segunda-feira, 25 de março de 2019

Clã dos Araújos


O primeiro deste apelido parece ter sido Rodrigo Anes de Araújo, que teve o senhorio do castelo de Araújo, na Galiza, donde tomou o nome. Pretendem alguns genealogistas que vivera com seu pai nas gralheiras de Araújo, cujas terras herdara de sua mãe, e que fora o fundador do castelo. A origem desta família não é bem conhecida, pois se lhe atribuem diversas: os Azas, os Maias, o francês João Tiranoht, etc.

Rodrigo Anes de Araújo casou com D. Maior Álvares de Aza, sua parenta, segundo dizem, filha de D. Rodrigo Álvares de Aza e de sua mulher, D. Maria Pires de Ambia, casamento que Manso de Lima considera impossível. Deste Rodrigo Anes descenderam os Araújos da Galiza, onde foram senhores de muitos lugares, Vasco Rodrigues de Araújo e de sua mulher, o qual era neto do primeiro Rodrigo Anes, passaram a Portugal, cujos Reis serviram e foram progenitores das famílias destes apelidos existentes no Minho ou desta província derivadas.

Rodrigo Anes de Araújo,era descendente de membros das famílias reais do Reino de França e da Burgúndia através de um nobre cavaleiro chamado Jean Tiranoth. Jean Tiranoth com grande número de cavaleiros franceses e burgúndios tomaram parte na Reconquista da Galiza contra os mouros, e como recompensa, lhe foram doadas terras reconquistadas. Seu bisneto Pedro Anes de Araújo se passou para o Reino de Portugal, em torno de 1375.

Etimologia: 'Araújo' vem do celta, *āradūsion, lugar de passagem (espiritual), supostamente é uma referência a um santuário aonde os druidas desfaleciam em transe, com sua alma indo ao além, segundo as crenças kélticas. 

Armas: As armas usadas em Portugal, são: de prata, com aspa de azul carregada de cinco besantes de ouro, postos em aspa. Timbre: meio mouro, sem braços, vestido de azul e fotado de ouro ou a aspa do escudo. Os Araújos, alcaides-mores de Lindoso, usaram talvez armas diversas, semelhantes às dos Veloso.


BRASIL*

O Clã Araújo da Bahia:

Francisco de Araújo, natural de Ponte de Lima, filho de Gaspar Barbosa de Araújo e Maria de Araújo, da “nobilíssima família dos Araújo da Província de Entre Douro e Minho”, casou com Maria Dias, neta de Diogo Alvares Correia, o Caramuru, e de Catarina Alvares (Paraguaçu). Foi sesmeiro em Sergipe e faleceu em Salvador da Baía em 27 de Agosto de 1602. Deste casamento houve três filhos sem geração e uma filha chamada Catarina Álvares que viria a casar com o seu tio paterno Baltazar Barbosa de Araújo, também ele natural de Ponte de Lima e filho de Gaspar Barbosa de Araújo. Das duas filhas nascidas deste casamento, Francisca de Araújo e Joana Barbosa, esta veio a casar com António de Souza Drummond, nobre família de origem escocesa (Clã dos Drummonds), estabelecida na ilha da Madeira.

Em reconhecimento dos seus serviços, o próprio governador-geral, Tomé de Sousa, armou cavaleiros três dos seus filhos – Gaspar, Gabriel e Jorge Álvares – e um dos seus genros, João de Figueiredo, tendo o rei D. João III confirmado no ano seguinte através de carta régia a concessão atribuída.

Pernambuco:

Na família Araújo, se registra a ilustre figura de Amador de Araujo Pereira, em Pernambuco, um dos heróis da Insurreição Pernambucana. Foi natural da Província do Minho, onde seus pais Pedro Gonçalves, o Novo, e Felippa de Araujo Pereira, aparentado em grau muito próximo com a casa de Esquivo e com a de D. Miguel de Azevedo e de Luiz de Miranda Pereira, com cujos parentes conservou sempre comunicação, como se prova das cartas que conservam seus descendentes. Veio a Pernambuco antes da entrada dos Holandeses e casou na freguesia de Ipojuca com D. Maria da Costa de Luna, filha de Álvaro Gonçalves de Luna e de sua mulher Isabel da Costa. 

Amador de Araujo é em Pernambuco o tronco da família de seu sobrenome. Dele fazem honorífica memoria os autores que escreveram a guerra dos holandeses, na qual foi eleito Capitão-mór de Ipojuca, e procedeu com tanta honra que S. Majestade em atenção aos seus serviços o nomeou governador de São Thomé, posto que não logrou por falecer quando estava para embarcar.

É Amador Araújo que desencadeia a insurreição em 17 de junho de 1645. Ao seu comando, e de par com o capitão Agostinho Fagundes, dirige um terço de 400 homens com o qual cercou Ipojuca, e prendeu a guarnição holandesa. Em 24 de junho, o comandante holandês, Henrique Hus, sai a sombra da noite, com tropa de 600 homens, para debelar o motim de Ipojuca. No caminho comete inúmeras atrocidades em puro atos de covardia. Há uma légua de Ipojuca, em Tabatinga, Fagundes o embosca com 20 homens, consegue dar morte a 3 holandeses e ferir outros tantos, se retira, e volta a se unir a Amador de Araújo, que abandona sua posição na vila e busca o encontro de suas tropas com as de Fernandes Vieira. Durante 45 dias, Amador Araújo, entreteve o exército de holandês, o acuando e detendo seu avanço, possibilitando a mobilização do exército de João Fernandes Vieira, que de par com a sua tropa, se bateria com os holandeses na Batalha do Monte das Tabocas, impondo a primeira grande derrota militar aos hereges.

Manoel de Araujo de Miranda, Filho de Amador Araújo, foi Capitão na guerra dos holandeses e morreu valerosamente na segunda batalha dos Guararapes. Foi casado, e segundo marido de 3 que teve D. Lourença Correia, irmã de João Correia Barbosa, Cavaleiro da Ordem de Christo e Capitão-Mór de Ipojuca.


GENEALOGIA DOS ARAÚJO PEREIRA

1. Amador de Araújo Pereira c.c. D. Maria Costa de Luna

2. Manoel de Araujo de Miranda, c.c. D. Lourença Correia, irmã de João Correia Barbosa, Cavaleiro da Ordem de Christo e Capitão-Mór de Ipojuca, e foram seus filhos:
3 — Manoel de Araujo de Miranda, Capitão de Auxiliares, no cerco de cabo de Ipojuca e Serinhaem, de que era Mestre de Campo Marcos de Barros Correia, por Patente de 10 de Fevereiro de 1666, da qual consta que seu pai falecera na segunda batalha dos Guararapes. As memórias do Capitão Jer°. de Faria de Figueiredo, dizem que foi casado com Maria da Cunha e que o matrimonio [...]
3—Luiz de Miranda Pereira, que também foi Capitão de Auxiliares do Terço do Mestre de Campo Marcos de Barros Correia na Companhia que se formou da gente que sobrou das Companhias de Bernardo Vieira e de seu irmão Manoel de Araujo Miranda, por Patente de 12 de Março de 1666, e delia consta que seu pai morrera na segunda batalha dos Guararapes. Casou com Beatris de Brito de Vasconcellos, irmã de seu ultimo padrasto o Capitão Domingos Gomes de Brito e filho de Diogo de Brito Borges, e de sua mulher Custodia Gomes de Abreu. Ainda vivia o dito Luiz de Miranda Pereira, em 1693, e teve de sua mulher os seguintes filhos:

2. Bernardino de Araujo Pereira, foi Capitão de Cavalos de Ipojuca. por Patente de 12 de Março de 1666. Ao 1º de Novembro de 1664, assinou termo de Irmão da Mizericordia de Olinda e dele consta que já então era casado com D. Ursula Cavalcante d'Albuquerque, filha do Capitão Pedro Cavalcante d'Albuquerque. Fidalgo da Casa Real e Cavalleiro da Ordem de Christo, e de sua mulher D. Brasia Monteiro.


O Ramo Araújo Costa no Ceará:

No Ceará, um dos ramos da família Araújo, são os "Araújo Costa", que advem de José de Araújo Costa, natural do Porto, região do Minho, Portugal, filho de Pedro Araújo e de Maria Sá, ambos portugueses, vindo a se casar com D. Brites Vasconcellos, natural de Goiana (Pernambuco), filha de Manoel Vaz Carrasco, e de D. Maria Magdalena, ambos de Igarassú, Pernambuco. E se estabelecendo no vale do Acaraú, região norte do Ceará. 

Um de seus filhos, Diogo Lopes Araújo Costa, nascido em 08 de março de 1761, e batizado no dia 22 do corrente mês e ano, teve 16 filhos, com três mulheres diferentes.  Um outro, José de Araújo Costa, teve 11 filhos: 3 homens e 8 mulheres. 

Outros Clãs:


*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não documentados.

terça-feira, 19 de março de 2019

Clã dos Andrade(s)


A Família Andrade é uma das mais antigas de que se tem registro em toda península ibérica. Sua origem advêm do reino da Galiza, cujo solar, a freguesia de Andrade, se localiza perto de Ferrol, atual município de Pontedeume, de cujas vilas o rei D. Henrique II fez mercê a seu privado Fernão Peres de Andrade, descendente de Bermudo Peres de Traba Freire de Andrade, que provinha dos antigos condes de Traba e Trastâmara.

Os Andrades, ou Andradas, usaram também tradicionalmente o apelido Freire, e os dois sobrenomes passaram a considerar-se indissociáveis, usando uns Andrade Freire, outros Freire de Andrade, como isoladamente.

A origem etimológica vem do celta: anderātis, significando “grande baluarte, fortaleza”, Andrade.

Galiza

Sepulcro de Fernan Perez de Andrade, figurando o mito
celta da "caça selvagem". O javali era signo celta do saber letrado. 
O Urso, a força selvagem guerreira, Berserker.
No final do Século XII, começou a tomar importância uma família originária de Andrade de cujas vilas o rei D. Henrique II fez mercê a seu privado Fernán Pérez de Andrade, descendente de Bermudo Peres de Traba Freire de Andrade, que provinha dos antigos condes de Traba e Trastámara. Esta família chegaria a dominar as terras de Ferrol, Pontedeume, Betanzos e Vilalba.

Atualmente, as propriedades que pertenceram aos Condes de Andrade e Vilalba, fazem parte das muitas outras posses da Casa de Alba.

A esta família pertenceram alguns personagens importantes da história da Galiza, como:
  • Fernán Pérez de Andrade, o Bom
  • Nuno Freire de Andrade, o Mau



Castelo dos Andrades, construido pelo
Conde Fernan Perez de Andrade em 1369,
destruido em 1467, e posteriormente reedificado,
novamente destruido em 1486, e restaurado
no Séc. XIX pelo Duque de Alba.
Portugal

Os principais ramos portugueses provêm de Rui Freire de Andrade (1295–1362), que veio para Portugal com os seus dois filhos D. Nuno Rodrigues Freire de Andrade (c. 1300–1372), mais tarde 6º mestre da Ordem de Cristo, e Vasco Freire.

João Fernandes de Andrade, filho de Fernão Dias de Andrade e de D. Beatriz da Maia, serviu os reis D. Afonso V e D. João II nas tomadas de Arzila e de Tânger e, em recompensa dos seus serviços, teve mercê nova de armas (28 de Fevereiro de 1485), além da doação, na ilha da Madeira, das terras do Arco da Calheta.







Brasil

Pedro da Cunha de Andrade, Moço Fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Cosma Froes, irmã de Leonardo Froes. Foi Pedro da Cunha de Andrade natural de Lisboa e um dos cabos principais da primeira guerra dos Holandezes, filho de Ruy Gonçalves de Andrada, Moço Fidalgo da Casa Real e natural da Ilha da Madeira, e de sua mulher D. Leonor da Cunha, filha B. de Nuno da Cunha que serviu na índia e foi Capitão-mor de Malasar, o qual foi filho de Tristão da Cunha e de sua mulher D. Helena de Athayde, irmã de D. Luiz Athayde, primeiro Conde e Senhor de Atouguia que foi duas vezes vice rei da índia. Tristão Gonçalves foi filho de Simão da Cunha, Comendador da Comenda de S. Pedro de Torres Vedras, Trinchante do Rei D. João o 3." e irmão do grande Nuno da Cunha, Governador da India, onde ele também serviu e de sua mulher D. Isabel de Menezes.

Pedro da Cunha de Andrade, foi eleitor da câmara dos escabinos, quando da dominação holandesa, juntamente com Antonio Carneiro Mariz. A proximidade uniu as duas famílias com quem Pedro da Cunha de Andrade casou sua filha, D. Cosma da Cunha, com o filho de Antonio Carneiro: Manoel Carneiro de Mariz.

Pedro da Cunha de Andrade, tomou parte na batalha das Tabocas, foi um dos capitães de guerra, posteriormente caiu prisioneiro dos holandeses, que o extorquiu em 5 mil florins para poupar sua vida.

GENEALOGIA DA FAMÍLIA CUNHA DE ANDRADE:

Rui Gonçalves de Andrade c.c D. Leonor da Cunha

1. Cel. Pedro da Cunha de Andrade c.c. D. Cosma Froes

2. D. Cosma da Cunha c.c. Manoel Carneiro de Mariz,

3. Pedro da Cunha de Andrade c.c. D. Anna de Vasconcellos, filha de João Gomes de Mello e de Anna de Hollanda,

4. Pedro da Cunha Pereira, c.c. D. Catharina Bezerra, filha de Antonio Bezerra Barriga e de D. Isabel Lopes. Deste matrimônio nasceram:

5.1. D. Leonor da Cunha Pereira.
5.2. D. Catharina da Cunha, casou com Diogo Soares de Albuquerque.
5.3. D. Anna da Cunha Pereira, que casou com Arnáo de Hollanda Barreto, e da sua descendencia se diz em titulo de Regos, Provedores da Fazenda Real de Pernambuco.
5.4. D. Marianna da Cunha Pereira, casou com Manoel da Rocha Bezerra, irmão de seu cunhado Francisco da Rocha Bezerra e filho do dito Antônio da Rocha Bezerra e de sua primeira mulher Isabel do Prado.
5.5. João da Cunha Pereira, foi Moço Fidalgo da Casa Real, casou com D. Constância da Cunha Manelli, filha de Fernando Soares da Cunha e de sua mulher D. Brites Manelli, filha de Fernão do ...... e deste matrimônio não houve sucessão. Houve o dito João da Cunha Pereira ilegitimo em uma mulher nobre ao filho seguinte:


6. João da Cunha Pereira


Família 'Berenguer de Andrade' de Pernambuco:

Francisco Berenguer de Andrade/Andrada. Fidalgo da Ilha da Madeira. Chegou a Pernambuco no começo do séc. XVII. Cavaleiro da Ordem de Cristo. Coronel. Juiz de Órfãos. Um dos homens mais notáveis da Capitania pela sua família, posição social e fortuna. Foi um dos principais líderes da Restauração Pernambucana cujo compromisso com a causa foi assinado em 23-05-1645.

Dispendeu por sua conta uma grande fortuna em favor da Restauração na guerra contra os holandeses. Ouvidor nomeado por Provisão dos Mestres de Campo governadores na guerra, André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira (seu genro). Senhor do engenho Jiquiá (São Timóteo, Novo, Santo Antônio, Mingau)/ Mangueira-Recife.


Genealogia dos Berenguer de Andrade:

Francisco Berenguer de Andrada c.c. Joanna de Albuquerque, fª de Antônio da Rocha e de D. Simoa de Albuquerque, Neta paterna da Belchior da Rocha, que vivia em Olinda em 1570. Descendente de Jerônimo de Albuquerque.

2.1- Antônio de Andrade – Cavaleiro da Ordem de Cristo. C.c. (?), em Portugal. (c.g.);
2.2- Christóvão Berenguer de Andrada – Cavaleiro da Ordem de Cristo. C.c. D. Florência de Andrada, viúva de Gabriel Soares (o velho);
2.3- D. Maria César – C.c. João Fernandes Vieira, Fidalgo da Casa Real (Cons. de Guerra da Casa Real, Alcaide-mor da Vila de Pinhel, Comendador de São Pedro de Torradas e Santa Eugênia da Alta Ordem de Cristo, Mestre de Campo, Governador da Paraíba, Gov. e Capitão General de Angola, líder da Restauração Pernambucana, Superintendente das Fortificações das Capitanias do Norte do Brasil). (s.g.);
2.4- D. Luzia de Andrada c.c. João de Freitas Correia – Fidalgo da Ilha da Madeira, filho segundo da Casa dos Morgados da Madalena.

2ª Casamento: Francisco Berenguer de Andrade c.c. D. Antônia Bezerra, filha de Antônio Bezerra, o Barriga, da casa dos morgado de Paredes em Vianna/PT.

2.5- Francisco Berenguer de Andrade – Capitão-mor de Igarassu. C.c. D. Thereza, filha do Capitão-mor Jerônimo Cesar de Mello.
2.6- Manoel Dias de Andrade Berenguer – Cavaleiro da Ordem de Cristo. C.c. D. Marianna Cavalcante de Albuquerque, viúva de Gaspar Accioly de Vasconcelos. Filha do Cel. Antônio Cavalcante e de D. Maria Joanna, viúva de Gaspar Accioli de Vasconcellos. (c.g.);
2.7- Antônio Bezerra, nascido na Paraíba;
2.8- João Cesar – Nascido na Paraíba;
2.9- Feliciana Berenguer – falecida solteira;
2.10- Úrsula Berenguer – C.c. Diogo Falcão d’Eça; 11- (NI) – C.c. Fernão de Sousa.
         3.1- Luisa Felipa d´Eça cc Cpt. Mór Antonio Alves Bezerra, fº de Francisco Camello Valcaçar e de Catarina de Vasconcellos .
          3.2- Francisca Luisa Berenguer cc Francisco Alves Camello, fº de Francisco Camello Valcaçar e de Catarina de Vasconcellos. 


Manoel Dias de Andrade


Ramo Andrade na Bahia:

A família Andrade no Brasil se registra Gaspar Carvalho de Novaes, filho de Pero Vaz de Carvalho e de sua mulher Cecília Feijó Barbosa, naturais todos de Entre Douro e Minho, e nascidos os filhos que teve o sobredito Gaspar Carvalho de Novaes na freguesia de S. Maria da Silva em Pernambuco, casado com Ana Brandão, filha de Gaspar de Caldas de Souza, juiz dos órfãos de propriedade do conselho de Loura, e de sua mulher Catarina de Andrade.

De Gaspar Carvalho de Novaes e de sua mulher Ana Brandão foram filhos:

1. Antônio de Souza de Andrade, que se segue.
2. João de Andrade, sacerdote e abade de S. Miguel de Fontoura.
3. Ana Brandoa, sem casar no ano de 1680.
4. Isabel Brandoa de Souza, viúva de Melchior Barbosa de Lima, já no mesmo ano.


Bernardino Freire de Andrade
1º Conde de Bobadela
Bernardino Freire de Andrade:
 governador e capitão-general do Rio de Janeiro durante trinta anos: (1733-63). Estudou no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra e progrediu na carreira militar durante a Guerra de Sucessão da Espanha. Foi nomeado Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro em 1733 e tomou posse do cargo em 26 de julho. Também foi comissário e primeiro plenipotenciário de Portugal nas conferências sobre os limites da fronteira ou parte meridional do Estado do Brasil com as colônias espanholas da América do Sul.

Em 1735, Bernardino Freire de Andrade recebeu o encargo de administrar também Minas Gerais e em 1748, havendo aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso, foi incumbido de administrar as duas novas capitanias que se fundaram. Ele foi enviado ao Brasil para ser governador da Capitania do Rio de Janeiro e acumulou sob seu comando os territórios de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e sul do Brasil. 

Bernardino Freire de Andrade foi um governador que atuou intensamente em favor da cultura e instrução na colônia: Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752). Realizou obras como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores terminada em 1743 e o chafariz ou fonte pública da praça do Carmo. Incentivou também a construção de importantes obras religiosas, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da Ajuda (demolido). Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia criada no Rio de Janeiro em 1747 por Antônio Isidoro da Fonseca, mas que teve de ser fechada por ordem do governo português. Depois da atuação notável como governador, agiu para o aproveitamento das minas de Paracatu recém descobertas e esforçou-se para tentar acabar com a falta de controle da circulação do ouro e a desorganização da coleta dos quintos. Reprimiu o contrabando articulado a partir do Rio, estabeleceu um sistema de taxas sobre o ouro de Minas, determinou a imposição de um contrato sobre os diamantes do Tijuco distrito que Portugal mantinha rigorosamente fechado e supervisionou a renovação urbana do Ribeirão do Carmo rebatizada Cidade Mariana em homenagem à Rainha D. Maria Ana de Áustria.

Em decorrência do Tratado de Madrid (1750), o governador deslocou-se em 1752 junto com Fernandes Alpoim para o sul, para delimitar as fronteiras com as colônias espanholas. Comandou as tropas luso-espanholas, vencendo, em menos de seis meses, os índios guaranis durante a Guerra Guaranítica (1754-1756).

Auxiliava os que se dedicavam ao estudo e entre os muitos que mandou educar no seminário de São José esteve José Basílio da Gama que, depois de concluir seus estudos na Europa, escreveu o poema  "O Uraguai", que trata sobre a guerra guaranítica, e que tem por herói Gomes Freire (1769).

Foi responsável por grandes melhorias na tecnologia militar, destacando a criação, em 1762, da “Casa do Trem da Província do Rio de Janeiro”, destinado ao abrigo e reparo do equipamento de Artilharia do Exército Colonial. A Casa do Trem é o marco de origem das atividades da indústria bélica no Brasil Colônia, e precursora dos atuais Arsenais de Guerra do Exército Brasileiro.

Depois do Pacto de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro de Cevallos tomar a cidade de Colônia do Sacramento, arrasando-a, e à qual nunca chegaram socorros do Rio de Janeiro. Diz-se que a notícia desse fato (dezembro de 1762), lhe causou tal desgosto, que adoeceu, morrendo em 1 de janeiro de 1763. Tendo sido sepultado na capela do convento de Santa Teresa - RJ. Deixou em testamento um valiosíssimo morgado em favor do irmão, José António Freire de Andrade, pois não se casou nem teve filhos.

*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.



sábado, 16 de março de 2019

O Clã dos Saraiva(s)


Lópe García de Salazar, em sua obra "Bienandanzas e Fortunas", menciona que a origem dessa linhagem se encontra em cavaleiros Visigodos que chegaram em Santoña, Santander, no Séc. XII, convertendo-se em uma nobre linhagem Basca. Tiveram seu primitivo solar levantado junto a um caminho em Rasines, vila de Ramales.

Um ramo passaria a Portugal, descrito no Armorial Lusitano como:

"Família antiga, cujo solar é uma vila de Serávia nas montanhas da Biscaia. O apelido em Portugal, tomou a forma de S. corrupção de Serávia. Na comitiva da Rainha D. Leonor, mulher do Rei D. Duarte (1428) veio Vicente Fernandes Serávia, que dizem acompanhava uma sua irmã, dama da quel princesa. Vicente Fernandes casou com Leonor Vaz da Fonseca filha de Afonso Vaz da Fonseca Coutinho, alcaide-mor de Marialva e de Moreira, que ganhou aos castelhanos e do Sabugal e de sua mulher D. Mécia Lopes Pacheco. Ligado a uma tão importante e distinta família da província da Beira, Vicente Fernandes S. de produzir larga geração, sobretudo na região de Trancoso, em cuja vila fez assento, a qual teve papel preponderante na governança da região."

TimbreOs Saraivas trazem por armas, escudo dividido em faixa sendo a 1.ª de veiros de prata e azul e a 2.ª de água. Orla púrpura aparecendo as pontas de uma cruz, de ouro, floreada. Elmo de prata, cerrado.Timbre meio peixe serra, da sua própria cor, com a serra de prata. Esta armas deu D. Pedro (o Cru,) de Castela, a um basco da vila de Seravia, por ter tomado duas naus francesas, com apenas uma, na qualidade de capitão da mesma, pelo ano 1360.


Etimologia: O sobrenome Saraiva vem do celta: granizo.


Castelo de Trancoso, distrito de Guarda, Portugal.

Solar dos Saraivas, construído no século XVII ou XVIII por Sebastião Saraiva na freguesia de Vilar Torpim, Concelho de Figueira Castelo Rodrigo, distrito de Guarda, Portugal.

BRASIL*

A família Saraiva é uma família antiga, de origem indubitavelmente nobre, mas sem qualquer parentesco em sua origem aos troncos mais antigos da nobreza de Portugal. Tornam-se grandes nobres no tempo dos Avizes, e desde então ocupam posições de primeiro plano na corte, e passam ao Brasil no século XVI.


Família 'Mendoza Sarabia' de Pernambuco:

Se registra em Pernambuco, o nome de D. Manuel de Mendonça Saraiva (Mendoza Sarabia), nascido em Pernambuco por volta de 1589, e que contava cerca de 50 anos quando fez provas em Madrid para ingressar na Ordem de Calatrava. Era nobre da Casa Real, e filho legítimo do capitão D. Antonio de Mendoza e sua esposa legítima, D. Ana de Saraiva, que eram primos em primeiro grau e também naturais de Pernambuco, assim como seus avós paternos, D. Gonçalo. de Mendoza e Antonia de Saravia como os maternos, Jerónimo de Saravia e Ana de Mendoza. Os pais de D. Manuel eram primos de primeiro grau pelas duas linhas e tinham contraído matrimonio com dispensação, pelo que o pretendente só tinha os sobrenomes Mendonza e Saraiva.

O capitão Manuel de Mendoza Sarabia, junto com seus irmãos e pais, tomaram parte ativa na defesa de Salvador quando da invasão holandesa na Bahia, ajudando a fazer trincheiras e prestando toda ajuda ao governador de Pernambuco, Mathias de Albuquerque. 

Seus bisavós estavam entre os primeiros antepassados que se foram para o Brasil no final do século XVI. Sendo os Mendozas Saravia das mais antigas famílias brasileiras, chegadas antes da invasão holandesa. Expressamente reportado por uma testemunha nas provas que D. Manuel fez para entrar na Ordem de Calatrava:
"Ele diz que seus bisavós disseram que foram para o Brasil e Pernambuco quando essa probincia foi conquistada e que eu ouvi dizer que eles eram das montanhas de Burgos, mas que em particular, ele não lembra qual lugar porque embora este declarante tivesse alguns papéis em Pernambuco, Eles perderam quando o inimigo levou o Brasil. Que ele não sabe se embarcaram em Portugal, ou em outro porto de Castela, mas que não eram nativos de Portugal, nem viviam naquele Reino ".
Outras testemunhas afirmaram na mesma linha sobre a origem dos ascendentes de D. Manuel:
"[...] ele disse que ouviu em Pernambuco que os ancestrais de D. Manuel desceram de Vizcaya das montanhas [...]".
O pai de D. Manuel, capitão Antonio de Mendoza, e seu avô materno, o Mestre de Campo Domingos de Sarabia, estavam em Pernambuco como provedores e secretários da Santa Confraria da Misericórdia, cargos que só eram exercidos por fidalgos notórios. Eles sempre se trataram como nobres, com grande brilhantismo, sustentando-se nos aluguéis de suas fazendas, e nem eles, nem seus criados, tinham negócios que não correspondessem a sua condição de nobres. Todos os ascendentes tinham sido poderosos fazendeiros e senhorios, com servos e escravos, e faziam parte das pessoas mais ricas e importantes de Pernambuco.

D. Manuel e todos os seus ascendentes eram fidalgos de Espanha e, como tal, exerciam em Pernambuco os ofícios reservados aos nobres como juízes e vereadores, que em Castela equivaliam a prefeitos e vereadores comuns. D. Manuel entrou na Santa Casa da Misericórdia de Olinda na condição de nobre em 1609, e seus irmãos, pais e avós sempre pertenceram a esse mesmo estado.

Os pais de sua esposa, D. María de Mendoza eram os Mestre de Campo Domingo de Saraiva e Francisca de Mendoza, também naturais de Pernambuco e também primos.

Se desvela um típico caso de clã endogâmico, tão comum no Brasil daqueles tempos, já que D. Gonzalo e D. Ana de Mendonça eram irmãos, e se casaram respectivamente com uma prima Antonia de Saravia e o também primo D. Jerónimo de Saravia, ambos também irmãos. 

D. Manuel casou-se em Olinda com sua prima em primeiro grau, Maria de Mendoza, que também é natural da cidade. Deste casamento nasceram, pelo menos, 7 filhos conhecidos:

D. Jerónimo,
D. Bartolomé,
D. Fernando,
D. Elena,
D. Serafina,
D. Violante e

D. Manuela.



Família 'Fonseca Saraiva' da Bahia:

A família Saraiva aporta no Brasil, na então Capitania de Ilhéus, atuamente parte da Bahia, e terá na ilha de Tinharé, e posteriormente Cayru, seu principal núcleo irradiador, quando se assenta com outras famílias quando do seu povoamento, como os Araújos de Vianna e Ponte de Lima, os Goes de Lisboa, Tourinhos, Sás, Menezes, d´Eças e outras várias famílias nobres, com quem criaram vinculo de parentesco. Foi a família Saraiva os principais dentre esses povoadores, tendo como cabeça do clã: Domingos da Fonseca Saraiva, filho de Diogo Afonso da Veiga, e segundo neto de Francisco da Fonseca Saraiva, Senhor da Villa de Trancoso, e naturais de Armamar, Villa no Bispado de Lamego da Província da Beira.

Concelho de Armamar e Bispado de Lamego
Domingos da Fonseca Saraiva foi casado com Antônia de Pádua de Góes, primogênita de Gaspar de Araújo, natural de Viana, e de sua mulher Catarina de Góes, de Lisboa, que haviam passado a Capitania, em 1563. Foi bastantemente rico, comprando engenho e terras. Levantaram, em seu engenho e fazenda, por especial devoção, uma capelinha de São Francisco, e no seu altar colocaram uma imagem de Santo Antonio, quando realizavam festividades em seus respectivos dias, e que assim se conservou por alguns anos essa devoção, enquanto foram Senhores. Até que foram forçados a deixar o lugar, e retirarem-se com os mais moradores para a ilha de Cayrú, fugindo dos tapuias Aymorés, que arrasaram tudo, incluso o engenho e a capela. Desta só ficou a memória do lugar, que ainda hoje conserva o nome de São Francisco, junto às margens do chamado Rio Fundo. Tiveram como filhos:

1. Catarina de Góes Paes, c.c. capitão Lucas da Fonseca Saraiva, tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo as terras do morro de São Paulo, fez construir a ermida de Nossa Senhora da Luz.

Lucas de Afonseca Saraiva, c.c. Catarina de Souza da Fonseca, e teve filhos.

Luiz de Góes da Fonseca, c.c. D. Isabel de Meneses, filha de Rodrigo Pedroso, a fi .... , e de sua mulher D. Antônia de Meneses. De Luiz de Góes da Fonseca e de sua mulher D. Isabel de Meneses foi filho

1. Antônio de Meneses Teles, c.c. D. Margarida de Souza, sua prima, filha de D. Antônia de Pádua e de seu marido Manuel Teles de Meneses, à fi .... n. 1 e 4, e aí o mais.
2. D. Arcângela de Meneses, c.c. Inácio de Araújo de Souza, com filhos.

2. Mariana de Góes de Afonseca, c.c. Simão Pinto de Faria.  com filhos.
3. Susana de Góes, c.c. Gonçalo Falcão Pereira.
4. Francisca da Fonseca, c.c. João Barbosa Coutinho, com filhos.
5. Antônio da Fonseca Saraiva, c.c. Orsula Serrão de Medeiros, com filhos.
6. Simeão de Araújo de Góes, ou de Afonseca, c.c. Joana de Souza de Vasconcelos, f.ª de Fernão Ribeiro de Souza c.c. D. Antônia de Meneses.


D. ANTONIA DE PADUA DE GOES. Depois de viúva, levou 18 anos, entrevada, numa cama, tida por serva de Deus, informa Fr. Jaboatão, apresentando sinais visíveis de santidade. Faleceu aos 82 anos de idade, em 1646, na vila de Cairu, chorada "por 116 filhos, netos e bisnetos, que juntos com os de seus dois irmãos e quatro irmãs podem hoje povoar um novo mundo". 

LUCAS DA FONSECA SARAIVA. - Tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo as terras do morro de São Paulo, fez construir a ermida de Nossa Senhora da Luz.

SARAIVA, José Antonio. Conselheiro Saraiva, primeiro ministro do Segundo Reinado. 












GENEALOGIA DOS FONSECA SARAIVA:


VICENTE VIEGAS Foi sr. do couto de Leomil, um couto de pequenas dimensões, donde o nome—Coutinho.C.c. Sancha...
MARTIM VICENTE Foi sr. do couto de Leomil.
ESTEVÃO MARTINS Coutinho Tomou o nome de sua propriedade. C.c. Teresa ou Urraca Ruiz da Fonseca, filha de Rui Mendes da Fonseca  e de s.m. Teresa Anes.
FERNÃO MARTINS DA FONSECA COUTINHO Aparentemente obscuro como o pai, avô e bisavô. C.c. Teresa Pires Varela, filha de Pedro Migueis (?), de Bruges? Ou burguês? Vivera no tempo de d. Pedro I o Cru, † 1367.
VASCO FERNANDES COUTINHO (I) Viveu no tempo de d. Fernando I o Formoso, † 1383, e no de seu sucessor o Mestre de Aviz, depois d. João I. Foi couteiro de Leomil e meirinho-mor do reino na Beira. C.c. Leonor ou Brites Gonçalves de Moura, filha de Gonçalo Vaz de Moura.
AFONSO VASQUES DA FONSECA Criança quando morreu o pai, foi criado pelo irmão mais velho Gonçalo. Foi alcaide-mor de Marialva. C.c. Mécia Lopes Pacheco.
Leonor Vaz da Fonseca C.c. Vicente Fernandes Saraiva.
Leonor Osores da Fonseca Uma filha dentre cinco. C.c. Lourenço Saraiva. (Há dúvidas aqui.)
Antonio Saraiva da Fonseca Um filho dentre seis. C.c. ...
Francisco da Fonseca Seria o sr. de Trancoso referido por Jaboatão. C. c. Brites Pacheco.
Diogo da Fonseca Saraiva C.c. a concunhada Isabel Saraiva
Maria da Fonseca C.c. Diogo da Veiga, ou Diogo da Costa, seu parente.
DOMINGOS DA FONSECA SARAIVA  N. em Armamar (Lamego). C.c. Antonia de Pádua de Gois, filha de Gaspar de Araújo e de s.m. Catarina de Gois. Vivia em 1591, quando da visitação da inquisição.

BELCHIOR DA FONSECA N.c. 1573 em Salvador (BA). C.c. Luiza Doria, n.c. 1590, filha de Braz da Silva de Meneses e de s.m. Clemência Doria a moça. C.g.—Fonsecas Dorias, tab. V.

Domingos da Fonseca Saraiva c.c. Antonia de Pádua de Góis
1. Catarina de Góes Paes c.c. capitão Lucas da Fonseca Saraiva, tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo como terras do morro de São Paulo, fez construir uma ermida de Nossa Senhora da Luz.

D.ª Francisca da Fonseca c.c. D. João de Uzeda e Luna, f.º de D. Rodrigo Uzeda
D. Ursula da Fonseca c.c. Francisco de Souza d´Eça, com filhos:
         D. Domingas Deça, mulher do capitão-mór Nicoláo de Souza Deça.
        Bartolomeu de Souza Deça, que casou duas vezes, a primeira com D. Maria da cunha, filha de Manoel Trinxão, casou com esta a 11 de Julho de 16 Cairú: a segunda vez casou com D. Theotonia de Padua, filha de Gaspar Pinto da Fonseca e Góes, cazou com esta aqui a 7 de Janeiro de 1691 em Cairú. Da primeira teve 6 filhas e da segunda um filho e uma filha. Foi alcaide mor dos ilhéus. 

       Francisco de Souza Deça, que casou com sua cunhada D. Joana Trinxão, filha do sobredito Manoel Trinxão.

Lucas de Afonseca Saraiva c.c. Catarina de Souza da Fonseca, e teve filhos.

Luiz de Góes da Fonseca c.c. D. Isabel de Meneses, filha de Rodrigo Pedroso, um fi gratuito .... , e de sua mulher D. Antônia de Meneses. De Luiz de Góes da Fonseca e de sua mulher D. Isabel de Meneses foi filho

1. Antônio Teles de Meneses c.c. D. Margarida de Souza, sua prima, filha de D. Antônia de Pádua e de seu marido Manuel Teles de Meneses, à fi .... n. 1 e 4, e aí o mais.
2. D. Arcângela de Meneses, c.c. Inácio de Araújo de Souza, com filhos.

2. Mariana de Góes de Afonseca, c.c. Simão Pinto de Faria. com filhos.
3. Susana de Góes, c.c. Gonçalo Falcão Pereira.
4. Francisca da Fonseca, c.c. João Barbosa Coutinho, com filhos.
5. Antônio da Fonseca Saraiva, c.c. Orsula Alves de Medeiros, com filhos.
6. Simeão de Araújo de Góes, ou de Afonseca, c.c. Joana de Souza de Vasconcelos, f.ª de Fernão Ribeiro de Souza c.c. D. Antônia de Meneses.

Solar da Família Fonseca Saraiva, construido em 1608.

Família 'Vaz Saraiva' no Espírito Santo:

Novo Milênio: Telas de Benedito Calixto - Calixto e Vila VelhaGaspar Vaz Saraiva é o mesmo Gaspar Saraiva que em 1640, ao lado de Adão Velho Ferreira, defendeu a vila Velha-ES do ataque dos holandeses. Registra-se sua morte em 1691, pois a 6 de outubro desse ano seu genro Baltazar nomeia procuradores para escriturar terras que herdou dele. Certamente residia em Vitória, porquanto tais procuradores moravam nessa vila.

30 de outubro de 1640 — O coronel holandês Koen, repelido no dia 28 na Vitória, ataca neste dia a Vila Velha do Espírito santo. Os capitães adão Velho e Gaspar saraiva opõem-se ao desembarque; no entanto, vendo que dos navios inimigos partiam grandes reforços, abandonam a vila (ver 2 de novembro).

02 de novembro de 1640 — Os capitães Adão Velho e Gaspar Saraiva, reforçados pelo capitão-mor João dias Guedes, atacam e retomam Vila Velha do Espírito santo (ver 28 e 30 de outubro). Os holandeses recolhem-se aos seus navios e deixam o porto no dia 8.

1640 — O coronel holandês Koen, repelido nas vilas da Vitória e do Espírito santo, faz-se de vela neste dia; no entanto, é retido em frente da barra até o dia 13, por falta de vento (ver 28 de outubro e 2 de novembro).



GENEALOGIA VAZ SARAIVA:

1. Gaspar Vaz Saraiva c.c. ____________________ (?)
2.1. Bárbara da Costa c.c. alferes Baltazar de Calheiros Malheiros

2.2. Alf. José Vaz Saraiva (*1625), vivente em São João da Praia em 1702. Foi vereador nessa vila (1677-78 e 1706), Em 1682-98 e 1701 era juiz ordinário. c.c. Leonor Caldeira(?), viúva de Julião Rangel de Souza (?), f.ª do cap. Mateus Pinto Caldeira. Com quem foi para Campos.



Família Saraiva no Rio Grande do Sul - RS:

O patriarca dos Saraivas estabelecidos no Rio Grande de São Pedro (RS) e Uruguay (antiga Banda Oriental), advém de Bernardo José Ferreira Saraiva (1725-87), nascido no distrito de Guarda em Portugal, e que imigrou para o sul do Brasil, vindo a se casar com Bárbara Isabel de Santa Rosa Rodriguez (1737-1803), natural do Rio Grande de São Pedro (RS), filha do Cpt. Antonio de Souza Sardinha e de Joana Rodrigues. Seu pai, era Manuel Saraiva Tavares (1690), também português de Póvoa do Concelho, no distrito de Guarda, e sua mãe Marìa do Amaral Ferreira.

A Família Saraiva foi um dos mais poderosos clãs na região de fronteira do Brasil e Banda Oriental (Uruguai), vindo muito de seus membros efetivamente a se estabelecerem na banda oriental, inicialmente em Colônia do Sacramento (Uy) e de lá para o norte de São José do Norte, vindos depois para a Quarta Zona de Canguçu e dali foram descendo até o Uruguai, quando castelhanizaram seu sobrenome para Saravia, sendo seus membros, no futuro, protagonistas principais nos mais importantes movimentos políticos da região, como a Revolução Farroupilha, e Guerra Federalista, em que teve a frente respectivamente Fracisco Saraiva Caneda e Gurmecindo Saraiva.



Outros Clãs:

Keltoi - Pela Restauração da Nobreza Brasilaica
Clãs Brasilaicos
Clã Rendon de Quebedo
Clã dos Sá
Clã dos Teixeiras
Clã dos Wanderley
Clã Vidal de Negreiros
Clã Vieira de Mello



*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo da mesma época, porém não registrados.

domingo, 10 de março de 2019

Clã Vidal de Negreiros


NEGREIROS. Desconhece-se a origem desta família, cujo apelido é origem geográfica, visto ser precedido de proposição. Querem alguns que fosse seu solar o couto de Negrelos, no termo do Porto. A corrupção do topônimo, que invocam, é difícil de aceitar. Na primeira metade do século XV já existia Rui Mendes de Negreiros, morador em Estremoz, a quem passou Carta de brasão de armas, de sucessão, de Negreiros e de Sandes, em 15 de Outubro de 1565. Pelas ligações e lugar onde habitavam parece família alentejana, se não tiver vindo de fora do Reino.


BRASIL

O ramo mais proeminente dos Negreiros no Brasil é o da cepa "Vidal de Negreiros", provenientes do casal Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa (há também registro de ter nascido em Santarém, Portugal), e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, na ilha da Madeira. Que tiveram como filho: André Vidal de Negreiros, fator máximo da expulsão dos holandeses do Brasil.

André Vidal de Negreiros não se casou, mas deduz-se ter deixado 5 (cinco) filhos bastardos, por ter legado aos cinco, em seu testamento, heranças equitativas. Um deles, Francisco Vidal, que veio a ser padre, foi reconhecido previamente por André Vidal de Negreiros, porém omite esse reconhecimento em seu testamento. No seu testamento, Vidal de Negreiros negou, por ser solteiro, que tivesse herdeiros, e "por ser nobre", talvez, por esse motivo, tenha passado suas comendas e a maior parte de suas rendas para seu sobrinho cavaleiro da Ordem de Cristo e militar atuante nas guerras angolanas Antonio Curado Vidal, filho de sua irmã Isabel Ferreira de Jesus.

Isabel Ferreira de Jesus, era irmã de André Vidal de Negreiros, casada com Lopo Curado Garro um dos três governadores da Parahyba, nomeados para a restauração, em princípio de  1645, e "um dos mais valerosos cabos daquella guerra". Tiveram dois filhos: Isabel Vidal de Negreiros Antonio Curado Vidal.


André Vidal de Negreiros
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André Vidal de Negreiros
A grandeza da ação de Vidal de Negreiros tem sido diminuída, na nossa história, pela oposição que se lhe faz com a figura de Fernandes Vieira e pela coparticipação que deram ao governo da Restauração, na libertação de Pernambuco. As histórias oficiais, no Reino e no império dos Braganças, têm consagrado essa mentira, porque era de interesse superior. O caso exige protesto, não tanto pela mágoa da injustiça a um dos primeiros heróis brasileiros, mas porque nessas mentirosas e imerecidas consagrações se desvirtua a essência mesma do Espírito nacional nascente.

Nos sucessos da Insurreição, há um homem que tem importância proporcional a eles mesmos. É Vidal de Negreiros, que anteviu a vitória, deu-lhe o plano, organizou o movimento, e conduziu a guerra. Outros nomes aparecem, e ele os admite, e os procura, pois que tanto é necessário para a vitória desejada; mas o autor, em última instância, é ele. Nem será preciso debulhar os fatos: a tomada de Nazaré, a vitória da Casa Forte, onde também lhe matam o cavalo, sobretudo a primeira dos Guararapes, que pela sua ação se transforma em vitória, quando a tática incompleta de comando geral ia sacrificando a gente de Henrique Dias; e, mais do que tudo, a sua superioridade política: garantindo e saneando a cooperação de Vieira, tolerando Barreto, levantando a Paraíba, tirando do governo mais do que a miserável política da metrópole o permite, humanizando os bárbaros Henriques, dando ânimo, por nove anos, aos que tem de lutar abandonados, privados de tudo, mesmo desaprovados pela metrópole. Depois disto, quando limpou o Recife do último holandês, ainda lhe foi preciso ir a Lisboa pedir perdão, para si e os outros que tinham recuperado, para a dinastia ulcerada, a joia de Pernambuco. A prova final está em que a grandeza do seu espírito se impôs até naquela Lisboa hostil. O Padre Vieira, arrependido de ter aconselhado, ou concordado, que se vendesse a terra onde se geram tais criaturas, disse de Vidal, ao Rei:
“De André Vidal direi a V. M. o que não me atrevi até agora,  por me não apressar, e porque eu, que tenho conhecido tantos homens, sei que há mister muito tempo para se conhecer um homem. Tem V. M. no seu reino muito poucos que sejam como André Vidal; eu o conhecia pouco mais que de vista e fama... e tanto para tudo o demais como para soldado... e sobretudo muito desinteressado, e que entende muito bem todas as matérias, posto que não fale em verso, que é a falta que lhe notava certo ministro de V. M.”. 
Fernandes Vieira, essencialmente mercantil, com o espírito e a honestidade do exclusivo negociante, na moralidade da época entre os seus, era, com Gaspar Dias Ferreira, o português mais amigo dos holandeses. Frei Manuel do Salvador, íntimo de Fernandes Vieira, seu panegirista, na melhor das intenções para com ele, assim o apresenta:
“Havia em Pernambuco dois homens que privaram muito com o Príncipe João Maurício, Conde de Nassau e com os do supremo e político Conselho dos Holandeses, e ambos muito encontrados na vida e costumes, um se chamava João Fernandes Vieira, e outro Gaspar Dias Ferreira; um tratava de granjear a sua vida e também a amizade dos holandeses com dispêndio da sua fazenda, e o outro tratava de seu próprio interesse, e de fazer ricos os holandeses à custa da fazenda e do sangue dos pernambucanos” 
para acentuar a semelhança que, em todo caso, havia entre o português que veio para Insurreição, e o que foi com Maurício, para ajudá-lo a tomar a Bahia, à custa de traições que pudesse obter entre os seus. Muito derramado entre os grandes da administração holandesa, tinha Vieira prestígio e grande roda; era bem uma força, como bom homem de negócios. Faziam parte dessa roda os que, depois, foram dos mais notáveis cronistas dos sucessos de então: o mesmo Frei Manuel do Salvador e Frei Rafael de Jesus, do Castrioto Lusitano. Os dois frades, sem maior preocupação de exatidão, que não era da época, fizeram as suas narrativas para exaltação explícita do seu amigo, convertido em herói, e cantaram um prestígio que sobre eles se refletia. Na escassez de documentos, para o tempo em que escreveu, teve Southey de servir-se, quase que exclusivamente, quanto à Insurreição, dos escritos desses panegiristas.

Está demonstrado hoje, de modo irrefutável, por documentos oficiais da época, que, ao partir de Lisboa, em 1642, muito antes de qualquer ação ou manifestação de Vieira, já Vidal se entendera com D. João IV, que o convidara para o governo do Maranhão, até lhe dera os célebres seis hábitos... para distribuir com os futuros companheiros, e as cartas para o Governador Teles, em virtude das quais ele, Vidal, com Moreno e alguns homens, foram enviados, sob qualquer pretexto, a Pernambuco, para realmente promover o levante. No entanto, a boa fé de Southey o leva a contar que, estando Vidal no Recife, Vieira o catequisou e o fez aderir à causa, e assim o diz porque é assim que Frei Calado o conta. Ora, se, desprezando mesmo documentos preciosos, consideramos no caráter e na situação dos dois personagens, não é possível admitir que fosse Vidal um caudatário de Vieira.

Negreiros era o patriota que, desde o primeiro momento, aos 19 anos, se alistara no exército de Matias de Albuquerque; era o combatente incansável, desinteressado, sem paga, nunca ocupado de outra coisa, na sua vida de homem, senão de pugnar pela libertação de sua terra. O ilhéu era o homem de negócios, que abandonara a causa, e aceitara, absolutamente, o domínio do holandês; o comerciante, ambicioso de dinheiro, cultivando, neste fim, cuidadosamente, a amizade do invasor a quem se submetera sem mostras de repugnância. A história do caso é toda outra. Em Lisboa, já Vidal procurava os meios de realizar o seu plano de expulsão dos invasores. Chegando à Bahia, partiu sem tardança para o Recife, com o pretexto de visitar o pai, enquanto o parceiro Noronha procuraria duas irmãs; mas, de fato, tratava de aliciar companheiros. Uma vez em Pernambuco, para não provocar suspeitas, foi hospedar-se em casa do português, grande amigo dos holandeses, Fernandes Vieira, e, então, entendeu-se com diversos pernambucanos ilustres: “... onde recebeu Antonio Cavalcanti, Amador Araújo (o iniciador dos combates), João Pessoa, Antonio Bezerra, João Carneiro, e muitas pessoas notáveis”. Tomaram conhecimento da situação os futuros insurretos; aquiesceram em lutar, sendo o mais “vacilante, a despeito dos acontecimentos do Maranhão”, o próprio Vieira. Finalmente acedeu, “exigindo, porém, que a Paraíba, para onde se dirigia Negreiros, levantasse primeiro o grito de revolta, e que viessem, da Bahia, oficiais e soldados para arregimentar...”. Documentos que os holandeses puderam apanhar provam tudo isto, que é, ainda, corroborado pelos informes que Frederick Flekissen, prisioneiro na Bahia, pôde obter ali. É verdade que, abertas as hostilidades, foi Vieira nomeado Capitão-mor e Governador da guerra. Fora, isto, uma imposição da metrópole, pelo seu representante na Bahia, ou alvitre do próprio Vidal? É bem admissível a última hipótese, ou uma combinação dos dois motivos: Vidal aceitava com aplauso a cooperação de Vieira na direção da campanha. Não esqueçamos que Negreiros valia igualmente pelo talento político: ele reconhecia que, na organização iniciadora, era Vieira preciosíssimo por não ser suspeito aos dominadores. Numa conjuração, esta condição se torna essencial. Além disto, o ilhéu possuía outros dons valiosíssimos: fortuna pessoal, larga influência, grande capacidade de ação, valor militar, e Vidal não hesitou em dar-lhe situação de destaque, com aparente primazia, em troca do que ele lhe trazia, secundando a sua ação. É verdade que ânimos essencialmente brasileiros – Cavalcanti e outros, repeliram a autoridade e ascendência dadas a Vieira; mas o tato de Vidal, e o patriotismo de todos, remediaram em parte um tal inconveniente. É certo, ainda, que as tendências exibicionistas de Vieira, como o célebre manifesto, para o qual andou ele a angariar assinaturas, revelaram, antes do tempo, o movimento de reivindita, e o prejudicaram, em parte. Além disso, nesse mesmo manifesto, Vieira patenteava, com a insistente e exclusiva alegação – da “intolerância religiosa dos holandeses”, que não agia como brasileiro, e afirmava, em parte, uma verdade. O próprio historiador holandês Nestcher salienta que “os do Brasil estavam animados por duas poderosas paixões, o desejo de reconquistar a própria pátria e a antipatia religiosa”. Mas, arrastado pela ação, levado pela educação brasileira em que estava feito, nas condições em que se desenvolvia a luta, Fernandes Vieira dava resultados de brasileiro. Contudo, as prevenções contra ele se agravaram, e o exército insurgente quase se desdobra em facções. Os seus modos tornaram-se suspeitos, como quando ele pretendeu executar pernambucanos que haviam atirado em traidores holandeses, ao serviço da causa; ou quando adiava esse ataque, que foi o triunfo do monte das Tabocas. Ali, Vieira teve que se desdizer de resoluções tomadas, no sentido da execução; aqui, ele marchou sob a pressão dos oficiais insurgentes. A situação esteve por um puxar de espadas:
“Os filhos de Portugal, assim como as tropas da Bahia e os eclesiásticos foram por Vieira, diz Frei Calado, os brasileiros, por Antonio Cavalcanti”. 
Este lance é nítido e expressivo. Quem salvou a situação, evitando a luta intestina, foi Antonio Dias Cardoso. Os pernambucanos acusavam a Vieira de evitar a luta e de procurar o caminho da Bahia. Eles não aceitavam o seu comando exclusivo, e exigiam que as ordens tivessem, também, a assinatura de Antonio Cavalcanti. Diante desses fatos, não será de admirar que, não obstante a ação patente do ilhéu, contra ele se tivesse formado esta tradição histórica, que ecoa em Varnhagen, Macedo, Fernandes Pinheiro... A revolta contra a autoridade de Vieira é a expressão evidente do espírito nacional, que naquele transe se afirma. Além disto, ele não era, de fato, um guerreiro para aquele triunfo, e bem o demonstrou nas sucessivas hesitações, sobretudo após a vitória da Casa Forte, donde deveria ter partido a atacar o Recife, mal defensável, então. O proceder ulterior de Fernandes Vieira dá toda razão aos que o repeliam. Governador da Paraíba, ele, que fora chefe nominal da Insurreição, aproveita-se da situação para despojar, em torpe pirataria, a viúvas e os órfãos de vítimas do holandês, como aconteceu no apropriar-se dos engenhos e outras propriedades dos Brandões, dando-lhes a miséria de 14.000 cruzados, não obstante a impugnação do juiz de órfãos, que dizia “valerem tais propriedades mais de 50.000 cruzados!...”. No momento do triunfo, apesar do prestígio soberano da metrópole, firma-se a convicção de que foram os pernambucanos que libertaram a sua terra. Esta verdade é orgulhosamente proclamada por eles, confessada pela coroa portuguesa, e reconhecida por todos, aqui, e lá.

Quando, cinquenta anos depois, irrompe a rebelião dos Mascates, este é o mote para todas as alegações: “... que por terem libertado a terra, queriam ser donos dela...” diziam os reinóis; “... que não podiam ser suspeitos a El-Rei, vassalos, que, para a coroa, tinham reconquistado todo aquele Brasil...” alegavam eles. Os documentos da época, de um de outro lado, deixam bem patente que se trata de um sentir universal, tradição explícita em todas as consciências. O governador da Paraíba, partidário ativo dos Mascates, repete a consagração histórica dos Pernambucanos, como se fora verdade cediça. Quanto à importância de Negreiros na Insurreição, os que admitem a inverossímil iniciativa do Bragança hão de reconhecer que a sua escolha para realizar o movimento o apresenta, desde logo, como o mais próprio e mais autorizado. Mas, como chega um momento em que o Rei exige de Vidal que se afaste, e como este se rebela para continuar na luta, temos a prova absoluta de que a decisão de reaver e libertar Pernambuco fora sua. Abrindo a campanha por iniciativa e ordens do soberano, Negreiros teria obedecido às suas ordens de abandonar a campanha, como obedeceu o grande valente, Soares Moreno. Demais, uma tal decisão só se poderia formar no ânimo de quem fosse capaz de realizá-la; de quem possuísse os dons de organizador genial, para, do nada, tirar todo o muito, necessário para bater a potência mais forte do momento.

D. João IV e os que o cercavam, inclusive o Padre Vieira, tinham poderosíssimos motivos para não alimentar esses projetos: a convicção da impossibilidade de bater o holandês; a necessidade de captar as suas boas graças, a fim de obter os auxílios indispensáveis na guerra com a Espanha. De outro modo, não se explica que Portugal, o Estado que nunca cedeu uma polegada do território nacional, tivesse acedido em deixar ao invasor todo aquele Norte, feito na tradição portuguesa. Houve entendimento com Vidal, na Lisboa de 1640, não há dúvida; mas, já o acentuamos, o intuito do Bragança era dar preço à cessão que fazia, para ganhar do holandês o máximo de recursos. Em si mesmos – Negreiros e D. João IV, quanto a motivos patriótico: um era o combatente voluntário, de sempre, intransigente na defesa da sua pátria; outro é o dinasta em perigo, que desde logo entrara em conchavos com o opressor de Pernambuco, aceitando fazer dele o seu principal arrimo. No célebre papel forte, o Padre Vieira o diz formalmente: “Portugal, cercado por um inimigo como Castela, e em luta com a república mais florescente e poderosa e altiva no mundo...”. Previu mal, o Padre Antonio Vieira, mas tinha razão: naquele momento, não haveria mentalidade lógica para admitir vitória contra as Províncias Unidas. O bragantismo ulterior, empenhado em diminuir o valor dos pernambucanos, chegou a alegar que a eliminação do domínio holandês foi efeito da vitória britânica sobre os batavos, arrancando-lhes a supremacia dos mares. Ora, até a última dos Guararapes, o poder marítimo dos holandeses estava intacto. A primeira vitória naval dos ingleses é de 1652; mas, por decênios, ainda, o batavo é uma grande potência. Em 1653, era a sua voz uma das mais respeitadas nos ajustes de 1654 de Westefália. Na guerra contra a Inglaterra, as Províncias Unidas puseram em batalha 100 grandes navios, pelo que ficou indecisa a vitória entre os dois grandes almirantes – Blake e Tromp. Em 1666, Ruyter, reputado, então, o mais valoroso capitão de esquadras, queimou das mais belas e mais poderosas naus britânicas, nos próprios ancoradouros ingleses, a quatro léguas de Londres. Em 1668, sobe a tal ponto o poder e prestígio das armas holandesas, que o respectivo governo se faz árbitro entre as grandes potências – França e Espanha. Logo depois, em 1672, unem-se contra as Províncias as duas nações mais poderosas – França e Inglaterra, e não puderam reunir uma frota para bater a dos holandeses: com cem grandes navios e 500 auxiliares, o formidável Ruyter foi provocar o britânico, à vista das costas inglesas, em Solbaia, para uma batalha que durou um dia inteiro, e terminou com vantagens para o batavo. Contudo, na terra de Pernambuco, a vitória foi dos Insurgentes.
Manoel Bomfim


Mathias Vidal de Negreiros, Filho de André Vidal de Negreiros:

Matias Vidal de Negreiros, filho bastardo de André Vidal de Negreiros, tomou parte na guerra contra os tapuyas no Rio Grande do Norte, de par com Bernardo Vieira de Mello, se opondo, ao seu fim, a escravização dos vencidos. Posteriormente aderiu a causa da nobreza pernambucana na Guerra dos Mascates, juntamente com outros nobres pernambucanos, embora estivesse longe de ser um dos cabeças da sedição. Em auxílio à nobreza pernambucana, Matias partiu da Paraíba com quarenta homens armados. Oque provocou a ira do governador Felix Machado (1711-1715) que o incluiu no rol dos sediciosos. E o mandou prender, acusando-o de traidor, sedicioso e envolvido em crime de lesa-majestade.

Inicialmente, Matias tentou em vão se refugiar no Colégio de Olinda. No entanto, com "sua longa experiência de perseguições governamentais", ele preferiu refugiar-se nas matas de Itambé. Em 15 de julho de 1712, o governador de Pernambuco o inocentou das culpas de sedição, denominando-o um leal e fiel vassalo de Sua Majestade. Mas tratava-se de uma emboscada. Aliviado com o bando do governador, retornava à sua casa quando os amigos o avisaram do golpe. Matias tentou retornar ao esconderijo, mas não demorou muito para ser preso pelas autoridades. Em condições infamantes, o filho bastardo do herói e os demais companheiros da parcialidade da nobreza foram encarcerados com gente subalterna, conforme se queixaram à câmara de Olinda.


Antonio Curado Vidal, sobrinho de André Vidal de Negreiros, filho de sua irmã Isabel Ferreira de Jesus:
Vidal de Negreiros Garro
A irmã de André Vidal de Negreiros, Isabel Ferreira de Jesus, casou com o biscaino Lopo Curado Garro que compôs o triunvirato que governou a Capitania da Parahyba no curso de cinco anos.  Foi ele o comandante das tropas que expulsaram os holandeses da cidade de Filipéia de N.S. das Neves (atual João Pessoa) em 1645. Pelo seu relato escrito do massacre do Engenho do Cunhau, ocorrido no Rio Grande do Norte, Garro é considerado o primeiro escritor paraibano a ter um trabalho publicado e é o patrono da cadeira nº 8 do Instituto Histórico e Geográfico da Paraiba. Dele descende Antonio Curado Garro.

Antonio Curado Vidal, recebeu de seu tio, André Vidal de Negreiros, a maior parte de sua herança. Mencionou as comendas concedidas pelo soberano e particularmente a comenda de São Pedro do Sul. Destinou-lhe ainda dois mil cruzados da venda ou rendimento do Eng. Novo de São Antônio da Paraíba. Em açúcar lhe deixou duzentos mil réis anuais, mesma quantia destinada aos demais herdeiros e ainda o concedeu seu espadim de prata. O testamento então reafirmava o desejo que o sobrinho herdasse as comendas e preservasse na família a maior distinção de nobreza acumulada pelo governador e valoroso militar das guerras de Pernambuco e Angola. Aliás, muito antes do testamento do tio, Antônio Curado Vidal já dispunha de várias honrarias cedidas pela monarquia.

Curado Vidal era "praça de sargento-mor, governador do Recife e mestre de campo", sagrado Cavaleiro da Ordem de Cristo em 1653 e fidalgo cavaleiro em 1667. Nesse mesmo ano, recebeu comenda pelos seus serviços nas fortificações do Recife e nas batalhas no reino do Congo, onde capturou o rei e levou consigo a sua coroa e cetro. Para tanto serviu:
"com despesa considerável de sua fazenda, e da mesma maneira do frete de uma sumaca em que veio a nova da vitória que se alcançou do rei do Congo, trazendo consigo o cetro e Coroa do mesmo Rei, além de fazer outras despesas de fazenda própria que importavam mais de 6 mil cruzados na viagem para maior segurança da missão que se lhe encarregou. Hei por bem fazer-lhe mercê (entre outras) de promessas de uma comenda de lote de 150 mil réis, a qual ainda tenha seu efeito nela, ficará a seu filho Salvador Curado Vidal, a cujo título receberá logo o hábito da Ordem de Cristo que lhe tenho mandado lançar"

GENEALOGIA DOS VIDAL DE NEGREIROS:

1. Francisco Vidal c.c. Catarina Ferreira

2.1 André Vidal de Negreiros, filho de Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa, e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, na ilha da Madeira.
3.1 Mathias Vidal de Negreiros c.c. Maria Gomes Freitas;
4.2 José de Barros Rego c.c. Maria Magdalenna da Silva, filha de João Martins da Costa e de Maria José Bezerra. 
5.1 Phelippe (*01, V, 1778)
5.2 José (*17, XI, 1782)

3.2 D. Catarina Vidal de Negreiros c.c. Diogo Cavalcanti de Vasconcelos, filho de D. Maria Cavalcante de Vasconcellos e de Manoel Lobo. Senhor do eng. Jacaré/Goiana.

       4.1 Miguel Alves Lobo cc Maria Cavalcante de Vasconcellos, filha de Arnau de Vasconcellos e Albuquerque (fº. de Antonio de Hollanda de Vasconcellos, nasc. em Olinda, PE; e Felipa de Albuquerque Cavalcanti) e de Maria Lins de Albuquerque (fª. de Sibaldo Lins e Brites de Albuquerque).

3.4 Francisco Vidal, Frade Carmelitano. Prior do Convento do Carmo de Olinda. Provincial de sua Religião. Filho com Inês Barroso que era c.c. Gaspar Nunes. Teve um relacionamento com Luisa Pinhoa, filha de Luiz Pinhão de Mattos e de Leonor Peres Pessoa (primeiro marido).

3.5 Pe. Manoel Vidal de Negreiros (Padre) deixou 200.000 réis a Violante, uma mulatinha criada em sua casa, para quem deixou como dote seis escravos.

3.6 D. Feliciana Vidal c.c. Antonio Cavalcanti de Albuquerque, filho de Jorge Cavalcanti d´Albuquerque e de D. Maria de Barros de Abreo. E deste matrimônio não houve sucessão.

2.2 Isabel Ferreira de Jesus (irmã de André V. de Negreiros) c.c. Lopo Curado Garro (um dos três governadores da Parahyba, nomeados para a restauração, a que se deu em princípio do ano de  1645, e um dos mais valerosos cabos daquella guerra), tiveram como filhos: Isabel e Antonio.

3.2.1 Maria Ramos Curado(?) c.c. Cosme de Barros Marinho

3.2.2 Isabel Vidal de Negreiros c.c. Sgt. Mor João de Andrade Falheiros
4.1 Mathias Vidal de Negreiros II (*Goiana, entre Sec XVII e XVIII) c.c. Clara de Araújo Sampaio, f.ª de Brás Correia de Araújo e de Ana da Rocha Sampaio.
4.2 André Vidal de Negreiros c.c. Ana Roxa Maciel
4.3 Semeão Correia Lima c.c. Ana de Oliveira Maciel

3.2.3 Antonio Curado Vidal c.c. Maria de Carvalho.
4.1 Cpt. Salvador Curado Vidal
4.2 Mestre de Campo Antonio Curado Vidal
5.1 Antonio Vital Curado

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