Os Holandas provêm do holandês Arnau Florentz, ou Arnau de Holanda (*1515 em Utrecht, + 24 de jun. 1614, em Olinda), filho de Margaretha Florentz e Hendrick Van Holland, Barão de Rhijnsburg / Theorobonet. Margaretha era irmã de Adriano Florentz, que veio a ser o Papa Adriano VI, o último Pontífice não-italiano até João Paulo II.
Arnau, veio para o Brasil em 1535, a convite de Duarte Coelho. Casou-se em Pernambuco com D.ª Brites Mendes de Vasconcelos, filha de Bartolomeu Rodrigues, camareiro-mor do infante D. Luís, filho do Rei D. João III.
D.ª Brites, quando jovem, orfã, ainda em Portugal, contava com valioso apoio da família Real. Conforme Borges da Fonseca, numa referência a Brites Mendes de Vasconcelos, diz que a Rainha D.ª Catarina, esposa d'El-Rey D. João III:
“a entregara a D. Brites de Albuquerque quando passou à Pernambuco em companhia de seu marido o Donatário Duarte Coelho, recomendando-lhe a sua acomodação, ao que generosamente satisfizera D. Brites de Albuquerque, casando-a com Arnau de Holanda e dando-lhe em dote muitas terras, nas quais fundou Brites Mendes muitos engenhos, que possuem hoje seus descendentes.”
Especula-se, que D.ª Brites, fosse na verdade, filha do infante D. Luís, ao invés do camareiro-mor Bartolomeu Rodrigues, que quando casou com a mãe da pequena Brites, já era um homem idoso. Oque explicaria o zelo da Rainha, D.ª Catarina, por D. Brites, sua neta (?).
Heráldica: não se tem registro do Brasão da família Holanda (Florentz Holland). Com o incêndio de Olinda pelos protestantes, a depredação das igrejas, e com o êxodo das principais famílias de Pernambuco para a Bahia, inúmeros registros de batismos e documentos familiares foram perdidos. A título meramente ilustrativo, esboçamos o Brasão de armas do Papa Adriano VI, irmão de Margaretha Florentz, mãe de Arnau de Hollanda. O Papa Adriano VI, foi um dos poucos pontífices que conservou seu nome de batismo ao ser consagrado Papa, e comumente, o brasão papal, ostenta suas armas de família. Assim, ao menos pelo lado materno, o Brasão de Armas de Arnau de Holanda devia ser as mesma de seu tio materno, o Papa Adriano VI.
Arnau de Holanda (Arnau Florentz) casou com D.ª Brites de Vasconcelos, e desse consórcio tiveram 10 filhos, 5 machos e 5 fêmeas. Quatro dos quais (Christovão, Antonio, Isabel e Anna) se entrelaçaram com a família Cavalcanti d'Albuquerque. Duas (Adrianna e Joana) com os Lins. Ignez casou com Luiz Rego Barros. Estando assim, os Hollandas, intrinsecamente ligados a progênese desses três clãs.
Do matrimônio de Arnau de Holanda com Brites Mendes de Vasconcelos nasceram:
1. CHRISTÓVÃO DE HOLANDA DE VASCONCELLOS casado com Catarina de Albuquerque, filha de Filipe Cavalcanti e Catarina de Albuquerque.
2. Antônio de Hollanda de Vasconcellos, foi casado duas vezes; a primeira com D. Felippa de Albuquerque, filha de Felippe Cavalcante, o Fidalgo florentino, do qual só teve os três filhos, e a segunda com Anna de Moraes
3. AUGUSTINHO de Holanda Vasconcelos. Nasceu em 1542, e faleceu em 1600. Juiz Ordinário, casou com Maria de Paiva, filha de Balthazar Leitão Cabral e de Ines Fernandes.
4. ISABEL de Goes, que veio a se casar com Antonio Cavalcanti Albuquerque, filho do nobre florentino Filippo Cavalcanti e de Catarina de Albuquerque, filha de Jerónimo de Albuquerque (o torto) e de Maria do Espírito Santo Arcoverde.
5. IGNEZ de Goes casada com Luiz do Rego Barros, natural de Viana do Castelo, Portugal, filho de Afonso de Barros Rego e Maria Nunes.
6. ANNA de Holanda, casada com João Gomes de Mello (f.º de Filippo Cavalcanti e de Catarina Albuquerque), com quem teve 10 filhos: 5 machos e 5 femeas.
7. MARIA de Holanda, casada com o nobre Antônio de Barros Pimentel, natural de Viana do Castelo.
8. ADRIANNA de Holanda, casada com Christovão Lins.
9. JOANA de Goes de Vasconcelos, casada com Bartolomeu Jácome Lins.10. MÉCIA Barbosa, casada com o nobre André da Rocha Dantas I, o Velho, natural de Viana do Castelo, proprietário de grossas fazendas no Rio São Francisco.
GENEALOGIA DA FAMÍLIA HOLANDA:
1. Hendrick Van Holland c.c. Margaretha Florentz
Os Holandas no Ceará:
1. Hendrick Van Holland c.c. Margaretha Florentz
2.1 Christóvão
de Hollanda de Vasconcellos filho primogênito de Arnáo de Hollanda e de sua
mulher Brites Mendes de Vasconcellos, viveu sempre em Olinda, sua pátria, e
nella fallecêo, a 2 de Junho de 1614,
3—Bartholomeo
de Hollanda Cavalcante, que continua.
3—Christóvão
de Hollanda de Albuquerque, adeante.
3—Felippe
Cavalcante d'Albuquerque, adeante.
3—O
Padre Luiz Cavalcante, clérigo Presbytero. — Frei João Cavalcante, Religioso da
Ordem de N
3
— Manoel de Hollanda Calheiros, adeante.
3—Anna
de Hollanda, que casou com seu parente Francisco de Barros Maneli, filho de
Nicoláo Espineli e de sua mulher Adrianna de Hollanda e delle teve a sucessão.
3
— Bartholomeo de Hollanda Cavalcante que faleceu em Olinda, sua pátria, a 6 de
junho de 1623, e foi sepultado na capela de sua avó Brites de Vasconcellos,
digo, Brites Mendes de Vasconcellos, na igreja Matriz do Salvador, deixando por
seus testamenteiros a sua mulher D. Justa, a seu primo Francisco do Rego Barros
e a Manoel de Abreu. Foi casado com a dita D. Justa da Costa, irmã da segunda
mulher de seu pai, e filha do sobredito Manoel da Costa Calheiros e de sua
mulher Catharina Rodrigues e deste matrimônio nasceram:
4
—Jeronymo Cavalcante d'Albuquerque, que continua.
4
— Bartholomeo de Hollanda que foi senhor do engenho da Aldeia em Iguarassú
(A).
4
— D. Anna Cavalcante, adeante.
4
— D. Isabel Cavalcante, da qual não tenho outra noticia. —Jeronymo Cavalcante
d'Albuquerque, que serviu na guerra dos holandeses e foi Cavalleiro da Ordem
de São Bento de Aviz, casou duas vezes; a primeira com D. Catharina de Abrêo,
filha de Francisco de Abreo Soares e de sua mulher Leonor Borges, e a segunda
com 1 de quem não tenho noticia, nem se deste segundo matrimônio houve
sucessão e do primeiro só sei que nasceu:
—
D. Justa Cavalcante, que do termo de Irmão da Mizericordia, que a 6 de Agosto
de 1660 assignou Luiz Fernandes Delgado, filho de Gaspar Fernandes Madeira e de
sua mulher D. Anna Delgado, consta que então era casado com ella e por
fallecimento deste Luiz Fernandes Delgado, de quem não sei se teve sucessão,
casou com Gaspar Ximenes de Aragão e Medina, o mudo, Senhor do Morgado das
Medinas da Misericordia de Lisboa, filho de Antônio Fernandes Caminha de Medina
e le sua mulher D. Felippa Soares de Abrêo, de cujo segundo matrimonio não
houve successão.
3—
Christóvão de Hollanda d'Albuquerque nasceo em Olinda, d'onde por ocasião da
entrada dos holandeses se retirou a viver na freguesia de São Lourenço da Muribara.
Serviu a pátria com tudo quanto possuía, mas não conseguiu por isso remuneração
alguma. No anno de 1651, serviu de Vereador da Câmara de Olinda e ainda viveu alguns anos depois da restauração de Pernambuco, porque, a 27 de Junho de
1658, ratificou no livro novo o termo de Irmão da Misericórdia de Olinda, por
se haver perdido ou queimado o livro velho quando os holandeses fizeram
abrasar em horroroso incêndio os templos e edifícios d'aquela cidade; casou
com .D Catharina da Costa, filha de Manoel da Costa Calheiros e de sua mulher
Catharina Rodrigues, ja nomeados, e deste matrimônio nasceram:
4
— João Cavalcante d'Albuquerque que continua.
4
— Felippe Cavalcante d'Albuquerque, a quem a Câmara de Olinda, em attençao aos
serviços de seu pai que não haviam tido renfuneração, doou por carta de 9 de
Setembro de 1676 tres braças de testada de praia junto a ponte do Recife,
partindo da parte do mar com a data "concedida a Álvaro Barbalho Feio e de
fundo tudo o que estiver devoluto até entestar em o becco que vem á rua do
Diabinho. Não casou e falleceo sem deixar geração, a 21 de Setembro de 1698,
como consta do seu testamento que foi feito na freguesia de São Lourenço da
Muribara, em a qual se mandou sepultar junto ao altar de N. Senhora do Rosário.
4—Francisco
Cavalcante a quem as memórias de Antônio de Sá e Albuquerque não dão estado, e
outras afirmam fora Religioso da Ordem de São Francisco nesta província do
Brasil.
4
— Christóvão de Hollanda e Albuquerque, de quem não tenho mais noticia que
acha-lo nomeado nas ditas Memórias de Antônio de Sá.
4—D.
Joanna Cavalcante que casou e foi segunda mulher de Christóvão Paes de
Mendonsa, que do termo de Irmão da Mizericordia, que assignou a 6 de Abril de
1667 consta ser filho de Gaspar de Mendonça, Senhor do engenho de Apipucos e de
sua mulher D. Catharina Cabral e que ja então era casado com a dita D. Joanna;
do qual não ha successão por que do Inventario que fez o Juiz de Orphãos João
Carneiro da Cunha, com o Escrivão Fernando Velho de Araujo
2.2 Antônio
de Hollanda de Vasconcellos, viveu e
faleceu antes da guerra dos holandeses, em Goyana, onde foi senhor do
engenho Santo Antonio Guipitanga, a que hoje chamam engenho Novo. consta que
ele fora casado duas vezes; a primeira com D. Felippa de Albuquerque, filha de Felippe Cavalcante, o Fidalgo florentino,
do qual só teve os três filhos adeante referidos, e a segunda com Anna de Moraes.
Do
1.º matrimonio:
3—
Arnáo de Vasconcellos e Albuquerque, que continua.
3—
Lourenço Cavalcante d 'Albuquerque.
3
— Antonio de Vasconcellos Cavalcante.
2.3 Agustinho
de Hollanda de Vasconcellos cc Maria de Paiva, filha única do primeiro matrimonio de Balthasar Leitão Cabral e de sua primeira mulher Ignez Fernandes
de Góes.
3— Balthasar
Leitão de Hollanda, serviu honradamente e com reputação na guerra da retirada dos Holandeses, como se mostra da patente de Capitão de seu filho Balthasar Leitão de Vasconçellos. Foi casado este Balthasar Leitão de Hollanda com Francisca dos Santos França, irmã de José de França Capitão da guerra dos Holandeses, filhos de Gaspar Fernandes França. Deste matrimônio nasceram os filhos seguintes:
3 — Antonio Leitão de Vasconcellos.
3
— Agustinho de Hollanda.*
3
— D. Adrianna de Hollanda c.c. Nicholas Spinelli (Nicolao Espinelle / Nicolau Espineli)
3
— D. Joanna de Góes.
3 — D. Anna de Hollanda, que casou e foi primeira mulher de
João Soares Cavalcante, Cavaleiro da Ordem de Christo, natural de Lisboa,
filho B. de Jeronymo Cavalcante d'AIbuquerque, natural de Pernambuco, e de Barbosa Soares, natural de Lisboa.
Deste matrimonio não houve sucessão.
3 — Brites Mendes de Vasconcellos,
conhecida vulgarmente por Brites Mendes, a nova, casou, e por eleição própria,
com Felippe Dias Vaz, Senhor do engenho de São Bartholomeo de Muribeca, que as
memórias antigas dizem fora filho de Diogo Fernandes, feitor do engenho de
Camaragibe da freguesia de São Lourenço de Muribara, no tempo do Governador
Jeronymo de Albuquerque, o torto, e sua mulher Branca Dias.
2.4 Adrianna
de Hollanda, que foi a primeira filha de Arnáo de Hollanda e de sua mulher
Brites Mendes de Vasconcellos, ainda vívia em 1645. Casou-se com Christóvão
Lins, que foi o primeiro povoador das
terras do Porto Calvo, que conquistou aos índios Pitaguarés e nelas levantou
sete engenhos. Por estes serviços, Jorge d'Albuquerque Coelho, terceiro
donatário de Pernambuco, lhe fez mercê, no ano de 1600, da Alcaydaria-mór da
Villa do Bom Sucesso de Porto Calvo, quando se erigisse, para ele e todos os
seus sucessores, filhos e descendentes, para sempre, o que consta da Provisão
passada a seu neto, do mesmo nome, em 15 de Janeira de 1657.
3.1
— Bartholomeo Lins, que vivia em 1635, como vemos na Nova Lusitania de Brito; casou com Mecia da Rocha, irmã de André da Rocha Dantas, Cavalleiro da Ordem de Christo e um dos cabos que mais se distinguiram na guerra dos holandeses, ambas filhos de André da Rocha Dantas, natural de Vianna, e de sua mulher Mecia Barbosa, natural do Rio de São Francisco.
3.2
— Ignez Lins, que casou com Vasco Marinho Falcão, progenitor da família Marinhos
3.3
— Brites Lins
Os Holandas no Ceará:
O Ceará recebeu muitos membros ativos deste clã, representados pelos bisnetos e trinetos de Arnau, que chegaram às praias de Aracati e Cascavel no decênio inicial do século XVIII. À exemplo de outros parentes e contraparentes, vinham com a idéia de instalar no Ceará engenhos de açúcar, o que não foi possível; mas dirigindo as suas potencialidades para os outros ramos da indústria pastoril e agrícola, firmaram-se nas zonas sertanejas de Quixadá e Quixeramobim, no criatório de gado vacum, e pouco mais tarde na serra de Baturité, introduzindo ali as excelências da cultura elitizante do café. Participaram menos que os antecedentes nas lutas políticas, preferindo a atividade do campo para demonstrar esta adesão ao progresso do Ceará
Outros Clãs: