.c. D. Anna Thereza dos Reis, f.ª de Nicolao Coelho dos Reis e de D. Maria de Faria.

6.1. D. Luisa Bernarda de  Mello c.c. Gonçalo Francisco Xavier Cavalcante, seu primo.

6.2. D. Catharina José de Mello c.c. seu primo Nicolau Coelho d’ Albuquerque, irmão de seu cunhado.

5.2. Bernardo Vieira de Mello c.c. D. Maria Felippa de Albuquerque, sem sucessão.

5.3. Antonio Leitão Arnoso c.c. sua prima D. Maria Muniz de Mello, filha do Sargento-Mor Christovão Vieira de Mello, e de sua mulher Ursula Leitão, em titulo de Novos. E deste matrimonio nasceram.

6.1. Bernardo Vieira de Mello,

6.2. Antonio Leitão Arnoso.

6.3. Manoel de Mello Bezerra.

6.4. Antonio Vieira Muniz de Mello.

6.5. Christovão Vieira Muniz de Mello.

6.6. D, Ursula Leitão de Mello.

6.7. D, Catharina Leitão de Mello,

6.8. D. Ignez Maria Muniz de Mello,

6.9. N. N. N. N. que morreram meninas,

5.4. José Vieira,que morreu menino.

5.5. D. Maria, que morreu menina.

3.7. Angela Vieira, que casou com o Doutor Antonio Pereira de Fontela, que foi Ouvidor na Ilha da Madeira, e não tiveram sucessão.

3.8. Paula Vieira de Mello, que casou com Gonçalo Novo de Lyra, filho de Gonçalo Novo de Lyra, o ruivo, e de sua mulher Anna Correia. Da sua sucessão se escreve em titulo de Novos.

4.1. Cristóvão Vieira de Mello

4.2. Gonçalo Novo de Lira (IV)

4.3. Lourenço Muniz de Mello

4.4. Margarida Muniz (II)

 

 

 

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