sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Clã dos Albuquerques





Da família dos Meneses se originou a dos Albuquerques, uma das mais distintas de Portugal. Ao sangue esclarecido da linhagem de que proveio, juntou o de outras muito ilustres e o das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, filho de D. Telo Peres de Meneses e de sua mulher D. Gontrode Garcia de Vilamaior, foi segundo senhor de Meneses, Medelim, Monte Alegre e outras terras e o primeiro povoador de Albuquerque, vila de que também teve o senhorio. Morreu no ano de 1230 e foi sepultado no mosteiro de Palaçuelas. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Elvira, filha de D. Rodrigo Gonçalves Girão, rico-homem e senhor da casa dos Guirões, e de sua mulher, D. Maior, de cujo matrimónio deixou descendência que seguiu o apelido Girão; e a segunda vez com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho I de Portugal, de quem teve D. João Afonso de Meneses, que sucedeu nos senhorios de seu pai e foi rico-homem e alferes-mor de D. Afonso III de Portugal, seu primeiro coirmão.

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimônio nasceu D. João Afonso de Albuquerque, o primeiro que usou este apelido, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai, foi muito bom cavaleiro, teve o título de Conde de Barcelos por Carta de 8-V-1298 e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Fez testamento no ano de 1304. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimônio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

Castelo de Albuquerque

No Brasil *

lhes rogo e mando se amem e façam pelas cousas uns dos outros, tendo memória de mim e o tronco de onde procedem”.

Jerônimo Albuquerque.


D.ª Brites de Albuquerque,
irmã de Jerônimo de Albuquerque.
No Brasil, descendem de Jerônimo de Albuquerque (O Torto), filho de Lopo de Albuquerque e de Joana de Bulhões, era cunhado de Duarte Coelho, casado com sua irmã Brites de Albuquerque, e reputado como "O Adão Pernambucano" por sua numerosa descendência.

Recém-chegado, numa das lutas contra os índios Tabajaras, perdeu um dos olhos por uma flechada, razão do apelido de "o Torto". Ferido, prisioneiro e condenado à morte, foi salvo pela intervenção da filha do cacique Uirá Ubi (Arco Verde), chamada Muyrã Ubi (batizada Maria do Espírito Santo Arcoverde) que se apaixonou e o quis como marido. O casamento selou a paz entre os tabajaras e os portugueses.

Em 1562, em obediência a uma carta-intimação de D. Catarina de Áustria, rainha de Portugal, casou-se com Felipa de Mello, filha de Dom Cristóvão de Mello. Segundo D. Catarina, sendo ele o sobrinho de D. Afonso de Albuquerque, e descendente de reis, não deveria seguir a "lei de Moisés", isto é, manter "trezentas concubinas".

Assim se casou com Filipa de Melo, teve onze filhos legítimos, outros oito com a índia Maria do Espírito Santo, filha do cacique Uyrá-Ubi. Se registra ainda outros 5 filhos com outras mulheres, uma das quais Apolônia Pequena, mãe do seu filho Felipe de Albuquerque, citado expressamente no seu testamento. Paira dúvidas ainda sobre uma filha tida com uma de suas escrava, de nome Maria, e de uma outra, Jerônima. 

Dos oito filhos havidos com a índia Maria do Espírito Santo, todos foram legitimados posteriormente pela Coroa. Uma filha, dessa relação, Catarina de Albuquerque, se casou com o nobre florentino Felipe Cavalcanti, fundador do clã Cavalcanti, e seu filho Jerônimo de Albuquerque, que foi fundador da cidade de Natal e conquistador do Maranhão, a que juntou ao seu nome, se designando: "Jerônimo Albuquerque Maranhão".

Ainda de Jerônimo de Albuquerque, seu neto, Pedro de Albuquerque (n. 06/02/1644) foi um dos heróis da guerra holandesa. Resistiu no forte do rio Formoso, um ataque dos holandeses, onde saiu ferido por uma bala de fuzil (1633). Saiu prisioneiro dos holandeses, que o soltaram nas Antilhas, de onde seguiu para Portugal. Foi Governador do estado do Maranhão (em 13/07/1643), permanecendo no cargo até 1644, quando faleceu.

Da descendência de Jerônimo de Albuquerque originaram-se algumas das mais tradicionais famílias pernambucanas, como os: Cavalcanti, Fragoso de Albuquerque, Albuquerque Maranhão, Siqueira Cavalcanti, Pessoa de Albuquerque, etc... mesmo outras famílias que não levam o sobrenome Albuquerque tinham ascendência em Jeronimo Albuquerque, como os Cavalcanti, HollandaLins, Accioly, Moura Rolim, e Wanderley. Justificando assim o apelido de Adão Pernambucano, dado no decorrer dos séculos ao seu patriarca. Em sua segunda geração, contava 125 netos, e na terceira: 220 bisnetos! Indubitavelmente a maior família brasileira.

Não houve, naquele tempo, em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, outra família que alcançasse tal progressão. Dificilmente, as famílias de mais de 100 anos, em Pernambuco, deixarão de ter “uma gota de sangue dos Albuquerque”.
Castelo de Duarte Coelho, tido como primeiro castelo com características medievais no Brasil. Fragmento do quadro Olinda de Frans Post.

O Ramo "Albuquerque Coelho", descendentes de Duarte Coelho Pereira, donatário de Pernambuco.

Jorge de Albuquerque Coelho foi filho de Duarte Coelho Pereira, nasceu em 1539, quatro anos depois de o seu pai tomar posse da capitania de Pernambuco (Nova Lusitânia).

Em 1553, o velho Duarte foi a Lisboa, reclamar ao rei da retirada de alguns dos seus direitos de donatário. Deixando sua capitania sob os cuidados de sua esposa, D. Brites, a primeira mulher a governar o Brasil. Com ele, seguiram para Portugal seus filhos, para estudar e conviver com a nobreza lusitana. Passado um ano, sem ser recebido pelo Rei, desgostoso do tratamento recebido, no que pese, seu imenso serviços prestados a coroa, acabou falecendo. Ficando seus filhos, aos cuidados dos Albuquerque, parentes do lado materno.

Em 1560, Jorge e seu irmão mais velho, Duarte — o novo capitão-mor de Pernambuco, após a morte do pai —, ambos com vinte e poucos anos, retornaram à Pernambuco.

Jorge de Albuquerque, porém, não se demorou por aqui. Orgulhoso, logo se desentendeu com o florentino Felipe Cavalcanti, casado com sua prima Catarina, e por esse ou por outros motivos encurtou sua estada. E na volta para Lisboa, em 1565, despontou sua fama de guerreiro.

A nau Santo Antônio, na qual viajava, foi assediada por piratas franceses, com o capitão determinando pela rendição. Jorge, porém, não acatou a ordem e lutou por três dias, à frente de seis voluntários, com dois pequenos canhões, até capitular. Ante tamanha valentia e brio, foi alvo de admiração dos corsários, que lhes pouparam a vida.

Para piorar, uma enorme tempestade desabou, em seguida, e a nau Santo Antônio, depenada pelos corsários, que lhe roubaram até a bússola, quase foi a pique. Porém, com um pau de duas braças no lugar do mastro, uma velinha remendada com retalhos, o leme amarrado com tiras de couro e quase sem mantimentos, Jorge conseguiu levá-la até Portugal. E tornou-se uma celebridade quando, por ordem do então regente, o cardeal D. Henrique, a nau foi rebocada pelo rio Tejo acima, para que todos vissem “como opera a vontade de Deus”.

Duarte de Albuquerque Coelho
2º Donatário de Pernambuco
Treze anos depois, o rei D. Sebastião foi derrotado e morto na batalha de Alcácer-Quibir. Oportunidade em que tomou parte. Conta a lenda, que o rei perdeu o cavalo na luta. Então, o pernambucano lhe cedeu o seu, e, mesmo a pé, seguiu pelejando.

Ferido e aprisionado, seria adiante resgatado, à custa de muita prata; e tornou-se o terceiro donatário de Pernambuco, após a morte do seu irmão Duarte, sem contudo, nunca ter regressado, devido aos ferimentos nas pernas, não conseguiu mais andar, sem jamais voltar a Pernambuco.

Jorge casou com D. Ana de Redondo, com quem teve dois filhos, Duarte e Matias, e morreu em Portugal.
Duarte de Albuquerque Coelho, filho de Jorge de Albuquerque Coelho e de dona Anna da Silva. Nascido em Lisboa, casou-se com Joana de Castro, filha de Diogo de Castro, Conde de Basto, e presidente da junta Real de Portugal. 

Matias de Albuquerque Coelho, neto de Duarte Coelho Pereira, e filho de Jorge Albuquerque Coelho.

Matias de Albuquerque Coelho
Após a Batalha de Alcácer-Quibir, que resultou na morte do rei São Sebastião, o reino de Portugal passou as mãos de Felipe II, filho de Isabela de Portugal casada com Carlos IV de Espanha, oque unificou os dois reinos, a então União Ibérica.

Em 1620, com apenas 25 anos de idade, Matias recebeu do rei Felipe a missão de defender a capitania de Pernambuco, que fora do seu avô, depois do seu pai, e agora pertencia ao seu irmão mais velho, Duarte, que estava prestes a ser invadida pelos holandeses. E pela primeira vez, veio ao Brasil, numa esquadra de dez navios, com o posto de capitão-mor.

Os flamengos, porém, só chegaram em 1624 na Bahia, expulsos um ano depois, em 1625. Então, em 1627, Matias foi chamado de volta à Europa. Mas, em 1629, o enviaram de volta ao Brasil, devido a uma nova ameaça de ataque a Pernambuco. E, dessa vez, deram-lhe apenas uma caravela e 27 soldados. Assim, planejou uma guerra de desgaste, na qual o inimigo só teria prejuízos até desistir da empreitada ou ser expulso, tal como ocorrera na Bahia.

No dia 14 de fevereiro de 1630, os holandeses desembarcaram na praia de Pau Amarelo e, apesar da brava resistência de Matias, logo se apoderaram de Olinda e Recife. Matias se viu forçado a recuar para o Arraial do Bom Jesus, uma fortaleza erguida por ele. E impôs aos invasores a primeira derrota.

Os índios de Felipe Camarão e os guerrilheiros do capitão Rebelinho ficavam de tocaia, e davam morte a qualquer holandês que pusesse o pé fora do Recife, e assim, conseguiram confinar os holandeses nos fortes.

Sem mantimentos, sobravam os caranguejos, gatos e ratos do Recife. A falta de frutas e verduras faziam as tropas holandesas sofrerem de inúmeras doenças, como cegueira noturna e disenterias, além da perda de dentes, devido ao escorbuto.

Por fim, longe dos engenhos de açúcar, que ficavam no interior, os flamengos só se mantinham com o corso de alguma nau portuguesa ou espanhola, trafegando entre o Brasil e a Europa.

Igualmente as tropas de Matias Albuquerque sofriam de imensa penúria, não recebiam soldo, nem roupas, nem calçados. A pólvora era artigo de luxo, e até os chumbos das redes de pesca foram transformados em balas. Só a extraordinária firmeza de Matias tocava a luta adiante; inclusive, contra a vontade de alguns senhores de engenhos judeus, interessados no comércio com os holandeses.

E assim se passaram dois anos. Se os flamengos não conseguiam se apossar do interior, tampouco se retiravam do Recife, onde Matias os mantinha reclusos. Nem a chegada de Duarte de Albuquerque, seu irmão mais velho, e do Conde napolitano Bagnuolo, com tropas espanholas e napolitanas enviadas pelo rei, mudaram esse quadro.

Até que Domingos Calabar, que lutava nas tropas luso-brasileiras, trocou de lado. Com ajuda dele, os flamengos passaram também a usar táticas de guerrilha. Matias ainda resistiu por três anos até o golpe final, a tomada do Arraial do Bom Jesus.

Então, Matias baixou um decreto determinando que todos os moradores da capitania a abandonassem. Dos 150 engenhos que havia em Pernambuco, metade foi abandonada. Cerca de oito mil pessoas, homens e mulheres, jovens e velhos, seguiram com seu capitão.

No caminho, passando por Porto Calvo, o capitão-mor teve a sorte de topar com Calabar, o prendeu e o enforcou. A grande retirada, porém, desagradou profundamente Castelha, que o chamaram de volta para a Europa, onde ficou preso por cinco anos. Até que em 1640, quando da guerra de restauração, foi libertado para se tornar o herói da batalha de Montijo, que pois fim a dominação castelhana.

Alquebrado e doente, contudo, após tantos anos de guerra e prisão, em condições duríssimas, Matias de Albuquerque retirou-se da vida pública. E morreu em Lisboa, em 1647, aos 52 anos de idade, com Pernambuco pelo qual tanto lutara ainda sob o domínio holandês.



Engenho Cunhaú, que pertenceu a Jerônimo Albuquerque Maranhão. Quando da invasão Holandesa, foi palco do
horrendo episódio do massacre do Cunhaú, em que 80 brasileiros, foram imolados e mortos cruelmente sob ordens de
Jacob Rabbi por se negarem a abandonar a santa fé católica.

 Outros Clãs:



*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos em épocas posteriores, ou mesmo da mesma época, porém não documentados. 



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