sábado, 9 de janeiro de 2021

Clã dos Albuquerque Maranhão

A família Albuquerque se origina dos Meneses, sendo uma das mais distintas de Portugal, com o entrelaçamento de infantes das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, foi o primeiro povoador da vila de Albuquerque, e seu senhorio. Casou duas vezes: a 1ª com D. Elvira Gonçalves Girão, e do qual deriva o sobrenome Girão; a 2ª com D. Teresa Sanches, filha bastarda do rei D. Sancho I de Portugal, tendo como filho D. Afonso de Meneses, que foi alferes-mor, do rei D. Afonso III, seu co-irmão. 

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimônio nasceu D. João Afonso de Albuquerque, o primeiro que usou este sobrenome, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai, com o título de Conde de Barcelos, e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimônio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

Castelo de Albuquerque

No Brasil *

A família Albuquerque Maranhão é um ramo da Família Albuquerque no Brasil, assim, como os Cavalcanti Albuquerque. Descendem de Jerônimo d'Albuquerque Maranhão (N. 1548, † 1624), um dos 8 filhos de Jorge de Albuquerque (o Torto) com a índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), filha do cacique Uyrá Ubi, e que foi o fundador da cidade de Natal-RN, após conquistá-la dos franceses, e depois, o Maranhão, e que toma o nome de Maranhão, ajuntando ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal. Agora aparecia explicitamente no Brasil, uma nobreza sua – em sangue e sobrenome.

E a resistência se prolonga na descendência, geração pós geração: um Albuquerque elimina os franceses do Maranhão, outro toma aos ingleses o célebre forte de Cumaú, e um neto deste bate o comandante francês, governador da respectiva Guiana, soldado da grande época – Luiz XIV. Não é de admirar essa aptidão guerreira dos Albuquerques, n´uma época em que cada engenho era uma Casa forte. 


A Campanha Contra os Franceses

Em 1587, na campanha contra os franceses levado a cabo pelo Capitão Mór Francisco Leitão e Filipe Cavalcanti d´Albuquerque, no vale do Mamanguape: os valorosos potiguaras são dizimados; mas os franceses, refeitos na sua feitoria da Baía da Traição, vieram ajudá-los, em Capaoba, onde foi o mais forte da nova campanha. A sorte esteve indecisa; mas, finalmente, pendeu para os portugueses. Enquanto isso, outra luta se acendeu nas terras do principal Tejucupapo, sempre auxiliados os potiguaras pelos franceses. Nunca os defensores do Brasil-colônia desenvolveram mais valor do que ali. Houve capitão em cujo corpo se contaram quatorze flechas. Antonio de Albuquerque foi um dos heróis dessa vitória em que o francês mostrou quanto valia como soldado. Muitos dos seus oficiais acabaram a vida ali. Foi a última tentativa dos franceses na Paraíba, cuja conquista custou ao Brasil sessenta anos de lutas e muitos milhares de vidas.

Por esse tempo – da luta na Paraíba –, ainda é muito moço o futuro Albuquerque Maranhão; o mameluco criado na taba de seu avô Arco Verde – tão orgulhoso do sangue caboclo como da linhagem de reis que o pai lhe dera; Mas, em 1595, ele já aparece ao lado de Manuel Mascarenhas e, depois, será a figura principal na conquista do Rio Grande do Norte, para dirigir e assistir, dali, a ação de Soares Moreno, no Ceará. Com ele está o irmão Jorge de Albuquerque. É nesse influxo que se resolve definitivamente a situação no Norte, a qual, até aquele momento, tem sido, apenas, dilatada e adiada. Gentio e franceses se afastam, com a colonização que avança. Por meio de Jerônimo fazem-se as pazes com o forte e o melhor do gentio potiguara. Essas tribos, agora, vão ser o contingente sensível na população estável da colônia.

Em 1597, ainda moço, o brasileiro Jerônimo de Albuquerque alcança nove navios franceses no Rio Grande do Norte, no porto dos Bugios; e no futuro, quando o valente mameluco ganha a batalha de Guaxenduba, um dos mortos franceses é o célebre Migan, 14 vezes prisioneiros dos portugueses, de quem outras tantas vezes escapou... Esse retalho de crônica diz-nos muito bem a repetição das lutas por ali. 


A Conquista do Maranhão - A Jornada Milagrosa. 

A ação dos franceses no Maranhão tornou-se tão inquietadora para o Brasil que, ainda em tempo de Diogo de Menezes, foi mandado, por este: um memorial reclamando do governo de Madri providências contra o invasor. Veio Gaspar de Souza; a arrastada administração colonial teve, então, a resolução feliz de entregar o caso do Maranhão a Jerônimo de Albuquerque, e este, sem detença, comete ao intrépido e sagaz Soares Moreno a missão de fazer o reconhecimento do local e das condições em que ali se encontravam os franceses.

O sucesso da expedição sobre o Maranhão maravilhou a todos e fez que a chamassem de Jornada Milagrosa. Capistrano, na rapidez incisiva dos seus conceitos, comenta: “... milagrosa foi realmente, milagrosa de mocidade, de estouvamento: milagrosa sobre tudo de felicidade”. Já tivemos a razão do estouvamento: é a premência de quem tem de agir, e só pode resolver a forma da ação conduzido por ela mesma. Foi assim com Jerônimo. Felicidade... É uma atitude toda subjetiva, e que nada explica do caso, que foi o de efeitos objetivos bem patentes. Houve milagre, sim: o de uma energia absolutamente nova; a mocidade, que, por intuição, se projeta para o sucesso. E clamamos – milagre! Nem haverá outros, na ação humana. Gaspar de Souza, que aceitaria até não intervir, e que só concordou com a jornada porque a expedição tinha partido e havia dinheiro gasto, fez questão de que tudo não passasse da fundação de um forte, a oito ou dez dos franceses, para inquietá-los, tão-somente, em Tutoia, ou, quando muito, no Preá. Tivesse Jerônimo atendido essa ordem, seria a anulação da empresa, pela insuficiência, com o fracasso final do estabelecimento isolado, em face de um inimigo tão poderoso que era confessadamente respeitado e evitado. Tal projeto já é um sinal da decadência do português. Decênios depois, no Prata, com Colônia do Sacramento, realiza-se essa ideia da fortificação isolada em face do rival. As condições eram mais propícias no Prata do que no Maranhão, e, contudo, foi um desastre formidável. Jerônimo evitou o desastre porque agiu de acordo com as condições do momento e os interesses do Brasil, ainda que, para tanto, lhe foi preciso sair das ordens e enfrentar a impertinência de Diogo de Campos. 

Logo ao partirem do forte de Jericoacoara (Forte das Tartarugas), último posto do Brasil antes do  Maranhão, houve conselho de oficiais, pronunciando-se Diogo  de Campos peremptoriamente contra qualquer avanço além de Tutoia. Foi voto único, e a expedição se dirigiu, desde logo, para o Preá. O local era estéril e absolutamente impróprio para um aquartelamento prolongado, pelo que decidiu Jerônimo ordenar o reconhecimento, com Martins, Machado e Rangel, em busca dos franceses, de quem nada se sabia no Preá. Com a volta de Rangel, e as boas notícias que trouxe, a respeito de Guaxenduba, novo conselho se fez, onde Diogo de Campos foi igualmente peremptório, opinando que deviam ficar no Preá estéril; com ele concordaram os outros oficiais, menos os capitães brasileiros – Souza d´Eça e Fragoso de Albuquerque, e os soldados das respectivas companhias. Era um momento em que Jerônimo de Albuquerque devia hesitar: com Diogo de Campos, falavam as ordens trazidas, e quase toda a oficialidade. Mas, passou a hesitação, e o grande capitão fez seguir a expedição, até estabelecê-la em contestação com os franceses. Na escolha da posição do forte, novas oposições, a que Jerônimo respondeu no definitivo mando de seleção: “Quem me for amigo, não me aconselhe outra coisa!” E fez como entendia. Ora, essa escolha foi decisiva: a ela se deve o êxito da batalha, e que pareceu milagre. “Determinou o capitão-mor fortificar-se num vale, entre duas alturas que lhe ficavam sobranceiras...”. Relata d´Eça. E quando o inimigo, destemido e arrogante, veio ao ataque, Jerônimo pôde desenvolver, prontamente, a sua tática formidável: metê-lo entre dois fogos e dominá-lo completamente antes do segundo tiro... Tudo isto foi possível porque o ânimo do capitão havia captado os legítimos valores da guarnição; mas é certo que o influxo de Diogo de Campos tinha turbado a unidade de sentimentos: com ele estavam todos aqueles para quem a alma de uma nova pátria era um começo de hostilidade. No concreto da baixa rivalidade de Diogo de Campos, era isto o que havia, e foi daí mesmo que derivaram os motivos em que se teceram os conluios vis de Caldeira Castelo Branco. Daquele momento em diante, cresce ostensivamente o Brasil; multiplicam-se os indícios desta nova pátria, e que nos explicam, no futuro, todas as outras façanhas de brasileiros, nos nomes de Barbalho, Vidal, Rabelo... 

Convém apreciar o próprio desenvolver do milagre. Chegados ao Maranhão, mesmo na boa posição de Guaxenduba, estavam os nossos em condições de sensível inferioridade: no oceano, tinham os franceses mais possibilidades, bem explícitas no tráfico seguido que faziam para ali; nas águas interiores, era absoluto o domínio deles. Mesmo na boa posição em que se achava, Jerônimo havia finalmente de sucumbir: não tinha possibilidades de êxito, se pretendesse atacar os franceses; atacado, só poderia vencer se ao inimigo faltasse calma e uma mediana perícia para escolher o momento e aproveitar as muitas condições de superioridade. Diogo de Campos, que teve de obedecer e executar o programa estratégico e tático de Jerônimo, protestou a seu modo: cheio de lábias, escreveu um diário da campanha em que as ordens de Jerônimo são apresentadas e criticadas de modo a parecerem hesitantes, tíbias, desencontradas, confusas, inoportunas... até que, um belo dia, surge a refrega, e, de tais ordens, deriva o brilhante combate, com um sucesso que é milagre para toda gente. O capitão brasileiro, com os meios miseráveis de que dispunha, com a sua tática exclusiva, aniquila as forças com que o francês vem atacá-lo. No entanto, este, mesmo vencido, ainda tem superioridade em armas, aliados e recursos materiais, conservando um forte contingente de soldados europeus, quase igual à totalidade dos portugueses. São estes os resultados. Contudo, ainda hoje, quem lê a história daquela guerra sente os efeitos do depoimento suspeito de Diogo de Campos, porque, dos documentos e relatos de presença, é o mais ordenado, com valor de estilo. O outro, A Breve Relação, de d´Eça, retine de exatidão; mas é rijo e desataviado como a própria verdade. Então, tudo mais que se escreveu reflete as páginas de Diogo de Campos, e o grande feito de Jerônimo aparece como obra do acaso, a coroar os planos de um estouvado. Deixemo-nos, porém, de histórias feitas em puras repetições, e atenhamo-nos aos outros documentos e depoimentos, dos que, de um e outro lado, participaram da aventura; dos que foram atores, mas falaram sem a preocupação de abafar um rival. 

Vem aquela expedição, balda de tudo, balda principalmente de informações convenientes, e, sob o comando do hesitante e contraditório, chega sã e salva, e vai estabelecer-se no local mais conveniente, apesar de todas as ordens e objeções... Leem-se as páginas dos relatórios e depoimentos, e firma-se a convicção: a maior dificuldade que teve o comando foram essas críticas as objecções e as múltiplas sugestões, que vêm de todos os lados, logo que se descobre a disparidade de avisos nos postos superiores. E Jerônimo venceu essa mesma dificuldade interna. Resistiu a todas as insinuações que seriam prejudiciais e, de caminho, a meditar nas críticas, teve que parecer hesitante, tímido, irresoluto, contraditório... Foi assim, até que a sua intuição de guerreiro lhe mostrou o local conveniente para o plano que lhe daria a vitória. Agora, ninguém lhe notará hesitações, nem ele troca de parecer. Southey dirá dele: “Uma vez na batalha, não conhecia desfalecimentos”. Não: bem antes da batalha, ele foi decisivo, lúcido, formal, logo que esteve em condições de delinear a ação triunfante. Desde que descem em Guaxenduba, a vontade do capitão brasileiro domina os fatos, e tudo é explicitamente determinado por ele, numa ótima de direção, e que é a de aproveitar todas as colaborações úteis. Como o desenvolvimento da sua estratégia repousava na situação e disposição das fortificações, ele as soube tirar de Frias, apenas arquiteto. E, com isto: a oportunidade do ataque, todo movimento das forças inimigas, a própria temeridade do adversário... tudo que concorreu para a vitória foi consequência explícita dos motivos que Jerônimo soube criar. No entanto, os mais incisivos ataques de Diogo de Campos dizem com a escolha e as condições do acampamento, e a imprevidência na ocasião do combate... E o capitão-mor teria sido, já imprudente, já medroso... Ora, se impedindo o francês de aprisionar três embarcações, ou indo atacá-lo nos seus redutos, Jerônimo o tivesse tornado cauteloso e seguro, nunca teria obtido que ele viesse, por si mesmo, oferecer a ocasião da estupenda vitória com que se consagrou o seu nome e que decidiu, de uma vez para sempre, a secular insistência desses inimigos. De um golpe, saindo do seu forte como o imaginou, o mameluco conseguiu desorientar o francês, ceifar-lhe as linhas de combatentes, imobilizar grande número de outros soldados brancos, anular por completo o concurso dos soldados índios, reduzindo-os à impotência, obrigando-os à fuga desordenada e perdida...

Chegado às águas do Maranhão, Jerônimo põe em prática os seus processos costumários com o gentio, procurando cooptá-lo. Pouco a pouco, chegam-se os índios: avisam-no do premeditado ataque dos franceses. Jerônimo despreza, ou finge desprezar, o aviso: a consequência é o ataque incauteloso do inimigo. Trava-se a peleja, e tal foi a situação tática das suas tropas, que, sendo o atacado, em inferioridade de forças, ele impôs, de um lance, impetuosamente, a sua vontade aos atacantes, e foi senhor absoluto da luta, para o triunfo imediato. Para os franceses, não houve possibilidades de contestar e, menos, ainda, de vencer. Vieram atacar com a maior parte das suas forças: desceram 200 soldados europeus, e uns 2.000 índios, deixaram para reserva, embarcados, outros tantos brancos e muitos índios ainda. Jerônimo, no estudado dos seus planos, opôs-lhes imediatamente a quase totalidade dos seus soldados: quatro companhias, sem discriminação de índios; duas seguem pela praia, para apanhar a retaguarda do inimigo; e este, impávido, se prepara para o ataque da posição, quando vê surgirem, inesperadamente, as outras duas companhias, a própria vanguarda de Jerônimo, que as comanda em pessoa, ao lado do capitão d´Eça. Alcançado antes de tentar qualquer fortificação de defesa, antes de gastar munições, o francês é abatido fulminantemente. Foi como se houvera caído numa cilada: o atacante teve a sorte de uma guarnição apanhada de surpresa. O embate foi de soldados aguerridos, mas, entre dois fogos, estava desfeito o inimigo. Jerônimo mesmo teve de dominar com a sua espada o Sr. de Pisieux. E os franceses foram levados à derrota, apesar de valentes, apesar de atacantes... 

Nesse tempo, e porque o feito devia ser decisivo, já o grande mameluco havia mandado incendiar as canoas dos índios aliados dos franceses, e eles, atordoados do golpe que a estes abatia, agora, só pensaram em fugir. Era, já, a desorientação geral, a derrota que desnorteia. E os próprios franceses atiravam-se às ondas, em busca de salvação. Finalmente, morreram 90 dos brancos inimigos, entre os quais, 7 grandes fidalgos; aprisionaram-se 19, e foram queimadas 46 canoas. São cifras dos próprios vencidos.

Com Albuquerque Maranhão estão dois filhos; o mais velho sai da vitória com três feridas. E o grande capitão, se bem que orgulhoso delas, não se mostra insolente, nem brutal, como o supunha o francês: é que o patriotismo fizera dele um hábil político, de ótima diplomacia. Com a sua tática, ele dominara a grande superioridade do adversário; mas precisava, ainda, tornar aquela vitória definitiva, em bem do Brasil, e com essa diplomacia ele o conseguiu de modo absoluto. Chegou ao ponto de trabalhar para conservar no Brasil, incorporando nele, aquela população de intrépidos franceses, com a boa experiência que tinham da terra e do seu gentio. 

O médico francês, ao aproximar-se de Jerônimo, torna-se um grande entusiasta dos seu méritos, e refere-se, em modo muito expressivo, ao espanto dos franceses quando receberam a primeira, e, sobretudo, a segunda carta do grande capitão: a singela superioridade dos dizeres, sem fanfarronice, nem ameaças, cativou inteiramente o ânimo dos fidalgos vencidos, e que esperavam encontrar-se com selvagens e mamelucos, grosseiros e insolentes. Ao mesmo tempo, o homem de arte, dá o testemunho de como, pelo trato pessoal, Jerônimo fez seus inimigos grandes afeiçoados: “Nunca vi gente tão honesta.” Ele havia curado, também, um filho de Jerônimo, o mais velho, ferido de três tiros. 

Jerônimo Albuquerque Maranhão

Vencem as forças do Brasil, mas é tal a desproporção de meios entre os contendores que, apesar de quanto perderam, ainda os franceses têm superioridade: restavam-lhes 200 soldados europeus, muito gentio aliado, todos os recursos materiais de quem está em casa, num estabelecimento feito, e o domínio absoluto, com o conhecimento perfeito das águas interiores e de todas as suas dificuldades. Jerônimo teria ficado com uns 300 soldados brancos e mamelucos, mas, em tudo mais, inclusive o tratamento dos feridos, estava à mercê dos vencidos. Todavia, ele não aceitou a situação sem motivos mais explícitos: da gente inimiga que entrou em combate, um certo grupo se colocou numa eminência, no mato, e continuou a ameaçar. Então, o próprio capitão foi desalojá-los, e tal resistência encontrou que se retirou, com a perda de sete dos seus homens. Aí, ele teve a ideia nítida da força que ainda restava aos franceses, e da necessidade de não fornecer ensejo de qualquer vitória, em que estes se retemperassem do golpe que receberam. Foi nessa conjuntura, certamente, que o nosso primeiro general fez a flexão de conduta, para o efeito de aceitar as tréguas com Ravardière. Agora, de sob o estrategista e tático elegante, emerge o político, de uma política bem distinta, porque já é nitidamente brasileira.
 
Essas tréguas foram então, pró-fórmula, reprovadas pelo Governo, que delas tirou o resultado principal – os aprestos de socorro. Lisboa teve de desaprová-las. d´Eça, grande soldado brasileiro, mas exclusivamente soldado, condenou-as, antes de qualquer outro. O seu julgamento seria perfeito se das tréguas resultasse que perdêssemos; mas, como foi bem o contrário que se deu, temos de deixar em nada todo o seu critério. Todavia, esse brasileiro foi dos mais eficazes na vitória, e merece que lhe apreciemos os motivos. De fato, não há outros senão o ânimo do valente, mal resignado, a embainhar a espada, quando ainda podia desfechar golpes... Ofereceu-se ao comandante para ir com a sua companhia acabar com o inimigo, desenvolveu o seu plano de tática... E Jerônimo preferiu assegurar o resto da vitória sem maiores guerras... d´Eça protestou, altissonante, ele mesmo o diz: 

“... teve muito dares e tomares com o capitão-mor...”. A atmosfera preparada por Diogo de Campos dava para tanto. O certo é que, se a iniciativa formal para tréguas partiu do campo inimigo, as entradas foram feitas por Diogo de Campos, e Jerônimo aceitou o pacto, na superioridade de quem é solicitado. Ainda assim, as primeiras aquiescências não foram dele. É d´Eça mesmo quem o diz: Ravardière pediu alguém a quem fizesse propostas, Jerônimo mandou-lhe o mesmo Diogo de Campos, certamente porque conhecia a língua francesa, e este, quando veio, já foi, por si mesmo, todo propenso às tréguas propostas. A sua influência ia de novo dividir os alvitres, como no Preá; e o capitão-mor preferiu ser político: compreendeu que a sua responsabilidade alcançava mais do que as simples veleidades de guerreiro, e desta vez aceitou o parecer de Diogo de Campos. Senão: por que preferiria Jerônimo não persistir na luta armada? Por covardia?... Por incapacidade?... Nunca ninguém o viu vacilar na peleja. Quem soube transformar a simples resposta a um ataque em triunfo estrondoso não se sentiria incapaz de continuar a bater o mesmo inimigo. Em face da proposta de tréguas, o mameluco Jerônimo foi mais caboclo do que Albuquerque: ganhou tempo, porque, no adiar, o inimigo devia perder todas as vantagens de antes, ao passo que a vitória frutificaria para os portugueses até que as forças se equilibrassem. “Apesar de vencedores”, comenta o historiador inglês Southey, “bem conheciam os portugueses a desproporção das suas forças... faltavam provisões; o inimigo os bloqueava com seus navios, e não se viam meios de salvação”. O inglês ainda não inclui o pior para o caso: o numeroso gentio que apoiava os franceses em torno das forças de Jerônimo. Assim mesmo as outras inferioridades dos portugueses curar-se-iam, agora, facilmente, ao influxo da vitória, enquanto os vencidos agravariam, com o tempo, a depressão da derrota. Os primeiros efeitos sobre os índios manifestam-se logo, na noite seguinte ao dia da batalha: o principal da ilha veio avisar a Jerônimo de que os franceses esperavam a ajuda de setecentos índios do interior: de fato, vieram; mas imediatamente retrocederam, sem outras manifestações contrárias aos portugueses. 

Aceitando as tréguas, Jerônimo lhes deu a sua inteira responsabilidade. Ao gesto de Ravardière, que assina em nome do Rei de França, ele responde afirmando o grande valor que dá a sua obra: ajunta ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal, e toma o nome de Maranhão. Agora aparecia explicitamente o Brasil, com uma nobreza sua – em sangue e em qualidade, elevada no mérito de haver eliminado definitivamente o secular inimigo. As tréguas asseguraram aos portugueses a vitória efetiva, com um mínimo de perdas. Então, com os próprios recursos do Brasil, era relativamente fácil acudir a Albuquerque Maranhão, que, por si, bem sabia não ter poderes para tratar de modo definitivo; mas, político, quis tirar partido da situação transitória, até reforçar-se nos socorros que certamente lhe mandariam. O mais importante nos primeiros auxílios foi o Capitão português, Caldeira Castelo Branco, com uma pequena esquadra. Chegou, e não demorou em aproveitar todos os veios de invejas, despeitos, rivalidades... para se substituir a Jerônimo, com o que se inutilizaria a sua obra. Esteve por pouco: intrigou, traiu, alimentou facção, e deu ocasião aos maiores desgostos por que podia passar o grande mameluco. “Castelo Branco entrou em relações com o francês e procurou convencê-los de que tinha poderes para novos tratos, ao mesmo tempo que levava parte da guarnição a uma manifestação coletiva, em que pedia que ele, Caldeira, fosse comandante com Jerônimo”. E o adversário, único a lucrar com a parva ambição do intrigante, imediatamente viu o quanto podia aproveitar da sua estúpida deslealdade, e o acoroçoou, num jogo fácil de desunir e tomar tempo, enquanto lhe vinham socorros... Assim, quase se perde a obra do neto de Uirá-Ubi se, em si mesmo, Jerônimo não tem encontrado o motivo de dominar-se, e não descair para a fação: “É verdade que quando chegou Francº Castelo Branco... deu grandes entendimentos a todos os soldados, e franceses, que trazia largos poderes, e assim se amotinaram e se alevantaram os mais dos soldados da sua parte contra o Capitão-mor Jerônimo d’Albuquerque; e não esteve mais o negócio uma noite que haver um homem que metesse mão a espada, sendo assim, que nos perdêramos todos”. Mas o mameluco ergueu-se na melhor hombridade, a do patriotismo, e conteve a sua espada. Como lhe custou, ele o diz: 
... o que passei e sofri por não cair em bandos nem guerras civis, nos quais ouvira de ir parar tudo, sem achar quem me aconselhasse que tomasse armas para dar no francês, antes me  meteram em enredos de que me não sei livrar por me sentir mais para as armas, que para papelista, coisa que nunca usei”.  
A miséria do procedimento do português Caldeira é comprovada em todos os depoimentos, inclusive os dos soldados da sua facção, inclusive os dos franceses (Ravardière) que com ele trataram. Alexandre de Moura, capitão e administrador inteiramente afeito às coisas do Brasil, apesar de ser português, teve de render-se a essa evidência. Viera com grandes socorros, e instruções para liquidar a situação; correra o risco de perder a esquadra por motivos do trato de Caldeira com o Francês, e que valia por uma traição. Falou sempre com toda a autoridade, mas deu inteira razão a Jerônimo, e encarregou-o de resolver a situação militar. Dispondo-se para o combate final, Albuquerque Maranhão levou Ravardière a desistir de toda veleidade de resistência, entregando-se por completo. No entanto, ele próprio, Ravardière, confessou – que ainda tinha meios de lutar eficazmente: “Os Portugueses não tinham meios de obrigar-me a render-me...”. Mas, continuando, ele confessa que Jerônimo tomou-lhe imediatamente todas as saídas, e lhe anulou os meios de defesa. As vantagens dos processos de Albuquerque Maranhão são francamente reconhecidas pelo governo da metrópole, quando se rejubila de sua política que permite alcançar suavemente o mesmo que com as armas se pretende.

Sob o influxo de Albuquerque Maranhão, aquele Norte se fez imediatamente Brasil, na própria tradição de Pernambuco, donde procedia pelo ânimo dos que o conquistaram. O mesmo Alexandre de Moura, influindo em Gaspar de Souza, foi quem mais concorreu para que se destacasse do Brasil o que se chamou, depois, Estado do Pará-Maranhão, desunindo-se, assim, a nação que germinava na colônia. De nada valeu o recorte: o que um grande brasileiro fizera, perdurou, e aquela terra, onde até a morte se exerceu a ação da nova energia de Albuquerque Maranhão, ganhou definitivamente a alma do Brasil, como o afirmou nos momentos turvos de após a Independência.

Não fora a presença do inimigo nas águas do Maranhão, e o destemido e valoroso Albuquerque Maranhão teria puxado a espada contra o trêfego intrigante Castelo Branco. Bem antes disto, já a coesão patriótica dos de Pernambuco-Itamaracá tinha conseguido afastar todos os maus efeitos dos dissídios Frutuoso-Castejón-Morales.

Os Albuquerques Maranhão Contra os Holandeses:

Pouco depois, morre na Paraíba um Jerônimo de Albuquerque, quando secundava o octogenário Cardoso, no ataque ao forte que o holandês havia levantado; e o forte é tomado. Ali mesmo, o irmão desse Jerônimo, Antonio de Albuquerque, bate os invasores na primeira investida, e inicia a boa resistência. Afonso de Albuquerque dá de si o que pode, e, se não obtém maiores resultados é porque o deixam abandonado, em face das grandes forças de Artichojsky, reunidas às de Segismundo. 

Quando, repetidamente batido nas suas surtidas, o invasor se decide a criar novos postos, estendendo o seu poder até o Rio Grande, é mandado a esperá-lo Mathias de Albuquerque Maranhão, outro irmão de Antonio de Albuquerque, apontado para a empresa pelo valor patenteado na linha de guerrilhas que sustentara em Afogados. Weerdemburgh, comandante holandês, que devia operar no Norte, não teve ânimo de descer; foi quando as ações da Companhia baixaram a menos de metade do valor.

No Rio Formoso, Calabar domina com a sua estratégia terrível o forte comandado por Pedro de Albuquerque; a guarnição é de vinte homens, inclusive o comandante: já estão mortos dezenove, e Albuquerque ainda não se rende; com três feridas, atira-se ao rio, atravessa-o a nado, e tenta escapar. O batavo, rendido a tanto valor, recolhe-o, trata-o, e dá-lhe a liberdade depois.


Antonio d'Albuquerque Maranhão

Fidalgo da Casa Real, Capitão-Mor e Governador da capitania do Maranhão, em substituição ao seu pai, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, que faleceu em 11 de fevereiro de 1618, no Engenho Cunhaú, no atual município de Canguaretama no Rio Grande do Norte. Foi também Capitão-Mor e Governador da capitania da Paraíba, nomeado para o cargo em 1622, assumiu apenas por volta de 1627, tendo governado até a conquista da Paraíba, pelos holandeses, em dezembro de 1634. Em outubro de 1649, através da instituição de um novo morgado do desejo expresso de D. João Afonso de Albuquerque e de sua segunda mulher, Dna. Violante de Távora, Antônio de Albuquerque, o filho mais velho de Jerônimo, foi nomeado 3º Senhor da Casa dos Bicos, de Brás de Albuquerque, em Lisboa. Lá casou-se com Joana Castelo Branco, neta paterna dos primeiros condes do Sabugal, com quem teve 2 filhos, Afonso de Albuquerque Castelo Branco e Antônia Margarida de Castelo Branco.

Em 1631, o Governador e Capitão-Mor da Paraíba, Antônio de Albuquerque Maranhão, preocupado com a defesa na barra do rio Paraíba, mandou construir na margem oposta, ao Cabedelo, no atual distrito de Costinha, em Lucena, o Forte de São Sebastião. Mandou também reforçar o fortim da ilha da Restinga, para assim formar um triângulo defensivo. No dia 2 de dezembro de 1631, uma frota holandesa de 16 naus, capitaneadas pelo tenente-coronel Stein-Callefels, com 1600 homens comandados pelo major Hugo-Wirich, saiu de Recife rumo a Paraíba, desembarcando no Cabo Branco no dia 05 de dezembro. Antônio Albuquerque, prevendo que o desembarque pudesse ocorrer na praia de Cabo Branco, havia montado uma linha defensiva no local que tentou impedir que o inimigo desembarcasse, porém, sofrendo grandes perdas, recuou até o forte de Cabedelo permitindo assim que os neerlandeses ali se instalassem. Após 6 dias de combates intensos tentando conquistar o forte e os portugueses a defendê-lo, o exército neerlandes constatou que não possuia homens suficientes para a empreita e retirou-se, na madrugada do dia 12 de dezembro de 1631. No início de 1634, os neerlandeses preocupados com a chegada do inverno, quando os ventos mudavam e dificultavam a vinda de reforços da Europa, resolveram atacar a cidade de Filipéia, na Paraíba, por pensarem ser este o local mais fácil de conquistarem com as forças que dispunham. Em 24 de fevereiro, 21 navios, levando 1500 homens, partiram de Recife para a Paraíba, repartidos em 2 divisões. A primeira divisão tinha como missão invadir o rio Paraíba e assumir o controle do fortim da ilha da Restinga, para bloquear a passagem do rio. A segunda divisão, da qual a primeira dependia, tinha como missão conquistar o Forte Santo Antônio, impedindo que este atacasse a primeira divisão. No dia 27, a primeira divisão aportou em frente a foz do rio Paraíba, enquanto a segunda se dirigiu para Lucena para desembarcar suas companhias. Em terra, 150 homens comandados pelo coronel Sigismund von Schkopp avançaram pela trilha estreita que dava no forte, único caminho possível já que era cercada pelo mangue de um lado e pelo mar do outro. Porém ao se aproximarem, seus batedores avistaram uma trincheira com paliçada bloqueando a estrada, mas, mesmo assim, Schkopp resolveu avançar aproveitando a noite. Tendo avistado os neerlandeses, a companhia do capitão Domingos de Almeida e a tropa indígena de Simão Soares, começaram a atirar e lançar flechas fazendo-os recuarem. Os neerlandeses voltaram pouco depois, munidos de machados e enxadas para destroçar a paliçada, porém foram novamente rechaçados. Na madrugada do dia 28, houve mais uma tentativa infrutífera, então Schkopp resolveu se entrincheirar e aguardar a vinda de reforços, porém Antônio de Albuquerque enviou tropas de Cabedelo para reforçar a defesa da paliçada e, ainda, enviou 500 homens, dentre os quais 200 índios, em barcas pelos manguezais, que atacaram os neerlandeses pela retarguada. Perdendo muitos homens, os holandeses tiveram que fugir às pressas.

Com reforços vindos da Europa, sob o comando do coronel Crestofle Arciszewski, mais as tropas sob o comando do coronel Schkopp, os neerlandeses dispunham de 2.534 soldados para conquistar a Paraíba. No dia 25 de novembro de 1634, a frota de ataque neerlandesa, composta de 29 navios, capitaneada pelo experiente Almirante Lichthart, partiu de Recife rumo a Paraíba, chegando a costa do Cabo Branco dia 4 de dezembro. Utilizando os iates e chalupas, desembarcaram parte de suas tropas na enseada do Jaguaribe, distante de Cabedelo. Três navios prosseguiram em frente com ordens de ancorar na ponta de Lucena. Recebendo a notícia que os neerlandeses estavam desembarcando na enseada, Antônio Albuquerque reuniu-se com as companhias dos capitães D. Gaspar de Valcaçar e Domingos de Arriaga e marchou para lá. Como era uma caminhada de quase dez quilômetros, quando chegaram, os neerlandeses já haviam desembarcado 600 homens que foram posicionados em três fileiras voltadas, uma para o mar, uma para a floresta e a outra para o caminho a frente, por onde vinha Albuquerque, com um canhão cada. O combate se desenrolou na enseada do Jaguaribe, porém vendo-se em desvantagem, Antônio de Albuquerque ordenou a retirada, mas durante a fuga alguns soldados foram capturados pelos neerlandeses e, um, em troca de sua liberdade, lhes informou sobre um caminho que levava ao Forte Cabedelo. No dia 5, os coronéis Schkopp, com 3 companhias, e Arciszewski, com duas, levando consigo, cada um, um canhão de bronze, avançaram pela praia rumo ao forte. A preocupação dos neerlandeses dessa vez, não era atacar, mas estabelecer seus acampamentos. O capitão Kaspar van der Ley foi destacado para seguir o caminho indicado pelo prisioneiro levando consigo 3 companhias, enquanto que o restante seguiu pelo rio até o forte. Ley encontrou um local ideal, "a um tiro de arcabuz" do forte e, ainda, protegido por uma colina. No dia 6, os holandeses estavam com três acampamentos prontos com suas baterias instaladas. No dia 9, de madrugada, 7 iates e 7 botes, com 400 soldados comandados pelo almirante Lichtart, tomaram de assalto o forte da Restinga, causando um dano irreparável a defesa da Paraíba. Os neerlandeses passaram a usar a bateria da Restinga contra os portugueses dificultando o remanejamento de tropas e o envio de suprimento entre os fortes de Cabedelo e Santo Antônio. Nos dias que se sucederam, as forças neerlandesas bombardearam o forte de Cabedelo constantemente, atingindo, por vezes, a sua parte interna. No dia 18, enquanto o Governador Antônio Albuquerque ainda planejava com o Conde de Bagnuolo e o capitão La Riba Aguero a melhor maneira de enviar reforços ao Cabedelo, sem que houvessem muitas baixas, os capitães do forte, Gregório Guedes Souto Maior e D. Gaspar de Valcaçar se renderam aos neerlandeses. Antônio Albuquerque, que estava no forte Santo Antônio, ao saber da perda, foi refugiar-se na ermida de Nossa Senhora da Guia (atual Igreja de Nossa Senhora da Guia). Dia 22, os neerlandeses começaram a tocar os tambores de rendição nas cercanias do forte Sto. Antônio. Os capitães Valcaçar, Munoz e Palomo, que haviam chegado com reforços, viram que o forte não tinha condições de resistir e se renderam, após negociações, na manhã do dia 23. Ao saber da rendição, o Conde de Bagnuolo, que se encontrava em Filipéia, ordenou que se queimassem as casas e os estoques de açúcar e de pau-brasil, para não deixar espólios ao vencedor, e ordenou ainda que os ocupantes do forte do Viradouro levassem quantos canhões pudessem carregar e se retirassem para o interior para montar uma resistência. Dada as ordens, partiu para Pernambuco com suas tropas. Antonio Albuquerque e suas companhias incendiaram três navios e dois armazéns carregados de açúcar e partiram para o interior. No dia 24, véspera der Natal do ano de 1634, os neerlandeses adentraram a cidade abandonada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.


Genealogia da Família Albuquerque Maranhão:

1. Jerônimo Albuquerque; índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), fª. do cacique Uyrá-Ubi

2. Jeronymo d'Albuquerque Maranhão c.c. D. Catharina Feio/Feijó

3.1. Antonio d'Albuquerque Maranhão c.c. Joana Castello Branco

4.1. Affonso d'Albuquerque Maranhão

4.2. D. Antonia Margarida de Castello Branco c.c. Bras Telles de Meneses, filho de D. Fernando Telles de Faro Meneses e Carvalho, e de D. Marianna de Noronha, filha N. de Christóvão Soares e de D. Catharina de Noronha, filha de D. Francisco Pereira, Commendador de Pinheiro.

3.2. Mathias d'Albuquerque Maranhão c.c. Isabel da Câmara

     4.1. Afonso de Albuquerque Maranhão, sr. do engenho Cunhaú, c.c. Isabel de Barros Pacheco.

         5.1. Gaspar de Albuquerque Maranhão, igualmente sr. de Cunhaú, capitão-mor de Goianinha. Vivia em 1758 e c.c. Luzia Vieira de Sá

                  6.5 André de Albuquerque Maranhão, † 1806, coronel de regimentos auxiliares na Paraíba, c.c. Antonia Josefa do Espírito Santo Ribeiro. De seus quatro filhos descendem os de nome Albuquerque Maranhão, que existem até hoje

3.3. Jeronimo de Albuquerque Maranhão, a quem mataram os hollandeses no anno de 1631.

Engenho do Cunhaú, de propriedade dos Albuquerque Maranhão, no Rio Grande do Norte,
aonde se deu o massacre de brasileiros que se negaram a renunciar a Santa Fé Católica.

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