segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Clã Rendon de Quebedo



A origem deste preclaro linhagem perde-se na escuridão dos tempos. O mais antigo solar, ou casa senhorial, do sobrenome Quevedo, assentou na vila de Pie de Concha, local de onde partiram os diferentes ramos que se conhecem e que foram se espalhando por vários locais da Espanha.

Um de seus eminentes varões, para não dizer o maior, foi Don Francisco de Quevedo y Villegas, que vestiu o hábito da ordem de Santiago e foi senhor da Torre de Juan Abad, nascido em Madrid em 1580 e falecido em Villanueva de los Infantes em 1645. Celebrado escritor não estava alheio aos movimentos da política e, assim, a queda de seu protetor, o duque de Osuna, que esteve exilado em seu senhorio da Torre de Juan Abad, (Cidade Real) e, anos mais tarde, atraiu a inimizade do todo-poderoso conde-duque de Olivares, que ordenou a sua prisão, no convento de San Marcos.

O sobrenome Quevedo está mais estendido para a zona centro da Espanha, sendo praticamente desconhecido na Catalunha e todo o Norte da Península Ibérica.


No Brasil*

A ilustre família de Rendons, Quebedos, Lunas, Alarcões, Cabeças de Vaca (que por varonia são Sarmentos) da capitania de S. Paulo e da de S. Sebastião do Rio de Janeiro, traz a sua propagação da cidade de Coria no reino de Leão em Espanha, de onde eram naturais os Rendons, f.ºs do fidalgo dom Pedro Matheus Rendon, que foi regedor das justiças na vila de Ocanha, e de Magdalena Clemente de Alarcão Cabeça de Vaca, que se passaram ao Brasil seguindo o real serviço na armada que veio a Bahia de Todos os Santos em 1625, para libertar a Bahia dos holandeses.

Os Rendons que nessa armada de Castela vieram com outros fidalgos, para o feito mencionado, foram 3, aos quais se reuniu mais tarde em 1640 um 4º irmão, que foi dom José Rendon. Efetivamente libertaram a Bahia, e acabada a guerra ficaram no real serviço, e passaram a S. Paulo, e foram eles:

N.º 1 Dom João Matheus Rendon de Quebedo
N.º 2 Dom Francisco Rendon de Quebedo
N.º 3 Dom José Rendon de Quebedo
N.º 4 Dom Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca

Nº 1. Dom João Matheus Rendon da Bahia veio fazer assento na cidade de S. Paulo, onde casou 1.ª vez em 1631 com Maria Bueno de Ribeiro, f.ª do capitão-mor Amador Bueno, o aclamado, e de Bernarda Luiz,; 2.ª vez casou em 1653 com Catharina de Góes, viúva do capitão Valentim Pedroso de Barros, ; sem geração desta, porém teve pelo inventário da 1.ª em 1646 (C. O. de S. Paulo):

Cap. 1.º Dom Pedro Matheus Rendon e Luna c.c. Maria Moreira Cabral, f.ª de Luiz da Costa Cabral e de Luiza Moreira. Teve os 6 f.ºs seguintes:

1-1 Dom João Matheus Rendon § 1.º faleceu solteiro nas minas de Paranaguá.
1-2 Dom Pedro Matheus Rendon § 2.º  faleceu solteiro nas Minas Gerais na ocasião do levantamento dos europeus contra os paulistas; entretanto, encontramos um deste nome natural da Ilha Grande, f.º de Dom Pedro Rendon e de Anna Maria Cabral, casado em 1686 em Itu com Anna Rodrigues de Arzam, f.ª do capitão-mor Cornelio Rodrigues de Arzam e de Catharina Gomes. Não será este § 2.º, pressupondo um engano de lançamento no nome da mãe?
1-3 Dom José Rendon de Quebedo § 3.º  com seu irmão o § 4.º seguinte, seguiu o real serviço, saindo de S. Paulo em 1679 com o governador Dom Manoel Lobo, para fundação de Colônia do Sacramento.
1-4 Dom Luiz Rendon de Quebedo § 4.º
1-5 Dom Francisco Matheus Rendon § 5.º
1-6 Maria Cabral Rendon § 6.º

Cap. 2.º Dom João Matheus Rendon, casou-se no Rio de Janeiro com N...... de Azeredo Coutinho, da mais qualificada nobreza daquela capitania, por trazer sua origem do fidalgo Vasco Fernandes Coutinho que, tendo servido na Índia aos reis dom Manoel e dom João III desde 1511, recebeu deste monarca a doação de 50 léguas de terra para fundar uma capitania por carta passada em 1525. Efetivamente a fundou, e é a capitania do Espírito Santo, que teve por capital a vila de Vitória; teve com uma senhora ........ de Almada o f.º Vasco Fernandes Coutinho, o moço, que casou-se e deste matrimônio procedem os Coutinhos do Rio de Janeiro, que do Espírito Santo já veio aliada para esta cidade de S. Sebastião com os Azeredos, pois foi Marcos de Azeredo Coutinho, natural do Espírito Santo, o tronco da família de seus apelidos na dita cidade de S. Sebastião. Não descobrimos geração de dom João Matheus Rendon supra; porém sabemos que, enviuvando, tomou ordens sacras e faleceu de bexigas em Lisboa.

Cap. 3.º Ignez de Ribeira, f.ª do n.º 1, casou-se em S. Paulo com Vicente de Siqueira e Mendonça, f.º de Lourenço de Siqueira e de Margarida Rodrigues, V. 7.º pág. 505. Teve 8 f.ºs:

1-1 Innocencia, que casou-se em Minas Gerais.
1-2 Joana, que casou-se em Minas Gerais.
1-3 Maria, faleceu solteira no Rio de Janeiro.
1-4 Manoel de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de Janeiro com Brites da Fonseca Doria; 2.ª vez em 1693 em Taubaté com Maria Vieira da Maia, viúva de Miguel de Almeida e Cunha. V. 7.º pág. 348. Teve:
Da 1.ª 3.f.ºs:
2-1 Joanna, que casou-se com Manoel Alves Fragoso dos Campos de Goitacazes.
2-2 Brites da Fonseca Doria, casada com Gregorio Nazianzeno.
2-3 Antonia, casou-se nas Minas Gerais.

Da 2.ª não descobrimos geração.
1-5 José de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de Janeiro com Maria da Fonseca Doria, irmã de Brites precedente. Teve:
2-1 Maria, que foi casada com Ignacio Ferreira Funchal.
2-2 Marianna, casada com João da Fonseca Coutinho.
2-3 Ignacio de Siqueira Rendon, faleceu solteiro.

1-6 Lourenço de Siqueira Furtado de Mendonça, capitão-mor da barra de Guaratiba do Rio de Janeiro, casou-se com Barbara da Fonseca Doria. Teve 4 f.ºs:
2-1 Salvador de Siqueira Rendon, que casou com Rosa Maria Caldas.
2-2 Fradique Rendon de Quebedo, capitão-mor da barra de Guaratiba.
2-3 Margarida de Luna, casou-se com José Corrêa Soares, natural do Rio de Janeiro f.º de Gaspar Corrêa e de Luzia de Aguilar, por esta neto de Martim Rodrigues Tenorio e de Magdalena Clemente Cabeça de Vaca, neste Tit. adiante.
2-4 Leonor de Siqueira Rendon, casou-se com Gaspar de Azedias Machado.

1-7 Antonio de Siqueira e Mendonça, casou-se com uma sobrinha do capitão-mor Manoel Pereira Ramos, senhor do engenho e freguesia de Marapicu.
1-8 João Matheus Rendon, último f.º do Cap. 3.º, era solteiro em 1759 no Rio de Janeiro.
Cap. 4.º Dom José Rendon, f.º do n.º 1, batizado em 1641 em S. Paulo, casou-se no Rio de Janeiro com uma irmã dos padres Francisco Frazão e Antonio de Alvarenga Mariz, ambos da companhia de Jesus. Sem geração.
Cap. 5.º Anna de Alarcão e Luna

Nº2, Dom Francisco Rendon de Quebedo. "Acabada a guerra contra os holandeses na Bahia, passou a S. Paulo, onde casou com Anna de Ribeira f.ª do capitão-mor Amador Bueno e de Bernarda Luiz do n.º 1 retro.

Foi este fidalgo dom Francisco Rendon juiz de órfãos proprietário em S. Paulo, onde sempre teve as rédeas do governo da republica e da milícia. Pelo seu grande respeito, atividade e zelo do real serviço foi encarregado para levantar em S. Paulo companhias de picas espanholas, com 40 escudos de soldo por mês os capitães, para restauração de Pernambuco e armada que na Bahia preparava o conde da Torre para passar com ele contra os holandeses.

Deu causa para esta recruta de soldados paulistas o mau sucesso que teve o conde da Torre quando, com poderosa armada, saiu de Lisboa para restaurar Pernambuco, e se recolheu a Bahia, onde então tinha as rédeas do governo geral do Estado Pedro da Silva.

Esta importante recruta se fiou de dom Francisco Rendon de Quebedo, que com atividade e zelo do real serviço conseguiu, elegendo capitão e mais oficiais as pessoas de maior confiança e valor. Desse corpo militar paulistano foram capitães da infantaria Valentim de Barros e seu irmão Luiz Pedroso de Barros, Antônio Raposo Tavares e seu irmão Diogo da Costa Tavares, Manoel Fernandes de Abreu, e João Paes Floriam(1). No porto de Santos, debaixo do comando do capitão dom Francisco Randon de Quebedo, embarcaram os capitães, seus oficiais e soldados, com grande número de índios frecheiros e arcabuzeiros para a Bahia, onde foram recebidos os capitães com benigno agasalho pelo conde da Torre, que lhes mandou passar suas patentes, pagando-se a todos os soldados desde o dia que tinha destacado de S. Paulo. Do Rio de Janeiro fez regresso o capitão Rendon para S. Paulo, ficando entregue de todo o corpo militar o governador Salvador Corrêa de Sá. Estas companhias foram incorporadas na Bahia no terço do mestre de campo Luiz Barbalho Bezerra.

reconhecendo a falta das forças militares, que se desgarrava na armada, que seguia para as Índias de Castela; propuseram ao conde da Torre a necessária providência e socorro que devia deixar em terra em qualquer dos portos daquela costa de onde pudessem marchar pelo sertão para a Bahia. Instava a importância desta resolução e no porto do Touro, 14 léguas do Rio Grande para o Norte, deixou a armada ao mestre de campo Barbalho com 1.300 infantes, em que entravam os capitães, oficiais e soldados paulistas, e os governadores dom Antonio Felippe Camarão e Henrique Dias este dos crioulos e minas, e aquele dos índios.

Havia de ser a marcha pelo interior do mato, e em parte por entre a barbaridade dos índios do sertão, topando em muitas com armas do inimigos holandeses, e em todas sem provisão nem esperança de socorro humano com distância de quase 300 léguas até a cidade da Bahia, cujas dificuldades eram superiores aos mais ousados corações; e só o de cabos tão destemido e que já tinham o caráter de bons sertanistas, havendo conquistado muitas e diversas nações bárbaras dos sertões de S. Paulo e Índias de Espanha nas províncias do Paraguai até o reino do Peru, pôde intentar e vencer semelhante empresa, que ainda depois de conseguida se fez duvidosa. Os transes desta jornada foram registrados por João Martins Esturiano, um dos soldados paulistas que teve a honra de servir em uma das companhias da leva de S. Paulo, e desta patente consta o seguinte sucesso:

Parte de um deserto era o porto de Aguassú junto ao do Touro, onde a armada deixou ao mestre de campo Barbalho com a gente já referida no dia 7 de Fevereiro de 1640, sem mais víveres que os que cada um dos soldados pôde tirar na sua mochila: falta que, considerada em semelhante lugar, esta acusando a determinação, não só de temerária, se não de louca, ficando a livrança dos perigos à contingência de milagres: porém aquele calor de portugueses, sempre igual no desprezo da vida pelas melhoras da pátria, nada mais lhe deixava ver que a constância, a lealdade e o serviço do rei. Todos se alentavam por estes briosos estímulos, e pelo alentado coração do seu mestre de campo Barbalho, que então lhes fez uma discreta e advertida ponderação lembrando-lhes: Que o motivo que os tirara a uns da Bahia e a outros de S. Paulo, deixando todos a pátria, os lançara agora naquela praia, por ficar infrutuosa a restauração de Pernambuco, e se voltavam para a defesa da Bahia; que no mau sucesso da armada tiveram parte os elementos, e não os inimigos; e que nesta jornada tinham de pelejar com os inimigos e com os elementos, estes armados dos rigores do tempo, e aqueles revestidos da cólera do ódio; que tudo se estribados na causa, alentassem a confiança, por ser certo que não falta Deus com auxílios a quem lhe dedica obséquios; que os poderia acobardar a falta de mantimentos, se já não estivessem bem acostumados com as agrestes frutas dos sertões incultos, com o mel silvestre de suas abelhas, com as amêndoas das variedades dos cocos do matos, com os palmitos doces e amargosos, e com as raízes da plantas conhecidas capazes de digestão: e porque, onde se contrasta o maior perigo, se alcança a maior glória, era de parecer que na marcha se buscasse o povoado, no qual poderiam conseguir remédio para a fome e aumento para a fama, que sempre foi mais grata a quem vencia homens, que a quem mata feras; e que quando o holandês os procurasse poderoso, então se aproveitariam da retirada com a vantagem do conhecimento de penetrar sertões, que os fazia superior as forças e numero dos soldados inimigos.

Cap. 1.º Magdalena Clemente Cabeça de Vaca. casou-se em 1642 em S. Paulo com Martim Rodrigues Tenorio de Aguilar, f.º do capitão João Paes e de Suzana Rodrigues. Faleceu Martim Rodrigues em 1654 em S. Paulo, com geração no V. 4.º pág. 504; ali não se menciona a f.ª que Pedro Taques diz que se casado no Rio de Janeiro com Gaspar Corrêa pois não consta do inventário f.ª alguma com esse nome.
Cap. 2.º Bernarda de Alarcão e Luna, casada com Fructuoso do Rego e Castro, natural de Pernambuco, e faleceu em 1683 em S. Paulo e teve os 3 f.ºs:
1-1 Angela de Castro do Rego, que faleceu em 1706 e foi casada com o capitão Antonio Pacheco Gatto, f.º de Manoel Pacheco Gatto e de Anna da Veiga, V. 4º pág....., ali o f.º único.
1-2 Anna de Castro e Quebedo, foi casada com Salvador Bicudo de Mendonça, natural de S. Paulo, ali falecido em 1697 com testamento em que declarou não ter consumado o matrimônio por achaques que tinha.
1-3 Cosme de Rego e Castro de Alarcão faleceu em 1731 de bexigas, estando habilitado para a carreira clerical.

Cap. 3.º Catharina
Cap. 4º Francisca

Nº 3, Dom José Rendon de Quebedo, veio de Madri ao Brasil 1640 e fez seu assento no Rio de Janeiro, onde em 1651 tinha terras em Juriahi e pediu outras nas serras de Jerecinó e Marapicu que lhe foram concedidas pelo capitão-mor João Blau, loco-tenente de condessa de Vimiero Dona Marianna de Sousa Guerra, denotaria da capitania de S. Vicente e S. Paulo.
Casou dom José Rendon do Rio de Janeiro com Suzanna Peixoto, que era viúva, senhora do engenho chamado de Fumaça de Hirajá, que o trocou por outro que possuía em Itacuruçá o governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides. Esta senhora foi mãe de Francisco de Lemos, que faleceu em 1680. Neste engenho de Itacuruçá se estabeleceu dom José Rendon, ficando ele então conhecido pelo nome de seu novo proprietário o dito Rendon. Teve, naturais da ilha Grande de Angra dos Reis, os 6 f.ºs seguintes:

Nº 4, Dom Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca. "também se achou na Bahia de Todos os Santos, e acabada a guerra contra os holandeses passou a S. Paulo com seus irmãos. Não casou este fidalgo; ou se recolheu ao reino de Castela, ou faleceu solteiro. E certo que, depois de estar em S. Paulo muitos anos, se passou para a capitania do Rio de Janeiro, onde todos os irmãos se ajuntaram; e, se casou, foi nesta capitania e não temos certeza alguma seu estado. A noticia difundida dos antigos, que se conserva na memória dos modernos, assevera que se recolhera para a pátria, a cidade de Coria, por ter cessado a causa que a ele e a seus irmãos tinha obrigado a embarcarem para o Brasil na armada com o general dom Fradique de Toledo Osorio, pelo crime de haverem morto à facadas a um geral dos franciscanos em Castela, estando todos em uma quinta divertindo-se; e fora acto primo primus este sacrílego atentado contra o padre geral.

Não encontramos documento algum que verifique esta constante notícia, que a comunicou em S. Paulo o revdmo. padre mestre José de Mascarenhas da companhia de Jesus, que foi um grande indagador de memórias antigas, e único genealógico das famílias da capitania do Rio de Janeiro, S. Vicente e S. Paulo."



Outros Clãs:

*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.


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