sábado, 30 de maio de 2020

Clã dos d'Eças


EÇA
. Conta-se entre as mais nobres famílias, a dos Eças, pela sua origem real, bem patente nas armas do apelido. Provém de D. Pedro I, de Portugal, e de D. Inês de Castro, por seu filho D. João senhor da terra e julgado  de Lafões, das vilas de Seia, Porto de Mós, Gulfar, Sátão, Penalva, rio de Moinhos, Besteiros, Sever, Fonte Arcada, Benviver, Moimenta, Armamar, Tanha, riba de Vizela, Figueiredo, Aguiar da Beira, Cerquiz, Oliveira do conde, Oliveira do Bairro com suas jurisdições e rendas, todas concedidas por mercê de seu pai por Carta de 1360, para ele e  seus descendentes. Teve também  o senhorio de goueia, que lhe deu seu irmão D. Fernando. Casou-se a primeira vez com D. Maria Teles de Menezes, viúva de Álvaro Dias de Sousa, Irmã de D. Leonor Teles e filha de Martim Afonso Teles de Meneses e de sua mulher D. Aldonça de Vasconcelos. Por falsas promessas da rainha sua cunhada, que, ao mesmo tempo que lhe fazia crer no adultério de sua mulher, lhe prometia a mão da Princesa D. Beatriz, D. João, talvez mais espicaçado pela visão do trono do que pela infidelidade de D. Maria Teles, assassinou-a injustamente nos seus paços de Coimbra, a par de S. Bartolomeu. A sua segurança obrigou-o a deixar a Pátria, passando a Castela.  Tomou armas contra Portugal, atacando Trancoso e Elvas, o que levou D. Fernando a julgá-lo por traidor e inimigo da Pátria com perda do direito de sucessão ao Reino.

Se não tivesse sido arrastado ao assassínio de sua mulher, subiria, possivelmente, ao trono, pois era muito estimado dos Portugueses pelas suas boas qualidades e gênio, mas D. João I de Castela, temendo que voltasse a Portugal e fosse aclamado Rei, o encerrou numa prisão, em Salamanca, onde morreu. De sua primeira mulher teve D. Fernando de Eça. Recebeu-se segunda vez, em Castela, com D. Constânça, filha bastarda de D. Henrique II e de D. Elvira Iñigues de La Veja, por cujo casamento teve, de juro e herdade, o condado de Valência de Campos, que ficou conhecido por Valência de D. Juan, com outras terras. Houve deste matrimônio três filhas. Teve, ainda, três filhos ilegítimos, dos quais dois foram genros, respectivamente, do Dr. João das Regras e do Conde de Ourem, João Fernandes Andeiro.

D. Fernando de Eça, filho primogênito, saiu do Reino com seu pai e viveu durante muito tempo na Galiza, onde teve o senhorio da vila de Eça, que lhe deu em préstamo o Duque de Arjjona, D. Fradique de Castro, seu primo segundo, da qual tomou o apelido.

Foi casado com várias mulheres, sendo todas vivas, mas somente se conhece o nome de uma: D. Isabel de Avallos, em cuja casa morreu, arrependido dos seus desvarios, conforme se diz, mortificado com penitencias e envolto no hábito de S. Francisco. Esta senhora era filha de João Lopes Avallos, adiantado de Múrcia, e neta de rui Lopes Avallos, condestável de Castela. Teve das suas diversas mulheres, quarenta e dois filhos, dos quais se conhecem dezanove. Destes, parece que sete foram havidos em d. Isabel de Avallos.

Por esta abundante geração se continuou o apelido de Eça.

Etimologia: há variações ortográficas do sobrenome d'Eça, como: "Deça", "Dessa", e mesmo corrupção para: "de Sá".


A Críse da Sucessão em Portugal 


Em 1383, com a morte do rei D. Fernando I, abriu-se a críse da sucessão que cuminará na queda da Casa de Borgonha e a ascenção da de Avis. Aberta a sucessão, D. Fernando tinha como única filha D. Beatriz, que se casara com Carlos I de Castela, oque implicaria na anexação do Reino de Portugal a Castela e a consequente perda da sua Soberania.

O falecido rei D. Fernando I era filho do rei Pedro I,  que tinha se casado com D. Inês de Castro, feita Rainha pos-mortem, e que legitimou seus 4 filhos havidos com ela, um dos quais faleceu ainda criança, desses, D. João I, era o primogênito.  De modo que D. Fernando I era meio-irmão de D. João I. E assim sendo, descartada a sucessão a filha de D. Fernando I, D. Beatriz. D. João I seria o legítimo sucessor do trono português. E assim foi que o povo aclamou D. João, filho de Pedro I com Inês de Castro, como novo Rei de Portugal. Contudo D. João I, se encontrava refugiado em Castela, e logo após a morte do rei D. Fernando I, D. João I foi preso em Castela.

O mestre de Avis, que virá a ser o Rei de Portugal, fundando a dinastia de Avis, era filho bastardo do rei Pedro I, portanto também meio irmão, tanto do falecido o rei D. Fernando I, quanto de D. João I, preso em Castela. E após uma série de vitórias contra os castelhanos, obtidas sobretudo pelo gênio militar de D. Nuno Alvares Pereira, as cortes de Coimbra o proclamaram Rei com o nome omonimo do seu meio-irmão "D. João I".

D. João I (filho de Pedro I com D. Inês de Castro), que já tinha por filho o infante D. Fernando do seu primeiro casamento com D. Maria Teles, posto em liberdade, casa pela segunda vez, sendo D. Constança, sua segunda mulher, com quem teve duas filhas: D. Beatriz e D. Maria; e bastardos, ainda teve mais dois filhos, D. Pedro da Guerra e D. Afonso.

Seu primeiro filho, D. Fernando, tido com D. Maria Teles,  foi viver em Galiza, onde foi íntimo de seu primo Duque de Arjona, que lhe deu, o senhorio da vila de Eça. E como os Reis não tem sobrenomes, a alcunha que lhe segue é o nome do país "de Portugal", tomou para si o nome da sua própria vila: D. Fernando de Eça!

Quando faleceu, sua filha D. Catarina, trouxe-lhe os restos mortais para Portugal aonde está sepultado na capela-mor da igreja do Convento do Espírito Santo de Gouveia, com o seguinte epitáfio: "Aqui jaz D. Fernando de Eça filho do Ifante D. João, e neto delRey D. Pedro de Portugal e da Ifante D. Ines de Castro sua molher".

Brasão da Família d'Éça: se o sangue da primeira dinastia que lhe correu nas veias não lhe deu acesso ao trono, o certo é que ele usou do símbolo heráldico que vinha dos primeiros reis de Portugal. As suas armas são bem as armas antigas de Portugal: de prata, com cinco escudetes de azul postos em cruz, os dos flancos deitados e apontados para o centro, cada escudete carregado de nove besantes do campo — postos 3, 3 e 3; um cordão de S. Francisco de púrpura, com seus nós, passado em cruz, em aspa e em orla, brocante sobre os escudos, salvo o do meio que lhe fica sobreposto. 

Timbre, uma águia de azul ou vermelho, armada e membrada de ouro e carregada no peito de cinco besantes de prata, postos em santor. Diversamente, Anselmo Braamcamp Freire em sua obra "Brasões da Sala de Cintra" de 1921, diz que o timbre dos d'Eças era uma: "águia  de  azul,  armada  de  vermelho  e  carregada  no  peito  de  uma cruz  potêntea  cosida  de  negro".

Nenhuma outra família em Portugal usa armas que tão fundamente se identifiquem com os alvores da nacionalidade.


Clã da Família d'Éça no Brasil:

Capitania de Ilhéus
De sangue real, e legítima sucessora do trono de Portugal, usurpado pelos Avis, a família d´Eça esta entre as primeiras famílias a vir para o Brasil, através de D. Violante d´Eça,  uma das trez orfãs fidalgas, que no tempo do Rei D. João III e de sua mulher a Sr.ª Rainha D. Catarina mandaram estes monarcas ao governador da Bahia D. Duarte da Costa, para que as casasse com pessoa de distinção. Era esta D. Violante d´Eça filha bastarda de D. João d´Eça, capitão de Gôa, e na Bahia casou com João de Araújo Souza, fidalgo galego, da casa dos alcaides mores de Lindozo e Pertigueiras de Cela-Nova. E que tiveram 6 (seis) filhos. Seus filhos se entrelaçam com outras família nobres de ilhéus: os Castro, Saraiva, Barboza, Ayalas, Furtados, Tourinho, etc....  do matrimônio de duas filhas de D. Violante d´Eça: D. Inês d´Eça e D. Antonia d´Eça com outros dois irmãos: Luiz Alves de Espina e Bartolomeu Luiz de Espina, filhos do capitão-mór Henrique Luiz de Espina, basco, casado com D. Elena Gonçalves de Castro. Surge então, um autêntico clã endogamigo na capitania de Ilhéus. E que dará ao Brasil um dos seus primeiros heróis: Manoel da Souza d´Eça.

MANUEL DE SOUSA D'EÇA - Um dos grandes heróis militares do Brasil, "o mais simpático personagem nos primeiros anos de colonização", dirá Capistrano de Abreu. Capitão de infantaria, grande "língua" (intérprete junto aos tupis), filho de Luís Alvares de Espina, de uma das famílias mais importantes da capitania de Ilhéus, foi nomeado Provedor da Fazenda Real da Paraíba em 1613 e logo a seguir ocupou o mesmo cargo em Pernambuco, juntamente com o de Provedor de Defuntos e Ausentes. Foi obrigado a deixar esses ofícios para participar da expedição ao Rio Amazonas, que resultou na fundação de Belém, e na reconquista do Maranhão, em que se destacou na Batalha de Guaxenduba, tomando sua vanguarda, e do Ceará ao franceses. Comandou um dos navios na expedição que fundou a capitania do Ceará e teve um reencontro com tropas francesas que desembarcaram em Jericoacoara. Provedor da Fazenda Real do Rio das Amazonas em 1616, Provedor da Fazenda Real do Maranhão em 1617, teria sido também provedor e contador na Bahia neste último ano.

Esteve preso em Portugal de 1619 a 1624, por motivos ignorados, possivelmente por desavença com Feliciano Coelho de Carvalho. Foi Capitão-Mor e governador do Pará de 1626 a 1629. Teria fundado a fortaleza de Gurupá. Novas desavenças com Feliciano Coelho de Carvalho o levaram novamente à prisão, onde morreu.


Genealogia da Família Souza d´Eça:

D. Violante d´Eça c.c. João de Araújo Souza:
1. D. Inês d´Eça, que se segue. Batizada na Sé a 3 de Setembro de 1555, padrinho o governador D. Duarte da Costa, D. Alvaro da Costa, seu filho, e D. Leonor, mulher de Simão da Gama.
2. João de Araujo de Souza d´Eça, adiante, batizado aí a 30 de Junho de 1557.
3. D. Damiana d´Eça, batizada a 5 de Novembro de 1558.
4. Jeronimo de Araujo Souza d´Eça, batizado a 13 de Fevereiro de 1563.
5. D. Antonia d´Eça.
6. D. Maria d´Eça, mulher de Gaspar Lobo de Souza, sem filhos, batizada a 20 de fevereiro de 1566.
 N. 1. D. Inês d´Eça, casou em ilhéus com Luiz Alves de Espina, filho de Henrique Luiz de Espina, capitão mór de Ilhéus, e de sua mulher D. Elena Gonçalves de Castro, e teve filhos:

1. Manoel de Souza d´Eça, que faleceu  sendo governador do Maranhão, sem filhos registrados.

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