domingo, 10 de janeiro de 2021

Clã dos Alencastros / Lencastre / Lancaster

ALENCASTRO/LENCASTRE. Uma das famílias mais nobres de Portugal pela sua origem régia, não muito antiga, pois descende de D. João II, que teve em D. Ana de Mendonça, filha de Nuno Furtado de Mendonça, aposentador-mor de D. Afonso V e do seu Conselho, e de sua mulher, D. Leonor da Silva, um filho bastardo. D. Jorge. D. Ana de Mendonça recolheu-se no mosteiro das comendadeiras de Santos, em Lisboa, onde viveu honestamente e aí faleceu. Eram seus irmãos Jorge Furtado de Mendonça, comendador das Entradas, de Sines e da Represa, camareiro de seu sobrinho D. Jorge, e Antonio de Mendonça Furtado, comendador de Veiros, do Cano, de Serpa e de Moura, na Ordem de Avis. Tomou D. Jorge o apelido de Lencastre, que lhe vinha por sua terceira avó a Rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, filha do Duque de Lencastre e irmã do Rei da Inglaterra. D. Jorge foi muito estimado pelo Rei seu pai que, morrendo-lhe em 1491 seu único filho legítimo, o Príncipe D. Afonso, de uma queda de cavalo, intentou instituir herdeiro do trono o bastardo, ao que se opôs a Rainha D. Leonor, sua mulher, que pretendia ficasse sucessor da Coroa seu irmão D. Manuel, Duque de Beja, o que se deu. 

Rainha de Portugal
Leonor de Lencaster
D. Jorge de Lencastre foi Duque de Coimbra por mercê de D. Manuel I, senhor de Montemor-o-Novo e de muitas outras terras e mestre da Ordem de Sant’ Iago. Recebeu-se com D. Brites de Vilhena, filha do D. Álvaro de Portugal, justiça maior de Castela, filho do duque de Bragança D. Fernando, e de sua mulher, D. Filipa de Melo, de cujo matrimonio deixou filhos: D. João de Lencastre, marquês de Torres Novas e 1º Duque de Aveiro, casado com D. Juliana de Noronha, com geração; D. Luís de Lencastre, casado com D. Madalena de Granada, com geração; D. Afonso de Lencastre, casado com D. Violante Henriques, com geração; D. Jaime, bispo de Ceuta e capelão-mor da rainha D. Catarina; D. Helena, comendadeira de Santos; D. Afonso, frade Graciano, e D. Jorge, frade Jerônimo.

O apelido também se tem usado com as formas de Alencastro e de Lancastro ou Lancastre, esta a mais próxima do original.

As armas dos Lencastres são: De prata, com cinco escudetes de Azul, postos em Cruz, cada escudete carregado de cinco Besantes de prata, postos em sautor; bordadura de vermelho, carregada de setes castelos de ouro, e um filete de negro, posto em contra-banda e atravessante sobre tudo. Timbre um pelicano ferido de vermelho, no seu ninho, do mesmo. 

Obs: Hodiernamente, alguns, tem estampado o escudo dos Alencastros/Lencastre/Lancaster como sendo dos "Alencar", são troncos completamente distintos. Os "Alencar" não tem brasão, porque a origem do sobrenome é toponômica, da villa de Alencar.

D. João I c.c. Filipa de Lencastre

Rei Duarte c.c. Leonor de Aragão

Rei Afonso V c.c. Isabel de Coimbra

D. João II c.c. Leonor de Lencastre, f.ª de Fernando de Portugal, duque de Viseu, e de Beatriz de Portugal.

Castelo de Palmela, sede da Ordem de Santhiago, "da Espada", em Portugal desde 1210. De quem D. Jorge Lencastre, Duque de Coimbra, era Grão Mestre. Localizado no sul do Tejo (defronte a Lisboa).
Dominava a Península de Setúbal, aonde se estabeleceram a maioria dos senhorios da Ordem, descrito como um Estado dentro de um Estado.


Brasil

Em São Paulo, teve por cabeça o Sargento-Mor de ordenanças Jerônimo de (Alen) Castro, neto de D. João de Lencastre, que foi Governador do Brasil (1694-1702), que por ser natural da freguesia de Santa Eulália de Fafe, bispado de Guimarães, arcebispado de Braga, acrescentou a seu nome o de sua cidade natal. Passou a assinar-se Jerônimo de Alencastro Guimarães. Em 1783 ainda vivia em São Paulo, onde havia se casado com Isabel Rosa de Oliveira. O Capitão Manuel José de Alencastre, nascido em São Paulo, filho do referido casal, passou para o Rio Grande do Sul, onde possuía uma sesmaria, em Triunfo, localizado na confluencia do rio Jacui com o Taquari, atualmente, é parte da região metropolitana de Porto Alegre, sendo seus primitivos povoadores. Contraiu matrimônio, na freguesia do Senhor Bom Jesus do Triunfo, na família Azambuja. Foi Tesoureiro e deputado da Real Junta da Capitania do Rio Grande de São Pedro e da Intendência de Marinha. 

Os Alencastro tomaram parte em todas as guerras no Prata.

Um dos filhos do Capitão Manoel José de Alencastro, o capitão de engenheiros José Joaquim de Alencastro (1784, Triunfo, RS), passou a Pernambuco, aonde se casou, em 10/05/1813, com Maria Eduarda Carneiro Leão (1795, Santo Antônio do Recife, PE - 14/02/1878, Rio, RJ), membro da tradicional família Carneiro Leão. Vindo a ser o patriarca dos Alencastro de Pernambuco, Ceará e Goiás. José Joaquim de Alencastro, e alguns de seus irmãos assinavam a forma Alencastro, enquanto que os outros, ao que parece, a forma Alencastre.

Governador Geral do Brasil D. João de Lencastre:

João de Lencastre ou D. João de Alencastro (Lisboa, 1646 — Lisboa, 1707) foi nomeado governador-geral do Brasil, com patente dada em 22 de fevereiro de 1694. Foi ainda governador dos Algarves.

Era filho de D. Rodrigo de Lencastre (morto em 1657), comendador de Coruche, e de D. Inês Maria Teresa de Noronha e Castro.

Oito anos administrou, com intensa e feliz atividade. Nenhum outro governador construiu tanto. Tocou-lhe por sorte, é certo, o mais belo decênio da evolução do Brasil colonial: quando os sonhos das minas, a miragem de todos, os seus antecessôres, as promessas antigas se concretizaram - em descobrimentos espantosos. Epoca de pacificação a ferro e fogo de tapuias e mocambos do nordeste. Da comunicação, pelos sertões, do Maranhão com a Baía. Da fundação das vilas, da reorganiçação da justiça, da moéda provincial, das frotas abundantes, dos intensos aprêstos da defesa dos portos - agora que as questões europeias (a confusa sucessão espanhola) ameaçavam estender à América as guerras do Velho Mundo. 

". . . Mandou pôr os fortes de Santo Antonio da Barra, de Santa Maria e de São Diogo na (Última perfeição e melhor fórma, além de mandar fazer o forte de Santo Antonio além do Carmo, levantar o Ornavéque e reduto a cavaleiro que defende as duas portas da Cidade e fabricar a nova Casa da Relação, da Moéda e da Alfandega, e reedificar com mais largueza a Casa da Câmara e Cadeia, como tudo se deixa ver nas suas inscrições, esculpidas; concorrendo também com incessante desvelo e solicita aplicação para se acabar o formoso templo da Matriz (Sé)" 

Tantas construções justificaram a abertura de uma escóla de traço, geometria e cálculo: a "aula de fortificações" que mandou el rey fundar em 15 de Janeiro de 1699 - e teve longa vida. "Por ser conveniente ao meu serviço hei por bem que na Praça em que ha engenheiro haja aula em que êle possa ensinar a fortificação havendo nela três discípulos de partido, os quais serão pessoas que tenham capacidade necessária para poderem aprender ... ".

Os últimos atos do governo de D. João de Lencastro foram a expedição para socôrro da Índia que aprestou em 1700, a exploração d'um caminho mais breve entre a Baía e as Minas Gerais, que logo el ... rei mandou fechar, proíbindo que se usasse tal comunicação, a creação da vila de Caravelas (1701) cujos sertões começavam a ser devassados pelos pesquisadores de ouro.  

Era tempo de voltar à pátria o diligente Lencastro. Esperou o sucessor, D. Rodrigo da Costa : "e me consta (atestou o novo governador) que vae empenhado, e que não teve negócio algum nesta praça nem fóra dela, publicando sempre, que a sua maior riqueza consistia no desinterêsse e zelo com que servia a Vossa Majestade". Em linguagem oficial não havia melhor elogio. 

São Salvador, que veio a ser a mais poderosa fortaleza do Brasil, após a invasão holandesa, e ser reformada pelo Governador Geral D. João de Lencastre, tida como inexpugnável.

Genealogia dos Alencastro /Lencastre / Lancaster:

Jorge de Lencastre, n. em Abrantes, em 11 de nov. de 1481 e f. em Setúbal, em 22 de jul. de 1550, c.c. D.ª Beatriz de Vilhena, n. em 1480 e f. em 1535.

Luís de Lancastre, 1.º Comendador-Mor da Ordem de Ávis (n. cerca de 1505; f. em 1574) c. em 1540, c. Magdalena de Granada (n. cerca de 1510) f.ª de João de Granada e de sua mulher Beatriz de Sandoval, f.º natural do rei de Granada Abu Haçane Ali e de Isabel de Solís.

João de Lancastre (n. em 1550; f. em 1614) c.c. Paula da Silva (n. em 1560)

Lourenço de Alencastro , Comendador de Coruche (n. 1586) c.c. D.ª Inês de Noronha (n. 1580; f. 1653), f.ª de Rui Telles de Menezes (n. cerca de 1560; f. em 1616) e de Mariana da Silveira ( n. por volta de 1560)

D. Rodrigo de Lencastre (n. 1600; f. 165) c.c. D.ª Inês Maria Tereza de Noronha e Castro  (n. cerca de 1620), f.ª de D.ª Maria Da Silva de Castro, (n. em 1600; f. em 1666, c.c. João da Silva Telo de Menezes, também nascido em 1600 e falecido em 1651.

D. João de Alencastro c.c. Maria Teresa Antônia de Portugal e Almeida (n. em 1650; f. em 1703).

Rodrigo de Alencastro (n. em 1677; f. em 1755) c. em 1713 c. Izabel Francisca Xavier de Castro Correia de Lacerda (n. em 1695)

Jerônimo de Castro e Alencastro Guimarães c.c. Izabel Rosa de Oliveira, ambos n. por volta de 1721.

Manoel Joze de Alencastro (n. em 1741; f. em 1815, RS) c.c. Maria da Luz de Menezes (n.em 1760; f. em 1860), f.ª do Capitão Francisco Xavier De Azambuja, n. em 1710, em Triunfo, RS, Brasil e f. em 1768, c.c. Rita de Menezes, n. em 1725 em Cunha, SP, Brasil e f. em 1801 em Viamão, RS, Brasil.          


Outros Clãs:

Keltoi - Pela Restauração da Nobreza Brasilaica
Clãs Brasilaicos
Clã Aguirre

sábado, 9 de janeiro de 2021

Clã dos Albuquerque Maranhão

A família Albuquerque se origina dos Meneses, sendo uma das mais distintas de Portugal, com o entrelaçamento de infantes das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, foi o primeiro povoador da vila de Albuquerque, e seu senhorio. Casou duas vezes: a 1ª com D. Elvira Gonçalves Girão, e do qual deriva o sobrenome Girão; a 2ª com D. Teresa Sanches, filha bastarda do rei D. Sancho I de Portugal, tendo como filho D. Afonso de Meneses, que foi alferes-mor, do rei D. Afonso III, seu co-irmão. 

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimônio nasceu D. João Afonso de Albuquerque, o primeiro que usou este sobrenome, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai, com o título de Conde de Barcelos, e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimônio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

Castelo de Albuquerque

No Brasil *

A família Albuquerque Maranhão é um ramo da Família Albuquerque no Brasil, assim, como os Cavalcanti Albuquerque. Descendem de Jerônimo d'Albuquerque Maranhão (N. 1548, † 1624), um dos 8 filhos de Jorge de Albuquerque (o Torto) com a índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), filha do cacique Uyrá Ubi, e que foi o fundador da cidade de Natal-RN, após conquistá-la dos franceses, e depois, o Maranhão, e que toma o nome de Maranhão, ajuntando ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal. Agora aparecia explicitamente no Brasil, uma nobreza sua – em sangue e sobrenome.

E a resistência se prolonga na descendência, geração pós geração: um Albuquerque elimina os franceses do Maranhão, outro toma aos ingleses o célebre forte de Cumaú, e um neto deste bate o comandante francês, governador da respectiva Guiana, soldado da grande época – Luiz XIV. Não é de admirar essa aptidão guerreira dos Albuquerques, n´uma época em que cada engenho era uma Casa forte. 


A Campanha Contra os Franceses

Em 1587, na campanha contra os franceses levado a cabo pelo Capitão Mór Francisco Leitão e Filipe Cavalcanti d´Albuquerque, no vale do Mamanguape: os valorosos potiguaras são dizimados; mas os franceses, refeitos na sua feitoria da Baía da Traição, vieram ajudá-los, em Capaoba, onde foi o mais forte da nova campanha. A sorte esteve indecisa; mas, finalmente, pendeu para os portugueses. Enquanto isso, outra luta se acendeu nas terras do principal Tejucupapo, sempre auxiliados os potiguaras pelos franceses. Nunca os defensores do Brasil-colônia desenvolveram mais valor do que ali. Houve capitão em cujo corpo se contaram quatorze flechas. Antonio de Albuquerque foi um dos heróis dessa vitória em que o francês mostrou quanto valia como soldado. Muitos dos seus oficiais acabaram a vida ali. Foi a última tentativa dos franceses na Paraíba, cuja conquista custou ao Brasil sessenta anos de lutas e muitos milhares de vidas.

Por esse tempo – da luta na Paraíba –, ainda é muito moço o futuro Albuquerque Maranhão; o mameluco criado na taba de seu avô Arco Verde – tão orgulhoso do sangue caboclo como da linhagem de reis que o pai lhe dera; Mas, em 1595, ele já aparece ao lado de Manuel Mascarenhas e, depois, será a figura principal na conquista do Rio Grande do Norte, para dirigir e assistir, dali, a ação de Soares Moreno, no Ceará. Com ele está o irmão Jorge de Albuquerque. É nesse influxo que se resolve definitivamente a situação no Norte, a qual, até aquele momento, tem sido, apenas, dilatada e adiada. Gentio e franceses se afastam, com a colonização que avança. Por meio de Jerônimo fazem-se as pazes com o forte e o melhor do gentio potiguara. Essas tribos, agora, vão ser o contingente sensível na população estável da colônia.

Em 1597, ainda moço, o brasileiro Jerônimo de Albuquerque alcança nove navios franceses no Rio Grande do Norte, no porto dos Bugios; e no futuro, quando o valente mameluco ganha a batalha de Guaxenduba, um dos mortos franceses é o célebre Migan, 14 vezes prisioneiros dos portugueses, de quem outras tantas vezes escapou... Esse retalho de crônica diz-nos muito bem a repetição das lutas por ali. 


A Conquista do Maranhão - A Jornada Milagrosa. 

A ação dos franceses no Maranhão tornou-se tão inquietadora para o Brasil que, ainda em tempo de Diogo de Menezes, foi mandado, por este: um memorial reclamando do governo de Madri providências contra o invasor. Veio Gaspar de Souza; a arrastada administração colonial teve, então, a resolução feliz de entregar o caso do Maranhão a Jerônimo de Albuquerque, e este, sem detença, comete ao intrépido e sagaz Soares Moreno a missão de fazer o reconhecimento do local e das condições em que ali se encontravam os franceses.

O sucesso da expedição sobre o Maranhão maravilhou a todos e fez que a chamassem de Jornada Milagrosa. Capistrano, na rapidez incisiva dos seus conceitos, comenta: “... milagrosa foi realmente, milagrosa de mocidade, de estouvamento: milagrosa sobre tudo de felicidade”. Já tivemos a razão do estouvamento: é a premência de quem tem de agir, e só pode resolver a forma da ação conduzido por ela mesma. Foi assim com Jerônimo. Felicidade... É uma atitude toda subjetiva, e que nada explica do caso, que foi o de efeitos objetivos bem patentes. Houve milagre, sim: o de uma energia absolutamente nova; a mocidade, que, por intuição, se projeta para o sucesso. E clamamos – milagre! Nem haverá outros, na ação humana. Gaspar de Souza, que aceitaria até não intervir, e que só concordou com a jornada porque a expedição tinha partido e havia dinheiro gasto, fez questão de que tudo não passasse da fundação de um forte, a oito ou dez dos franceses, para inquietá-los, tão-somente, em Tutoia, ou, quando muito, no Preá. Tivesse Jerônimo atendido essa ordem, seria a anulação da empresa, pela insuficiência, com o fracasso final do estabelecimento isolado, em face de um inimigo tão poderoso que era confessadamente respeitado e evitado. Tal projeto já é um sinal da decadência do português. Decênios depois, no Prata, com Colônia do Sacramento, realiza-se essa ideia da fortificação isolada em face do rival. As condições eram mais propícias no Prata do que no Maranhão, e, contudo, foi um desastre formidável. Jerônimo evitou o desastre porque agiu de acordo com as condições do momento e os interesses do Brasil, ainda que, para tanto, lhe foi preciso sair das ordens e enfrentar a impertinência de Diogo de Campos. 

Logo ao partirem do forte de Jericoacoara (Forte das Tartarugas), último posto do Brasil antes do  Maranhão, houve conselho de oficiais, pronunciando-se Diogo  de Campos peremptoriamente contra qualquer avanço além de Tutoia. Foi voto único, e a expedição se dirigiu, desde logo, para o Preá. O local era estéril e absolutamente impróprio para um aquartelamento prolongado, pelo que decidiu Jerônimo ordenar o reconhecimento, com Martins, Machado e Rangel, em busca dos franceses, de quem nada se sabia no Preá. Com a volta de Rangel, e as boas notícias que trouxe, a respeito de Guaxenduba, novo conselho se fez, onde Diogo de Campos foi igualmente peremptório, opinando que deviam ficar no Preá estéril; com ele concordaram os outros oficiais, menos os capitães brasileiros – Souza d´Eça e Fragoso de Albuquerque, e os soldados das respectivas companhias. Era um momento em que Jerônimo de Albuquerque devia hesitar: com Diogo de Campos, falavam as ordens trazidas, e quase toda a oficialidade. Mas, passou a hesitação, e o grande capitão fez seguir a expedição, até estabelecê-la em contestação com os franceses. Na escolha da posição do forte, novas oposições, a que Jerônimo respondeu no definitivo mando de seleção: “Quem me for amigo, não me aconselhe outra coisa!” E fez como entendia. Ora, essa escolha foi decisiva: a ela se deve o êxito da batalha, e que pareceu milagre. “Determinou o capitão-mor fortificar-se num vale, entre duas alturas que lhe ficavam sobranceiras...”. Relata d´Eça. E quando o inimigo, destemido e arrogante, veio ao ataque, Jerônimo pôde desenvolver, prontamente, a sua tática formidável: metê-lo entre dois fogos e dominá-lo completamente antes do segundo tiro... Tudo isto foi possível porque o ânimo do capitão havia captado os legítimos valores da guarnição; mas é certo que o influxo de Diogo de Campos tinha turbado a unidade de sentimentos: com ele estavam todos aqueles para quem a alma de uma nova pátria era um começo de hostilidade. No concreto da baixa rivalidade de Diogo de Campos, era isto o que havia, e foi daí mesmo que derivaram os motivos em que se teceram os conluios vis de Caldeira Castelo Branco. Daquele momento em diante, cresce ostensivamente o Brasil; multiplicam-se os indícios desta nova pátria, e que nos explicam, no futuro, todas as outras façanhas de brasileiros, nos nomes de Barbalho, Vidal, Rabelo... 

Convém apreciar o próprio desenvolver do milagre. Chegados ao Maranhão, mesmo na boa posição de Guaxenduba, estavam os nossos em condições de sensível inferioridade: no oceano, tinham os franceses mais possibilidades, bem explícitas no tráfico seguido que faziam para ali; nas águas interiores, era absoluto o domínio deles. Mesmo na boa posição em que se achava, Jerônimo havia finalmente de sucumbir: não tinha possibilidades de êxito, se pretendesse atacar os franceses; atacado, só poderia vencer se ao inimigo faltasse calma e uma mediana perícia para escolher o momento e aproveitar as muitas condições de superioridade. Diogo de Campos, que teve de obedecer e executar o programa estratégico e tático de Jerônimo, protestou a seu modo: cheio de lábias, escreveu um diário da campanha em que as ordens de Jerônimo são apresentadas e criticadas de modo a parecerem hesitantes, tíbias, desencontradas, confusas, inoportunas... até que, um belo dia, surge a refrega, e, de tais ordens, deriva o brilhante combate, com um sucesso que é milagre para toda gente. O capitão brasileiro, com os meios miseráveis de que dispunha, com a sua tática exclusiva, aniquila as forças com que o francês vem atacá-lo. No entanto, este, mesmo vencido, ainda tem superioridade em armas, aliados e recursos materiais, conservando um forte contingente de soldados europeus, quase igual à totalidade dos portugueses. São estes os resultados. Contudo, ainda hoje, quem lê a história daquela guerra sente os efeitos do depoimento suspeito de Diogo de Campos, porque, dos documentos e relatos de presença, é o mais ordenado, com valor de estilo. O outro, A Breve Relação, de d´Eça, retine de exatidão; mas é rijo e desataviado como a própria verdade. Então, tudo mais que se escreveu reflete as páginas de Diogo de Campos, e o grande feito de Jerônimo aparece como obra do acaso, a coroar os planos de um estouvado. Deixemo-nos, porém, de histórias feitas em puras repetições, e atenhamo-nos aos outros documentos e depoimentos, dos que, de um e outro lado, participaram da aventura; dos que foram atores, mas falaram sem a preocupação de abafar um rival. 

Vem aquela expedição, balda de tudo, balda principalmente de informações convenientes, e, sob o comando do hesitante e contraditório, chega sã e salva, e vai estabelecer-se no local mais conveniente, apesar de todas as ordens e objeções... Leem-se as páginas dos relatórios e depoimentos, e firma-se a convicção: a maior dificuldade que teve o comando foram essas críticas as objecções e as múltiplas sugestões, que vêm de todos os lados, logo que se descobre a disparidade de avisos nos postos superiores. E Jerônimo venceu essa mesma dificuldade interna. Resistiu a todas as insinuações que seriam prejudiciais e, de caminho, a meditar nas críticas, teve que parecer hesitante, tímido, irresoluto, contraditório... Foi assim, até que a sua intuição de guerreiro lhe mostrou o local conveniente para o plano que lhe daria a vitória. Agora, ninguém lhe notará hesitações, nem ele troca de parecer. Southey dirá dele: “Uma vez na batalha, não conhecia desfalecimentos”. Não: bem antes da batalha, ele foi decisivo, lúcido, formal, logo que esteve em condições de delinear a ação triunfante. Desde que descem em Guaxenduba, a vontade do capitão brasileiro domina os fatos, e tudo é explicitamente determinado por ele, numa ótima de direção, e que é a de aproveitar todas as colaborações úteis. Como o desenvolvimento da sua estratégia repousava na situação e disposição das fortificações, ele as soube tirar de Frias, apenas arquiteto. E, com isto: a oportunidade do ataque, todo movimento das forças inimigas, a própria temeridade do adversário... tudo que concorreu para a vitória foi consequência explícita dos motivos que Jerônimo soube criar. No entanto, os mais incisivos ataques de Diogo de Campos dizem com a escolha e as condições do acampamento, e a imprevidência na ocasião do combate... E o capitão-mor teria sido, já imprudente, já medroso... Ora, se impedindo o francês de aprisionar três embarcações, ou indo atacá-lo nos seus redutos, Jerônimo o tivesse tornado cauteloso e seguro, nunca teria obtido que ele viesse, por si mesmo, oferecer a ocasião da estupenda vitória com que se consagrou o seu nome e que decidiu, de uma vez para sempre, a secular insistência desses inimigos. De um golpe, saindo do seu forte como o imaginou, o mameluco conseguiu desorientar o francês, ceifar-lhe as linhas de combatentes, imobilizar grande número de outros soldados brancos, anular por completo o concurso dos soldados índios, reduzindo-os à impotência, obrigando-os à fuga desordenada e perdida...

Chegado às águas do Maranhão, Jerônimo põe em prática os seus processos costumários com o gentio, procurando cooptá-lo. Pouco a pouco, chegam-se os índios: avisam-no do premeditado ataque dos franceses. Jerônimo despreza, ou finge desprezar, o aviso: a consequência é o ataque incauteloso do inimigo. Trava-se a peleja, e tal foi a situação tática das suas tropas, que, sendo o atacado, em inferioridade de forças, ele impôs, de um lance, impetuosamente, a sua vontade aos atacantes, e foi senhor absoluto da luta, para o triunfo imediato. Para os franceses, não houve possibilidades de contestar e, menos, ainda, de vencer. Vieram atacar com a maior parte das suas forças: desceram 200 soldados europeus, e uns 2.000 índios, deixaram para reserva, embarcados, outros tantos brancos e muitos índios ainda. Jerônimo, no estudado dos seus planos, opôs-lhes imediatamente a quase totalidade dos seus soldados: quatro companhias, sem discriminação de índios; duas seguem pela praia, para apanhar a retaguarda do inimigo; e este, impávido, se prepara para o ataque da posição, quando vê surgirem, inesperadamente, as outras duas companhias, a própria vanguarda de Jerônimo, que as comanda em pessoa, ao lado do capitão d´Eça. Alcançado antes de tentar qualquer fortificação de defesa, antes de gastar munições, o francês é abatido fulminantemente. Foi como se houvera caído numa cilada: o atacante teve a sorte de uma guarnição apanhada de surpresa. O embate foi de soldados aguerridos, mas, entre dois fogos, estava desfeito o inimigo. Jerônimo mesmo teve de dominar com a sua espada o Sr. de Pisieux. E os franceses foram levados à derrota, apesar de valentes, apesar de atacantes... 

Nesse tempo, e porque o feito devia ser decisivo, já o grande mameluco havia mandado incendiar as canoas dos índios aliados dos franceses, e eles, atordoados do golpe que a estes abatia, agora, só pensaram em fugir. Era, já, a desorientação geral, a derrota que desnorteia. E os próprios franceses atiravam-se às ondas, em busca de salvação. Finalmente, morreram 90 dos brancos inimigos, entre os quais, 7 grandes fidalgos; aprisionaram-se 19, e foram queimadas 46 canoas. São cifras dos próprios vencidos.

Com Albuquerque Maranhão estão dois filhos; o mais velho sai da vitória com três feridas. E o grande capitão, se bem que orgulhoso delas, não se mostra insolente, nem brutal, como o supunha o francês: é que o patriotismo fizera dele um hábil político, de ótima diplomacia. Com a sua tática, ele dominara a grande superioridade do adversário; mas precisava, ainda, tornar aquela vitória definitiva, em bem do Brasil, e com essa diplomacia ele o conseguiu de modo absoluto. Chegou ao ponto de trabalhar para conservar no Brasil, incorporando nele, aquela população de intrépidos franceses, com a boa experiência que tinham da terra e do seu gentio. 

O médico francês, ao aproximar-se de Jerônimo, torna-se um grande entusiasta dos seu méritos, e refere-se, em modo muito expressivo, ao espanto dos franceses quando receberam a primeira, e, sobretudo, a segunda carta do grande capitão: a singela superioridade dos dizeres, sem fanfarronice, nem ameaças, cativou inteiramente o ânimo dos fidalgos vencidos, e que esperavam encontrar-se com selvagens e mamelucos, grosseiros e insolentes. Ao mesmo tempo, o homem de arte, dá o testemunho de como, pelo trato pessoal, Jerônimo fez seus inimigos grandes afeiçoados: “Nunca vi gente tão honesta.” Ele havia curado, também, um filho de Jerônimo, o mais velho, ferido de três tiros. 

Jerônimo Albuquerque Maranhão

Vencem as forças do Brasil, mas é tal a desproporção de meios entre os contendores que, apesar de quanto perderam, ainda os franceses têm superioridade: restavam-lhes 200 soldados europeus, muito gentio aliado, todos os recursos materiais de quem está em casa, num estabelecimento feito, e o domínio absoluto, com o conhecimento perfeito das águas interiores e de todas as suas dificuldades. Jerônimo teria ficado com uns 300 soldados brancos e mamelucos, mas, em tudo mais, inclusive o tratamento dos feridos, estava à mercê dos vencidos. Todavia, ele não aceitou a situação sem motivos mais explícitos: da gente inimiga que entrou em combate, um certo grupo se colocou numa eminência, no mato, e continuou a ameaçar. Então, o próprio capitão foi desalojá-los, e tal resistência encontrou que se retirou, com a perda de sete dos seus homens. Aí, ele teve a ideia nítida da força que ainda restava aos franceses, e da necessidade de não fornecer ensejo de qualquer vitória, em que estes se retemperassem do golpe que receberam. Foi nessa conjuntura, certamente, que o nosso primeiro general fez a flexão de conduta, para o efeito de aceitar as tréguas com Ravardière. Agora, de sob o estrategista e tático elegante, emerge o político, de uma política bem distinta, porque já é nitidamente brasileira.
 
Essas tréguas foram então, pró-fórmula, reprovadas pelo Governo, que delas tirou o resultado principal – os aprestos de socorro. Lisboa teve de desaprová-las. d´Eça, grande soldado brasileiro, mas exclusivamente soldado, condenou-as, antes de qualquer outro. O seu julgamento seria perfeito se das tréguas resultasse que perdêssemos; mas, como foi bem o contrário que se deu, temos de deixar em nada todo o seu critério. Todavia, esse brasileiro foi dos mais eficazes na vitória, e merece que lhe apreciemos os motivos. De fato, não há outros senão o ânimo do valente, mal resignado, a embainhar a espada, quando ainda podia desfechar golpes... Ofereceu-se ao comandante para ir com a sua companhia acabar com o inimigo, desenvolveu o seu plano de tática... E Jerônimo preferiu assegurar o resto da vitória sem maiores guerras... d´Eça protestou, altissonante, ele mesmo o diz: 

“... teve muito dares e tomares com o capitão-mor...”. A atmosfera preparada por Diogo de Campos dava para tanto. O certo é que, se a iniciativa formal para tréguas partiu do campo inimigo, as entradas foram feitas por Diogo de Campos, e Jerônimo aceitou o pacto, na superioridade de quem é solicitado. Ainda assim, as primeiras aquiescências não foram dele. É d´Eça mesmo quem o diz: Ravardière pediu alguém a quem fizesse propostas, Jerônimo mandou-lhe o mesmo Diogo de Campos, certamente porque conhecia a língua francesa, e este, quando veio, já foi, por si mesmo, todo propenso às tréguas propostas. A sua influência ia de novo dividir os alvitres, como no Preá; e o capitão-mor preferiu ser político: compreendeu que a sua responsabilidade alcançava mais do que as simples veleidades de guerreiro, e desta vez aceitou o parecer de Diogo de Campos. Senão: por que preferiria Jerônimo não persistir na luta armada? Por covardia?... Por incapacidade?... Nunca ninguém o viu vacilar na peleja. Quem soube transformar a simples resposta a um ataque em triunfo estrondoso não se sentiria incapaz de continuar a bater o mesmo inimigo. Em face da proposta de tréguas, o mameluco Jerônimo foi mais caboclo do que Albuquerque: ganhou tempo, porque, no adiar, o inimigo devia perder todas as vantagens de antes, ao passo que a vitória frutificaria para os portugueses até que as forças se equilibrassem. “Apesar de vencedores”, comenta o historiador inglês Southey, “bem conheciam os portugueses a desproporção das suas forças... faltavam provisões; o inimigo os bloqueava com seus navios, e não se viam meios de salvação”. O inglês ainda não inclui o pior para o caso: o numeroso gentio que apoiava os franceses em torno das forças de Jerônimo. Assim mesmo as outras inferioridades dos portugueses curar-se-iam, agora, facilmente, ao influxo da vitória, enquanto os vencidos agravariam, com o tempo, a depressão da derrota. Os primeiros efeitos sobre os índios manifestam-se logo, na noite seguinte ao dia da batalha: o principal da ilha veio avisar a Jerônimo de que os franceses esperavam a ajuda de setecentos índios do interior: de fato, vieram; mas imediatamente retrocederam, sem outras manifestações contrárias aos portugueses. 

Aceitando as tréguas, Jerônimo lhes deu a sua inteira responsabilidade. Ao gesto de Ravardière, que assina em nome do Rei de França, ele responde afirmando o grande valor que dá a sua obra: ajunta ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal, e toma o nome de Maranhão. Agora aparecia explicitamente o Brasil, com uma nobreza sua – em sangue e em qualidade, elevada no mérito de haver eliminado definitivamente o secular inimigo. As tréguas asseguraram aos portugueses a vitória efetiva, com um mínimo de perdas. Então, com os próprios recursos do Brasil, era relativamente fácil acudir a Albuquerque Maranhão, que, por si, bem sabia não ter poderes para tratar de modo definitivo; mas, político, quis tirar partido da situação transitória, até reforçar-se nos socorros que certamente lhe mandariam. O mais importante nos primeiros auxílios foi o Capitão português, Caldeira Castelo Branco, com uma pequena esquadra. Chegou, e não demorou em aproveitar todos os veios de invejas, despeitos, rivalidades... para se substituir a Jerônimo, com o que se inutilizaria a sua obra. Esteve por pouco: intrigou, traiu, alimentou facção, e deu ocasião aos maiores desgostos por que podia passar o grande mameluco. “Castelo Branco entrou em relações com o francês e procurou convencê-los de que tinha poderes para novos tratos, ao mesmo tempo que levava parte da guarnição a uma manifestação coletiva, em que pedia que ele, Caldeira, fosse comandante com Jerônimo”. E o adversário, único a lucrar com a parva ambição do intrigante, imediatamente viu o quanto podia aproveitar da sua estúpida deslealdade, e o acoroçoou, num jogo fácil de desunir e tomar tempo, enquanto lhe vinham socorros... Assim, quase se perde a obra do neto de Uirá-Ubi se, em si mesmo, Jerônimo não tem encontrado o motivo de dominar-se, e não descair para a fação: “É verdade que quando chegou Francº Castelo Branco... deu grandes entendimentos a todos os soldados, e franceses, que trazia largos poderes, e assim se amotinaram e se alevantaram os mais dos soldados da sua parte contra o Capitão-mor Jerônimo d’Albuquerque; e não esteve mais o negócio uma noite que haver um homem que metesse mão a espada, sendo assim, que nos perdêramos todos”. Mas o mameluco ergueu-se na melhor hombridade, a do patriotismo, e conteve a sua espada. Como lhe custou, ele o diz: 
... o que passei e sofri por não cair em bandos nem guerras civis, nos quais ouvira de ir parar tudo, sem achar quem me aconselhasse que tomasse armas para dar no francês, antes me  meteram em enredos de que me não sei livrar por me sentir mais para as armas, que para papelista, coisa que nunca usei”.  
A miséria do procedimento do português Caldeira é comprovada em todos os depoimentos, inclusive os dos soldados da sua facção, inclusive os dos franceses (Ravardière) que com ele trataram. Alexandre de Moura, capitão e administrador inteiramente afeito às coisas do Brasil, apesar de ser português, teve de render-se a essa evidência. Viera com grandes socorros, e instruções para liquidar a situação; correra o risco de perder a esquadra por motivos do trato de Caldeira com o Francês, e que valia por uma traição. Falou sempre com toda a autoridade, mas deu inteira razão a Jerônimo, e encarregou-o de resolver a situação militar. Dispondo-se para o combate final, Albuquerque Maranhão levou Ravardière a desistir de toda veleidade de resistência, entregando-se por completo. No entanto, ele próprio, Ravardière, confessou – que ainda tinha meios de lutar eficazmente: “Os Portugueses não tinham meios de obrigar-me a render-me...”. Mas, continuando, ele confessa que Jerônimo tomou-lhe imediatamente todas as saídas, e lhe anulou os meios de defesa. As vantagens dos processos de Albuquerque Maranhão são francamente reconhecidas pelo governo da metrópole, quando se rejubila de sua política que permite alcançar suavemente o mesmo que com as armas se pretende.

Sob o influxo de Albuquerque Maranhão, aquele Norte se fez imediatamente Brasil, na própria tradição de Pernambuco, donde procedia pelo ânimo dos que o conquistaram. O mesmo Alexandre de Moura, influindo em Gaspar de Souza, foi quem mais concorreu para que se destacasse do Brasil o que se chamou, depois, Estado do Pará-Maranhão, desunindo-se, assim, a nação que germinava na colônia. De nada valeu o recorte: o que um grande brasileiro fizera, perdurou, e aquela terra, onde até a morte se exerceu a ação da nova energia de Albuquerque Maranhão, ganhou definitivamente a alma do Brasil, como o afirmou nos momentos turvos de após a Independência.

Não fora a presença do inimigo nas águas do Maranhão, e o destemido e valoroso Albuquerque Maranhão teria puxado a espada contra o trêfego intrigante Castelo Branco. Bem antes disto, já a coesão patriótica dos de Pernambuco-Itamaracá tinha conseguido afastar todos os maus efeitos dos dissídios Frutuoso-Castejón-Morales.

Os Albuquerques Maranhão Contra os Holandeses:

Pouco depois, morre na Paraíba um Jerônimo de Albuquerque, quando secundava o octogenário Cardoso, no ataque ao forte que o holandês havia levantado; e o forte é tomado. Ali mesmo, o irmão desse Jerônimo, Antonio de Albuquerque, bate os invasores na primeira investida, e inicia a boa resistência. Afonso de Albuquerque dá de si o que pode, e, se não obtém maiores resultados é porque o deixam abandonado, em face das grandes forças de Artichojsky, reunidas às de Segismundo. 

Quando, repetidamente batido nas suas surtidas, o invasor se decide a criar novos postos, estendendo o seu poder até o Rio Grande, é mandado a esperá-lo Mathias de Albuquerque Maranhão, outro irmão de Antonio de Albuquerque, apontado para a empresa pelo valor patenteado na linha de guerrilhas que sustentara em Afogados. Weerdemburgh, comandante holandês, que devia operar no Norte, não teve ânimo de descer; foi quando as ações da Companhia baixaram a menos de metade do valor.

No Rio Formoso, Calabar domina com a sua estratégia terrível o forte comandado por Pedro de Albuquerque; a guarnição é de vinte homens, inclusive o comandante: já estão mortos dezenove, e Albuquerque ainda não se rende; com três feridas, atira-se ao rio, atravessa-o a nado, e tenta escapar. O batavo, rendido a tanto valor, recolhe-o, trata-o, e dá-lhe a liberdade depois.


Antonio d'Albuquerque Maranhão

Fidalgo da Casa Real, Capitão-Mor e Governador da capitania do Maranhão, em substituição ao seu pai, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, que faleceu em 11 de fevereiro de 1618, no Engenho Cunhaú, no atual município de Canguaretama no Rio Grande do Norte. Foi também Capitão-Mor e Governador da capitania da Paraíba, nomeado para o cargo em 1622, assumiu apenas por volta de 1627, tendo governado até a conquista da Paraíba, pelos holandeses, em dezembro de 1634. Em outubro de 1649, através da instituição de um novo morgado do desejo expresso de D. João Afonso de Albuquerque e de sua segunda mulher, Dna. Violante de Távora, Antônio de Albuquerque, o filho mais velho de Jerônimo, foi nomeado 3º Senhor da Casa dos Bicos, de Brás de Albuquerque, em Lisboa. Lá casou-se com Joana Castelo Branco, neta paterna dos primeiros condes do Sabugal, com quem teve 2 filhos, Afonso de Albuquerque Castelo Branco e Antônia Margarida de Castelo Branco.

Em 1631, o Governador e Capitão-Mor da Paraíba, Antônio de Albuquerque Maranhão, preocupado com a defesa na barra do rio Paraíba, mandou construir na margem oposta, ao Cabedelo, no atual distrito de Costinha, em Lucena, o Forte de São Sebastião. Mandou também reforçar o fortim da ilha da Restinga, para assim formar um triângulo defensivo. No dia 2 de dezembro de 1631, uma frota holandesa de 16 naus, capitaneadas pelo tenente-coronel Stein-Callefels, com 1600 homens comandados pelo major Hugo-Wirich, saiu de Recife rumo a Paraíba, desembarcando no Cabo Branco no dia 05 de dezembro. Antônio Albuquerque, prevendo que o desembarque pudesse ocorrer na praia de Cabo Branco, havia montado uma linha defensiva no local que tentou impedir que o inimigo desembarcasse, porém, sofrendo grandes perdas, recuou até o forte de Cabedelo permitindo assim que os neerlandeses ali se instalassem. Após 6 dias de combates intensos tentando conquistar o forte e os portugueses a defendê-lo, o exército neerlandes constatou que não possuia homens suficientes para a empreita e retirou-se, na madrugada do dia 12 de dezembro de 1631. No início de 1634, os neerlandeses preocupados com a chegada do inverno, quando os ventos mudavam e dificultavam a vinda de reforços da Europa, resolveram atacar a cidade de Filipéia, na Paraíba, por pensarem ser este o local mais fácil de conquistarem com as forças que dispunham. Em 24 de fevereiro, 21 navios, levando 1500 homens, partiram de Recife para a Paraíba, repartidos em 2 divisões. A primeira divisão tinha como missão invadir o rio Paraíba e assumir o controle do fortim da ilha da Restinga, para bloquear a passagem do rio. A segunda divisão, da qual a primeira dependia, tinha como missão conquistar o Forte Santo Antônio, impedindo que este atacasse a primeira divisão. No dia 27, a primeira divisão aportou em frente a foz do rio Paraíba, enquanto a segunda se dirigiu para Lucena para desembarcar suas companhias. Em terra, 150 homens comandados pelo coronel Sigismund von Schkopp avançaram pela trilha estreita que dava no forte, único caminho possível já que era cercada pelo mangue de um lado e pelo mar do outro. Porém ao se aproximarem, seus batedores avistaram uma trincheira com paliçada bloqueando a estrada, mas, mesmo assim, Schkopp resolveu avançar aproveitando a noite. Tendo avistado os neerlandeses, a companhia do capitão Domingos de Almeida e a tropa indígena de Simão Soares, começaram a atirar e lançar flechas fazendo-os recuarem. Os neerlandeses voltaram pouco depois, munidos de machados e enxadas para destroçar a paliçada, porém foram novamente rechaçados. Na madrugada do dia 28, houve mais uma tentativa infrutífera, então Schkopp resolveu se entrincheirar e aguardar a vinda de reforços, porém Antônio de Albuquerque enviou tropas de Cabedelo para reforçar a defesa da paliçada e, ainda, enviou 500 homens, dentre os quais 200 índios, em barcas pelos manguezais, que atacaram os neerlandeses pela retarguada. Perdendo muitos homens, os holandeses tiveram que fugir às pressas.

Com reforços vindos da Europa, sob o comando do coronel Crestofle Arciszewski, mais as tropas sob o comando do coronel Schkopp, os neerlandeses dispunham de 2.534 soldados para conquistar a Paraíba. No dia 25 de novembro de 1634, a frota de ataque neerlandesa, composta de 29 navios, capitaneada pelo experiente Almirante Lichthart, partiu de Recife rumo a Paraíba, chegando a costa do Cabo Branco dia 4 de dezembro. Utilizando os iates e chalupas, desembarcaram parte de suas tropas na enseada do Jaguaribe, distante de Cabedelo. Três navios prosseguiram em frente com ordens de ancorar na ponta de Lucena. Recebendo a notícia que os neerlandeses estavam desembarcando na enseada, Antônio Albuquerque reuniu-se com as companhias dos capitães D. Gaspar de Valcaçar e Domingos de Arriaga e marchou para lá. Como era uma caminhada de quase dez quilômetros, quando chegaram, os neerlandeses já haviam desembarcado 600 homens que foram posicionados em três fileiras voltadas, uma para o mar, uma para a floresta e a outra para o caminho a frente, por onde vinha Albuquerque, com um canhão cada. O combate se desenrolou na enseada do Jaguaribe, porém vendo-se em desvantagem, Antônio de Albuquerque ordenou a retirada, mas durante a fuga alguns soldados foram capturados pelos neerlandeses e, um, em troca de sua liberdade, lhes informou sobre um caminho que levava ao Forte Cabedelo. No dia 5, os coronéis Schkopp, com 3 companhias, e Arciszewski, com duas, levando consigo, cada um, um canhão de bronze, avançaram pela praia rumo ao forte. A preocupação dos neerlandeses dessa vez, não era atacar, mas estabelecer seus acampamentos. O capitão Kaspar van der Ley foi destacado para seguir o caminho indicado pelo prisioneiro levando consigo 3 companhias, enquanto que o restante seguiu pelo rio até o forte. Ley encontrou um local ideal, "a um tiro de arcabuz" do forte e, ainda, protegido por uma colina. No dia 6, os holandeses estavam com três acampamentos prontos com suas baterias instaladas. No dia 9, de madrugada, 7 iates e 7 botes, com 400 soldados comandados pelo almirante Lichtart, tomaram de assalto o forte da Restinga, causando um dano irreparável a defesa da Paraíba. Os neerlandeses passaram a usar a bateria da Restinga contra os portugueses dificultando o remanejamento de tropas e o envio de suprimento entre os fortes de Cabedelo e Santo Antônio. Nos dias que se sucederam, as forças neerlandesas bombardearam o forte de Cabedelo constantemente, atingindo, por vezes, a sua parte interna. No dia 18, enquanto o Governador Antônio Albuquerque ainda planejava com o Conde de Bagnuolo e o capitão La Riba Aguero a melhor maneira de enviar reforços ao Cabedelo, sem que houvessem muitas baixas, os capitães do forte, Gregório Guedes Souto Maior e D. Gaspar de Valcaçar se renderam aos neerlandeses. Antônio Albuquerque, que estava no forte Santo Antônio, ao saber da perda, foi refugiar-se na ermida de Nossa Senhora da Guia (atual Igreja de Nossa Senhora da Guia). Dia 22, os neerlandeses começaram a tocar os tambores de rendição nas cercanias do forte Sto. Antônio. Os capitães Valcaçar, Munoz e Palomo, que haviam chegado com reforços, viram que o forte não tinha condições de resistir e se renderam, após negociações, na manhã do dia 23. Ao saber da rendição, o Conde de Bagnuolo, que se encontrava em Filipéia, ordenou que se queimassem as casas e os estoques de açúcar e de pau-brasil, para não deixar espólios ao vencedor, e ordenou ainda que os ocupantes do forte do Viradouro levassem quantos canhões pudessem carregar e se retirassem para o interior para montar uma resistência. Dada as ordens, partiu para Pernambuco com suas tropas. Antonio Albuquerque e suas companhias incendiaram três navios e dois armazéns carregados de açúcar e partiram para o interior. No dia 24, véspera der Natal do ano de 1634, os neerlandeses adentraram a cidade abandonada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.


Genealogia da Família Albuquerque Maranhão:

1. Jerônimo Albuquerque; índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), fª. do cacique Uyrá-Ubi

2. Jeronymo d'Albuquerque Maranhão c.c. D. Catharina Feio/Feijó

3.1. Antonio d'Albuquerque Maranhão c.c. Joana Castello Branco

4.1. Affonso d'Albuquerque Maranhão

4.2. D. Antonia Margarida de Castello Branco c.c. Bras Telles de Meneses, filho de D. Fernando Telles de Faro Meneses e Carvalho, e de D. Marianna de Noronha, filha N. de Christóvão Soares e de D. Catharina de Noronha, filha de D. Francisco Pereira, Commendador de Pinheiro.

3.2. Mathias d'Albuquerque Maranhão c.c. Isabel da Câmara

     4.1. Afonso de Albuquerque Maranhão, sr. do engenho Cunhaú, c.c. Isabel de Barros Pacheco.

         5.1. Gaspar de Albuquerque Maranhão, igualmente sr. de Cunhaú, capitão-mor de Goianinha. Vivia em 1758 e c.c. Luzia Vieira de Sá

                  6.5 André de Albuquerque Maranhão, † 1806, coronel de regimentos auxiliares na Paraíba, c.c. Antonia Josefa do Espírito Santo Ribeiro. De seus quatro filhos descendem os de nome Albuquerque Maranhão, que existem até hoje

3.3. Jeronimo de Albuquerque Maranhão, a quem mataram os hollandeses no anno de 1631.

Engenho do Cunhaú, de propriedade dos Albuquerque Maranhão, no Rio Grande do Norte,
aonde se deu o massacre de brasileiros que se negaram a renunciar a Santa Fé Católica.

Outros Clãs:

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Clã dos Pinheiro (s)


Incidência do sobrenome
Pineiro em Galiza
O sobrenome Pinheiro / Pineiro, é bastante antigo. Os sobrenomes com nomes de árvores, tais como: Pinheiro, Carvalho, Figueira, Nogueira, etc... são de origem celta, anteriores ao Séc. V A.C.. 

Na Galiza, registra-se Antonio Pineiro y Aguilar, primeiro conde de Betanzos (próximo A Corunha, Galiza) entre os Séc. X e XI.



Portugal:

PINHEIRO. Da linhagem dos Pinheiros saiu a dos de Outiz, como se supõe. Gomes Nunes de Outiz, senhor da Quinta de Outiz, cavaleiro de um escudo e de uma lança, como diz o conde D. Pedro, parece neto de Pedro Afonso Pinheiro, a quem D. Afonso III deu uns pardieiros em Santarém, que talvez fosse Filho de Afonso Pinheiro, morador na província do Minho no ano de 1301, onde defendia por honra o lugar de Rebordões, da freguesia de Insalde, no concelho de Paredes de Coura, por aí se haver certamente criado um seu filho. Gomes Nunes de Outiz casou com D. Melícia Fernandes Camelo, filha de Fernão Gonçalves Camelo e de D. Constança Pires de Arganil, e teve por filhos a Estevão Gomes de Outiz, que foi contemporâneo do rei D. Pedro I e senhor da quinta de Outiz, a Pedro Gomes Pinheiro, com geração extinta, e a Tristão Gomes Pinheiro, casado em Barcelos, com geração.

Estêvão Gomes de Outiz houve a Gil Esteves de Outiz, que teve o senhorio da mesma quinta, foi cavaleiro da casa de El-Rei e seu vassalo, contemporâneo de D. Fernando I e de D. João I, que muito estimaram, dando-lhe o primeiro a terra da Cunha, o préstamo do castelo, a renda dos seus casais de Guimarães, a vila e terra do Prado, esta confirmada pelo último dos mencionados Príncipes, que também lhe doou vários lugares do ano de 1385, por ele haver tomado armas em seu serviço contra Castela, o qual no mesmo ano lhe coutou e honrou a quinta de Oliveira na vila do Prado. Este Gil Esteves teve descendência do apelido de Outiz, que se extinguiu na segunda geração. Estêvão Gomes teve ainda a João Esteves Pinheiro, casado com uma sua prima, de quem houve descendentes, e D. Mor Esteves Pinheiro, que sucedeu em grande parte da casa paterna e se recebeu com Martim Lopes ou Gomes Lobo, ouvidor-geral das terras do Duque D. Afonso, filho de D. João I, e que se diz ter sido também alcaide da vila de Barcelos, de cujo matrimônio proveio muita e ilustre geração do apelido Pinheiro, que parece haver-se perpetuado apenas pelos descendentes desta senhora e pelos de seu irmão João Esteves Pinheiro.

Heráldica, brasão de armas Pinheiro: De prata, com cinco pinheiros arrancados, de verde, postos em sautor. Timbre: um pinheiro do escudo.

O ramo de Barcelos usa: De vermelho, com um pinheiro de sua cor, arrancado de prata, frutado de ouro e um leão do mesmo, à esquerda, rampante, contra o tronco da árvore. Timbre um leão d eouro, com um ramo de pinheiro da mão.

Trazem os Pinheiros de Andrade por armas: De prata, com cinco pinheiros arrancados de verde, postos em sautor, e chefe do mesmo, carregado de uma banda de vermelho perfilada de ouro, abocada por duas serpes do mesmo. Timbre: um pinheiro de verde, sainte da boca de uma cabeça de serpe d eouro e posto em pala.


Solar dos Pinheiros em Barcelos
Brasões da família Pinheiro com seus respectivos ramos


O Clã da Família Carvalho Pinheiro na Bahia:

Manuel Pinheiro de Carvalho, natural de Portugal, passou para o Brasil em companhia de seus irmãos Rui Carvalho Pinheiro e Nicolau  Pinheiro Carvalho, foi Fidalgo da Casa Real, e na Bahia casou com D. Maria de Barros, filha legítima de Manuel de Paredes da Costa, dos legítimos Paredes de Viana, e de sua mulher Paula de Barros, que era filha de Gaspar de Barros de Magalhães, o velho, fidalgo conhecido, e de Catarina Lobo, sua mulher, sobrinha do Conde de Sorteia uma das órfãs que a sereníssima rainha D. Catarina remeteu ao governador do Brasil para as casar com as principais pessoas, que vieram à fundação da nova cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos. 

1. De Manuel Pinheiro e de sua mulher D. Maria de Barros foram filhos:

2.1. Nicolau Carvalho Pinheiro, que se segue, nasceu em 1621.

2.2. D. Margarida de Barros, adiante.

2.3. D. Felícia Lobo,

2.4. Manuel Pinheiro de Carvalho, adiante, nasceu em 1627.

2.5. D. Maria de Barros Lobo, nascida em 1628, casada com Francisco de Azevedo.

2.6. Francisco Carvalho Pinheiro, adiante, nasceu em 1630.

2.7. André Pinheiro de Carvalho, que casou com D. Orsula de Freitas, sem sucessão.

2.8. D. Brites de Barros, mulher do capitão-mor Antônio de Alemão. Nasceu em 1633.

2.9. Antônio Pinheiro, D. Inês, e 5 mais que faleceram solteiros. Nasceu D. Inês no ano de 1636.


2.1. Nicolau Carvalho Pinheiro, primogenito do capitão Manuel Pinheiro de Carvalho e de sua mulher D. Maria de Barros, teve o foro de seu pai e casou com D. Maria de Aragão, filha de Luiz Pereira de Aragão, natural da ilha da Madeira e de sua mulher e prima D. Antônia de Aragão, irmãs de D. Isabel de Aragão, mulher de Francisco Barreto de Meneses, Fidalgo da Casa Real, e senhor do engenho de Mataripe, por serem ambas filhas de Melchior de Aragão e de sua mulher Maria Dias. Teve Nicolau Carvalho de sua mulher D. Maria de Aragão filhos:

 

2.6. Francisco Carvalho Pinheiro c.c. Leonor Teles de Escobar filha de João Borges de Escobar e de sua mulher Joana Teles, e teve filhos.

 

3.1. Antônio, que faleceu sem filhos, batizado a 27 de janeiro de 1653 no Socorro.

3.2. Maria Teles, primeira mulher de Antônio Rabelo de Macedo, batizada a 13 de setembro de 1654.

3.3. Joana Teles Pinheiro, batizada a 25 de fevereiro de 1666.

3.4. Inês Lobo Pinheiro, batizada a 26 de junho de 1661.

3.5. Inácio Teles Pinheiro, batizado a 31 de dezembro de 1663. c.c. D. Maria de Sá de Meneses, filha do capitão Francisco de Sá Barreto e de sua mulher D. Jerônima Diniz. Francisco de Sá, que faleceu solteiro. O padre Antônio Teles de Meneses, sacerdote secular. Cláudio Teles de Meneses, casado com D. Isabel Maria de Souza. sem filhos. Rui Carvalho Pinheiro, a quem chamavam o velho irmão de Manuel Pinheiro Carvalho, que passou com o dito seu irmão de Portugal para a Bahia, foi moço de câmara, escudeiro e cavaleiro fidalgo, e teve o foro nó ano de 1577. dado pelo Duque de Bragança a rogo do Sr. D. Duarte. que lho encomendou muito em seu testamento. Na Bahia casou este Rui de Carvalho três vezes, como consta da verba do seu testamento. além de outras memórias manuscritas. A primeira com Orsula do Rego. filha de Salvador Fernandes do Rego. o moço, da qual teve filhos:

 

4.1. Rui Carvalho Pinheiro, filho do primeiro. Teve também o foro de fidalgo dado por el-rei, sendo mordomo-mor o bispo de Coimbra. Foi casado três vezes; a segunda com D. Catarina de Azevedo, filha de Gaspar de Azevedo, e desta não teve filhos. Casaram a 10 de janeiro de 1667. Segunda vez casou com D. Apolônia de Araújo, filha de Gaspar de Araújo de Góes e de sua mulher Maria do Rego, e também não teve filhos. Faleceu a 10 de janeiro de 1673, sepultado no Carmo. Foi casado este Rui Carvalho a primeira vez com D. Catarina Ravasco.

Terceira vez casou Rui Carvalho, acima, com D. Isabel de Alméida, que desta não teve filhos. E faleceu ele a 31 de março de 1645. Testamenteiro seu irmão Nicolau Carvalho Pinheiro e seu filho Rui Carvalho Pinheiro, que se segue.

Por morte deste seu marido, casou esta D. Isabel segunda vez com o alferes Filipe Cardoso do Amaral, filho do capitão Manuel Cardoso do Amaral e de sua mulher D. Maria Pacheco. Casaram a 3 de maio de 1651.

4.2. Francisco, batizado a 2 de janeiro de 1620. Segunda vez casou com D. Maria de Souza, e teve desta três filhas:

4.3. D. Catarina de Souza, mulher do desembargador João de Góes de Araújo.

4.4. D. Violante Pinheiro, filha de Rui Carvalho Pinheiro, acima, e de sua segunda mulher D. Maria de Souza, casou com o capitão João da Silva Vieira natural da ilha da Madeira, freguesia da Sé, filho de Jerônimo Vieira Tavares e de sua mulher Catarina Machado; casaram a 11 de setembro de 1662.

Diz assim o livro da Sé: Aos 10 de janeiro de 1667, recebi dispensados no parentesco, que entre si têm, pelo sumo pontífice, ao sargento-mor Rui Carvalho Pinheiro, viúvo que ficou de D. Catarina Ravasco, com D. Catarina de Azevedo, natural de Santa Bárbara, filha de Gaspar de Azevedo e de sua mulher Maria Nunes.

4.5. D. Inês de Castro, mulher de Simeão de Araújo de Góes.

3.6 Leonor Teles, que faleceu solteira. 



quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Clã dos Pires



PERES/PIRES
. Este apelido foi, na origem, patronímico de Pedro, e é o mesmo que Pires, forma esta que se radicou no nosso país, sendo aquela a espanhola e usada em Portugal sòmente nos primeiros reinados. Como é originário de patronímico, não há uma só família deste nome, mas muitíssimas, visto terem sido, também, muitíssimos os Pedros de que provieram.

Heráldica, Brasão de Armas da Família Pires: De vermelho, com cruz de ouro, cantonada de quatro flores-de-lis do mesmo: contrachefe ondado de prata e de azul; bordadura de ouro, carregada de oito aspas de vermelho.
Timbre: uma aspa de ouro, com uma flor-de-lis de vermelho entre as extremidades superiores.



PIRES - O Clã Nortenho Fundador de São Paulo

A família Pires se notabiliza não apenas por ser uma das mais antigas do Brasil, como também, por não terem como origem apenas um único casal, mas toda uma parentela, que juntos, se assentam na Capitania diretamente do Reino. Oque refletirá muito propriamente o caráter nortenho de sua raça.

Desse tronco, derivam os Buenos, comos os Velhos, além de todo um entrelaçamento futuro com outras famílias. É dizer, em São Paulo, todos são Pires.

Em 1531, João Pires, o Gago, junto com seu filho Salvador Pires, casado com Maria Rodrigues, e que trouxe também essa, suas irmãs: Francisca de Garcia Rodrigues e Izabel Velho. Vindo também com João Pires seu primo Jorge Pires, cavaleiro fidalgo, todos procedentes do Porto, no Minho, chegam ao Brasil, e se estabelecem na vila de São Vicente em 1533, tendo sido João Pires seu primeiro juiz ordinário. De São Vicente passaram a Santo André da Borda do Campo e depois a São Paulo de Piratininga.

SALVADOR PIRES, o Velho, filho de João Pires, o Gago, nasceu por volta de 1515, na cidade do Porto, em Portugal; faleceu em 1592 em seu sítio, situado acima da cachoeira Patuahy, no rio Tietê, em São Paulo.

Em 1573, Salvador Pires, o Velho, recebeu uma carta de sesmaria, concedida pelo governador da Capitania de São Vicente, Jerônimo Leitão, na qual consta que lhe foi dada meia légua de terras na tapera que tinha sido alojamento do índio Baibebá, partindo pelo campo de Piratininga, por ser o dito Pires lavrador potentado, que dava avultada soma de alqueires de trigo ao dízimo, além das colheitas de outros frutos todos os anos.

Do seu casamento com Maria Rodrigues, conterrânea da cidade do Porto, Salvador Pires, o Velho, teve dois filhos, os brasileiros Manoel Pires (?) e Salvador Pires.


SALVADOR PIRES, o Jovem, nasceu em 1540, na Vila de Santo André da Borda do Campo, SP. Ocupou os principais cargos da governança, entre os quais, o de Procurador do Conselho, em 1563, e de Juiz Ordinário, em 1573. Foi capitão-do-mato e bandeirante tomou parte na bandeira de Nicolau Barreto ao sertão do Guairá (1602); foi pioneiro na importação de videiras da Itália, que plantou em sua fazenda Ajuhá (na atual Freguesia do Ó). Suas lavouras eram mantidas com muitos trabalhadores, principalmente índios catequizados sob sua administração (1607); defendeu o litoral contra os invasores holandeses. Quando recebe a patente de Capitão-da-gente de São Paulo (1624); retornou ao sertão do Guairá, na grande bandeira de Antonio Raposo Tavares (1628).
    Casou-se duas vezes. A primeira com N... de Brito; a segunda pós o falecimento da primeira esposa, com Mecia Fernandes (Mecia-Ussú), natural de São Paulo, filha de Antonio Fernandes e de Antonia Rodrigues, por esta neta de Antonio Rodrigues e da índia batizada pelo padre Anchieta com o nome de Antonia Rodrigues, a qual foi filha de Piqueroby, chefe tupiniquim de Hururay.

Teve doze filhos, sendo quatro do primeiro matrimônio e oito do segundo: 

Beatriz Pires Brito, 
Diogo Pires, 
Amador Pires, 
Domingos Pires, 

Maria Pires c.c. Bartholomeu Bueno de Ribeira (tronco dos Buenos)
Catharina de Medeiros, 
Anna Pires de Medeiros, 
Izabel Fernandes Pires, 
capitão Salvador Pires de Medeiros c.c. Ignez Monteiro de Alvarenga
João Pires, 
Custodia Fernandes e; 
Antonio Pires.


A filha de Salvador, Maria Pires, em 04/08/1590, casou-se com Bartholomeu Bueno de Ribeira, natural de Sevilla, Espanha. Desse casamento foi gerado o filho Francisco Bueno de Ribeira, que se casou, em 1630, com Filippa Vaz e lhe deu o neto Bartholomeu Bueno da Silva, o 1º Anhangüera (RICHA, 2016).



Salvador Pires de Medeiros c.c. Ignez Monteiro de Alvarenga

1.1 Alberto Pires 
1.2 Maria Fernandes Pires 
1.3 Antonio Pires de Medeiros 
1.4 Izabel Pires de Medeiros 
1.5 Maria Pires de Medeiros 
1.6 Anna Pires de Medeiros 
1.7 Bento Pires de Medeiros 
1.8 Maria Pires Fernandes 
1.9 Salvador Pires de Medeiros 
1.10 João Pires Monteiro 


O Ramo Pires Bueno:

O bandeirante Francisco Bueno de Ribeira, filho de MARIA PIRES com o espanhol Bartholomeu Bueno de Ribeira, serviu honrosos cargos da governança em São Paulo e foi capitão de uma bandeira, durante a qual veio a falecer, em 1638. Foi casado com Filippa Vaz.

Foram os "Bartolomeu Bueno da Silva", pai e filho, os primeiros desbravadores dos sertões de Goiás,  e fundador da Vila Boa de Goyaz.

A vida do "Anhangüera" e seus descendentes .... O mito do bandeirante está presente em todos os espaços goianos – monumentos, praças, ruas e até na bandeira da capital do estado de Goiás, como um herói imbatível e audaz.

Seu filho, BARTOLOMEU BUENO DA SILVA, foi o 1º Anhanguera, filho do capitão Francisco Bueno de Ribeira com Filippa Vaz, nascido em 1637, em Santana de Parnaíba-SP, e falecido em data e local desconhecido, foi notável sertanista que, devassou os sertões de Goiás em 1682, com seu filho, de nome homonimo (o 2º Anhangüera), descobrindo ouro, tendo observado índias que se ornavam com aquele metal e conseguindo que lhes dissessem o lugar de onde conseguiam, com o estratagema de atear fogo a um vaso de aguardente, dizendo ser água, e que assim procederia com os rios e lagos daquele sertão, que os secariam ateando fogo, caso não dissessem o lugar. E foi assim que recebeu a alcunha de Anhangüera, o diabo velho, que o imortalizaria.

Bartolomeu Bueno da Silva, o 2º Anhanguera, bisneto de Maria Pires, nasceu em Santana de Paranaíba, em 1672 e faleceu pobre, em Vila Boa de Goiás, em 1740, a cidade que criou. Com a idade de apenas 12 anos já acompanhava o seu pai ao sertão e, em 1722, se apresentou ao Gov. Rodrigo Cesar de Menezes para explorar de novo os sertões de Goiás. Organizou uma numerosa comitiva, que incluiu o sobrinho ANTONIO FERRAZ DE ARAÚJO, filho de MARIA PIRES BUENO, neto de Bartolomeu Bueno da Silva (pai) e bisneto de MARIA PIRES e de Bartholomeu Bueno de Ribeira.


A Guerra entre os Pires e os Camargos na Capitania de São Vicente:


Em 1640, se inicia, por um crime passional, a Guerra entre Pires e Camargos que assolará a Capitania de São Vicente. Alberto Pires, casado com Camargo, mata Antonio Pedroso de Barros, e sua própria esposa Camargo, em razão de adultério. 

Como se perpetrou o ocorrido, não ficou bem elucidado. O fato é que há um testamento de Antonio Pedroso de Barros (vítima de Alberto Pires), pedindo que perdoassem seus assassinos em razão “dos seus pecados”. Se depreende que Antonio Pedroso de Barros possa ter sido atocaiado, e ferido de morte, conseguiu fugir, lavrando o tal testamento em seu leito de morte, quando se encontrava em sua estância cercado pelos Pires. E a esposa de Alberto Pires, Camargo, morta, hipoteticamente, quando do encontro sorrateiro que teve com seu amante, Antonio de Barros, oportunidade em que sofreu a tocaia.

O fato é que esse acontecimento desencadeou uma guerra entre os dois mais poderosos clãs d´aquela capitania: Pires e Camargos.

A família Camargo e os Pedroso de Barros deram início as represálias. "Então os irmãos dos mortos em numeroso corpo de armas, solicitava o despique pela dor que lhe ocupava, procuraram também lavar a ofensa de sua, mágua no sangue mesmo do autor dela tirando-lhe a vida a ferro frio". Só o sangue lava o sangue.

Alberto Pires, a quem os Camargos juraram beber o sangue, se refugiou em uma fazenda de sua mãe, D. Inês Monteiro de Alvarenga, na serra de Ajubá. O engenho dos Pires foi cercado. E para salvar a vida do filho, a velha Inês Monteiro, apareceu à porta da casa alçando um crucifixo, pedindo aos sitiantes que popupassem a vida de seu filho, que se submeteria ao arbitrio dos tribunais. Os Camargos fizeram acôrdo e protestaram, conformarem-se com o veredito da Relação da Bahia onde Alberto Pires seria julgado. Preso, segue Alberto Pires para o Rio de Janeiro e, por serras e vales, segue Inês Monteiro para conseguir a todo transe a liberdade do filho.

À altura da Ilha Grande, evitando mar adverso, a sumáca que transportava Alberto Pires e sua escolta aportou à ilha. Sabedores da escolta de Inês Monteiro, que também se dirigira para o Rio afim de conseguir o livramento do filho, e isso querendo evitar, ou temendo os capangas que a matrona estaria aliciando para, à força, retirar de bordo o prisioneiro e dar-lhe fuga, ou ainda por serem parciais dos Camargos o fato é que a escolta resolveu dar fim alí mesmo ao acusado, o que fizeram amarrando-lhe uma pedra no pescoço e atirando-o ao mar. E a sumáca rumou de volta para Santos. Inês Monteiro, tomada pela dôr e o ódio, passou a ser "a mais, rija parte desta contenda", a  Nemesis da sua gens na luta terrível contra os Camargos.


Família Peres em Pernambuco:

O sobrenome Peres em Pernambuco é um aportuguesamento do sobrenome Peters de origem germânica, referente ao "alemão" Jacques Peres, que deixou geração, quase toda ela casada na família Leitão de Albuquerque.


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Clã dos Furtado de Mendonça

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