quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Clã dos Bezerra(s)


Gallaecia

Conta-se procederem os "Bezerra" (Becerra em castelhano) de um afamado capitão galaico chamado Vitelio, na Ibéria pré-romana, antiga Kéltia, ao tempo da invasão romana, o qual era “Senhor de todas as montanhas e terras de Campos, onde fundou o povoado que hoje permanece com o nome de Becerril”, cuja terra deu em dote a uma filha quando a casou com um seu sobrinho chamado igualmente Becerra, de quem procedem todos os que com este nome se encontram no principado de Asturias, Reinos de Castela e Galiza, Extremadura e outras províncias; que conhecendo os romanos a alta origem e espírito valoroso de Vitelio, o aclamaram por legítimo Imperador, procedendo deste tronco Rodrigo Becerra, Capitão esforçado da cavalaria do Rei Dom João de Aragão; Diego Becerra, Comendador da Ordem de São João de Rodes; e Vasco Gil Becerra que, com García Becerra, se distinguiu na conquista de Trujilho, ano de 910, fazendo-lhes mercês, por seus méritos, Dom Afonso III o Magno, de muitas cidades e vilas.

Que entre os cavaleiros que no ano de 718 elegeram em Asturias por seu chefe militar [caudilho] a Pelayo, figurou Diego Becerra, que serviu valorosamente na conquista de Oviedo e casou com Da. Gimena, de quem teve por filho Fernan Diaz Becerra, que serviu ao Rei D. Afonso, o Católico, e fundou no coto de Lamas na Galiza seu solar e Torre forte na qual estavam as armas da casa de Becerras, organizada em cinta, no primeiro quartel de ouro com águia negra de asas abertas, insígnia dos Imperadores romanos, e no segundo, azul, com um castelo de prata com as pedras desenhadas [destacadas, mazonado] em negro, portas e janelas azuis, de cada lado empinado um leão de ouro.”.


Portugal

A família Bezerra são originários da Galiza que já existia no século XII, ligada a dos Limas, entrando depois nas mais nobres famílias, quer da Galiza, quer de Portugal.


Brasil*:

O capitão Amaro Bezerra, em 1728, recebeu, em Alagoas, onde residia, o Tabelião da Nobreza, em que lhe foi passado o traslado do Brasão e Fidalguia dos de sua grei. O Tabelião diz que “os Bezerras nesses Reinos são fidalgos antigos, de Casa d´Armas”, aparentados dos Cabraes, da Casa dos Senhores de Belmonte, e, “sempre foram tratados à lei da nobreza e neles nunca houve raça de infecção nação”. Eram, portanto, limpos de sangue, sem nenhuma mistura de mouros ou judeus. Citando os termo conhecido das Armas dos Bezerras: “Em campo verde, de dois bezerros de ouro ondeante com os rabos sobre a anca, elmo de prata, aberto e guarnecido de ouro [....] “as quais armas poderá usar como ato e sinal de sua nobreza e fidalguia e com eles gozar de todas as graças, mercês, honras, privilégios que pelos Senhores Reis deste Reino foram concedidas aos ditos Fidalgos e Nobres e dele e em especial as das ditas gerações e com elas poderão entrar em batalhas, pugnas e torneios e quaisquer atos, assim de Paz como de Guerra, podendo trazer em suas baixelas, resposteiros e assentos e nas portas de suas casas e quintas e deixá-las sobre a sua própria sepultura e finalmente, servindo-se e honrando-se delas, como à sua nobreza e fidalguia convém e como convém aos mais fidalgos e nobres deste Reino. Dada em Lisboa Ocidental, em 10 de julho de 1728. José da Cruz a escreveu”.  - Manuel Leal, Rei d ´Armas de Portugal. 

localização do bairro Monteiro no Recife

Maria de Araújo c.c. Antonio Bezerra Felpa de Barbudo.
Brásia Monteiro c.c. Domingos Bezerra Felpa de Barbudo

Domingos Bezerra Felpa de Barbudo era filho de Antonio Bezerra Felpa de Barbudo e de Maria Araújo.

Brásia Monteiro e Maria de Araújo, eram irmãs. Filhas de Pantaleão Monteiro. Tendo Brásia Monteiro se casado com seu sobrinho Domingos Bezerra Felpa de Barbuda.

Domingos Bezerra Felpa de Barbuda,  fidalgo de geração, natural de Viana (Minho), filho de Antônio Bezerra Felpa de Barbuda, que se havia fixado em Pernambuco ao tempo do primeiro donatário. O engenho, em 1612, ficou por herança a seu filho Francisco Monteiro Bezerra, casado com Maria Pessoa, era capitão de milícias da Várzea do Capibaribe. Na guerra contra os holandeses foi aprisionado e deportado para a Holanda juntamente com dois de seus filhos. Regressou a Pernambuco, e em 1645, tomando seu filho João Pessoa Bezerra, parte na insurreição.

Francisco Monteiro Bezerra foi casado com Maria Pessoa, concebendo como filhos: João Pessoa Bezerra e Miguel Bezerra Monteiro

Francisco Monteiro Bezerra, foi um dos valerosos Capitães que teve Pernambuco na invasão dos Holandeses, na qual em repetidas ocasiões deu mostras de seu brio e do seu préstimo, porque em defesa da pátria não só dispendeu a fazenda, mas empenhou a pessoa com tanta eficácia que prisionandoo os holandeses, o não deram por seguro em Pernambuco e o mandaram com toda a família para a Hollanda, onde ele faleceu miseravelmente e sua mulher e filhos depois de alguns anos voltaram para a pátria, onde se achavam já em 1645. Foi sua mulher Maria Pessoa, filha de Fernão Martins Pessoa e de sua mulher Isabel Gonçalves Raposo, a qual Maria Pessoa vivia ainda em 1670, como se vê de um termo feito a 3 de fevereiro do dito ano, no Livro antigo das entradas dos Irmãos da Misericórdia de Olinda. No Livro Velho da Sé se acha um assento feito a 2 de de 1606, do qual consta que receberam, com licença do Sr. Bispo, as bênçãos matrimoniaes na Ermida de S. Panthaleão do engenhe do Monteiro, por estarem já recebidos com licença do Licenciado Ruy Teixeira ouvidor da vara. B do Livro da Câmara que servia de registros em 1660, a folhas 42, se vê que nela fôra Vereador em 1613. Nasceram do refenuo matrimônio de Francisco Monteiro Bezerra os filhos seguintes:
1 —Antonio Bezerra Monteiro, que também foi Capitão e morreo valerasamente na guerra.
2 —Domingos Bezerra Monteiro, que também foi Capitão e serviu.
3 — Francisco Monteiro Bezerra, que foi Capitão na guerra dos Hollandezes e ficou morto no Campo na occasião do assalto com que o inimigo ganhou a nossa Estância dos Afogados a 18 de Março de 1633. Serviram valerosamente na guerra e falleceram sem tomar estaão.
4 —João Pessoa Bezerra, que foi baptisado na Ermida de S. Panthaleão do engenho de seu pai a 4 de Abril de 1616. Tinha 14 annos quando os Hollandezes tomaram Pernambuco, mas imitando em' tão pouca idade o valor de seu pai servio a pátria com a honra própria da sua pessoa, achando-se em muitas ocasiões que houveram na campanha, contra os Hollandezes, ajudando a render um patacho e lancha, que levavam soccorro ás duas Fortalesas, por cuja causa levantaram o sitio do Arraial de Bom Jesus, e na occasião de permanecer no sitio do Mingáo e em varias outras occasiões com tal desembaraço que mereceo ser provido em Capitão de infantaria, mas sendo prisioneiro foi levado a Hollanda com seus pais e irmãos e restituido depois de alguns annos a pátria a servio com igual constância, achando-se na batalha das Tabocas e em todas as mais batalhas, sítios e recontros que houveram até felizmente se conseguir a restauração das nossas tropas e fortalezas. Retirou-se depois de expellidos os Hollandezes ao seu engenho do Monteiro, mas.nem por isso deixou de lograr as primeiras estimações, pois o Rei o honrou com o foro de Fidalgo Cavalleiro de sua casa, por Alvará de 2 de Janeiro de 1672 e a Republica o elegêo nos annos de 1664 e 1671, por Juiz ordinário de Olinda, em cuja Casa da Mizericordia servio de Provedor nos de 1664, 1670, 1679 e 1684, fallecendo, sem tomar estado, pouco tempo depois com grande sentimento daquella Irmandade, de que foi insigne bemfeitor,
5 — Miguel Bezerra Monteiro, que também foi Fidalgo Cavalleiro da Casa Real, nasceo no anno de 1617 e recebêo a graça do baptisnío no dia do Santo que lhe deu o nome. Padecêo com seus pais e irmãos o grande trabalho do extermínio de Hollanda; mas recolhido á pátria a servio valerosamente com o posto de Capitão de infantaria até a restauração e ficando depois da guerra reformado, o provêo o Governador André Vidal de Negreiros, por patente de 3 de Junho de 1667 no posto de Capitão da Ordenança da freguesia da Várzea, de que logo em Dezembro fez deixaçào, applicando-se a levantar o engenho do Brumbrum, em uma sorte de terras que lhe coube de legitima, a que annexou outras que coníprou, e também fallecêo sem casar, havendo servido de Juiz Ordenario de Olinda no anno de 1674 e de Provedor da Mizericordia no de 1675. Jaz sepultado na Igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo da mesma cidade.
6 — D. Brasia Monteiro, que casou a 11 de Janeiro de 1623, com Pedro Cavalcante d'Albuquerque, Fidalgo Cavalleiro da Casa Real e professo na Ordem de Christo, que na guerra foi Capitão de infantaria, o qual era filho de Manoel Gonçalves Cerqueira, Cavalleiro da Ordem de Christto, que na guerra foi Capitão de infantaria, o qual era filho de Manoel Gonçalves Cerqueira, Cavalleiro da Ordem de Christo, e de sua mulher D. Isabel Cavalcante, de quem Manoel Gonçalves foi primeiro marido. Da sua successão se escreve em titulo de Cerqueiras Cavalcantes.
7 —Maria Pessoa Bezerra, que continua._
8 —Thomasia Bezerra, que casou no anno de 1646, com seu primo João Ribeiro Pessoa, filho de Antonio Martins Ribeiro e de sua mulher Branca de Araújo. 'Da sua successão se escreve em* titulo de Pessoas.
9 — Catharina que foi baptisada a 20 de Janeiro de 1619 e fallecêo de poucos annos.
10 — Francisca Monteiro, que foi baptisada a 4 de Outubro de 1620, casou com Sebastião de Carvalho, Fidalgo Cavalleiro da Casa Real, filho do Desembargador João Alves de Carvalho e de sua mulher D. Maria de Anãrada, do qual Sebastião de Carvalho foi D. Francisca Monteiro terceira mulher. E da sua suecessão se escreve em titulo de Carvalhos.
11 — Maria Pessoa Bezerra, que foi baptisada a 1 de Desembro de 1610, casado duas vezes: a primeira com Domingos Feijó, de quem não teve successão e a segunda com Antonio Correia Calheiros, natural de Vianna Fallecêo no tempo dos Hollandezes, como se vê do seu inventario, que se acha no Cartório dos Orphãos de Olinda. Deste matrimônio nasceu única 
Domingos Bezerra Felpa de Barbuda. Domingos, fidalgo de geração, era natural de Viana (Minho), filho de Antônio Bezerra Felpa de Barbuda, que se havia fixado em Pernambuco ao tempo do primeiro donatário. Em 1556, Domingos Bezerra possuía uma plantação de milho em Beberibe. Em 1582, era vereador de Olinda. 

Em 1612, por sua morte, o engenho passou ao segundo filho de Domingos Bezerra, Francisco Monteiro Bezerra, vereador de Olinda em 1616. Em 1623, o engenho produzia 6920 arrobas. Quando da ocupação holandesa, Francisco Monteiro era o capitão de milícias da Várzea do Capibaribe, participando da guerra de resistência; e em 1633, refugiou-se no Arraial do Bom Jesus. Em 1634, um contingente holandês atacou o engenho, incendiando-o, aprisionando seis portugueses e catorze africanos e tomando "muito açúcar". Em 1635, ocupado pela tropa batava que aí se aquartelou quando do segundo sítio do Arraial, onde Francisco Monteiro Bezerra novamente se refugiou na companhia de outros senhores da Várzea, tendo de pagar resgate. Em 1637, o engenho estava "muito arruinado" e não moeria. Tampouco moeria em 1639. Neste ano, após o saque da povoação de Apipucos pelos campanhistas luso-brasileiros, Francisco Monteiro e dois dos seus filhos foram desterrados para a Holanda, sob suspeita de correspondência com o inimigo, "permitindo-se-lhe que seus bens fiquem à sua disposição e que sua mulher e seus outros filhos possam permanecer". 

Francisco Monteiro regressou posteriormente a Pernambuco. Em 1645, seu filho João Pessoa Bezerra aderiu à insurreição luso-brasileira. Reconstruído por ele, o engenho moía em 1655, sendo transformado em vínculo. Em 1664-7, Maria Pessoa, viúva de Francisco, e os filhos, o citado João Pessoa Bezerra e Miguel Bezerra Monteiro, senhoriavam a propriedade.


Luís Barbalho Bezerra, foi um dos mais renomados militares do Brasil Colônia. Foi ele quem comandou a épica descida do Porto de Touros, cruzando o território holandês, até a Bahia em 1640. Em abril de 1641, junto com o Bispo D. Pedro da Silva e Sampaio e Lourenço de Brito Correa formaram a junta governativa tripartite que destituiu o Marquês de Montalvão do cargo de Vice-Rei e aclamou o Rei D. João IV, restaurador de Portugal.

Em 2 de junho de 1643, ao regressar de São Paulo, o então governador Salvador Correia de Sá e Benevides deu posse ao  novo governador no Rio de Janeiro: Luís Barbalho Bezerra, que se encontrava em Portugal,  homem honesto, descrito como "ponderado e integro", e partiu para Lisboa, para defender-se das acusações que sofria.

Barbalho Bezerra, era veterano das guerras contra os holandeses, ainda em curso, e se encontrava em estado de pobreza, tendo gasto sua fortuna e a saúde na luta contra os holandeses, a Câmara do Rio resolveu lhe conceder «aposentadoria», o que significava pagar os aluguéis de suas casas.

O nome de Barbalho Bezerra, diz Vivaldo Coaracy em sua obra "O Rio de Janeiro no século XVII", está intimamente ligado à história das lutas na Bahia e Pernambuco contra os holandeses, nas quais se cobrira de honra e adquirira justo renome. Dada a reputação "de homem ponderado e íntegro, de inatacável honestidade, de que vinha precedido o novo governador, a população o acolheu com muita esperança e grande satisfação, entre vivas demonstrações de júbilo."

Sob Barbalho, a cidade progrediria muito, sobretudo porque chegou nesse mesmo ano, a mando do rei D. João IV, o engenheiro francês Michel d'Escolle, que projetou o plano da cidade sendo seu primeiro urbanista.

Uma das providências do governador foi, tendo encontrado a guarnição da praça reduzida a 260 soldados, cujos soldos havia nove meses não eram pagos, elevar a tropa a 600 homens, o que lhe parecia o mínimo necessário à defesa. Dirigiu-se à Câmara em 5 de julho de 1643 e pediu que decretasse impostos que lhe parecessem justos e mais suaves, para atender a necessidades militares. A guarda do produto seria confiada à Câmara, que não o poderia desviar para outro fim.

Barbalho morreu, porém, em 15 de abril de 1644 e foi sepultado na igreja do Colégio dos Jesuítas. Diz Coacay : "No curto período do seu governo, fizera-se altamente estimado pela integridade e espírito de justiça, sendo a sua morte muito lamentada. O prestígio de que gozava entre a população foi herdado pelos filhos, Jerónimo Barbalho Bezerra e Agostinho Barbalho Bezerra, então ainda jovens, mas que mais tarde desempenhariam papel relevante na história do Rio de Janeiro.


Outros clãs:

Keltoi - Pela Restauração da Nobreza Brasilaica
Clãs Brasilaicos
Clã Aguirre
Clã dos Pires
Clã Rendon de Quebedo
Clã dos Saraiva(s)
Clã dos Teixeiras
Clã dos Wanderley
Clã Vidal de Negreiros
Clã Vieira de Mello

Lankia Castilhista
*Abordamos apenas os ramos familiares mais antigos, registrados no Brasil. Podendo haver outros que advieram em épocas posteriores, ou mesmo da mesma época, porém não registrados.

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