ALENCASTRO/LENCASTRE. Uma das famílias mais nobres de Portugal pela sua origem régia, não muito antiga, pois descende de D. João II, que teve em D. Ana de Mendonça, filha de Nuno Furtado de Mendonça, aposentador-mor de D. Afonso V e do seu Conselho, e de sua mulher, D. Leonor da Silva, um filho bastardo. D. Jorge. D. Ana de Mendonça recolheu-se no mosteiro das comendadeiras de Santos, em Lisboa, onde viveu honestamente e aí faleceu. Eram seus irmãos Jorge Furtado de Mendonça, comendador das Entradas, de Sines e da Represa, camareiro de seu sobrinho D. Jorge, e Antonio de Mendonça Furtado, comendador de Veiros, do Cano, de Serpa e de Moura, na Ordem de Avis. Tomou D. Jorge o apelido de Lencastre, que lhe vinha por sua terceira avó a Rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, filha do Duque de Lencastre e irmã do Rei da Inglaterra. D. Jorge foi muito estimado pelo Rei seu pai que, morrendo-lhe em 1491 seu único filho legítimo, o Príncipe D. Afonso, de uma queda de cavalo, intentou instituir herdeiro do trono o bastardo, ao que se opôs a Rainha D. Leonor, sua mulher, que pretendia ficasse sucessor da Coroa seu irmão D. Manuel, Duque de Beja, o que se deu.
Rainha de Portugal Leonor de Lencaster |
O apelido também se tem usado com as formas de Alencastro e de Lancastro ou Lancastre, esta a mais próxima do original.
As armas dos Lencastres são: De prata, com cinco escudetes de Azul, postos em Cruz, cada escudete carregado de cinco Besantes de prata, postos em sautor; bordadura de vermelho, carregada de setes castelos de ouro, e um filete de negro, posto em contra-banda e atravessante sobre tudo. Timbre um pelicano ferido de vermelho, no seu ninho, do mesmo.
Obs: Hodiernamente, alguns, tem estampado o escudo dos Alencastros/Lencastre/Lancaster como sendo dos "Alencar", são troncos completamente distintos. Os "Alencar" não tem brasão, porque a origem do sobrenome é toponômica, da villa de Alencar.
D. João I c.c. Filipa de Lencastre
Rei Duarte c.c. Leonor de Aragão
Rei Afonso V c.c. Isabel de Coimbra
D. João II c.c. Leonor de Lencastre, f.ª de Fernando de Portugal, duque de Viseu, e de Beatriz de Portugal.
Brasil
Em São Paulo, teve por cabeça o Sargento-Mor de ordenanças Jerônimo de (Alen) Castro, neto de D. João de Lencastre, que foi Governador do Brasil (1694-1702), que por ser natural da freguesia de Santa Eulália de Fafe, bispado de Guimarães, arcebispado de Braga, acrescentou a seu nome o de sua cidade natal. Passou a assinar-se Jerônimo de Alencastro Guimarães. Em 1783 ainda vivia em São Paulo, onde havia se casado com Isabel Rosa de Oliveira. O Capitão Manuel José de Alencastre, nascido em São Paulo, filho do referido casal, passou para o Rio Grande do Sul, onde possuía uma sesmaria, em Triunfo, localizado na confluencia do rio Jacui com o Taquari, atualmente, é parte da região metropolitana de Porto Alegre, sendo seus primitivos povoadores. Contraiu matrimônio, na freguesia do Senhor Bom Jesus do Triunfo, na família Azambuja. Foi Tesoureiro e deputado da Real Junta da Capitania do Rio Grande de São Pedro e da Intendência de Marinha.
Os Alencastro tomaram parte em todas as guerras no Prata.
Um dos filhos do Capitão Manoel José de Alencastro, o capitão de engenheiros José Joaquim de Alencastro (1784, Triunfo, RS), passou a Pernambuco, aonde se casou, em 10/05/1813, com Maria Eduarda Carneiro Leão (1795, Santo Antônio do Recife, PE - 14/02/1878, Rio, RJ), membro da tradicional família Carneiro Leão. Vindo a ser o patriarca dos Alencastro de Pernambuco, Ceará e Goiás. José Joaquim de Alencastro, e alguns de seus irmãos assinavam a forma Alencastro, enquanto que os outros, ao que parece, a forma Alencastre.
Governador Geral do Brasil D. João de Lencastre:
João de Lencastre ou D. João de Alencastro (Lisboa, 1646 — Lisboa, 1707) foi nomeado governador-geral do Brasil, com patente dada em 22 de fevereiro de 1694. Foi ainda governador dos Algarves.
Era filho de D. Rodrigo de Lencastre (morto em 1657), comendador de Coruche, e de D. Inês Maria Teresa de Noronha e Castro.
Oito anos administrou, com intensa e feliz atividade. Nenhum outro governador construiu tanto. Tocou-lhe por sorte, é certo, o mais belo decênio da evolução do Brasil colonial: quando os sonhos das minas, a miragem de todos, os seus antecessôres, as promessas antigas se concretizaram - em descobrimentos espantosos. Epoca de pacificação a ferro e fogo de tapuias e mocambos do nordeste. Da comunicação, pelos sertões, do Maranhão com a Baía. Da fundação das vilas, da reorganiçação da justiça, da moéda provincial, das frotas abundantes, dos intensos aprêstos da defesa dos portos - agora que as questões europeias (a confusa sucessão espanhola) ameaçavam estender à América as guerras do Velho Mundo.
". . . Mandou pôr os fortes de Santo Antonio da Barra, de Santa Maria e de São Diogo na (Última perfeição e melhor fórma, além de mandar fazer o forte de Santo Antonio além do Carmo, levantar o Ornavéque e reduto a cavaleiro que defende as duas portas da Cidade e fabricar a nova Casa da Relação, da Moéda e da Alfandega, e reedificar com mais largueza a Casa da Câmara e Cadeia, como tudo se deixa ver nas suas inscrições, esculpidas; concorrendo também com incessante desvelo e solicita aplicação para se acabar o formoso templo da Matriz (Sé)"
Tantas construções justificaram a abertura de uma escóla de traço, geometria e cálculo: a "aula de fortificações" que mandou el rey fundar em 15 de Janeiro de 1699 - e teve longa vida. "Por ser conveniente ao meu serviço hei por bem que na Praça em que ha engenheiro haja aula em que êle possa ensinar a fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham capacidade necessária para poderem aprender ... ".
Os últimos atos do governo de D. João de Lencastro foram a expedição para socôrro da Índia que aprestou em 1700, a exploração d'um caminho mais breve entre a Baía e as Minas Gerais, que logo el ... rei mandou fechar, proíbindo que se usasse tal comunicação, a creação da vila de Caravelas (1701) cujos sertões começavam a ser devassados pelos pesquisadores de ouro.
Era tempo de voltar à pátria o diligente Lencastro. Esperou o sucessor, D. Rodrigo da Costa : "e me consta (atestou o novo governador) que vae empenhado, e que não teve negócio algum nesta praça nem fóra dela, publicando sempre, que a sua maior riqueza consistia no desinterêsse e zelo com que servia a Vossa Majestade". Em linguagem oficial não havia melhor elogio.
São Salvador, que veio a ser a mais poderosa fortaleza do Brasil, após a invasão holandesa, e ser reformada pelo Governador Geral D. João de Lencastre, tida como inexpugnável. |
Jorge de Lencastre, n. em Abrantes, em 11 de
nov. de 1481 e f. em Setúbal, em 22 de jul. de 1550, c.c. D.ª Beatriz
de Vilhena, n. em 1480 e f. em 1535.
Luís de Lancastre, 1.º Comendador-Mor da Ordem de Ávis
(n. cerca de 1505; f. em 1574) c. em 1540, c. Magdalena de Granada (n. cerca de
1510) f.ª de João de Granada e de sua mulher Beatriz de Sandoval, f.º natural
do rei de Granada Abu Haçane Ali e de Isabel de Solís.
João de Lancastre (n. em 1550; f. em 1614) c.c. Paula
da Silva (n. em 1560)
Lourenço de Alencastro , Comendador de Coruche (n. 1586) c.c.
D.ª Inês de Noronha (n. 1580; f. 1653), f.ª de Rui Telles de Menezes (n.
cerca de 1560; f. em 1616) e de Mariana da Silveira ( n. por volta de 1560)
D. Rodrigo de Lencastre (n. 1600; f. 165) c.c. D.ª
Inês Maria Tereza de Noronha e Castro (n. cerca de 1620), f.ª de D.ª Maria Da Silva
de Castro, (n. em 1600; f. em 1666, c.c. João da Silva Telo de Menezes, também
nascido em 1600 e falecido em 1651.
D. João de Alencastro c.c. Maria Teresa Antônia
de Portugal e Almeida (n. em 1650; f. em 1703).
Rodrigo de Alencastro (n. em 1677; f. em 1755) c. em 1713 c.
Izabel Francisca Xavier de Castro Correia de Lacerda (n. em 1695)
Jerônimo de Castro e Alencastro
Guimarães c.c. Izabel
Rosa de Oliveira, ambos n. por volta de 1721.
Manoel Joze de Alencastro (n. em 1741; f. em 1815, RS) c.c.
Maria da Luz de Menezes (n.em 1760; f. em 1860), f.ª do Capitão Francisco
Xavier De Azambuja, n. em 1710, em Triunfo, RS, Brasil e f. em 1768, c.c. Rita
de Menezes, n. em 1725 em Cunha, SP, Brasil e f. em 1801 em Viamão, RS,
Brasil.
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