sábado, 9 de janeiro de 2021

Clã dos Albuquerque Maranhão

A família Albuquerque se origina dos Meneses, sendo uma das mais distintas de Portugal, com o entrelaçamento de infantes das casas reais de Castela e Portugal.

D. Afonso Teles de Meneses, foi o primeiro povoador da vila de Albuquerque, e seu senhorio. Casou duas vezes: a 1ª com D. Elvira Gonçalves Girão, e do qual deriva o sobrenome Girão; a 2ª com D. Teresa Sanches, filha bastarda do rei D. Sancho I de Portugal, tendo como filho D. Afonso de Meneses, que foi alferes-mor, do rei D. Afonso III, seu co-irmão. 

D. João Afonso de Meneses foi casado, mas é incerto o nome de sua mulher, pois três atribuem. Segundo o Conde D. Pecro chamava-se D. Elvira Gonçalves Girão, filha de Gonçalo Rodrigues Girão, da qual teve vários filhos que seguiram o apelido Meneses e entre eles D. Rodrigo Anes Telo de Meneses, que sucedeu a seu pai na casa e terras, e, tem tempo do Rei D. Afonso X de Castela, foi terceiro senhor de Albuquerque. Casou-se com D. Teresa Martins de Soverosa, filha de D. Martim Gil de Soverosa e de sua mulher, D. Inês Fernandes de Castro, de cujo matrimônio nasceu D. João Afonso de Albuquerque, o primeiro que usou este sobrenome, tirado da vila de que foi quarto senhor.

Sucedeu D. João Afonso em toda a casa de seu pai, com o título de Conde de Barcelos, e exercitou o ofício de mordomo-mor de D. Dinis. Casou-se duas vezes: a primeira com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Castela, de quem deixou geração, em breve tempo extinta; a segunda, com D. Maria Coronel, filha de D. Pedro Coronel, ficando desde matrimônio D. Teresa Martins, que alguns autores dizem ser filha da primeira mulher, a qual se recebeu com D. Afonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues Telha.

Castelo de Albuquerque

No Brasil *

A família Albuquerque Maranhão é um ramo da Família Albuquerque no Brasil, assim, como os Cavalcanti Albuquerque. Descendem de Jerônimo d'Albuquerque Maranhão (N. 1548, † 1624), um dos 8 filhos de Jorge de Albuquerque (o Torto) com a índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), filha do cacique Uyrá Ubi, e que foi o fundador da cidade de Natal-RN, após conquistá-la dos franceses, e depois, o Maranhão, e que toma o nome de Maranhão, ajuntando ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal. Agora aparecia explicitamente no Brasil, uma nobreza sua – em sangue e sobrenome.

E a resistência se prolonga na descendência, geração pós geração: um Albuquerque elimina os franceses do Maranhão, outro toma aos ingleses o célebre forte de Cumaú, e um neto deste bate o comandante francês, governador da respectiva Guiana, soldado da grande época – Luiz XIV. Não é de admirar essa aptidão guerreira dos Albuquerques, n´uma época em que cada engenho era uma Casa forte. 


A Campanha Contra os Franceses

Em 1587, na campanha contra os franceses levado a cabo pelo Capitão Mór Francisco Leitão e Filipe Cavalcanti d´Albuquerque, no vale do Mamanguape: os valorosos potiguaras são dizimados; mas os franceses, refeitos na sua feitoria da Baía da Traição, vieram ajudá-los, em Capaoba, onde foi o mais forte da nova campanha. A sorte esteve indecisa; mas, finalmente, pendeu para os portugueses. Enquanto isso, outra luta se acendeu nas terras do principal Tejucupapo, sempre auxiliados os potiguaras pelos franceses. Nunca os defensores do Brasil-colônia desenvolveram mais valor do que ali. Houve capitão em cujo corpo se contaram quatorze flechas. Antonio de Albuquerque foi um dos heróis dessa vitória em que o francês mostrou quanto valia como soldado. Muitos dos seus oficiais acabaram a vida ali. Foi a última tentativa dos franceses na Paraíba, cuja conquista custou ao Brasil sessenta anos de lutas e muitos milhares de vidas.

Por esse tempo – da luta na Paraíba –, ainda é muito moço o futuro Albuquerque Maranhão; o mameluco criado na taba de seu avô Arco Verde – tão orgulhoso do sangue caboclo como da linhagem de reis que o pai lhe dera; Mas, em 1595, ele já aparece ao lado de Manuel Mascarenhas e, depois, será a figura principal na conquista do Rio Grande do Norte, para dirigir e assistir, dali, a ação de Soares Moreno, no Ceará. Com ele está o irmão Jorge de Albuquerque. É nesse influxo que se resolve definitivamente a situação no Norte, a qual, até aquele momento, tem sido, apenas, dilatada e adiada. Gentio e franceses se afastam, com a colonização que avança. Por meio de Jerônimo fazem-se as pazes com o forte e o melhor do gentio potiguara. Essas tribos, agora, vão ser o contingente sensível na população estável da colônia.

Em 1597, ainda moço, o brasileiro Jerônimo de Albuquerque alcança nove navios franceses no Rio Grande do Norte, no porto dos Bugios; e no futuro, quando o valente mameluco ganha a batalha de Guaxenduba, um dos mortos franceses é o célebre Migan, 14 vezes prisioneiros dos portugueses, de quem outras tantas vezes escapou... Esse retalho de crônica diz-nos muito bem a repetição das lutas por ali. 


A Conquista do Maranhão - A Jornada Milagrosa. 

A ação dos franceses no Maranhão tornou-se tão inquietadora para o Brasil que, ainda em tempo de Diogo de Menezes, foi mandado, por este: um memorial reclamando do governo de Madri providências contra o invasor. Veio Gaspar de Souza; a arrastada administração colonial teve, então, a resolução feliz de entregar o caso do Maranhão a Jerônimo de Albuquerque, e este, sem detença, comete ao intrépido e sagaz Soares Moreno a missão de fazer o reconhecimento do local e das condições em que ali se encontravam os franceses.

O sucesso da expedição sobre o Maranhão maravilhou a todos e fez que a chamassem de Jornada Milagrosa. Capistrano, na rapidez incisiva dos seus conceitos, comenta: “... milagrosa foi realmente, milagrosa de mocidade, de estouvamento: milagrosa sobre tudo de felicidade”. Já tivemos a razão do estouvamento: é a premência de quem tem de agir, e só pode resolver a forma da ação conduzido por ela mesma. Foi assim com Jerônimo. Felicidade... É uma atitude toda subjetiva, e que nada explica do caso, que foi o de efeitos objetivos bem patentes. Houve milagre, sim: o de uma energia absolutamente nova; a mocidade, que, por intuição, se projeta para o sucesso. E clamamos – milagre! Nem haverá outros, na ação humana. Gaspar de Souza, que aceitaria até não intervir, e que só concordou com a jornada porque a expedição tinha partido e havia dinheiro gasto, fez questão de que tudo não passasse da fundação de um forte, a oito ou dez dos franceses, para inquietá-los, tão-somente, em Tutoia, ou, quando muito, no Preá. Tivesse Jerônimo atendido essa ordem, seria a anulação da empresa, pela insuficiência, com o fracasso final do estabelecimento isolado, em face de um inimigo tão poderoso que era confessadamente respeitado e evitado. Tal projeto já é um sinal da decadência do português. Decênios depois, no Prata, com Colônia do Sacramento, realiza-se essa ideia da fortificação isolada em face do rival. As condições eram mais propícias no Prata do que no Maranhão, e, contudo, foi um desastre formidável. Jerônimo evitou o desastre porque agiu de acordo com as condições do momento e os interesses do Brasil, ainda que, para tanto, lhe foi preciso sair das ordens e enfrentar a impertinência de Diogo de Campos. 

Logo ao partirem do forte de Jericoacoara (Forte das Tartarugas), último posto do Brasil antes do  Maranhão, houve conselho de oficiais, pronunciando-se Diogo  de Campos peremptoriamente contra qualquer avanço além de Tutoia. Foi voto único, e a expedição se dirigiu, desde logo, para o Preá. O local era estéril e absolutamente impróprio para um aquartelamento prolongado, pelo que decidiu Jerônimo ordenar o reconhecimento, com Martins, Machado e Rangel, em busca dos franceses, de quem nada se sabia no Preá. Com a volta de Rangel, e as boas notícias que trouxe, a respeito de Guaxenduba, novo conselho se fez, onde Diogo de Campos foi igualmente peremptório, opinando que deviam ficar no Preá estéril; com ele concordaram os outros oficiais, menos os capitães brasileiros – Souza d´Eça e Fragoso de Albuquerque, e os soldados das respectivas companhias. Era um momento em que Jerônimo de Albuquerque devia hesitar: com Diogo de Campos, falavam as ordens trazidas, e quase toda a oficialidade. Mas, passou a hesitação, e o grande capitão fez seguir a expedição, até estabelecê-la em contestação com os franceses. Na escolha da posição do forte, novas oposições, a que Jerônimo respondeu no definitivo mando de seleção: “Quem me for amigo, não me aconselhe outra coisa!” E fez como entendia. Ora, essa escolha foi decisiva: a ela se deve o êxito da batalha, e que pareceu milagre. “Determinou o capitão-mor fortificar-se num vale, entre duas alturas que lhe ficavam sobranceiras...”. Relata d´Eça. E quando o inimigo, destemido e arrogante, veio ao ataque, Jerônimo pôde desenvolver, prontamente, a sua tática formidável: metê-lo entre dois fogos e dominá-lo completamente antes do segundo tiro... Tudo isto foi possível porque o ânimo do capitão havia captado os legítimos valores da guarnição; mas é certo que o influxo de Diogo de Campos tinha turbado a unidade de sentimentos: com ele estavam todos aqueles para quem a alma de uma nova pátria era um começo de hostilidade. No concreto da baixa rivalidade de Diogo de Campos, era isto o que havia, e foi daí mesmo que derivaram os motivos em que se teceram os conluios vis de Caldeira Castelo Branco. Daquele momento em diante, cresce ostensivamente o Brasil; multiplicam-se os indícios desta nova pátria, e que nos explicam, no futuro, todas as outras façanhas de brasileiros, nos nomes de Barbalho, Vidal, Rabelo... 

Convém apreciar o próprio desenvolver do milagre. Chegados ao Maranhão, mesmo na boa posição de Guaxenduba, estavam os nossos em condições de sensível inferioridade: no oceano, tinham os franceses mais possibilidades, bem explícitas no tráfico seguido que faziam para ali; nas águas interiores, era absoluto o domínio deles. Mesmo na boa posição em que se achava, Jerônimo havia finalmente de sucumbir: não tinha possibilidades de êxito, se pretendesse atacar os franceses; atacado, só poderia vencer se ao inimigo faltasse calma e uma mediana perícia para escolher o momento e aproveitar as muitas condições de superioridade. Diogo de Campos, que teve de obedecer e executar o programa estratégico e tático de Jerônimo, protestou a seu modo: cheio de lábias, escreveu um diário da campanha em que as ordens de Jerônimo são apresentadas e criticadas de modo a parecerem hesitantes, tíbias, desencontradas, confusas, inoportunas... até que, um belo dia, surge a refrega, e, de tais ordens, deriva o brilhante combate, com um sucesso que é milagre para toda gente. O capitão brasileiro, com os meios miseráveis de que dispunha, com a sua tática exclusiva, aniquila as forças com que o francês vem atacá-lo. No entanto, este, mesmo vencido, ainda tem superioridade em armas, aliados e recursos materiais, conservando um forte contingente de soldados europeus, quase igual à totalidade dos portugueses. São estes os resultados. Contudo, ainda hoje, quem lê a história daquela guerra sente os efeitos do depoimento suspeito de Diogo de Campos, porque, dos documentos e relatos de presença, é o mais ordenado, com valor de estilo. O outro, A Breve Relação, de d´Eça, retine de exatidão; mas é rijo e desataviado como a própria verdade. Então, tudo mais que se escreveu reflete as páginas de Diogo de Campos, e o grande feito de Jerônimo aparece como obra do acaso, a coroar os planos de um estouvado. Deixemo-nos, porém, de histórias feitas em puras repetições, e atenhamo-nos aos outros documentos e depoimentos, dos que, de um e outro lado, participaram da aventura; dos que foram atores, mas falaram sem a preocupação de abafar um rival. 

Vem aquela expedição, balda de tudo, balda principalmente de informações convenientes, e, sob o comando do hesitante e contraditório, chega sã e salva, e vai estabelecer-se no local mais conveniente, apesar de todas as ordens e objeções... Leem-se as páginas dos relatórios e depoimentos, e firma-se a convicção: a maior dificuldade que teve o comando foram essas críticas as objecções e as múltiplas sugestões, que vêm de todos os lados, logo que se descobre a disparidade de avisos nos postos superiores. E Jerônimo venceu essa mesma dificuldade interna. Resistiu a todas as insinuações que seriam prejudiciais e, de caminho, a meditar nas críticas, teve que parecer hesitante, tímido, irresoluto, contraditório... Foi assim, até que a sua intuição de guerreiro lhe mostrou o local conveniente para o plano que lhe daria a vitória. Agora, ninguém lhe notará hesitações, nem ele troca de parecer. Southey dirá dele: “Uma vez na batalha, não conhecia desfalecimentos”. Não: bem antes da batalha, ele foi decisivo, lúcido, formal, logo que esteve em condições de delinear a ação triunfante. Desde que descem em Guaxenduba, a vontade do capitão brasileiro domina os fatos, e tudo é explicitamente determinado por ele, numa ótima de direção, e que é a de aproveitar todas as colaborações úteis. Como o desenvolvimento da sua estratégia repousava na situação e disposição das fortificações, ele as soube tirar de Frias, apenas arquiteto. E, com isto: a oportunidade do ataque, todo movimento das forças inimigas, a própria temeridade do adversário... tudo que concorreu para a vitória foi consequência explícita dos motivos que Jerônimo soube criar. No entanto, os mais incisivos ataques de Diogo de Campos dizem com a escolha e as condições do acampamento, e a imprevidência na ocasião do combate... E o capitão-mor teria sido, já imprudente, já medroso... Ora, se impedindo o francês de aprisionar três embarcações, ou indo atacá-lo nos seus redutos, Jerônimo o tivesse tornado cauteloso e seguro, nunca teria obtido que ele viesse, por si mesmo, oferecer a ocasião da estupenda vitória com que se consagrou o seu nome e que decidiu, de uma vez para sempre, a secular insistência desses inimigos. De um golpe, saindo do seu forte como o imaginou, o mameluco conseguiu desorientar o francês, ceifar-lhe as linhas de combatentes, imobilizar grande número de outros soldados brancos, anular por completo o concurso dos soldados índios, reduzindo-os à impotência, obrigando-os à fuga desordenada e perdida...

Chegado às águas do Maranhão, Jerônimo põe em prática os seus processos costumários com o gentio, procurando cooptá-lo. Pouco a pouco, chegam-se os índios: avisam-no do premeditado ataque dos franceses. Jerônimo despreza, ou finge desprezar, o aviso: a consequência é o ataque incauteloso do inimigo. Trava-se a peleja, e tal foi a situação tática das suas tropas, que, sendo o atacado, em inferioridade de forças, ele impôs, de um lance, impetuosamente, a sua vontade aos atacantes, e foi senhor absoluto da luta, para o triunfo imediato. Para os franceses, não houve possibilidades de contestar e, menos, ainda, de vencer. Vieram atacar com a maior parte das suas forças: desceram 200 soldados europeus, e uns 2.000 índios, deixaram para reserva, embarcados, outros tantos brancos e muitos índios ainda. Jerônimo, no estudado dos seus planos, opôs-lhes imediatamente a quase totalidade dos seus soldados: quatro companhias, sem discriminação de índios; duas seguem pela praia, para apanhar a retaguarda do inimigo; e este, impávido, se prepara para o ataque da posição, quando vê surgirem, inesperadamente, as outras duas companhias, a própria vanguarda de Jerônimo, que as comanda em pessoa, ao lado do capitão d´Eça. Alcançado antes de tentar qualquer fortificação de defesa, antes de gastar munições, o francês é abatido fulminantemente. Foi como se houvera caído numa cilada: o atacante teve a sorte de uma guarnição apanhada de surpresa. O embate foi de soldados aguerridos, mas, entre dois fogos, estava desfeito o inimigo. Jerônimo mesmo teve de dominar com a sua espada o Sr. de Pisieux. E os franceses foram levados à derrota, apesar de valentes, apesar de atacantes... 

Nesse tempo, e porque o feito devia ser decisivo, já o grande mameluco havia mandado incendiar as canoas dos índios aliados dos franceses, e eles, atordoados do golpe que a estes abatia, agora, só pensaram em fugir. Era, já, a desorientação geral, a derrota que desnorteia. E os próprios franceses atiravam-se às ondas, em busca de salvação. Finalmente, morreram 90 dos brancos inimigos, entre os quais, 7 grandes fidalgos; aprisionaram-se 19, e foram queimadas 46 canoas. São cifras dos próprios vencidos.

Com Albuquerque Maranhão estão dois filhos; o mais velho sai da vitória com três feridas. E o grande capitão, se bem que orgulhoso delas, não se mostra insolente, nem brutal, como o supunha o francês: é que o patriotismo fizera dele um hábil político, de ótima diplomacia. Com a sua tática, ele dominara a grande superioridade do adversário; mas precisava, ainda, tornar aquela vitória definitiva, em bem do Brasil, e com essa diplomacia ele o conseguiu de modo absoluto. Chegou ao ponto de trabalhar para conservar no Brasil, incorporando nele, aquela população de intrépidos franceses, com a boa experiência que tinham da terra e do seu gentio. 

O médico francês, ao aproximar-se de Jerônimo, torna-se um grande entusiasta dos seu méritos, e refere-se, em modo muito expressivo, ao espanto dos franceses quando receberam a primeira, e, sobretudo, a segunda carta do grande capitão: a singela superioridade dos dizeres, sem fanfarronice, nem ameaças, cativou inteiramente o ânimo dos fidalgos vencidos, e que esperavam encontrar-se com selvagens e mamelucos, grosseiros e insolentes. Ao mesmo tempo, o homem de arte, dá o testemunho de como, pelo trato pessoal, Jerônimo fez seus inimigos grandes afeiçoados: “Nunca vi gente tão honesta.” Ele havia curado, também, um filho de Jerônimo, o mais velho, ferido de três tiros. 

Jerônimo Albuquerque Maranhão

Vencem as forças do Brasil, mas é tal a desproporção de meios entre os contendores que, apesar de quanto perderam, ainda os franceses têm superioridade: restavam-lhes 200 soldados europeus, muito gentio aliado, todos os recursos materiais de quem está em casa, num estabelecimento feito, e o domínio absoluto, com o conhecimento perfeito das águas interiores e de todas as suas dificuldades. Jerônimo teria ficado com uns 300 soldados brancos e mamelucos, mas, em tudo mais, inclusive o tratamento dos feridos, estava à mercê dos vencidos. Todavia, ele não aceitou a situação sem motivos mais explícitos: da gente inimiga que entrou em combate, um certo grupo se colocou numa eminência, no mato, e continuou a ameaçar. Então, o próprio capitão foi desalojá-los, e tal resistência encontrou que se retirou, com a perda de sete dos seus homens. Aí, ele teve a ideia nítida da força que ainda restava aos franceses, e da necessidade de não fornecer ensejo de qualquer vitória, em que estes se retemperassem do golpe que receberam. Foi nessa conjuntura, certamente, que o nosso primeiro general fez a flexão de conduta, para o efeito de aceitar as tréguas com Ravardière. Agora, de sob o estrategista e tático elegante, emerge o político, de uma política bem distinta, porque já é nitidamente brasileira.
 
Essas tréguas foram então, pró-fórmula, reprovadas pelo Governo, que delas tirou o resultado principal – os aprestos de socorro. Lisboa teve de desaprová-las. d´Eça, grande soldado brasileiro, mas exclusivamente soldado, condenou-as, antes de qualquer outro. O seu julgamento seria perfeito se das tréguas resultasse que perdêssemos; mas, como foi bem o contrário que se deu, temos de deixar em nada todo o seu critério. Todavia, esse brasileiro foi dos mais eficazes na vitória, e merece que lhe apreciemos os motivos. De fato, não há outros senão o ânimo do valente, mal resignado, a embainhar a espada, quando ainda podia desfechar golpes... Ofereceu-se ao comandante para ir com a sua companhia acabar com o inimigo, desenvolveu o seu plano de tática... E Jerônimo preferiu assegurar o resto da vitória sem maiores guerras... d´Eça protestou, altissonante, ele mesmo o diz: 

“... teve muito dares e tomares com o capitão-mor...”. A atmosfera preparada por Diogo de Campos dava para tanto. O certo é que, se a iniciativa formal para tréguas partiu do campo inimigo, as entradas foram feitas por Diogo de Campos, e Jerônimo aceitou o pacto, na superioridade de quem é solicitado. Ainda assim, as primeiras aquiescências não foram dele. É d´Eça mesmo quem o diz: Ravardière pediu alguém a quem fizesse propostas, Jerônimo mandou-lhe o mesmo Diogo de Campos, certamente porque conhecia a língua francesa, e este, quando veio, já foi, por si mesmo, todo propenso às tréguas propostas. A sua influência ia de novo dividir os alvitres, como no Preá; e o capitão-mor preferiu ser político: compreendeu que a sua responsabilidade alcançava mais do que as simples veleidades de guerreiro, e desta vez aceitou o parecer de Diogo de Campos. Senão: por que preferiria Jerônimo não persistir na luta armada? Por covardia?... Por incapacidade?... Nunca ninguém o viu vacilar na peleja. Quem soube transformar a simples resposta a um ataque em triunfo estrondoso não se sentiria incapaz de continuar a bater o mesmo inimigo. Em face da proposta de tréguas, o mameluco Jerônimo foi mais caboclo do que Albuquerque: ganhou tempo, porque, no adiar, o inimigo devia perder todas as vantagens de antes, ao passo que a vitória frutificaria para os portugueses até que as forças se equilibrassem. “Apesar de vencedores”, comenta o historiador inglês Southey, “bem conheciam os portugueses a desproporção das suas forças... faltavam provisões; o inimigo os bloqueava com seus navios, e não se viam meios de salvação”. O inglês ainda não inclui o pior para o caso: o numeroso gentio que apoiava os franceses em torno das forças de Jerônimo. Assim mesmo as outras inferioridades dos portugueses curar-se-iam, agora, facilmente, ao influxo da vitória, enquanto os vencidos agravariam, com o tempo, a depressão da derrota. Os primeiros efeitos sobre os índios manifestam-se logo, na noite seguinte ao dia da batalha: o principal da ilha veio avisar a Jerônimo de que os franceses esperavam a ajuda de setecentos índios do interior: de fato, vieram; mas imediatamente retrocederam, sem outras manifestações contrárias aos portugueses. 

Aceitando as tréguas, Jerônimo lhes deu a sua inteira responsabilidade. Ao gesto de Ravardière, que assina em nome do Rei de França, ele responde afirmando o grande valor que dá a sua obra: ajunta ao renome dos Albuquerques a glória do seu feito pessoal, e toma o nome de Maranhão. Agora aparecia explicitamente o Brasil, com uma nobreza sua – em sangue e em qualidade, elevada no mérito de haver eliminado definitivamente o secular inimigo. As tréguas asseguraram aos portugueses a vitória efetiva, com um mínimo de perdas. Então, com os próprios recursos do Brasil, era relativamente fácil acudir a Albuquerque Maranhão, que, por si, bem sabia não ter poderes para tratar de modo definitivo; mas, político, quis tirar partido da situação transitória, até reforçar-se nos socorros que certamente lhe mandariam. O mais importante nos primeiros auxílios foi o Capitão português, Caldeira Castelo Branco, com uma pequena esquadra. Chegou, e não demorou em aproveitar todos os veios de invejas, despeitos, rivalidades... para se substituir a Jerônimo, com o que se inutilizaria a sua obra. Esteve por pouco: intrigou, traiu, alimentou facção, e deu ocasião aos maiores desgostos por que podia passar o grande mameluco. “Castelo Branco entrou em relações com o francês e procurou convencê-los de que tinha poderes para novos tratos, ao mesmo tempo que levava parte da guarnição a uma manifestação coletiva, em que pedia que ele, Caldeira, fosse comandante com Jerônimo”. E o adversário, único a lucrar com a parva ambição do intrigante, imediatamente viu o quanto podia aproveitar da sua estúpida deslealdade, e o acoroçoou, num jogo fácil de desunir e tomar tempo, enquanto lhe vinham socorros... Assim, quase se perde a obra do neto de Uirá-Ubi se, em si mesmo, Jerônimo não tem encontrado o motivo de dominar-se, e não descair para a fação: “É verdade que quando chegou Francº Castelo Branco... deu grandes entendimentos a todos os soldados, e franceses, que trazia largos poderes, e assim se amotinaram e se alevantaram os mais dos soldados da sua parte contra o Capitão-mor Jerônimo d’Albuquerque; e não esteve mais o negócio uma noite que haver um homem que metesse mão a espada, sendo assim, que nos perdêramos todos”. Mas o mameluco ergueu-se na melhor hombridade, a do patriotismo, e conteve a sua espada. Como lhe custou, ele o diz: 
... o que passei e sofri por não cair em bandos nem guerras civis, nos quais ouvira de ir parar tudo, sem achar quem me aconselhasse que tomasse armas para dar no francês, antes me  meteram em enredos de que me não sei livrar por me sentir mais para as armas, que para papelista, coisa que nunca usei”.  
A miséria do procedimento do português Caldeira é comprovada em todos os depoimentos, inclusive os dos soldados da sua facção, inclusive os dos franceses (Ravardière) que com ele trataram. Alexandre de Moura, capitão e administrador inteiramente afeito às coisas do Brasil, apesar de ser português, teve de render-se a essa evidência. Viera com grandes socorros, e instruções para liquidar a situação; correra o risco de perder a esquadra por motivos do trato de Caldeira com o Francês, e que valia por uma traição. Falou sempre com toda a autoridade, mas deu inteira razão a Jerônimo, e encarregou-o de resolver a situação militar. Dispondo-se para o combate final, Albuquerque Maranhão levou Ravardière a desistir de toda veleidade de resistência, entregando-se por completo. No entanto, ele próprio, Ravardière, confessou – que ainda tinha meios de lutar eficazmente: “Os Portugueses não tinham meios de obrigar-me a render-me...”. Mas, continuando, ele confessa que Jerônimo tomou-lhe imediatamente todas as saídas, e lhe anulou os meios de defesa. As vantagens dos processos de Albuquerque Maranhão são francamente reconhecidas pelo governo da metrópole, quando se rejubila de sua política que permite alcançar suavemente o mesmo que com as armas se pretende.

Sob o influxo de Albuquerque Maranhão, aquele Norte se fez imediatamente Brasil, na própria tradição de Pernambuco, donde procedia pelo ânimo dos que o conquistaram. O mesmo Alexandre de Moura, influindo em Gaspar de Souza, foi quem mais concorreu para que se destacasse do Brasil o que se chamou, depois, Estado do Pará-Maranhão, desunindo-se, assim, a nação que germinava na colônia. De nada valeu o recorte: o que um grande brasileiro fizera, perdurou, e aquela terra, onde até a morte se exerceu a ação da nova energia de Albuquerque Maranhão, ganhou definitivamente a alma do Brasil, como o afirmou nos momentos turvos de após a Independência.

Não fora a presença do inimigo nas águas do Maranhão, e o destemido e valoroso Albuquerque Maranhão teria puxado a espada contra o trêfego intrigante Castelo Branco. Bem antes disto, já a coesão patriótica dos de Pernambuco-Itamaracá tinha conseguido afastar todos os maus efeitos dos dissídios Frutuoso-Castejón-Morales.

Os Albuquerques Maranhão Contra os Holandeses:

Pouco depois, morre na Paraíba um Jerônimo de Albuquerque, quando secundava o octogenário Cardoso, no ataque ao forte que o holandês havia levantado; e o forte é tomado. Ali mesmo, o irmão desse Jerônimo, Antonio de Albuquerque, bate os invasores na primeira investida, e inicia a boa resistência. Afonso de Albuquerque dá de si o que pode, e, se não obtém maiores resultados é porque o deixam abandonado, em face das grandes forças de Artichojsky, reunidas às de Segismundo. 

Quando, repetidamente batido nas suas surtidas, o invasor se decide a criar novos postos, estendendo o seu poder até o Rio Grande, é mandado a esperá-lo Mathias de Albuquerque Maranhão, outro irmão de Antonio de Albuquerque, apontado para a empresa pelo valor patenteado na linha de guerrilhas que sustentara em Afogados. Weerdemburgh, comandante holandês, que devia operar no Norte, não teve ânimo de descer; foi quando as ações da Companhia baixaram a menos de metade do valor.

No Rio Formoso, Calabar domina com a sua estratégia terrível o forte comandado por Pedro de Albuquerque; a guarnição é de vinte homens, inclusive o comandante: já estão mortos dezenove, e Albuquerque ainda não se rende; com três feridas, atira-se ao rio, atravessa-o a nado, e tenta escapar. O batavo, rendido a tanto valor, recolhe-o, trata-o, e dá-lhe a liberdade depois.


Antonio d'Albuquerque Maranhão

Fidalgo da Casa Real, Capitão-Mor e Governador da capitania do Maranhão, em substituição ao seu pai, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, que faleceu em 11 de fevereiro de 1618, no Engenho Cunhaú, no atual município de Canguaretama no Rio Grande do Norte. Foi também Capitão-Mor e Governador da capitania da Paraíba, nomeado para o cargo em 1622, assumiu apenas por volta de 1627, tendo governado até a conquista da Paraíba, pelos holandeses, em dezembro de 1634. Em outubro de 1649, através da instituição de um novo morgado do desejo expresso de D. João Afonso de Albuquerque e de sua segunda mulher, Dna. Violante de Távora, Antônio de Albuquerque, o filho mais velho de Jerônimo, foi nomeado 3º Senhor da Casa dos Bicos, de Brás de Albuquerque, em Lisboa. Lá casou-se com Joana Castelo Branco, neta paterna dos primeiros condes do Sabugal, com quem teve 2 filhos, Afonso de Albuquerque Castelo Branco e Antônia Margarida de Castelo Branco.

Em 1631, o Governador e Capitão-Mor da Paraíba, Antônio de Albuquerque Maranhão, preocupado com a defesa na barra do rio Paraíba, mandou construir na margem oposta, ao Cabedelo, no atual distrito de Costinha, em Lucena, o Forte de São Sebastião. Mandou também reforçar o fortim da ilha da Restinga, para assim formar um triângulo defensivo. No dia 2 de dezembro de 1631, uma frota holandesa de 16 naus, capitaneadas pelo tenente-coronel Stein-Callefels, com 1600 homens comandados pelo major Hugo-Wirich, saiu de Recife rumo a Paraíba, desembarcando no Cabo Branco no dia 05 de dezembro. Antônio Albuquerque, prevendo que o desembarque pudesse ocorrer na praia de Cabo Branco, havia montado uma linha defensiva no local que tentou impedir que o inimigo desembarcasse, porém, sofrendo grandes perdas, recuou até o forte de Cabedelo permitindo assim que os neerlandeses ali se instalassem. Após 6 dias de combates intensos tentando conquistar o forte e os portugueses a defendê-lo, o exército neerlandes constatou que não possuia homens suficientes para a empreita e retirou-se, na madrugada do dia 12 de dezembro de 1631. No início de 1634, os neerlandeses preocupados com a chegada do inverno, quando os ventos mudavam e dificultavam a vinda de reforços da Europa, resolveram atacar a cidade de Filipéia, na Paraíba, por pensarem ser este o local mais fácil de conquistarem com as forças que dispunham. Em 24 de fevereiro, 21 navios, levando 1500 homens, partiram de Recife para a Paraíba, repartidos em 2 divisões. A primeira divisão tinha como missão invadir o rio Paraíba e assumir o controle do fortim da ilha da Restinga, para bloquear a passagem do rio. A segunda divisão, da qual a primeira dependia, tinha como missão conquistar o Forte Santo Antônio, impedindo que este atacasse a primeira divisão. No dia 27, a primeira divisão aportou em frente a foz do rio Paraíba, enquanto a segunda se dirigiu para Lucena para desembarcar suas companhias. Em terra, 150 homens comandados pelo coronel Sigismund von Schkopp avançaram pela trilha estreita que dava no forte, único caminho possível já que era cercada pelo mangue de um lado e pelo mar do outro. Porém ao se aproximarem, seus batedores avistaram uma trincheira com paliçada bloqueando a estrada, mas, mesmo assim, Schkopp resolveu avançar aproveitando a noite. Tendo avistado os neerlandeses, a companhia do capitão Domingos de Almeida e a tropa indígena de Simão Soares, começaram a atirar e lançar flechas fazendo-os recuarem. Os neerlandeses voltaram pouco depois, munidos de machados e enxadas para destroçar a paliçada, porém foram novamente rechaçados. Na madrugada do dia 28, houve mais uma tentativa infrutífera, então Schkopp resolveu se entrincheirar e aguardar a vinda de reforços, porém Antônio de Albuquerque enviou tropas de Cabedelo para reforçar a defesa da paliçada e, ainda, enviou 500 homens, dentre os quais 200 índios, em barcas pelos manguezais, que atacaram os neerlandeses pela retarguada. Perdendo muitos homens, os holandeses tiveram que fugir às pressas.

Com reforços vindos da Europa, sob o comando do coronel Crestofle Arciszewski, mais as tropas sob o comando do coronel Schkopp, os neerlandeses dispunham de 2.534 soldados para conquistar a Paraíba. No dia 25 de novembro de 1634, a frota de ataque neerlandesa, composta de 29 navios, capitaneada pelo experiente Almirante Lichthart, partiu de Recife rumo a Paraíba, chegando a costa do Cabo Branco dia 4 de dezembro. Utilizando os iates e chalupas, desembarcaram parte de suas tropas na enseada do Jaguaribe, distante de Cabedelo. Três navios prosseguiram em frente com ordens de ancorar na ponta de Lucena. Recebendo a notícia que os neerlandeses estavam desembarcando na enseada, Antônio Albuquerque reuniu-se com as companhias dos capitães D. Gaspar de Valcaçar e Domingos de Arriaga e marchou para lá. Como era uma caminhada de quase dez quilômetros, quando chegaram, os neerlandeses já haviam desembarcado 600 homens que foram posicionados em três fileiras voltadas, uma para o mar, uma para a floresta e a outra para o caminho a frente, por onde vinha Albuquerque, com um canhão cada. O combate se desenrolou na enseada do Jaguaribe, porém vendo-se em desvantagem, Antônio de Albuquerque ordenou a retirada, mas durante a fuga alguns soldados foram capturados pelos neerlandeses e, um, em troca de sua liberdade, lhes informou sobre um caminho que levava ao Forte Cabedelo. No dia 5, os coronéis Schkopp, com 3 companhias, e Arciszewski, com duas, levando consigo, cada um, um canhão de bronze, avançaram pela praia rumo ao forte. A preocupação dos neerlandeses dessa vez, não era atacar, mas estabelecer seus acampamentos. O capitão Kaspar van der Ley foi destacado para seguir o caminho indicado pelo prisioneiro levando consigo 3 companhias, enquanto que o restante seguiu pelo rio até o forte. Ley encontrou um local ideal, "a um tiro de arcabuz" do forte e, ainda, protegido por uma colina. No dia 6, os holandeses estavam com três acampamentos prontos com suas baterias instaladas. No dia 9, de madrugada, 7 iates e 7 botes, com 400 soldados comandados pelo almirante Lichtart, tomaram de assalto o forte da Restinga, causando um dano irreparável a defesa da Paraíba. Os neerlandeses passaram a usar a bateria da Restinga contra os portugueses dificultando o remanejamento de tropas e o envio de suprimento entre os fortes de Cabedelo e Santo Antônio. Nos dias que se sucederam, as forças neerlandesas bombardearam o forte de Cabedelo constantemente, atingindo, por vezes, a sua parte interna. No dia 18, enquanto o Governador Antônio Albuquerque ainda planejava com o Conde de Bagnuolo e o capitão La Riba Aguero a melhor maneira de enviar reforços ao Cabedelo, sem que houvessem muitas baixas, os capitães do forte, Gregório Guedes Souto Maior e D. Gaspar de Valcaçar se renderam aos neerlandeses. Antônio Albuquerque, que estava no forte Santo Antônio, ao saber da perda, foi refugiar-se na ermida de Nossa Senhora da Guia (atual Igreja de Nossa Senhora da Guia). Dia 22, os neerlandeses começaram a tocar os tambores de rendição nas cercanias do forte Sto. Antônio. Os capitães Valcaçar, Munoz e Palomo, que haviam chegado com reforços, viram que o forte não tinha condições de resistir e se renderam, após negociações, na manhã do dia 23. Ao saber da rendição, o Conde de Bagnuolo, que se encontrava em Filipéia, ordenou que se queimassem as casas e os estoques de açúcar e de pau-brasil, para não deixar espólios ao vencedor, e ordenou ainda que os ocupantes do forte do Viradouro levassem quantos canhões pudessem carregar e se retirassem para o interior para montar uma resistência. Dada as ordens, partiu para Pernambuco com suas tropas. Antonio Albuquerque e suas companhias incendiaram três navios e dois armazéns carregados de açúcar e partiram para o interior. No dia 24, véspera der Natal do ano de 1634, os neerlandeses adentraram a cidade abandonada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.


Genealogia da Família Albuquerque Maranhão:

1. Jerônimo Albuquerque; índia Maria do Espírito Santo (Muyrã Ubi), fª. do cacique Uyrá-Ubi

2. Jeronymo d'Albuquerque Maranhão c.c. D. Catharina Feio/Feijó

3.1. Antonio d'Albuquerque Maranhão c.c. Joana Castello Branco

4.1. Affonso d'Albuquerque Maranhão

4.2. D. Antonia Margarida de Castello Branco c.c. Bras Telles de Meneses, filho de D. Fernando Telles de Faro Meneses e Carvalho, e de D. Marianna de Noronha, filha N. de Christóvão Soares e de D. Catharina de Noronha, filha de D. Francisco Pereira, Commendador de Pinheiro.

3.2. Mathias d'Albuquerque Maranhão c.c. Isabel da Câmara

     4.1. Afonso de Albuquerque Maranhão, sr. do engenho Cunhaú, c.c. Isabel de Barros Pacheco.

         5.1. Gaspar de Albuquerque Maranhão, igualmente sr. de Cunhaú, capitão-mor de Goianinha. Vivia em 1758 e c.c. Luzia Vieira de Sá

                  6.5 André de Albuquerque Maranhão, † 1806, coronel de regimentos auxiliares na Paraíba, c.c. Antonia Josefa do Espírito Santo Ribeiro. De seus quatro filhos descendem os de nome Albuquerque Maranhão, que existem até hoje

3.3. Jeronimo de Albuquerque Maranhão, a quem mataram os hollandeses no anno de 1631.

Engenho do Cunhaú, de propriedade dos Albuquerque Maranhão, no Rio Grande do Norte,
aonde se deu o massacre de brasileiros que se negaram a renunciar a Santa Fé Católica.

Outros Clãs:

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Clã dos Pinheiro (s)


Incidência do sobrenome
Pineiro em Galiza
O sobrenome Pinheiro / Pineiro, é bastante antigo. Os sobrenomes com nomes de árvores, tais como: Pinheiro, Carvalho, Figueira, Nogueira, etc... são de origem celta, anteriores ao Séc. V A.C.. 

Na Galiza, registra-se Antonio Pineiro y Aguilar, primeiro conde de Betanzos (próximo A Corunha, Galiza) entre os Séc. X e XI.



Portugal:

PINHEIRO. Da linhagem dos Pinheiros saiu a dos de Outiz, como se supõe. Gomes Nunes de Outiz, senhor da Quinta de Outiz, cavaleiro de um escudo e de uma lança, como diz o conde D. Pedro, parece neto de Pedro Afonso Pinheiro, a quem D. Afonso III deu uns pardieiros em Santarém, que talvez fosse Filho de Afonso Pinheiro, morador na província do Minho no ano de 1301, onde defendia por honra o lugar de Rebordões, da freguesia de Insalde, no concelho de Paredes de Coura, por aí se haver certamente criado um seu filho. Gomes Nunes de Outiz casou com D. Melícia Fernandes Camelo, filha de Fernão Gonçalves Camelo e de D. Constança Pires de Arganil, e teve por filhos a Estevão Gomes de Outiz, que foi contemporâneo do rei D. Pedro I e senhor da quinta de Outiz, a Pedro Gomes Pinheiro, com geração extinta, e a Tristão Gomes Pinheiro, casado em Barcelos, com geração.

Estêvão Gomes de Outiz houve a Gil Esteves de Outiz, que teve o senhorio da mesma quinta, foi cavaleiro da casa de El-Rei e seu vassalo, contemporâneo de D. Fernando I e de D. João I, que muito estimaram, dando-lhe o primeiro a terra da Cunha, o préstamo do castelo, a renda dos seus casais de Guimarães, a vila e terra do Prado, esta confirmada pelo último dos mencionados Príncipes, que também lhe doou vários lugares do ano de 1385, por ele haver tomado armas em seu serviço contra Castela, o qual no mesmo ano lhe coutou e honrou a quinta de Oliveira na vila do Prado. Este Gil Esteves teve descendência do apelido de Outiz, que se extinguiu na segunda geração. Estêvão Gomes teve ainda a João Esteves Pinheiro, casado com uma sua prima, de quem houve descendentes, e D. Mor Esteves Pinheiro, que sucedeu em grande parte da casa paterna e se recebeu com Martim Lopes ou Gomes Lobo, ouvidor-geral das terras do Duque D. Afonso, filho de D. João I, e que se diz ter sido também alcaide da vila de Barcelos, de cujo matrimônio proveio muita e ilustre geração do apelido Pinheiro, que parece haver-se perpetuado apenas pelos descendentes desta senhora e pelos de seu irmão João Esteves Pinheiro.

Heráldica, brasão de armas Pinheiro: De prata, com cinco pinheiros arrancados, de verde, postos em sautor. Timbre: um pinheiro do escudo.

O ramo de Barcelos usa: De vermelho, com um pinheiro de sua cor, arrancado de prata, frutado de ouro e um leão do mesmo, à esquerda, rampante, contra o tronco da árvore. Timbre um leão d eouro, com um ramo de pinheiro da mão.

Trazem os Pinheiros de Andrade por armas: De prata, com cinco pinheiros arrancados de verde, postos em sautor, e chefe do mesmo, carregado de uma banda de vermelho perfilada de ouro, abocada por duas serpes do mesmo. Timbre: um pinheiro de verde, sainte da boca de uma cabeça de serpe d eouro e posto em pala.


Solar dos Pinheiros em Barcelos
Brasões da família Pinheiro com seus respectivos ramos


O Clã da Família Carvalho Pinheiro na Bahia:

Manuel Pinheiro de Carvalho, natural de Portugal, passou para o Brasil em companhia de seus irmãos Rui Carvalho Pinheiro e Nicolau  Pinheiro Carvalho, foi Fidalgo da Casa Real, e na Bahia casou com D. Maria de Barros, filha legítima de Manuel de Paredes da Costa, dos legítimos Paredes de Viana, e de sua mulher Paula de Barros, que era filha de Gaspar de Barros de Magalhães, o velho, fidalgo conhecido, e de Catarina Lobo, sua mulher, sobrinha do Conde de Sorteia uma das órfãs que a sereníssima rainha D. Catarina remeteu ao governador do Brasil para as casar com as principais pessoas, que vieram à fundação da nova cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos. 

1. De Manuel Pinheiro e de sua mulher D. Maria de Barros foram filhos:

2.1. Nicolau Carvalho Pinheiro, que se segue, nasceu em 1621.

2.2. D. Margarida de Barros, adiante.

2.3. D. Felícia Lobo,

2.4. Manuel Pinheiro de Carvalho, adiante, nasceu em 1627.

2.5. D. Maria de Barros Lobo, nascida em 1628, casada com Francisco de Azevedo.

2.6. Francisco Carvalho Pinheiro, adiante, nasceu em 1630.

2.7. André Pinheiro de Carvalho, que casou com D. Orsula de Freitas, sem sucessão.

2.8. D. Brites de Barros, mulher do capitão-mor Antônio de Alemão. Nasceu em 1633.

2.9. Antônio Pinheiro, D. Inês, e 5 mais que faleceram solteiros. Nasceu D. Inês no ano de 1636.


2.1. Nicolau Carvalho Pinheiro, primogenito do capitão Manuel Pinheiro de Carvalho e de sua mulher D. Maria de Barros, teve o foro de seu pai e casou com D. Maria de Aragão, filha de Luiz Pereira de Aragão, natural da ilha da Madeira e de sua mulher e prima D. Antônia de Aragão, irmãs de D. Isabel de Aragão, mulher de Francisco Barreto de Meneses, Fidalgo da Casa Real, e senhor do engenho de Mataripe, por serem ambas filhas de Melchior de Aragão e de sua mulher Maria Dias. Teve Nicolau Carvalho de sua mulher D. Maria de Aragão filhos:

 

2.6. Francisco Carvalho Pinheiro c.c. Leonor Teles de Escobar filha de João Borges de Escobar e de sua mulher Joana Teles, e teve filhos.

 

3.1. Antônio, que faleceu sem filhos, batizado a 27 de janeiro de 1653 no Socorro.

3.2. Maria Teles, primeira mulher de Antônio Rabelo de Macedo, batizada a 13 de setembro de 1654.

3.3. Joana Teles Pinheiro, batizada a 25 de fevereiro de 1666.

3.4. Inês Lobo Pinheiro, batizada a 26 de junho de 1661.

3.5. Inácio Teles Pinheiro, batizado a 31 de dezembro de 1663. c.c. D. Maria de Sá de Meneses, filha do capitão Francisco de Sá Barreto e de sua mulher D. Jerônima Diniz. Francisco de Sá, que faleceu solteiro. O padre Antônio Teles de Meneses, sacerdote secular. Cláudio Teles de Meneses, casado com D. Isabel Maria de Souza. sem filhos. Rui Carvalho Pinheiro, a quem chamavam o velho irmão de Manuel Pinheiro Carvalho, que passou com o dito seu irmão de Portugal para a Bahia, foi moço de câmara, escudeiro e cavaleiro fidalgo, e teve o foro nó ano de 1577. dado pelo Duque de Bragança a rogo do Sr. D. Duarte. que lho encomendou muito em seu testamento. Na Bahia casou este Rui de Carvalho três vezes, como consta da verba do seu testamento. além de outras memórias manuscritas. A primeira com Orsula do Rego. filha de Salvador Fernandes do Rego. o moço, da qual teve filhos:

 

4.1. Rui Carvalho Pinheiro, filho do primeiro. Teve também o foro de fidalgo dado por el-rei, sendo mordomo-mor o bispo de Coimbra. Foi casado três vezes; a segunda com D. Catarina de Azevedo, filha de Gaspar de Azevedo, e desta não teve filhos. Casaram a 10 de janeiro de 1667. Segunda vez casou com D. Apolônia de Araújo, filha de Gaspar de Araújo de Góes e de sua mulher Maria do Rego, e também não teve filhos. Faleceu a 10 de janeiro de 1673, sepultado no Carmo. Foi casado este Rui Carvalho a primeira vez com D. Catarina Ravasco.

Terceira vez casou Rui Carvalho, acima, com D. Isabel de Alméida, que desta não teve filhos. E faleceu ele a 31 de março de 1645. Testamenteiro seu irmão Nicolau Carvalho Pinheiro e seu filho Rui Carvalho Pinheiro, que se segue.

Por morte deste seu marido, casou esta D. Isabel segunda vez com o alferes Filipe Cardoso do Amaral, filho do capitão Manuel Cardoso do Amaral e de sua mulher D. Maria Pacheco. Casaram a 3 de maio de 1651.

4.2. Francisco, batizado a 2 de janeiro de 1620. Segunda vez casou com D. Maria de Souza, e teve desta três filhas:

4.3. D. Catarina de Souza, mulher do desembargador João de Góes de Araújo.

4.4. D. Violante Pinheiro, filha de Rui Carvalho Pinheiro, acima, e de sua segunda mulher D. Maria de Souza, casou com o capitão João da Silva Vieira natural da ilha da Madeira, freguesia da Sé, filho de Jerônimo Vieira Tavares e de sua mulher Catarina Machado; casaram a 11 de setembro de 1662.

Diz assim o livro da Sé: Aos 10 de janeiro de 1667, recebi dispensados no parentesco, que entre si têm, pelo sumo pontífice, ao sargento-mor Rui Carvalho Pinheiro, viúvo que ficou de D. Catarina Ravasco, com D. Catarina de Azevedo, natural de Santa Bárbara, filha de Gaspar de Azevedo e de sua mulher Maria Nunes.

4.5. D. Inês de Castro, mulher de Simeão de Araújo de Góes.

3.6 Leonor Teles, que faleceu solteira. 



quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Clã dos Pires



PERES/PIRES
. Este apelido foi, na origem, patronímico de Pedro, e é o mesmo que Pires, forma esta que se radicou no nosso país, sendo aquela a espanhola e usada em Portugal sòmente nos primeiros reinados. Como é originário de patronímico, não há uma só família deste nome, mas muitíssimas, visto terem sido, também, muitíssimos os Pedros de que provieram.

Heráldica, Brasão de Armas da Família Pires: De vermelho, com cruz de ouro, cantonada de quatro flores-de-lis do mesmo: contrachefe ondado de prata e de azul; bordadura de ouro, carregada de oito aspas de vermelho.
Timbre: uma aspa de ouro, com uma flor-de-lis de vermelho entre as extremidades superiores.



PIRES - O Clã Nortenho Fundador de São Paulo

A família Pires se notabiliza não apenas por ser uma das mais antigas do Brasil, como também, por não terem como origem apenas um único casal, mas toda uma parentela, que juntos, se assentam na Capitania diretamente do Reino. Oque refletirá muito propriamente o caráter nortenho de sua raça.

Desse tronco, derivam os Buenos, comos os Velhos, além de todo um entrelaçamento futuro com outras famílias. É dizer, em São Paulo, todos são Pires.

Em 1531, João Pires, o Gago, junto com seu filho Salvador Pires, casado com Maria Rodrigues, e que trouxe também essa, suas irmãs: Francisca de Garcia Rodrigues e Izabel Velho. Vindo também com João Pires seu primo Jorge Pires, cavaleiro fidalgo, todos procedentes do Porto, no Minho, chegam ao Brasil, e se estabelecem na vila de São Vicente em 1533, tendo sido João Pires seu primeiro juiz ordinário. De São Vicente passaram a Santo André da Borda do Campo e depois a São Paulo de Piratininga.

SALVADOR PIRES, o Velho, filho de João Pires, o Gago, nasceu por volta de 1515, na cidade do Porto, em Portugal; faleceu em 1592 em seu sítio, situado acima da cachoeira Patuahy, no rio Tietê, em São Paulo.

Em 1573, Salvador Pires, o Velho, recebeu uma carta de sesmaria, concedida pelo governador da Capitania de São Vicente, Jerônimo Leitão, na qual consta que lhe foi dada meia légua de terras na tapera que tinha sido alojamento do índio Baibebá, partindo pelo campo de Piratininga, por ser o dito Pires lavrador potentado, que dava avultada soma de alqueires de trigo ao dízimo, além das colheitas de outros frutos todos os anos.

Do seu casamento com Maria Rodrigues, conterrânea da cidade do Porto, Salvador Pires, o Velho, teve dois filhos, os brasileiros Manoel Pires (?) e Salvador Pires.


SALVADOR PIRES, o Jovem, nasceu em 1540, na Vila de Santo André da Borda do Campo, SP. Ocupou os principais cargos da governança, entre os quais, o de Procurador do Conselho, em 1563, e de Juiz Ordinário, em 1573. Foi capitão-do-mato e bandeirante tomou parte na bandeira de Nicolau Barreto ao sertão do Guairá (1602); foi pioneiro na importação de videiras da Itália, que plantou em sua fazenda Ajuhá (na atual Freguesia do Ó). Suas lavouras eram mantidas com muitos trabalhadores, principalmente índios catequizados sob sua administração (1607); defendeu o litoral contra os invasores holandeses. Quando recebe a patente de Capitão-da-gente de São Paulo (1624); retornou ao sertão do Guairá, na grande bandeira de Antonio Raposo Tavares (1628).
    Casou-se duas vezes. A primeira com N... de Brito; a segunda pós o falecimento da primeira esposa, com Mecia Fernandes (Mecia-Ussú), natural de São Paulo, filha de Antonio Fernandes e de Antonia Rodrigues, por esta neta de Antonio Rodrigues e da índia batizada pelo padre Anchieta com o nome de Antonia Rodrigues, a qual foi filha de Piqueroby, chefe tupiniquim de Hururay.

Teve doze filhos, sendo quatro do primeiro matrimônio e oito do segundo: 

Beatriz Pires Brito, 
Diogo Pires, 
Amador Pires, 
Domingos Pires, 

Maria Pires c.c. Bartholomeu Bueno de Ribeira (tronco dos Buenos)
Catharina de Medeiros, 
Anna Pires de Medeiros, 
Izabel Fernandes Pires, 
capitão Salvador Pires de Medeiros c.c. Ignez Monteiro de Alvarenga
João Pires, 
Custodia Fernandes e; 
Antonio Pires.


A filha de Salvador, Maria Pires, em 04/08/1590, casou-se com Bartholomeu Bueno de Ribeira, natural de Sevilla, Espanha. Desse casamento foi gerado o filho Francisco Bueno de Ribeira, que se casou, em 1630, com Filippa Vaz e lhe deu o neto Bartholomeu Bueno da Silva, o 1º Anhangüera (RICHA, 2016).



Salvador Pires de Medeiros c.c. Ignez Monteiro de Alvarenga

1.1 Alberto Pires 
1.2 Maria Fernandes Pires 
1.3 Antonio Pires de Medeiros 
1.4 Izabel Pires de Medeiros 
1.5 Maria Pires de Medeiros 
1.6 Anna Pires de Medeiros 
1.7 Bento Pires de Medeiros 
1.8 Maria Pires Fernandes 
1.9 Salvador Pires de Medeiros 
1.10 João Pires Monteiro 


O Ramo Pires Bueno:

O bandeirante Francisco Bueno de Ribeira, filho de MARIA PIRES com o espanhol Bartholomeu Bueno de Ribeira, serviu honrosos cargos da governança em São Paulo e foi capitão de uma bandeira, durante a qual veio a falecer, em 1638. Foi casado com Filippa Vaz.

Foram os "Bartolomeu Bueno da Silva", pai e filho, os primeiros desbravadores dos sertões de Goiás,  e fundador da Vila Boa de Goyaz.

A vida do "Anhangüera" e seus descendentes .... O mito do bandeirante está presente em todos os espaços goianos – monumentos, praças, ruas e até na bandeira da capital do estado de Goiás, como um herói imbatível e audaz.

Seu filho, BARTOLOMEU BUENO DA SILVA, foi o 1º Anhanguera, filho do capitão Francisco Bueno de Ribeira com Filippa Vaz, nascido em 1637, em Santana de Parnaíba-SP, e falecido em data e local desconhecido, foi notável sertanista que, devassou os sertões de Goiás em 1682, com seu filho, de nome homonimo (o 2º Anhangüera), descobrindo ouro, tendo observado índias que se ornavam com aquele metal e conseguindo que lhes dissessem o lugar de onde conseguiam, com o estratagema de atear fogo a um vaso de aguardente, dizendo ser água, e que assim procederia com os rios e lagos daquele sertão, que os secariam ateando fogo, caso não dissessem o lugar. E foi assim que recebeu a alcunha de Anhangüera, o diabo velho, que o imortalizaria.

Bartolomeu Bueno da Silva, o 2º Anhanguera, bisneto de Maria Pires, nasceu em Santana de Paranaíba, em 1672 e faleceu pobre, em Vila Boa de Goiás, em 1740, a cidade que criou. Com a idade de apenas 12 anos já acompanhava o seu pai ao sertão e, em 1722, se apresentou ao Gov. Rodrigo Cesar de Menezes para explorar de novo os sertões de Goiás. Organizou uma numerosa comitiva, que incluiu o sobrinho ANTONIO FERRAZ DE ARAÚJO, filho de MARIA PIRES BUENO, neto de Bartolomeu Bueno da Silva (pai) e bisneto de MARIA PIRES e de Bartholomeu Bueno de Ribeira.


A Guerra entre os Pires e os Camargos na Capitania de São Vicente:


Em 1640, se inicia, por um crime passional, a Guerra entre Pires e Camargos que assolará a Capitania de São Vicente. Alberto Pires, casado com Camargo, mata Antonio Pedroso de Barros, e sua própria esposa Camargo, em razão de adultério. 

Como se perpetrou o ocorrido, não ficou bem elucidado. O fato é que há um testamento de Antonio Pedroso de Barros (vítima de Alberto Pires), pedindo que perdoassem seus assassinos em razão “dos seus pecados”. Se depreende que Antonio Pedroso de Barros possa ter sido atocaiado, e ferido de morte, conseguiu fugir, lavrando o tal testamento em seu leito de morte, quando se encontrava em sua estância cercado pelos Pires. E a esposa de Alberto Pires, Camargo, morta, hipoteticamente, quando do encontro sorrateiro que teve com seu amante, Antonio de Barros, oportunidade em que sofreu a tocaia.

O fato é que esse acontecimento desencadeou uma guerra entre os dois mais poderosos clãs d´aquela capitania: Pires e Camargos.

A família Camargo e os Pedroso de Barros deram início as represálias. "Então os irmãos dos mortos em numeroso corpo de armas, solicitava o despique pela dor que lhe ocupava, procuraram também lavar a ofensa de sua, mágua no sangue mesmo do autor dela tirando-lhe a vida a ferro frio". Só o sangue lava o sangue.

Alberto Pires, a quem os Camargos juraram beber o sangue, se refugiou em uma fazenda de sua mãe, D. Inês Monteiro de Alvarenga, na serra de Ajubá. O engenho dos Pires foi cercado. E para salvar a vida do filho, a velha Inês Monteiro, apareceu à porta da casa alçando um crucifixo, pedindo aos sitiantes que popupassem a vida de seu filho, que se submeteria ao arbitrio dos tribunais. Os Camargos fizeram acôrdo e protestaram, conformarem-se com o veredito da Relação da Bahia onde Alberto Pires seria julgado. Preso, segue Alberto Pires para o Rio de Janeiro e, por serras e vales, segue Inês Monteiro para conseguir a todo transe a liberdade do filho.

À altura da Ilha Grande, evitando mar adverso, a sumáca que transportava Alberto Pires e sua escolta aportou à ilha. Sabedores da escolta de Inês Monteiro, que também se dirigira para o Rio afim de conseguir o livramento do filho, e isso querendo evitar, ou temendo os capangas que a matrona estaria aliciando para, à força, retirar de bordo o prisioneiro e dar-lhe fuga, ou ainda por serem parciais dos Camargos o fato é que a escolta resolveu dar fim alí mesmo ao acusado, o que fizeram amarrando-lhe uma pedra no pescoço e atirando-o ao mar. E a sumáca rumou de volta para Santos. Inês Monteiro, tomada pela dôr e o ódio, passou a ser "a mais, rija parte desta contenda", a  Nemesis da sua gens na luta terrível contra os Camargos.


Família Peres em Pernambuco:

O sobrenome Peres em Pernambuco é um aportuguesamento do sobrenome Peters de origem germânica, referente ao "alemão" Jacques Peres, que deixou geração, quase toda ela casada na família Leitão de Albuquerque.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Clã dos Barros


Euskadi (País Basco)

O solar desta nobre e antiga família está localizado em Guipúzcoa e faz parte do primeiro Senhor de Biscaia. Posteriormente foram extendendo-se pela província de Burgos fundando novos solares.

Genealogistas credenciados concordam com a antiguidade e nobreza desta família, entre eles Antonio de Barahona que faz extensa menção ao sobrenome Barrios, assim como García Alonso de Torres, ambos cronistas de Felipe II e Carlos I, ambos concordando em declarar como este solar foi arruinado pelo rigor dos séculos.

Eles se destacaram nas conquistas de Baeza e acompanharam os Reis Católicos na tomada de Granada. Nos tempos da Rainha D. Juana e de seu filho Carlos, destacou Dom Fernando de Barrios, cavaleiro, relatado pelos cronistas da época. Armas: No azul sobre ondas de azul e prata dois peixes prateados.
Galiza

Na cidade de Tuy (Pontevedra) foi estabelecido um ramo que trazia suas armas de Portugal e ao qual pertencia um de seus fundadores, o cavaleiro Don Juan de Barros, Senhor do Coto de Togores e seu filho, Don Juan, que participou da guerras na Flandres e na Itália, passando para a América com os anfitriões de Dom García de Mendoza. Esta linhagem provou repetidamente seu cavalheirismo não apenas em face de Chancelarias reais, mas também perante os tribunais do Santo Ofício. Armas: No campo dos gules, três faixas de prata, acompanhadas por nove estrelas douradas colocadas um, três e dois.

Portugal

BARROS. É bastante incerta a origem desta familia, pois os autores não concordam no seu progenitor. O mais antigo deste apelido, de quem parece poder deduzir-se a linhagem dos Barros, é Fernão Dias de Barros, morador no lugar de Barros, no concelho de Regalados, solar da família, que se supõe vivesse nos reinados de D. Afonso IV e D. Diniz.

Posto que alguns autores genealógicos e heráldicos façam diferença entre Bairro e Barros, dizendo que são linhagens diversas, assim não é verdade, porque indistintamente se empregaram as duas formas, a primeira das quais foi muito usada até fins do século XVII.

Não se sabe quem era este Francisco de Barros nomeado nos livros de armas, mas talvez fosse Francisco de Barros de Paiva, filho de João de Barros de Azevedo, contador-mor do Reino, e de sua mulher, Ana Figueira, o qual sucedera a seu pai na contadoria-mor, teve comenda na Ordem de Cristo e foro na Casa Real, com dois mil reis de moradia, e esteve vinte anos  na índia, onde se viu valorosamente.  Voltando ao reino, acompanhou seu parente D. Egil Eanes da Costa na embaixada ao imperador Carlos V, cuja Corte abandonou por desavenças, pelo que regressou a Pátria. D. João III o mandou por capitão de S. Tomé, onde se conservou oito anos, adquirindo grande riqueza. Foi também primeiro governador da Costa da Mina, capitão de Mazagão e do Conselho do Rei. Ao mesmo Príncipe serviu também comandando uma frota que comboiava navios com trigo para o abastecimento do Reino. Viveu na Quinta da Fonte Velha, no limite de Pontével, termo de Santarém, e morreu a 13-VI-1570, vindo a ser sepultado no capítulo do mosteiro de S. Francisco de Lisboa.”

Etimologia:  o sobrenome Barros vem do célta: BARRO- (*bharso-), “alto”, "superior", "cume", "ponta".
Quinta de Val Flores, construído no século XVI por
Jorge de Barros, feitor de D. João III. Localizado em Santa Iria da Azóia.

Brasil

A família Barros foi mais numerosa na Bahia. Em Pernambuco se entrelaçam com os Holanda, Lins e Wanderley, constituindo um autêntico clã consagüíneo. Em São Paulo há os Pedrosos de Barros, que tomaram lado com os Camargos, na sangrenta contenda contra os Pires.

Antônio Cardoso de Barros foi o primeiro donatário da Capitania do Ceará, porém, não chegando efetivamente a colonizar. Organizou e financiou duas expedições sem muito sucesso, restando como lembrança, apenas, restos de uma fortaleza inacabada em Camocim, litoral norte do Ceará, encontrada em 1614.

Outro donatário, foi João de Barros, que juntamente com Aires da Cunha recebeu as capitanias do Rio Grande do Norte e do Maranhão. João de Barros foi o famoso cronista português, que teve a malograda experiência de tentar explorar suas capitanias por duas vezes sem sucesso, em 1535 e 1555. Foi melhor sucedido como cronista, tornando-se um dos historiadores mais sérios e consultados de Portugal.


Clã dos Barros de França Corte Real na Bahia:

A família Barros chega no Brasil pela Bahia em 1602, com Afonso da Franca, "o velho", homem honrado e fidalgo, casado com D. Catarina Corte Real, com quem teve vários filhos. Dentre seus filhos destacam-se: João de Barros de Franca, que lutou nas guerras contra os holandeses e faleceu solteiro; Margarida da Franca, primeira esposa de Salvador Vasqueanes de Sá, filho de Duarte Vasqueanes de Sá que era irmão do governador Salvador Corrêa de Sá, tendo vindo em 15 de abril de 1625 em socorro da Capitania da Bahia em face da invasão holandesa; Leonor da Franca, casada com Manuel Gonçalves Barros, tiveram como filho Manuel de Barros da Franca, militar que se destacou no Brasil e em Portugal, tornando-se fidalgo da Casa Real, “em atenção ao seu grande valor, disciplina militar, e eqüestre muita experiência da guerra”; Pedro Gomes da Franca Corte Real, alferes, capitão de infantaria, mestre de campo, também faleceu solteiro.

O pai de Afonso da Franca chamava-se Lancerote da Franca, tornou-se um dos heróis que lutaram no cerco de 1625 em que os holandeses foram expulsos da Bahia. Comandava a nau Caridade, sob as ordens de D. Fradique de Toledo. Foi ele que levou até Recife a notícia da restauração da Bahia. Morreu em Olinda, velho e doente, ainda disposto a lutar contra os holandeses.

Um dos netos de Afonso da Franca destacou-se também como herói. Trata-se de Manuel Gonçalves de Barros, chamado “Capitão Manuel”, um dos chefes das guerrilhas feitas contra os holandeses sob o comando do bispo D. Marcos Teixeira. Era casado com D. Leonor da Franca, natural de Tânger. Outro varão desta família chamava-se Gaspar de Barros de Magalhães, fidalgo que viveu no Recôncavo baiano. Veio de Portugal empobrecido, mas na Bahia amealhou riqueza, tornou-se homem de muitas posses. Casou-se com D. Catarina Lobo de Barbosa Almeida, com quem teve muitos filhos, ao todo cerca de 20, alguns bastardos.

No final do século XVII vieram para a Bahia Manoel Fernandes de Barros, procedente da Ilha da Madeira, casado com D. Cecília Soeira, e D. Maria de Barros, procedente de Braga, Portugal, que aqui casou-se com João Borges de Macedo. Destes dois casais se originaram os “Barros Soeiro” e os “Borges de Barros”.


O Clã Holanda Barros Lins de Porto Calvo (Pernambuco / Alagoas):

Capitania de Pernambuco
Em Pernambuco, surgiu um Rodrigo de Barros Pimentel, casado com uma filha de Arnao de Holanda, D. Maria de Holanda. Teve um filho com o mesmo nome, casado com D. Jerônima de Almeida, de onde tiveram uma filha que foi para a Bahia aliar-se com a família Lins. Não se sabe porque, mas uma das filhas de Arnao de Holanda se chamava D. Brites de Barros, e não trazia o sobrenome do marido que se chamava Antônio Coelho de Carvalho. Tampouco trazia o sobrenome da mãe que se chamava Brites Mendes de Vasconcelos. Talvez, uma homenagem ao padrinho. Era comum, antigamente, as pessoas se batizarem depois de adultos e  tomarem o nome do padrinho.

Genealogia dos Holanda Barros Pimentel:

Arnao de Holanda c.c. Brites Mendes de Vasconcelos

1. Maria de Holanda c.c. Rodrigo de Barros Pimentel (I)

2. Rodrigo de Barros Pimentel (II) c.c  D. Jerônima de Almeida filha de Baltazar de Almeida Botelho e sua mulher D. Beatriz Mendes, irmã de Bartolomeu Lins.

3.1. José de Barros Pimentel

3.2. D. Maria de Barros c.c. Leão Falcão Deça, filho de Vasco Marinho Falcão e de sua mulher D. Inês Lins, filha de Cristóvão Lins e de sua mulher Adriana de Holanda:

4.2.1. Francisco de Barros Falcão c.c. D. Maria de Lacerda, filha de D. Maria de Lacerda e de seu marido Filipe Cavalcanti, filho este de Antônio Cavalcanti de Albuquerque e de sua mulher D. Isabel de Góes de Vasconcelos, filha de Arnao de Holanda e de sua mulher Brites Mendes de Vasconcelos, o qual Antônio Cavalcanti, casado com a sobredita Isabel de Góes, era filho de Filipe Cavalcanti fidalgo florentino, o primeiro que passou a Pernambuco.

3.3. D. Cosma de Barros c.c. Sibaldo Lins, filho de Bartolomeu Lins, e de sua mulher D. Maria da Silva(Rocha), aí, o que Bartolomeu Lins, era filho de Cristóvão Lins e de sua mulher Adriana de Holanda, ibi., e foram dispensados Sibaldo Lins e D. Cosma no 2. ° e 3. ° graus de consagüinidade por breve do Santíssimo padre Alexandre 7.°

4.3.1. Cristovão Lins, nascido em Porto Calvo, c.c. D. Adriana Wanderley. Do seu processo de habilitação para cavaleiro da Ordem de Cristo (honra que conseguiu, a 7 de janeiro de 1699, T.T., Habil. da Ordem de Cristo, letra C, m. 1, n. 5): todas as testemunhas inqueridas disseram que o justificante, de 34 ou 35 anos, é homem nobre e dos principais desta capitania de Pernambuco e que atualmente está ocupando o posto de sargento-mor da vila de Porto Calvo, bem como o de alcaide-mor dela. Também foram nobres, e principais, pais avós paternos e maternos -e que "todos uns e outros vivem e viveram sempre neste curato de Camaragibe distrito da vila de Porto Calvo em seus engenhos e fazendas". Corrija-se Borges da Fonseca, ibid., I, p. 118 (a propósito de D. Adriana Wanderley).

3.4. Rodrigo de Barros c.c. D. Inês Lins, filha de Bartolomeu Lins, dispensados por duas vias no 3º e 4º graus de consagüinidade;  primeira porque o orador Rodrigo de Barros é filho de D. Jerônima de Almeida, a qual D. Jerônima foi filha de Beatriz Mendes, a qual Beatriz Mendes foi irmã de Bartolomeu Lins, o qual Bartolomeu Lins foi pai da oradora Inês Lins. E pela outra, porque o orador Rodrigo de Barros é filho de Rodrigo de Barros Pimentel, o qual Rodrigo de Barros Pimentel foi filho de Maria de Holanda, a qual Maria de Holanda era irmã de Adriana de Holanda, mãe de Bartolomeu Lins, pai da oradora Inês Lins. Foram esses oradores dispensados no 3º e 4º graus comum de consangüinidade por breve do Santíssimo'papa Alexandre 7º.

3.5. D. Beatriz Pimentel c.c Cristóvão Lins de Vasconcelos, filho de Bartolomeu Lins de Vasconcelos e de sua mulher Maria da Rocha, casado com.D. Beatriz Pimentel sua parenta em 3. ° grau de consangüinidade, por ser essa D. Beatriz Pimentel filha de Rodrigo de Barros Pimentel: (2) e este ser primo co-irmão de Bartolomeu Lins, pai de Cristóvão Lins. E além deste parentesco serem também parentes, por ser o dito Rodrigo de Barros casado com D. Jerônima de Almeida: filha de D. Beatriz Mendes, irmã do dito Bartolomeu Lins e sua sobrinha, e por esta via também em 3º grau, os oradores: e foram dispensados por breve, digo dispensa do bispo da Bahia D. Pedro da Silva de 11 de abril de 1645.



O Clã da Família Barros Rêgo:

Um dos primeiros povoadores de Pernambuco, foi Francisco de Barros Rêgo (*1560, +1614), natural de Viana do Castelo, Minho. Tendo tomado parte na guerra de conquista do Rio Grande do Norte contra os franceses. Foi senhor do Engenho São Francisco da Várzea, vindo a se casar primeiramente com D. Felipa Tavares, com quem teve um filho: João de Barros Rêgo. Vindo posteriormente, a casar uma segunda vez, com D. Maria Barrosa Pessoa.

Seu filho, Cristóvão de Barros Rêgo, instituiu o morgado de São Bento do Caiará, tendo sido capitão mór de Taipu na Paraiba. 

Genealogia Barros Rêgo:

1º Núpcias de Francisco de Barros Rego c.c. D. Felipa Tavares

João de Barros Rego c.c. Maria de Castro Monteiro, filha de Domingos de Castro (de Figueiroa) c.c. Maria Monteiro, essa, filha de Domingos Bezerra e de sua mulher Brásia Monteiro.

1. Francisco de Barros Rêgo c.c. Maria Barrosa Pessoa, filha de Fernão Martins Pessoa e de Maria Gonçalves Raposo - índia.

2.1. Cristóvão de Barros Rego c.c Ana Maurícia Wanderley, filha de João Maurício Wanderley (1641 - 1680) e de Maria da Rocha Lins.

3.2.1. Manoel do Rego Cogominho;

3.2.2. David de Barros Rego, Padre;

3.2.3. Catarina de Barros Rêgo, 1a Morgado de S Bento de Caiará  

3.2.4. Maria do Rego

3.2.5. Maria José da Rocha c.c. João Marinho Falcão

2.2. Antônia de Barros Pessoa;

2.3. Estevão de Barros Rego;

2.4. Miguel de Barros Rego;

2.5. José de Barros Rego



O Clã da Família "Rego Barros":

Um outro ramo dos Barros em Pernambuco é a família "Rego Barros", que são distintos dos "Barros Rêgo". Os Rego Barros, descendem de Luís do Rego Barros, natural de Viana do Castelo, região do Minho, Portugal. Filho de Antônio de Barros Rego (instituidor do morgado da Quinta de Sô e de Eriste, na vila de Viana) e de Maria Nunes Barreto. Casou-se em Olinda com Inês de Góis de Vasconcellos. Filha de Arnau de Holanda e de Brites Mendes de Vasconcellos. Neta paterna de Henrique de Holanda, barão de Renoburgo, e de Margarida Florência (irmã do papa Adriano VI).

Luís do Rego Barros e Inês Góis de Vasconcellos foram pais de seis filhos, entre os quais: 

Francisco de Rego Barros (*1600 em Olinda, + em Pernambuco [?]). Residiu em Olinda até 1635, quando se retirou para a Bahia, em face da invasão holandesa; depois provavelmente retornou a Pernambuco, onde faleceu capitão. O Rei Dom João IV concedeu-lhe o título de fidalgo cavaleiro da Casa Imperial e o hábito da Ordem de São Tiago, que, devido ao seu falecimento, não chegou receber. Casou-se em 08-05-1623, em Olinda, com Archangela da Silveira. Filha de Domingos da Silveira (n. 1551 em Viana, em Portugal; estava vivo em 1636, em Olinda; estudou em Coimbra; procurador da Fazenda Real em Pernambuco) e de Margarida Gomes da Silva (n. em Viana, Portugal). Do seu casamento com Archangela da Silveira tiveram seis filhos, entre os quais: 

João do Rego Barros, n. 1628 em Olinda, f. 27-10-1697 tb. em Olinda, s. na capela da igreja de N. Sa do Pilar, no Recife. Fidalgo da Casa Real. Comendador da Ordem de Cristo, conforme patente de 17-06-1655. Depois da Restauração, foi capitão-mor e governador da capitania da Paraíba [1663-70]. Provedor da Fazenda Real de Pernambuco, por carta régia, desde 13-07-1675 até seu falecimento, em 1697. Casou-se com caetana theodora valcaçar. Filha de Francisco Camello de Valcaçar (ouvidor da capitania da Paraíba, da qual fora governador no tempo dos holandeses) e de Anna da Silveira. Neta paterna de Jorge Camello (ouvidor de Pernambuco) e de Catharina de Valcaçar (fidalga castelhana).

Francisco Rego Barros
(Conde da Boa Vista)
Francisco do Rego Barros, o Conde da Boa Vista, que foi Presidente da Província de Pernambuco (Séc. XIX), e que se notabilizou por fazer de Recífe uma cidade comparável a importantes cidades europeias, também, lembrado como grande patriota, é descendente direto desse ramo: "Rego Barros".




O Clã da Família Pedroso de Barros em São Paulo: 

Capitania de S. Vicente
A família Pedroso de Barros vem para o Brasil em 1602, originários do Algarve, por intermédio de dois irmãos: Pedro Vaz de Barros, como ouvidor da Capitania de São Vicente e São Paulo e Antonio Pedroso de Barros, como capitão-mór da capitania das mesmas, "pessoas de qualificada nobreza". No cartório do tabelião da vila de S. Vicente se acham uns autos de justificação de nobilitate probanda, titulo, o capitão Valentim de Barros, n.º 1643. E também os autos de justificação do capitão Fernão Paes de Barros, ano de 1678. Destes dois autos consta que Pedro Vaz de Barros viera à capitania de S. Vicente em serviços da coroa, e que, voltando ao reino, tornara a mesma capitania, provido em capitão-mor governador dela. Que seu irmão Antonio Pedroso viera à São Vicente, onde chegara com o tratamento de homem nobre, trazendo criados brancos que o serviam, e casara na dita vila com uma f.ª de Jeronimo Leitão que tinha sido capitão-mor governador da capitania de S. Vicente, em cuja vila ficara sendo morador dito Antonio Pedroso de Barros. Deste matrimonio há descendência na vila de S. Vicente, conhecida nos Pedrosos Barros dela.

O capitão-mor governador Pedro Vaz de Barros foi casado com Luzia Leme, filha de Fernando Dias Paes e de Lucrecia Leme, tendo como filhos:

1. Valentim de Barros
2. Antonio Pedroso de Barros
3. Luiz Pedroso de Barros
4. Pedro Vaz de Barros
5. Fernão Paes de Barros
6. Sebastião Paes de Barros
7. Jeronimo Pedroso
8. Lucrecia Pedroso de Barros

1. Valentim de Barros saiu de S. Paulo no posto de alferes de infantaria da companhia do mestre de campo Antonio Raposo Tavares, que no ano de 1639 foi socorrer Pernambuco em poder dos holandeses. Chegando Valentim de Barros à Bahia, nela se embarcou na armada com o conde de Castelo Novo, e marquês de Montalvão D. Jorge de Mascarenhas, contra os holandeses. Estando estes já de posse do centro da cidade de Pernambuco e seus contornos, voltou o alferes Valentim por terra usando suas armas contra o inimigo até a Bahia na companhia do mestre de campo Luiz Barbalho Bezerra. Seus serviços de valoroso soldado, com os índios que levou de S. Paulo, mereceram-lhe por parte do marquês vice-rei a promoção do posto de alferes ao de capitão de infantaria.

Casou-se o capitão Valentim na Bahia com Catharina de Góes e Siqueira, natural da Bahia, irmã de João de Góes de Araujo, ouvidor do cível da relação daquela cidade em 1666, filha de Jorge de Araujo de Góes e de Angela de Siqueira, ambos naturais da Bahia, n. p. de Gaspar de Araujo, natural de Ponte de Lima, e de Catharina de Góes, natural de Lisboa, n. m. de Sebastião Pedroso de Barros, natural de Viana de Castela, Minho, e de Leonor de Siqueira, natural da Bahia. Depois da morte de seu pai, resolveu o capitão Valentim Pedroso regressar e morar em S. Paulo trazendo sua mulher Catharina, que foi acompanhada de sua irmã Leonor de Siqueira e do irmão André de Góes de Siqueira que veio depois provido no cargo de provedor e contador da fazenda real da capitania de S. Vicente e S. Paulo, por provisão passada por D. Vasco de Mascarenhas, conde de Óbidos e vice-rei, em 1666.

Faleceu o capitão Valentim de Barros em S. Paulo em 1651 e teve 2 filhos:

1-1 Fernando
1-2 João

A viúva Catharina casou-se pela 2.ª vez com dom João Matheus Rendon, viúvo de Maria Bueno de Ribeira e foram morar na Ilha Grande.

2. Antonio Pedroso de Barros, fº. de Pedro Vaz de Barros e Luzia Leme, faleceu em 1652 com testamento. Foi potentado pelo número de 600 índios que possuía nas suas fazendas de cultura. Foi seu assassinato que deu causa a guerra entre Pires e Camargos que ensanguentaria a Capitania de São Vicente. Consta no seu inventário com testamento escrito por seu concunhado Francisco Dias Velho, por estar o testador em artigo de morte: "deixo a meus herdeiros que perdoem aos meus matadores, porque foram os meus pecados", isso por causa do adultério que cometera com Eleonor Camargo, esposa de Alberto Pires. 

Pedro Vaz de Barros , que tinha 6 anos em 1652 quando iniciou o inventário de seu pai, foi rico em cabedais. Foi morador no sítio ou fazenda de Cataúna que, pelo número de casas e seu arruamento, parecia uma vila, com uma capela onde se administrava os sacramentos a mais de 600 almas. Foi casado com Maria Leite de Mesquita f.ª de Domingos Rodrigues de Mesquita e de Maria Dias; por esta neta de Pedro Dias Leme e de Maria Leite.

Nele declarou ser f.º de Luzia Leme, ser irmão dos capitães Fernão Paes de Barros e Pedro Vaz de Barros, e ser genro de Ignez Monteiro. Do seu casamento com Maria Leite de Mesquita, tiveram os seguintes filhos:

2.1. Beatriz de Barros que foi casada com Manoel Correa Penteado f.º de Francisco Rodrigues Penteado e de Clara de Miranda. Com geração.
2.2. Luiza Leme de Barros que foi casada com Paschoal Leite Penteado f.º de Francisco Rodrigues Penteado e de Clara de Miranda. 
2.3. Izabel Paes de Barros, falecida em 1753 em Parnaíba com 80 anos, foi casada com João Correa Penteado f.º de Francisco Rodrigues Penteado e de Clara de Miranda. Com geração.
2.4. Lucrecia Leme de Barros foi casado com José Correa Penteado f.º de Francisco Rodrigues Penteado e de Clara de Miranda. 
2.5. Maria Pires que casou em 1698 em S. Paulo com Rodrigo Bicudo Chassim f.º de Gonçalo Simões Chassim e de Maria Leme de Brito. Com geração em Tit. Chassins.
2.6. Maria Leite Pedroso casada em 1705 em S. Paulo com Gaspar Correa Leite f.º de Paschoal Leite de Miranda e de Anna Ribeiro.
2.7. Domingos Rodrigues foi casado com Catharina de Almeida Teve q. d.:
3.1. Maria Leite de Barros, falecida em 1773 em Parnaíba, foi casada com André da Rocha do Canto f.º de Domingos da Rocha do Canto, de Guimarães, e de Maria de Lima, de S. Paulo.

3. Luiz Pedroso de Barros, filho do capitão-mor governador Pedro Vaz de Barros e de Luzia Leme, saiu em 1639 no posto de capitão de infantaria na mesma expedição de que fez parte seu irmão o capitão Valentim Pedroso, que de S. Paulo foi socorrer a Bahia e Pernambuco contra a invasão dos holandeses. Levou o capitão Luiz Pedroso em sua companhia muitos índios de sua propriedade, sendo governador e capitão-mor de toda a expedição Antonio Raposo Tavares. Na Bahia casou-se com Leonor de Siqueira, irmã Catharina casada com seu irmão o capitão Valentim Pedroso, e voltou a S. Paulo trazendo sua mulher que faleceu em 1699, e o capitão Luiz Pedroso em 1662 no sertão dos Serranos, no reino do Peru, para onde tinha feito uma entrada, depois que voltou da Bahia. Teve de seu consórcio 2. f.ªs: (C. O. de S. Paulo):

1-1 Maria de Araujo que casou com Lourenço Castanho Taques, falecido em 1708, f.º de outro de igual nome e de Maria de Lara. Com geração.
1-2 Angela de Siqueira, falecida em 1730, foi 1.º casada com Sebastião Fernandes Correa, segundo provedor e contador da real fazenda da capitania de S. Paulo, f.º de outro de igual nome, natural de Santa Eulalia, Portugal, e de Anna Ribeiro de Alvarenga; segunda vez casou com Pedro Taques de Almeida, cavaleiro fidalgo da casa real, capitão-mor governador, f.º de Lourenço Castanho Taques e de Maria de Lara. Teve do 1.º marido a geração descrita em Tit. Alvarengas, e do 2.º a geração em Taques Pompeus.


O Capitão-Mór CRISTÓVÃO DE BARROS, Senhor dos Tamoyos, Terror dos Normandos.

Quando da colonização sistemática, em escassas povoações: Porto Seguro, Vitória, Santo Amaro... Que podiam essas gentes esparsas e ralas, contra a insistência dos contrabandos franceses, garantidos pelo gentio valoroso, ligados com ele até por alianças de sangue? Em 1555, só há, livres deles – Pernambuco, a Bahia propriamente dita, e, mal, mal, Santo Amaro. O resto: Rio de Janeiro, todo o território dos Tamoios até Espírito Santo, do Itapicuru até o São Francisco, e de Itamaracá para o Norte, tudo era domínio dos franceses, e que só lhes foi conquistado à custa das grandes lutas – Rio de Janeiro, Paraíba, Rio-Real, até a ação de Cristóvão de Barros. A luta do Rio-Real vai até os últimos dias dos séculos XVI; a da Paraíba ao Ceará, até 1608; e a do Maranhão, até 1616. Não será preciso acentuar a importância da empresa patrocinada por Coligny. É história muito vulgarizada. Notem-se, apenas, estas duas circunstâncias: no tempo enviavam os franceses mais navios ao Rio de Janeiro, do que os portugueses a todo o Brasil; até aquele momento, eles não haviam feito tentativa de colonização mais importante do que a de Villegagnon: até mulheres traziam na expedição. Vindo para cá, o célebre almirante chega a um país que era dos seus. Mesmo sem aceitar as pretensões francesas, de que os flibusteiros da Normandia, “depuis plusieurs années en ça (antes de 1503)”, frequentavam a Baía de Guanabara, é inegável que esses aventureiros faziam um comércio seguido com o gentio Tamoio-Tupinambá, e conheciam a costa bem melhor do que os portugueses. Tinham representantes junto das tribos, e que eram os diretores dos trabalhos, nas colheitas dos produtos constantes do respectivo tráfico. Tal era o desenvolvimento desse tráfico que, mesmo depois da grande derrota infligida por Mem de Sá e o sobrinho, em 1569, ainda eles enviavam regularmente as suas naus a Cabo Frio. O célebre combate de São Lourenço, em que a tática de Arariboia conseguiu bater tamoios e franceses, foi provocado por estes – para castigar o chefe temiminó. Uns e outros vieram afrontar os portugueses do Rio de Janeiro, tão fortes se sentiam, ainda. Conta Frei Vicente que os franceses apresentaram-se em oito naus. Em 1587, ainda eles animavam os seus fiéis aliados; foi quando, com Salema, se deu o aniquilamento da grande nação Tamoia. Apesar disto, quatro anos depois, a propósito de auxiliar as pretensões do Prior do Crato, apresentavam-se navios franceses no Rio de Janeiro, e ainda houve mister a ação de Cristóvão de Barros, contra os restos do gentio, amigo dos mesmos franceses. O historiador Robert Southey considera o caso do Rio de Janeiro como o perigo mais sério a que se achou exposta a colônia portuguesa, não tanto pelo poder dos franceses, mas, sobretudo, pela reação do gentio, e acha que, sem a intervenção de Nóbrega e Anchieta, que anularam os efeitos da célebre Confederação dos Tamoios, os portugueses teriam sido expelidos do sul do Brasil. A extensão da luta, mesmo depois de conjurado o maior perigo, prova que o grande historiador tem razão.

Os franceses continuaram fortes e temidos, e mantiveram suas alianças com os tupinambás. Havia estabelecimentos permanentes, com todas as suas consequências – alianças de sangue com as gentes das aldeia, cruzamentos... A luta para conquistar definitivamente aquele pedaço de Brasil não teve o seguimento nem a intensidade da Paraíba, mas foi além, no tempo. E era tão sólida a posição dos franceses no Rio Real, que eles pensaram em dar, com aquele gentio, o grande golpe no poder português: atacar e tomar a Bahia. Foi, pela denúncia do plano, que o governo da metrópole resolveu liquidar o caso, incumbindo da empresa a Cristóvão de Barros, que conhecia bem esse gênero de guerra, e tinha motivos pessoais contra o gentio de Sergipe (seu pai havia sido morto e devorado pelos Caetés). 

Cristóvão de Barros, grande capitão-mór de Sergype del Rey, que submeteu definitivamente os Tamoios no Rio de Janeiro, e os Tupinambás de Sergipe, diz Frei Vicente: 
“Era homem sagaz e prudente e bem afortunado nas guerras... em todas que teve com os Tamoios ficou vitorioso e pacificou de modo o Recôncavo e rios daquela baía que, tornados os ferros das lanças em foices e as espadas em machados e enxadas, tratavam os homens já somente de fazer suas lavouras e fazendas, e ele fez também um engenho de açúcar...” 
A campanha se fez quase que num só ato, sem que a derrota de Boipeba afastasse definitivamente os franceses: em 1596, ainda há um Honoré, prático da barra do Vasa-Barris, em cujas tribos vive normalmente. Em 1593, reforçados com contingentes que chegam, os franceses oferecem combate aos portugueses, nas águas do Rio Real, e são batidos por Tomé da Rocha. E ainda não é definitiva a eliminação, pois que, em 1595, recomeça a luta, em maiores perigos: uma esquadra poderosa, destinada a atacar a Bahia, destaca parte dos navios, para reforçar um estabelecimento no Rio Real, onde a expedição do célebre Pão de Milho chegou a descer para ser, finalmente, batido por Diogo Quadros, num desenvolvimento de lutas que só terminam em 1596. Resta, ainda, alguma coisa; e só no primeiro ano do século XVII são definitivamente eliminados, de Sergipe, os renitentes adversários.



Nota: não há como afirmar de qual família se origina um Barros atual sem um levantamento genealógico, e seus entroncamentos com os ancestrais do tempo da colônia. Isto não ocorre só com os Barros, mas com muitas outras famílias.

Incidência do sobrenome Barros nos estados brasileiros



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Clã dos Furtado de Mendonça

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