A origem deste preclaro linhagem perde-se na escuridão dos tempos. O mais antigo solar, ou casa senhorial, do sobrenome Quevedo, assentou na vila de Pie de Concha, local de onde partiram os diferentes ramos que se conhecem e que foram se espalhando por vários locais da Espanha.
Um de seus eminentes varões, para não dizer o maior, foi Don Francisco de Quevedo y Villegas, que vestiu o hábito da ordem de Santiago e foi senhor da Torre de Juan Abad, nascido em Madrid em 1580 e falecido em Villanueva de los Infantes em 1645. Celebrado escritor não estava alheio aos movimentos da política e, assim, a queda de seu protetor, o duque de Osuna, que esteve exilado em seu senhorio da Torre de Juan Abad, (Cidade Real) e, anos mais tarde, atraiu a inimizade do todo-poderoso conde-duque de Olivares, que ordenou a sua prisão, no convento de San Marcos.
O sobrenome Quevedo está mais estendido para a zona centro da Espanha, sendo praticamente desconhecido na Catalunha e todo o Norte da Península Ibérica.
No Brasil*
A ilustre família de Rendons, Quebedos, Lunas, Alarcões, Cabeças de Vaca (que por varonia são Sarmentos) da capitania de S. Paulo e da de S. Sebastião do Rio de Janeiro, traz a sua propagação da cidade de Coria no reino de Leão em Espanha, de onde eram naturais os Rendons, f.ºs do fidalgo dom Pedro Matheus Rendon, que foi regedor das justiças na vila de Ocanha, e de Magdalena Clemente de Alarcão Cabeça de Vaca, que se passaram ao Brasil seguindo o real serviço na armada que veio a Bahia de Todos os Santos em 1625, para libertar a Bahia dos holandeses.
Os Rendons que nessa armada de
Castela vieram com outros fidalgos, para o feito mencionado, foram 3, aos quais
se reuniu mais tarde em 1640 um 4º irmão, que foi dom José Rendon. Efetivamente
libertaram a Bahia, e acabada a guerra ficaram no real serviço, e passaram a S.
Paulo, e foram eles:
N.º 1 Dom
João Matheus Rendon de Quebedo
N.º 2 Dom
Francisco Rendon de Quebedo
N.º 3 Dom
José Rendon de Quebedo
N.º 4 Dom
Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca
Nº 1. Dom João Matheus Rendon da Bahia veio fazer assento na cidade de S.
Paulo, onde casou 1.ª vez em 1631 com Maria
Bueno de Ribeiro, f.ª do capitão-mor Amador Bueno, o aclamado, e de
Bernarda Luiz,; 2.ª vez casou em 1653 com Catharina de Góes, viúva do capitão
Valentim Pedroso de Barros, ; sem geração desta, porém teve pelo inventário da
1.ª em 1646 (C. O. de S. Paulo):
Cap. 1.º Dom Pedro Matheus Rendon e Luna
c.c. Maria Moreira Cabral, f.ª de
Luiz da Costa Cabral e de Luiza Moreira. Teve os 6 f.ºs seguintes:
1-1 Dom João
Matheus Rendon § 1.º faleceu solteiro nas minas de Paranaguá.
1-2 Dom Pedro
Matheus Rendon § 2.º faleceu
solteiro nas Minas Gerais na ocasião do levantamento dos europeus contra os
paulistas; entretanto, encontramos um deste nome natural da Ilha Grande, f.º de
Dom Pedro Rendon e de Anna Maria Cabral, casado em 1686 em Itu com Anna
Rodrigues de Arzam, f.ª do capitão-mor Cornelio Rodrigues de Arzam e de
Catharina Gomes. Não será este § 2.º, pressupondo um engano de lançamento no
nome da mãe?
1-3 Dom José
Rendon de Quebedo § 3.º com seu
irmão o § 4.º seguinte, seguiu o real serviço, saindo de S. Paulo em 1679 com o
governador Dom Manoel Lobo, para fundação de Colônia do Sacramento.
1-4 Dom Luiz
Rendon de Quebedo § 4.º
1-5 Dom Francisco
Matheus Rendon § 5.º
1-6 Maria Cabral
Rendon § 6.º
Cap. 2.º Dom João Matheus Rendon, casou-se no Rio de Janeiro com N...... de Azeredo Coutinho, da mais qualificada nobreza daquela capitania, por trazer sua origem do fidalgo Vasco Fernandes Coutinho que, tendo servido na Índia aos reis dom Manoel e dom João III desde 1511, recebeu deste monarca a doação de 50 léguas de terra para fundar uma capitania por carta passada em 1525. Efetivamente a fundou, e é a capitania do Espírito Santo, que teve por capital a vila de Vitória; teve com uma senhora ........ de Almada o f.º Vasco Fernandes Coutinho, o moço, que casou-se e deste matrimônio procedem os Coutinhos do Rio de Janeiro, que do Espírito Santo já veio aliada para esta cidade de S. Sebastião com os Azeredos, pois foi Marcos de Azeredo Coutinho, natural do Espírito Santo, o tronco da família de seus apelidos na dita cidade de S. Sebastião. Não descobrimos geração de dom João Matheus Rendon supra; porém sabemos que, enviuvando, tomou ordens sacras e faleceu de bexigas em Lisboa.
Cap. 3.º Ignez de Ribeira, f.ª do n.º 1,
casou-se em S. Paulo com Vicente de Siqueira e Mendonça, f.º de Lourenço de
Siqueira e de Margarida Rodrigues, V. 7.º pág. 505. Teve 8 f.ºs:
1-1 Innocencia, que casou-se em Minas Gerais.
1-2 Joana, que casou-se em Minas Gerais.
1-3 Maria, faleceu solteira no Rio de Janeiro.
1-4 Manoel de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de
Janeiro com Brites da Fonseca Doria; 2.ª vez em 1693 em Taubaté com Maria
Vieira da Maia, viúva de Miguel de Almeida e Cunha. V. 7.º pág. 348. Teve:
Da 1.ª 3.f.ºs:
2-1 Joanna, que casou-se com Manoel
Alves Fragoso dos Campos de Goitacazes.
2-2 Brites da Fonseca Doria, casada com
Gregorio Nazianzeno.
2-3 Antonia, casou-se nas Minas Gerais.
Da 2.ª não descobrimos geração.
1-5 José de Siqueira Rendon, que casou-se no Rio de
Janeiro com Maria da Fonseca Doria, irmã de Brites precedente. Teve:
2-1 Maria, que foi casada com Ignacio
Ferreira Funchal.
2-2 Marianna, casada com João da
Fonseca Coutinho.
2-3 Ignacio de Siqueira Rendon, faleceu
solteiro.
1-6 Lourenço de Siqueira Furtado de Mendonça,
capitão-mor da barra de Guaratiba do Rio de Janeiro, casou-se com Barbara da
Fonseca Doria. Teve 4 f.ºs:
2-1 Salvador de Siqueira Rendon, que
casou com Rosa Maria Caldas.
2-2 Fradique Rendon de Quebedo,
capitão-mor da barra de Guaratiba.
2-3 Margarida de Luna, casou-se com
José Corrêa Soares, natural do Rio de Janeiro f.º de Gaspar Corrêa e de Luzia
de Aguilar, por esta neto de Martim Rodrigues Tenorio e de Magdalena Clemente
Cabeça de Vaca, neste Tit. adiante.
2-4 Leonor de Siqueira Rendon, casou-se
com Gaspar de Azedias Machado.
1-7 Antonio de Siqueira e Mendonça, casou-se com uma
sobrinha do capitão-mor Manoel Pereira Ramos, senhor do engenho e freguesia de
Marapicu.
1-8 João Matheus Rendon, último f.º do Cap. 3.º, era
solteiro em 1759 no Rio de Janeiro.
Cap. 4.º Dom José Rendon, f.º do
n.º 1, batizado em 1641 em S. Paulo, casou-se no Rio de Janeiro com uma irmã
dos padres Francisco Frazão e Antonio de Alvarenga Mariz, ambos da companhia de
Jesus. Sem geração.
Cap. 5.º Anna de Alarcão e Luna
Nº2, Dom Francisco Rendon de Quebedo. "Acabada
a guerra contra os holandeses na Bahia, passou a S. Paulo, onde casou com Anna
de Ribeira f.ª do capitão-mor Amador Bueno e de Bernarda Luiz do n.º 1 retro.
Foi este fidalgo dom Francisco Rendon juiz de órfãos
proprietário em S. Paulo, onde sempre teve as rédeas do governo da republica e
da milícia. Pelo seu grande respeito, atividade e zelo do real serviço foi
encarregado para levantar em S. Paulo companhias de picas espanholas, com 40
escudos de soldo por mês os capitães, para restauração de Pernambuco e armada
que na Bahia preparava o conde da Torre para passar com ele contra os
holandeses.
Deu causa para esta recruta de soldados paulistas o mau
sucesso que teve o conde da Torre quando, com poderosa armada, saiu de Lisboa
para restaurar Pernambuco, e se recolheu a Bahia, onde então tinha as rédeas do
governo geral do Estado Pedro da Silva.
Esta importante recruta se fiou de dom Francisco Rendon de
Quebedo, que com atividade e zelo do real serviço conseguiu, elegendo capitão e
mais oficiais as pessoas de maior confiança e valor. Desse corpo militar paulistano foram capitães da infantaria Valentim de Barros e seu
irmão Luiz Pedroso de Barros, Antônio Raposo Tavares e seu irmão Diogo da Costa
Tavares, Manoel Fernandes de Abreu, e João Paes Floriam(1). No porto de Santos,
debaixo do comando do capitão dom Francisco Randon de Quebedo, embarcaram os
capitães, seus oficiais e soldados, com grande número de índios frecheiros e
arcabuzeiros para a Bahia, onde foram recebidos os capitães com benigno
agasalho pelo conde da Torre, que lhes mandou passar suas patentes, pagando-se
a todos os soldados desde o dia que tinha destacado de S. Paulo. Do Rio de
Janeiro fez regresso o capitão Rendon para S. Paulo, ficando entregue de todo o
corpo militar o governador Salvador Corrêa de Sá. Estas companhias foram
incorporadas na Bahia no terço do mestre de campo Luiz Barbalho Bezerra.
reconhecendo a falta das forças militares, que se desgarrava
na armada, que seguia para as Índias de Castela; propuseram ao conde da Torre
a necessária providência e socorro que devia deixar em terra em qualquer dos
portos daquela costa de onde pudessem marchar pelo sertão para a Bahia. Instava
a importância desta resolução e no porto do Touro, 14 léguas do Rio Grande para
o Norte, deixou a armada ao mestre de campo Barbalho com 1.300 infantes, em que
entravam os capitães, oficiais e soldados paulistas, e os governadores dom
Antonio Felippe Camarão e Henrique Dias este dos crioulos e minas, e aquele dos
índios.
Havia de ser a marcha pelo interior do mato, e em parte por
entre a barbaridade dos índios do sertão, topando em muitas com armas do
inimigos holandeses, e em todas sem provisão nem esperança de socorro humano
com distância de quase 300 léguas até a cidade da Bahia, cujas dificuldades
eram superiores aos mais ousados corações; e só o de cabos tão destemido e que
já tinham o caráter de bons sertanistas, havendo conquistado muitas e diversas
nações bárbaras dos sertões de S. Paulo e Índias de Espanha nas províncias do
Paraguai até o reino do Peru, pôde intentar e vencer semelhante empresa, que
ainda depois de conseguida se fez duvidosa. Os transes desta jornada foram
registrados por João Martins Esturiano, um dos soldados paulistas que teve a
honra de servir em uma das companhias da leva de S. Paulo, e desta patente
consta o seguinte sucesso:
Parte de um deserto era o porto de Aguassú junto ao do
Touro, onde a armada deixou ao mestre de campo Barbalho com a gente já referida
no dia 7 de Fevereiro de 1640, sem mais víveres que os que cada um dos soldados
pôde tirar na sua mochila: falta que, considerada em semelhante lugar, esta
acusando a determinação, não só de temerária, se não de louca, ficando a
livrança dos perigos à contingência de milagres: porém aquele calor de
portugueses, sempre igual no desprezo da vida pelas melhoras da pátria, nada
mais lhe deixava ver que a constância, a lealdade e o serviço do rei. Todos se
alentavam por estes briosos estímulos, e pelo alentado coração do seu mestre de
campo Barbalho, que então lhes fez uma discreta e advertida ponderação
lembrando-lhes: Que o motivo que os tirara a uns da Bahia e a outros de S.
Paulo, deixando todos a pátria, os lançara agora naquela praia, por ficar
infrutuosa a restauração de Pernambuco, e se voltavam para a defesa da Bahia;
que no mau sucesso da armada tiveram parte os elementos, e não os inimigos; e
que nesta jornada tinham de pelejar com os inimigos e com os elementos, estes
armados dos rigores do tempo, e aqueles revestidos da cólera do ódio; que tudo
se estribados na causa, alentassem a confiança, por ser certo que não falta
Deus com auxílios a quem lhe dedica obséquios; que os poderia acobardar a falta
de mantimentos, se já não estivessem bem acostumados com as agrestes frutas dos
sertões incultos, com o mel silvestre de suas abelhas, com as amêndoas das
variedades dos cocos do matos, com os palmitos doces e amargosos, e com as
raízes da plantas conhecidas capazes de digestão: e porque, onde se contrasta o
maior perigo, se alcança a maior glória, era de parecer que na marcha se
buscasse o povoado, no qual poderiam conseguir remédio para a fome e aumento
para a fama, que sempre foi mais grata a quem vencia homens, que a quem mata
feras; e que quando o holandês os procurasse poderoso, então se aproveitariam
da retirada com a vantagem do conhecimento de penetrar sertões, que os fazia
superior as forças e numero dos soldados inimigos.
Cap. 1.º Magdalena
Clemente Cabeça de Vaca. casou-se em 1642 em S. Paulo com Martim Rodrigues
Tenorio de Aguilar, f.º do capitão João Paes e de Suzana Rodrigues. Faleceu
Martim Rodrigues em 1654 em S. Paulo, com geração no V. 4.º pág. 504; ali não
se menciona a f.ª que Pedro Taques diz que se casado no Rio de Janeiro com
Gaspar Corrêa pois não consta do inventário f.ª alguma com esse nome.
Cap. 2.º Bernarda de
Alarcão e Luna, casada com Fructuoso do Rego e Castro, natural de
Pernambuco, e faleceu em 1683 em S. Paulo e teve os 3 f.ºs:
1-1 Angela de Castro do Rego, que faleceu em 1706 e foi casada com o
capitão Antonio Pacheco Gatto, f.º de Manoel Pacheco Gatto e de Anna da Veiga,
V. 4º pág....., ali o f.º único.
1-2 Anna de Castro e Quebedo, foi casada com Salvador Bicudo de
Mendonça, natural de S. Paulo, ali falecido em 1697 com testamento em que
declarou não ter consumado o matrimônio por achaques que tinha.
1-3 Cosme de Rego e Castro de Alarcão faleceu em 1731 de bexigas,
estando habilitado para a carreira clerical.
Cap. 3.º Catharina
Cap. 4º Francisca
Nº 3, Dom José Rendon de
Quebedo, veio de Madri ao Brasil 1640 e fez seu assento no Rio de Janeiro,
onde em 1651 tinha terras em Juriahi e pediu outras nas serras de Jerecinó e
Marapicu que lhe foram concedidas pelo capitão-mor João Blau, loco-tenente de
condessa de Vimiero Dona Marianna de Sousa Guerra, denotaria da capitania de S.
Vicente e S. Paulo.
Casou dom José Rendon do Rio de
Janeiro com Suzanna Peixoto, que era viúva, senhora do engenho chamado de
Fumaça de Hirajá, que o trocou por outro que possuía em Itacuruçá o governador
Salvador Corrêa de Sá e Benevides. Esta senhora foi mãe de Francisco de Lemos,
que faleceu em 1680. Neste engenho de Itacuruçá se estabeleceu dom José Rendon,
ficando ele então conhecido pelo nome de seu novo proprietário o dito Rendon. Teve,
naturais da ilha Grande de Angra dos Reis, os 6 f.ºs seguintes:
Nº 4, Dom Pedro Matheus Rendon Cabeça de Vaca. "também
se achou na Bahia de Todos os Santos, e acabada a guerra contra os holandeses
passou a S. Paulo com seus irmãos. Não casou este fidalgo; ou se recolheu ao
reino de Castela, ou faleceu solteiro. E certo que, depois de estar em S. Paulo
muitos anos, se passou para a capitania do Rio de Janeiro, onde todos os irmãos
se ajuntaram; e, se casou, foi nesta capitania e não temos certeza alguma seu
estado. A noticia difundida dos antigos, que se conserva na memória dos
modernos, assevera que se recolhera para a pátria, a cidade de Coria, por ter
cessado a causa que a ele e a seus irmãos tinha obrigado a embarcarem para o
Brasil na armada com o general dom Fradique de Toledo Osorio, pelo crime de
haverem morto à facadas a um geral dos franciscanos em Castela, estando todos
em uma quinta divertindo-se; e fora acto primo primus este sacrílego atentado
contra o padre geral.
Não encontramos documento algum que verifique esta constante
notícia, que a comunicou em S. Paulo o revdmo. padre mestre José de Mascarenhas
da companhia de Jesus, que foi um grande indagador de memórias antigas, e único
genealógico das famílias da capitania do Rio de Janeiro, S. Vicente e S.
Paulo."
Outros Clãs:
*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.