sábado, 16 de março de 2019

O Clã dos Saraiva(s)


Lópe García de Salazar, em sua obra "Bienandanzas e Fortunas", menciona que a origem dessa linhagem se encontra em cavaleiros Visigodos que chegaram em Santoña, Santander, no Séc. XII, convertendo-se em uma nobre linhagem Basca. Tiveram seu primitivo solar levantado junto a um caminho em Rasines, vila de Ramales.

Um ramo passaria a Portugal, descrito no Armorial Lusitano como:

"Família antiga, cujo solar é uma vila de Serávia nas montanhas da Biscaia. O apelido em Portugal, tomou a forma de S. corrupção de Serávia. Na comitiva da Rainha D. Leonor, mulher do Rei D. Duarte (1428) veio Vicente Fernandes Serávia, que dizem acompanhava uma sua irmã, dama da quel princesa. Vicente Fernandes casou com Leonor Vaz da Fonseca filha de Afonso Vaz da Fonseca Coutinho, alcaide-mor de Marialva e de Moreira, que ganhou aos castelhanos e do Sabugal e de sua mulher D. Mécia Lopes Pacheco. Ligado a uma tão importante e distinta família da província da Beira, Vicente Fernandes S. de produzir larga geração, sobretudo na região de Trancoso, em cuja vila fez assento, a qual teve papel preponderante na governança da região."

TimbreOs Saraivas trazem por armas, escudo dividido em faixa sendo a 1.ª de veiros de prata e azul e a 2.ª de água. Orla púrpura aparecendo as pontas de uma cruz, de ouro, floreada. Elmo de prata, cerrado.Timbre meio peixe serra, da sua própria cor, com a serra de prata. Esta armas deu D. Pedro (o Cru,) de Castela, a um basco da vila de Seravia, por ter tomado duas naus francesas, com apenas uma, na qualidade de capitão da mesma, pelo ano 1360.


Etimologia: O sobrenome Saraiva vem do celta: granizo.


Castelo de Trancoso, distrito de Guarda, Portugal.

Solar dos Saraivas, construído no século XVII ou XVIII por Sebastião Saraiva na freguesia de Vilar Torpim, Concelho de Figueira Castelo Rodrigo, distrito de Guarda, Portugal.

BRASIL*

A família Saraiva é uma família antiga, de origem indubitavelmente nobre, mas sem qualquer parentesco em sua origem aos troncos mais antigos da nobreza de Portugal. Tornam-se grandes nobres no tempo dos Avizes, e desde então ocupam posições de primeiro plano na corte, e passam ao Brasil no século XVI.


Família 'Mendoza Sarabia' de Pernambuco:

Se registra em Pernambuco, o nome de D. Manuel de Mendonça Saraiva (Mendoza Sarabia), nascido em Pernambuco por volta de 1589, e que contava cerca de 50 anos quando fez provas em Madrid para ingressar na Ordem de Calatrava. Era nobre da Casa Real, e filho legítimo do capitão D. Antonio de Mendoza e sua esposa legítima, D. Ana de Saraiva, que eram primos em primeiro grau e também naturais de Pernambuco, assim como seus avós paternos, D. Gonçalo. de Mendoza e Antonia de Saravia como os maternos, Jerónimo de Saravia e Ana de Mendoza. Os pais de D. Manuel eram primos de primeiro grau pelas duas linhas e tinham contraído matrimonio com dispensação, pelo que o pretendente só tinha os sobrenomes Mendonza e Saraiva.

O capitão Manuel de Mendoza Sarabia, junto com seus irmãos e pais, tomaram parte ativa na defesa de Salvador quando da invasão holandesa na Bahia, ajudando a fazer trincheiras e prestando toda ajuda ao governador de Pernambuco, Mathias de Albuquerque. 

Seus bisavós estavam entre os primeiros antepassados que se foram para o Brasil no final do século XVI. Sendo os Mendozas Saravia das mais antigas famílias brasileiras, chegadas antes da invasão holandesa. Expressamente reportado por uma testemunha nas provas que D. Manuel fez para entrar na Ordem de Calatrava:
"Ele diz que seus bisavós disseram que foram para o Brasil e Pernambuco quando essa probincia foi conquistada e que eu ouvi dizer que eles eram das montanhas de Burgos, mas que em particular, ele não lembra qual lugar porque embora este declarante tivesse alguns papéis em Pernambuco, Eles perderam quando o inimigo levou o Brasil. Que ele não sabe se embarcaram em Portugal, ou em outro porto de Castela, mas que não eram nativos de Portugal, nem viviam naquele Reino ".
Outras testemunhas afirmaram na mesma linha sobre a origem dos ascendentes de D. Manuel:
"[...] ele disse que ouviu em Pernambuco que os ancestrais de D. Manuel desceram de Vizcaya das montanhas [...]".
O pai de D. Manuel, capitão Antonio de Mendoza, e seu avô materno, o Mestre de Campo Domingos de Sarabia, estavam em Pernambuco como provedores e secretários da Santa Confraria da Misericórdia, cargos que só eram exercidos por fidalgos notórios. Eles sempre se trataram como nobres, com grande brilhantismo, sustentando-se nos aluguéis de suas fazendas, e nem eles, nem seus criados, tinham negócios que não correspondessem a sua condição de nobres. Todos os ascendentes tinham sido poderosos fazendeiros e senhorios, com servos e escravos, e faziam parte das pessoas mais ricas e importantes de Pernambuco.

D. Manuel e todos os seus ascendentes eram fidalgos de Espanha e, como tal, exerciam em Pernambuco os ofícios reservados aos nobres como juízes e vereadores, que em Castela equivaliam a prefeitos e vereadores comuns. D. Manuel entrou na Santa Casa da Misericórdia de Olinda na condição de nobre em 1609, e seus irmãos, pais e avós sempre pertenceram a esse mesmo estado.

Os pais de sua esposa, D. María de Mendoza eram os Mestre de Campo Domingo de Saraiva e Francisca de Mendoza, também naturais de Pernambuco e também primos.

Se desvela um típico caso de clã endogâmico, tão comum no Brasil daqueles tempos, já que D. Gonzalo e D. Ana de Mendonça eram irmãos, e se casaram respectivamente com uma prima Antonia de Saravia e o também primo D. Jerónimo de Saravia, ambos também irmãos. 

D. Manuel casou-se em Olinda com sua prima em primeiro grau, Maria de Mendoza, que também é natural da cidade. Deste casamento nasceram, pelo menos, 7 filhos conhecidos:

D. Jerónimo,
D. Bartolomé,
D. Fernando,
D. Elena,
D. Serafina,
D. Violante e

D. Manuela.



Família 'Fonseca Saraiva' da Bahia:

A família Saraiva aporta no Brasil, na então Capitania de Ilhéus, atuamente parte da Bahia, e terá na ilha de Tinharé, e posteriormente Cayru, seu principal núcleo irradiador, quando se assenta com outras famílias quando do seu povoamento, como os Araújos de Vianna e Ponte de Lima, os Goes de Lisboa, Tourinhos, Sás, Menezes, d´Eças e outras várias famílias nobres, com quem criaram vinculo de parentesco. Foi a família Saraiva os principais dentre esses povoadores, tendo como cabeça do clã: Domingos da Fonseca Saraiva, filho de Diogo Afonso da Veiga, e segundo neto de Francisco da Fonseca Saraiva, Senhor da Villa de Trancoso, e naturais de Armamar, Villa no Bispado de Lamego da Província da Beira.

Concelho de Armamar e Bispado de Lamego
Domingos da Fonseca Saraiva foi casado com Antônia de Pádua de Góes, primogênita de Gaspar de Araújo, natural de Viana, e de sua mulher Catarina de Góes, de Lisboa, que haviam passado a Capitania, em 1563. Foi bastantemente rico, comprando engenho e terras. Levantaram, em seu engenho e fazenda, por especial devoção, uma capelinha de São Francisco, e no seu altar colocaram uma imagem de Santo Antonio, quando realizavam festividades em seus respectivos dias, e que assim se conservou por alguns anos essa devoção, enquanto foram Senhores. Até que foram forçados a deixar o lugar, e retirarem-se com os mais moradores para a ilha de Cayrú, fugindo dos tapuias Aymorés, que arrasaram tudo, incluso o engenho e a capela. Desta só ficou a memória do lugar, que ainda hoje conserva o nome de São Francisco, junto às margens do chamado Rio Fundo. Tiveram como filhos:

1. Catarina de Góes Paes, c.c. capitão Lucas da Fonseca Saraiva, tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo as terras do morro de São Paulo, fez construir a ermida de Nossa Senhora da Luz.

Lucas de Afonseca Saraiva, c.c. Catarina de Souza da Fonseca, e teve filhos.

Luiz de Góes da Fonseca, c.c. D. Isabel de Meneses, filha de Rodrigo Pedroso, a fi .... , e de sua mulher D. Antônia de Meneses. De Luiz de Góes da Fonseca e de sua mulher D. Isabel de Meneses foi filho

1. Antônio de Meneses Teles, c.c. D. Margarida de Souza, sua prima, filha de D. Antônia de Pádua e de seu marido Manuel Teles de Meneses, à fi .... n. 1 e 4, e aí o mais.
2. D. Arcângela de Meneses, c.c. Inácio de Araújo de Souza, com filhos.

2. Mariana de Góes de Afonseca, c.c. Simão Pinto de Faria.  com filhos.
3. Susana de Góes, c.c. Gonçalo Falcão Pereira.
4. Francisca da Fonseca, c.c. João Barbosa Coutinho, com filhos.
5. Antônio da Fonseca Saraiva, c.c. Orsula Serrão de Medeiros, com filhos.
6. Simeão de Araújo de Góes, ou de Afonseca, c.c. Joana de Souza de Vasconcelos, f.ª de Fernão Ribeiro de Souza c.c. D. Antônia de Meneses.


D. ANTONIA DE PADUA DE GOES. Depois de viúva, levou 18 anos, entrevada, numa cama, tida por serva de Deus, informa Fr. Jaboatão, apresentando sinais visíveis de santidade. Faleceu aos 82 anos de idade, em 1646, na vila de Cairu, chorada "por 116 filhos, netos e bisnetos, que juntos com os de seus dois irmãos e quatro irmãs podem hoje povoar um novo mundo". 

LUCAS DA FONSECA SARAIVA. - Tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo as terras do morro de São Paulo, fez construir a ermida de Nossa Senhora da Luz.

GENEALOGIA DOS FONSECA SARAIVA:


VICENTE VIEGAS Foi sr. do couto de Leomil, um couto de pequenas dimensões, donde o nome—Coutinho.C.c. Sancha...
MARTIM VICENTE Foi sr. do couto de Leomil.
ESTEVÃO MARTINS Coutinho Tomou o nome de sua propriedade. C.c. Teresa ou Urraca Ruiz da Fonseca, filha de Rui Mendes da Fonseca  e de s.m. Teresa Anes.
FERNÃO MARTINS DA FONSECA COUTINHO Aparentemente obscuro como o pai, avô e bisavô. C.c. Teresa Pires Varela, filha de Pedro Migueis (?), de Bruges? Ou burguês? Vivera no tempo de d. Pedro I o Cru, † 1367.
VASCO FERNANDES COUTINHO (I) Viveu no tempo de d. Fernando I o Formoso, † 1383, e no de seu sucessor o Mestre de Aviz, depois d. João I. Foi couteiro de Leomil e meirinho-mor do reino na Beira. C.c. Leonor ou Brites Gonçalves de Moura, filha de Gonçalo Vaz de Moura.
AFONSO VASQUES DA FONSECA Criança quando morreu o pai, foi criado pelo irmão mais velho Gonçalo. Foi alcaide-mor de Marialva. C.c. Mécia Lopes Pacheco.
Leonor Vaz da Fonseca C.c. Vicente Fernandes Saraiva.
Leonor Osores da Fonseca Uma filha dentre cinco. C.c. Lourenço Saraiva. (Há dúvidas aqui.)
Antonio Saraiva da Fonseca Um filho dentre seis. C.c. ...
Francisco da Fonseca Seria o sr. de Trancoso referido por Jaboatão. C. c. Brites Pacheco.
Diogo da Fonseca Saraiva C.c. a concunhada Isabel Saraiva
Maria da Fonseca C.c. Diogo da Veiga, ou Diogo da Costa, seu parente.
DOMINGOS DA FONSECA SARAIVA  N. em Armamar (Lamego). C.c. Antonia de Pádua de Gois, filha de Gaspar de Araújo e de s.m. Catarina de Gois. Vivia em 1591, quando da visitação da inquisição.

BELCHIOR DA FONSECA N.c. 1573 em Salvador (BA). C.c. Luiza Doria, n.c. 1590, filha de Braz da Silva de Meneses e de s.m. Clemência Doria a moça. C.g.—Fonsecas Dorias, tab. V.

Domingos da Fonseca Saraiva c.c. Antonia de Pádua de Góis
1. Catarina de Góes Paes c.c. capitão Lucas da Fonseca Saraiva, tesoureiro da feitoria das madeiras de Cairu. Possuindo como terras do morro de São Paulo, fez construir uma ermida de Nossa Senhora da Luz.

D.ª Francisca da Fonseca c.c. D. João de Uzeda e Luna, f.º de D. Rodrigo Uzeda
D. Ursula da Fonseca c.c. Francisco de Souza d´Eça, com filhos:
         D. Domingas Deça, mulher do capitão-mór Nicoláo de Souza Deça.
        Bartolomeu de Souza Deça, que casou duas vezes, a primeira com D. Maria da cunha, filha de Manoel Trinxão, casou com esta a 11 de Julho de 16 Cairú: a segunda vez casou com D. Theotonia de Padua, filha de Gaspar Pinto da Fonseca e Góes, cazou com esta aqui a 7 de Janeiro de 1691 em Cairú. Da primeira teve 6 filhas e da segunda um filho e uma filha. Foi alcaide mor dos ilhéus. 

       Francisco de Souza Deça, que casou com sua cunhada D. Joana Trinxão, filha do sobredito Manoel Trinxão.

Lucas de Afonseca Saraiva c.c. Catarina de Souza da Fonseca, e teve filhos.

Luiz de Góes da Fonseca c.c. D. Isabel de Meneses, filha de Rodrigo Pedroso, um fi gratuito .... , e de sua mulher D. Antônia de Meneses. De Luiz de Góes da Fonseca e de sua mulher D. Isabel de Meneses foi filho

1. Antônio Teles de Meneses c.c. D. Margarida de Souza, sua prima, filha de D. Antônia de Pádua e de seu marido Manuel Teles de Meneses, à fi .... n. 1 e 4, e aí o mais.
2. D. Arcângela de Meneses, c.c. Inácio de Araújo de Souza, com filhos.

2. Mariana de Góes de Afonseca, c.c. Simão Pinto de Faria. com filhos.
3. Susana de Góes, c.c. Gonçalo Falcão Pereira.
4. Francisca da Fonseca, c.c. João Barbosa Coutinho, com filhos.
5. Antônio da Fonseca Saraiva, c.c. Orsula Alves de Medeiros, com filhos.
6. Simeão de Araújo de Góes, ou de Afonseca, c.c. Joana de Souza de Vasconcelos, f.ª de Fernão Ribeiro de Souza c.c. D. Antônia de Meneses.

Solar da Família Fonseca Saraiva, construido em 1608.

Família 'Vaz Saraiva' no Espírito Santo:

Novo Milênio: Telas de Benedito Calixto - Calixto e Vila VelhaGaspar Vaz Saraiva é o mesmo Gaspar Saraiva que em 1640, ao lado de Adão Velho Ferreira, defendeu a vila Velha-ES do ataque dos holandeses. Registra-se sua morte em 1691, pois a 6 de outubro desse ano seu genro Baltazar nomeia procuradores para escriturar terras que herdou dele. Certamente residia em Vitória, porquanto tais procuradores moravam nessa vila.

30 de outubro de 1640 — O coronel holandês Koen, repelido no dia 28 na Vitória, ataca neste dia a Vila Velha do Espírito santo. Os capitães adão Velho e Gaspar saraiva opõem-se ao desembarque; no entanto, vendo que dos navios inimigos partiam grandes reforços, abandonam a vila (ver 2 de novembro).

02 de novembro de 1640 — Os capitães Adão Velho e Gaspar Saraiva, reforçados pelo capitão-mor João dias Guedes, atacam e retomam Vila Velha do Espírito santo (ver 28 e 30 de outubro). Os holandeses recolhem-se aos seus navios e deixam o porto no dia 8.

1640 — O coronel holandês Koen, repelido nas vilas da Vitória e do Espírito santo, faz-se de vela neste dia; no entanto, é retido em frente da barra até o dia 13, por falta de vento (ver 28 de outubro e 2 de novembro).



GENEALOGIA VAZ SARAIVA:

1. Gaspar Vaz Saraiva c.c. ____________________ (?)
2.1. Bárbara da Costa c.c. alferes Baltazar de Calheiros Malheiros

2.2. Alf. José Vaz Saraiva (*1625), vivente em São João da Praia em 1702. Foi vereador nessa vila (1677-78 e 1706), Em 1682-98 e 1701 era juiz ordinário. c.c. Leonor Caldeira(?), viúva de Julião Rangel de Souza (?), f.ª do cap. Mateus Pinto Caldeira. Com quem foi para Campos.



Família Saraiva no Rio Grande do Sul - RS:

O patriarca dos Saraivas estabelecidos no Rio Grande de São Pedro (RS) e Uruguay (antiga Banda Oriental), advém de Bernardo José Ferreira Saraiva (1725-87), nascido no distrito de Guarda em Portugal, e que imigrou para o sul do Brasil, vindo a se casar com Bárbara Isabel de Santa Rosa Rodriguez (1737-1803), natural do Rio Grande de São Pedro (RS), filha do Cpt. Antonio de Souza Sardinha e de Joana Rodrigues. Seu pai, era Manuel Saraiva Tavares (1690), também português de Póvoa do Concelho, no distrito de Guarda, e sua mãe Marìa do Amaral Ferreira.

A Família Saraiva foi um dos mais poderosos clãs na região de fronteira do Brasil e Banda Oriental (Uruguai), vindo muito de seus membros efetivamente a se estabelecerem na banda oriental, inicialmente em Colônia do Sacramento (Uy) e de lá para o norte de São José do Norte, vindos depois para a Quarta Zona de Canguçu e dali foram descendo até o Uruguai, quando castelhanizaram seu sobrenome para Saravia, sendo seus membros, no futuro, protagonistas principais nos mais importantes movimentos políticos da região, como a Revolução Farroupilha, e Guerra Federalista, em que teve a frente respectivamente Fracisco Saraiva Caneda e Gurmecindo Saraiva.



Outros Clãs:

Keltoi - Pela Restauração da Nobreza Brasilaica
Clãs Brasilaicos
Clã Rendon de Quebedo
Clã dos Sá
Clã dos Teixeiras
Clã dos Wanderley
Clã Vidal de Negreiros
Clã Vieira de Mello



*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo da mesma época, porém não registrados.

domingo, 10 de março de 2019

Clã Vidal de Negreiros


NEGREIROS. Desconhece-se a origem desta família, cujo apelido é origem geográfica, visto ser precedido de proposição. Querem alguns que fosse seu solar o couto de Negrelos, no termo do Porto. A corrupção do topônimo, que invocam, é difícil de aceitar. Na primeira metade do século XV já existia Rui Mendes de Negreiros, morador em Estremoz, a quem passou Carta de brasão de armas, de sucessão, de Negreiros e de Sandes, em 15 de Outubro de 1565. Pelas ligações e lugar onde habitavam parece família alentejana, se não tiver vindo de fora do Reino.


BRASIL

O ramo mais proeminente dos Negreiros no Brasil é o da cepa "Vidal de Negreiros", provenientes do casal Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa (há também registro de ter nascido em Santarém, Portugal), e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, na ilha da Madeira. Que tiveram como filho: André Vidal de Negreiros, fator máximo da expulsão dos holandeses do Brasil.

André Vidal de Negreiros não se casou, mas deduz-se ter deixado 5 (cinco) filhos bastardos, por ter legado aos cinco, em seu testamento, heranças equitativas. Um deles, Francisco Vidal, que veio a ser padre, foi reconhecido previamente por André Vidal de Negreiros, porém omite esse reconhecimento em seu testamento. No seu testamento, Vidal de Negreiros negou, por ser solteiro, que tivesse herdeiros, e "por ser nobre", talvez, por esse motivo, tenha passado suas comendas e a maior parte de suas rendas para seu sobrinho cavaleiro da Ordem de Cristo e militar atuante nas guerras angolanas Antonio Curado Vidal, filho de sua irmã Isabel Ferreira de Jesus.

Isabel Ferreira de Jesus, era irmã de André Vidal de Negreiros, casada com Lopo Curado Garro um dos três governadores da Parahyba, nomeados para a restauração, em princípio de  1645, e "um dos mais valerosos cabos daquella guerra". Tiveram dois filhos: Isabel Vidal de Negreiros Antonio Curado Vidal.


André Vidal de Negreiros
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André Vidal de Negreiros
A grandeza da ação de Vidal de Negreiros tem sido diminuída, na nossa história, pela oposição que se lhe faz com a figura de Fernandes Vieira e pela coparticipação que deram ao governo da Restauração, na libertação de Pernambuco. As histórias oficiais, no Reino e no império dos Braganças, têm consagrado essa mentira, porque era de interesse superior. O caso exige protesto, não tanto pela mágoa da injustiça a um dos primeiros heróis brasileiros, mas porque nessas mentirosas e imerecidas consagrações se desvirtua a essência mesma do Espírito nacional nascente.

Nos sucessos da Insurreição, há um homem que tem importância proporcional a eles mesmos. É Vidal de Negreiros, que anteviu a vitória, deu-lhe o plano, organizou o movimento, e conduziu a guerra. Outros nomes aparecem, e ele os admite, e os procura, pois que tanto é necessário para a vitória desejada; mas o autor, em última instância, é ele. Nem será preciso debulhar os fatos: a tomada de Nazaré, a vitória da Casa Forte, onde também lhe matam o cavalo, sobretudo a primeira dos Guararapes, que pela sua ação se transforma em vitória, quando a tática incompleta de comando geral ia sacrificando a gente de Henrique Dias; e, mais do que tudo, a sua superioridade política: garantindo e saneando a cooperação de Vieira, tolerando Barreto, levantando a Paraíba, tirando do governo mais do que a miserável política da metrópole o permite, humanizando os bárbaros Henriques, dando ânimo, por nove anos, aos que tem de lutar abandonados, privados de tudo, mesmo desaprovados pela metrópole. Depois disto, quando limpou o Recife do último holandês, ainda lhe foi preciso ir a Lisboa pedir perdão, para si e os outros que tinham recuperado, para a dinastia ulcerada, a joia de Pernambuco. A prova final está em que a grandeza do seu espírito se impôs até naquela Lisboa hostil. O Padre Vieira, arrependido de ter aconselhado, ou concordado, que se vendesse a terra onde se geram tais criaturas, disse de Vidal, ao Rei:
“De André Vidal direi a V. M. o que não me atrevi até agora,  por me não apressar, e porque eu, que tenho conhecido tantos homens, sei que há mister muito tempo para se conhecer um homem. Tem V. M. no seu reino muito poucos que sejam como André Vidal; eu o conhecia pouco mais que de vista e fama... e tanto para tudo o demais como para soldado... e sobretudo muito desinteressado, e que entende muito bem todas as matérias, posto que não fale em verso, que é a falta que lhe notava certo ministro de V. M.”. 
Fernandes Vieira, essencialmente mercantil, com o espírito e a honestidade do exclusivo negociante, na moralidade da época entre os seus, era, com Gaspar Dias Ferreira, o português mais amigo dos holandeses. Frei Manuel do Salvador, íntimo de Fernandes Vieira, seu panegirista, na melhor das intenções para com ele, assim o apresenta:
“Havia em Pernambuco dois homens que privaram muito com o Príncipe João Maurício, Conde de Nassau e com os do supremo e político Conselho dos Holandeses, e ambos muito encontrados na vida e costumes, um se chamava João Fernandes Vieira, e outro Gaspar Dias Ferreira; um tratava de granjear a sua vida e também a amizade dos holandeses com dispêndio da sua fazenda, e o outro tratava de seu próprio interesse, e de fazer ricos os holandeses à custa da fazenda e do sangue dos pernambucanos” 
para acentuar a semelhança que, em todo caso, havia entre o português que veio para Insurreição, e o que foi com Maurício, para ajudá-lo a tomar a Bahia, à custa de traições que pudesse obter entre os seus. Muito derramado entre os grandes da administração holandesa, tinha Vieira prestígio e grande roda; era bem uma força, como bom homem de negócios. Faziam parte dessa roda os que, depois, foram dos mais notáveis cronistas dos sucessos de então: o mesmo Frei Manuel do Salvador e Frei Rafael de Jesus, do Castrioto Lusitano. Os dois frades, sem maior preocupação de exatidão, que não era da época, fizeram as suas narrativas para exaltação explícita do seu amigo, convertido em herói, e cantaram um prestígio que sobre eles se refletia. Na escassez de documentos, para o tempo em que escreveu, teve Southey de servir-se, quase que exclusivamente, quanto à Insurreição, dos escritos desses panegiristas.

Está demonstrado hoje, de modo irrefutável, por documentos oficiais da época, que, ao partir de Lisboa, em 1642, muito antes de qualquer ação ou manifestação de Vieira, já Vidal se entendera com D. João IV, que o convidara para o governo do Maranhão, até lhe dera os célebres seis hábitos... para distribuir com os futuros companheiros, e as cartas para o Governador Teles, em virtude das quais ele, Vidal, com Moreno e alguns homens, foram enviados, sob qualquer pretexto, a Pernambuco, para realmente promover o levante. No entanto, a boa fé de Southey o leva a contar que, estando Vidal no Recife, Vieira o catequisou e o fez aderir à causa, e assim o diz porque é assim que Frei Calado o conta. Ora, se, desprezando mesmo documentos preciosos, consideramos no caráter e na situação dos dois personagens, não é possível admitir que fosse Vidal um caudatário de Vieira.

Negreiros era o patriota que, desde o primeiro momento, aos 19 anos, se alistara no exército de Matias de Albuquerque; era o combatente incansável, desinteressado, sem paga, nunca ocupado de outra coisa, na sua vida de homem, senão de pugnar pela libertação de sua terra. O ilhéu era o homem de negócios, que abandonara a causa, e aceitara, absolutamente, o domínio do holandês; o comerciante, ambicioso de dinheiro, cultivando, neste fim, cuidadosamente, a amizade do invasor a quem se submetera sem mostras de repugnância. A história do caso é toda outra. Em Lisboa, já Vidal procurava os meios de realizar o seu plano de expulsão dos invasores. Chegando à Bahia, partiu sem tardança para o Recife, com o pretexto de visitar o pai, enquanto o parceiro Noronha procuraria duas irmãs; mas, de fato, tratava de aliciar companheiros. Uma vez em Pernambuco, para não provocar suspeitas, foi hospedar-se em casa do português, grande amigo dos holandeses, Fernandes Vieira, e, então, entendeu-se com diversos pernambucanos ilustres: “... onde recebeu Antonio Cavalcanti, Amador Araújo (o iniciador dos combates), João Pessoa, Antonio Bezerra, João Carneiro, e muitas pessoas notáveis”. Tomaram conhecimento da situação os futuros insurretos; aquiesceram em lutar, sendo o mais “vacilante, a despeito dos acontecimentos do Maranhão”, o próprio Vieira. Finalmente acedeu, “exigindo, porém, que a Paraíba, para onde se dirigia Negreiros, levantasse primeiro o grito de revolta, e que viessem, da Bahia, oficiais e soldados para arregimentar...”. Documentos que os holandeses puderam apanhar provam tudo isto, que é, ainda, corroborado pelos informes que Frederick Flekissen, prisioneiro na Bahia, pôde obter ali. É verdade que, abertas as hostilidades, foi Vieira nomeado Capitão-mor e Governador da guerra. Fora, isto, uma imposição da metrópole, pelo seu representante na Bahia, ou alvitre do próprio Vidal? É bem admissível a última hipótese, ou uma combinação dos dois motivos: Vidal aceitava com aplauso a cooperação de Vieira na direção da campanha. Não esqueçamos que Negreiros valia igualmente pelo talento político: ele reconhecia que, na organização iniciadora, era Vieira preciosíssimo por não ser suspeito aos dominadores. Numa conjuração, esta condição se torna essencial. Além disto, o ilhéu possuía outros dons valiosíssimos: fortuna pessoal, larga influência, grande capacidade de ação, valor militar, e Vidal não hesitou em dar-lhe situação de destaque, com aparente primazia, em troca do que ele lhe trazia, secundando a sua ação. É verdade que ânimos essencialmente brasileiros – Cavalcanti e outros, repeliram a autoridade e ascendência dadas a Vieira; mas o tato de Vidal, e o patriotismo de todos, remediaram em parte um tal inconveniente. É certo, ainda, que as tendências exibicionistas de Vieira, como o célebre manifesto, para o qual andou ele a angariar assinaturas, revelaram, antes do tempo, o movimento de reivindita, e o prejudicaram, em parte. Além disso, nesse mesmo manifesto, Vieira patenteava, com a insistente e exclusiva alegação – da “intolerância religiosa dos holandeses”, que não agia como brasileiro, e afirmava, em parte, uma verdade. O próprio historiador holandês Nestcher salienta que “os do Brasil estavam animados por duas poderosas paixões, o desejo de reconquistar a própria pátria e a antipatia religiosa”. Mas, arrastado pela ação, levado pela educação brasileira em que estava feito, nas condições em que se desenvolvia a luta, Fernandes Vieira dava resultados de brasileiro. Contudo, as prevenções contra ele se agravaram, e o exército insurgente quase se desdobra em facções. Os seus modos tornaram-se suspeitos, como quando ele pretendeu executar pernambucanos que haviam atirado em traidores holandeses, ao serviço da causa; ou quando adiava esse ataque, que foi o triunfo do monte das Tabocas. Ali, Vieira teve que se desdizer de resoluções tomadas, no sentido da execução; aqui, ele marchou sob a pressão dos oficiais insurgentes. A situação esteve por um puxar de espadas:
“Os filhos de Portugal, assim como as tropas da Bahia e os eclesiásticos foram por Vieira, diz Frei Calado, os brasileiros, por Antonio Cavalcanti”. 
Este lance é nítido e expressivo. Quem salvou a situação, evitando a luta intestina, foi Antonio Dias Cardoso. Os pernambucanos acusavam a Vieira de evitar a luta e de procurar o caminho da Bahia. Eles não aceitavam o seu comando exclusivo, e exigiam que as ordens tivessem, também, a assinatura de Antonio Cavalcanti. Diante desses fatos, não será de admirar que, não obstante a ação patente do ilhéu, contra ele se tivesse formado esta tradição histórica, que ecoa em Varnhagen, Macedo, Fernandes Pinheiro... A revolta contra a autoridade de Vieira é a expressão evidente do espírito nacional, que naquele transe se afirma. Além disto, ele não era, de fato, um guerreiro para aquele triunfo, e bem o demonstrou nas sucessivas hesitações, sobretudo após a vitória da Casa Forte, donde deveria ter partido a atacar o Recife, mal defensável, então. O proceder ulterior de Fernandes Vieira dá toda razão aos que o repeliam. Governador da Paraíba, ele, que fora chefe nominal da Insurreição, aproveita-se da situação para despojar, em torpe pirataria, a viúvas e os órfãos de vítimas do holandês, como aconteceu no apropriar-se dos engenhos e outras propriedades dos Brandões, dando-lhes a miséria de 14.000 cruzados, não obstante a impugnação do juiz de órfãos, que dizia “valerem tais propriedades mais de 50.000 cruzados!...”. No momento do triunfo, apesar do prestígio soberano da metrópole, firma-se a convicção de que foram os pernambucanos que libertaram a sua terra. Esta verdade é orgulhosamente proclamada por eles, confessada pela coroa portuguesa, e reconhecida por todos, aqui, e lá.

Quando, cinquenta anos depois, irrompe a rebelião dos Mascates, este é o mote para todas as alegações: “... que por terem libertado a terra, queriam ser donos dela...” diziam os reinóis; “... que não podiam ser suspeitos a El-Rei, vassalos, que, para a coroa, tinham reconquistado todo aquele Brasil...” alegavam eles. Os documentos da época, de um de outro lado, deixam bem patente que se trata de um sentir universal, tradição explícita em todas as consciências. O governador da Paraíba, partidário ativo dos Mascates, repete a consagração histórica dos Pernambucanos, como se fora verdade cediça. Quanto à importância de Negreiros na Insurreição, os que admitem a inverossímil iniciativa do Bragança hão de reconhecer que a sua escolha para realizar o movimento o apresenta, desde logo, como o mais próprio e mais autorizado. Mas, como chega um momento em que o Rei exige de Vidal que se afaste, e como este se rebela para continuar na luta, temos a prova absoluta de que a decisão de reaver e libertar Pernambuco fora sua. Abrindo a campanha por iniciativa e ordens do soberano, Negreiros teria obedecido às suas ordens de abandonar a campanha, como obedeceu o grande valente, Soares Moreno. Demais, uma tal decisão só se poderia formar no ânimo de quem fosse capaz de realizá-la; de quem possuísse os dons de organizador genial, para, do nada, tirar todo o muito, necessário para bater a potência mais forte do momento.

D. João IV e os que o cercavam, inclusive o Padre Vieira, tinham poderosíssimos motivos para não alimentar esses projetos: a convicção da impossibilidade de bater o holandês; a necessidade de captar as suas boas graças, a fim de obter os auxílios indispensáveis na guerra com a Espanha. De outro modo, não se explica que Portugal, o Estado que nunca cedeu uma polegada do território nacional, tivesse acedido em deixar ao invasor todo aquele Norte, feito na tradição portuguesa. Houve entendimento com Vidal, na Lisboa de 1640, não há dúvida; mas, já o acentuamos, o intuito do Bragança era dar preço à cessão que fazia, para ganhar do holandês o máximo de recursos. Em si mesmos – Negreiros e D. João IV, quanto a motivos patriótico: um era o combatente voluntário, de sempre, intransigente na defesa da sua pátria; outro é o dinasta em perigo, que desde logo entrara em conchavos com o opressor de Pernambuco, aceitando fazer dele o seu principal arrimo. No célebre papel forte, o Padre Vieira o diz formalmente: “Portugal, cercado por um inimigo como Castela, e em luta com a república mais florescente e poderosa e altiva no mundo...”. Previu mal, o Padre Antonio Vieira, mas tinha razão: naquele momento, não haveria mentalidade lógica para admitir vitória contra as Províncias Unidas. O bragantismo ulterior, empenhado em diminuir o valor dos pernambucanos, chegou a alegar que a eliminação do domínio holandês foi efeito da vitória britânica sobre os batavos, arrancando-lhes a supremacia dos mares. Ora, até a última dos Guararapes, o poder marítimo dos holandeses estava intacto. A primeira vitória naval dos ingleses é de 1652; mas, por decênios, ainda, o batavo é uma grande potência. Em 1653, era a sua voz uma das mais respeitadas nos ajustes de 1654 de Westefália. Na guerra contra a Inglaterra, as Províncias Unidas puseram em batalha 100 grandes navios, pelo que ficou indecisa a vitória entre os dois grandes almirantes – Blake e Tromp. Em 1666, Ruyter, reputado, então, o mais valoroso capitão de esquadras, queimou das mais belas e mais poderosas naus britânicas, nos próprios ancoradouros ingleses, a quatro léguas de Londres. Em 1668, sobe a tal ponto o poder e prestígio das armas holandesas, que o respectivo governo se faz árbitro entre as grandes potências – França e Espanha. Logo depois, em 1672, unem-se contra as Províncias as duas nações mais poderosas – França e Inglaterra, e não puderam reunir uma frota para bater a dos holandeses: com cem grandes navios e 500 auxiliares, o formidável Ruyter foi provocar o britânico, à vista das costas inglesas, em Solbaia, para uma batalha que durou um dia inteiro, e terminou com vantagens para o batavo. Contudo, na terra de Pernambuco, a vitória foi dos Insurgentes.
Manoel Bomfim


Mathias Vidal de Negreiros, Filho de André Vidal de Negreiros:

Matias Vidal de Negreiros, filho bastardo de André Vidal de Negreiros, tomou parte na guerra contra os tapuyas no Rio Grande do Norte, de par com Bernardo Vieira de Mello, se opondo, ao seu fim, a escravização dos vencidos. Posteriormente aderiu a causa da nobreza pernambucana na Guerra dos Mascates, juntamente com outros nobres pernambucanos, embora estivesse longe de ser um dos cabeças da sedição. Em auxílio à nobreza pernambucana, Matias partiu da Paraíba com quarenta homens armados. Oque provocou a ira do governador Felix Machado (1711-1715) que o incluiu no rol dos sediciosos. E o mandou prender, acusando-o de traidor, sedicioso e envolvido em crime de lesa-majestade.

Inicialmente, Matias tentou em vão se refugiar no Colégio de Olinda. No entanto, com "sua longa experiência de perseguições governamentais", ele preferiu refugiar-se nas matas de Itambé. Em 15 de julho de 1712, o governador de Pernambuco o inocentou das culpas de sedição, denominando-o um leal e fiel vassalo de Sua Majestade. Mas tratava-se de uma emboscada. Aliviado com o bando do governador, retornava à sua casa quando os amigos o avisaram do golpe. Matias tentou retornar ao esconderijo, mas não demorou muito para ser preso pelas autoridades. Em condições infamantes, o filho bastardo do herói e os demais companheiros da parcialidade da nobreza foram encarcerados com gente subalterna, conforme se queixaram à câmara de Olinda.


Antonio Curado Vidal, sobrinho de André Vidal de Negreiros, filho de sua irmã Isabel Ferreira de Jesus:
Vidal de Negreiros Garro
A irmã de André Vidal de Negreiros, Isabel Ferreira de Jesus, casou com o biscaino Lopo Curado Garro que compôs o triunvirato que governou a Capitania da Parahyba no curso de cinco anos.  Foi ele o comandante das tropas que expulsaram os holandeses da cidade de Filipéia de N.S. das Neves (atual João Pessoa) em 1645. Pelo seu relato escrito do massacre do Engenho do Cunhau, ocorrido no Rio Grande do Norte, Garro é considerado o primeiro escritor paraibano a ter um trabalho publicado e é o patrono da cadeira nº 8 do Instituto Histórico e Geográfico da Paraiba. Dele descende Antonio Curado Garro.

Antonio Curado Vidal, recebeu de seu tio, André Vidal de Negreiros, a maior parte de sua herança. Mencionou as comendas concedidas pelo soberano e particularmente a comenda de São Pedro do Sul. Destinou-lhe ainda dois mil cruzados da venda ou rendimento do Eng. Novo de São Antônio da Paraíba. Em açúcar lhe deixou duzentos mil réis anuais, mesma quantia destinada aos demais herdeiros e ainda o concedeu seu espadim de prata. O testamento então reafirmava o desejo que o sobrinho herdasse as comendas e preservasse na família a maior distinção de nobreza acumulada pelo governador e valoroso militar das guerras de Pernambuco e Angola. Aliás, muito antes do testamento do tio, Antônio Curado Vidal já dispunha de várias honrarias cedidas pela monarquia.

Curado Vidal era "praça de sargento-mor, governador do Recife e mestre de campo", sagrado Cavaleiro da Ordem de Cristo em 1653 e fidalgo cavaleiro em 1667. Nesse mesmo ano, recebeu comenda pelos seus serviços nas fortificações do Recife e nas batalhas no reino do Congo, onde capturou o rei e levou consigo a sua coroa e cetro. Para tanto serviu:
"com despesa considerável de sua fazenda, e da mesma maneira do frete de uma sumaca em que veio a nova da vitória que se alcançou do rei do Congo, trazendo consigo o cetro e Coroa do mesmo Rei, além de fazer outras despesas de fazenda própria que importavam mais de 6 mil cruzados na viagem para maior segurança da missão que se lhe encarregou. Hei por bem fazer-lhe mercê (entre outras) de promessas de uma comenda de lote de 150 mil réis, a qual ainda tenha seu efeito nela, ficará a seu filho Salvador Curado Vidal, a cujo título receberá logo o hábito da Ordem de Cristo que lhe tenho mandado lançar"

GENEALOGIA DOS VIDAL DE NEGREIROS:

1. Francisco Vidal c.c. Catarina Ferreira

2.1 André Vidal de Negreiros, filho de Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa, e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, na ilha da Madeira.
3.1 Mathias Vidal de Negreiros c.c. Maria Gomes Freitas;
4.2 José de Barros Rego c.c. Maria Magdalenna da Silva, filha de João Martins da Costa e de Maria José Bezerra. 
5.1 Phelippe (*01, V, 1778)
5.2 José (*17, XI, 1782)

3.2 D. Catarina Vidal de Negreiros c.c. Diogo Cavalcanti de Vasconcelos, filho de D. Maria Cavalcante de Vasconcellos e de Manoel Lobo. Senhor do eng. Jacaré/Goiana.

       4.1 Miguel Alves Lobo cc Maria Cavalcante de Vasconcellos, filha de Arnau de Vasconcellos e Albuquerque (fº. de Antonio de Hollanda de Vasconcellos, nasc. em Olinda, PE; e Felipa de Albuquerque Cavalcanti) e de Maria Lins de Albuquerque (fª. de Sibaldo Lins e Brites de Albuquerque).

3.4 Francisco Vidal, Frade Carmelitano. Prior do Convento do Carmo de Olinda. Provincial de sua Religião. Filho com Inês Barroso que era c.c. Gaspar Nunes. Teve um relacionamento com Luisa Pinhoa, filha de Luiz Pinhão de Mattos e de Leonor Peres Pessoa (primeiro marido).

3.5 Pe. Manoel Vidal de Negreiros (Padre) deixou 200.000 réis a Violante, uma mulatinha criada em sua casa, para quem deixou como dote seis escravos.

3.6 D. Feliciana Vidal c.c. Antonio Cavalcanti de Albuquerque, filho de Jorge Cavalcanti d´Albuquerque e de D. Maria de Barros de Abreo. E deste matrimônio não houve sucessão.

2.2 Isabel Ferreira de Jesus (irmã de André V. de Negreiros) c.c. Lopo Curado Garro (um dos três governadores da Parahyba, nomeados para a restauração, a que se deu em princípio do ano de  1645, e um dos mais valerosos cabos daquella guerra), tiveram como filhos: Isabel e Antonio.

3.2.1 Maria Ramos Curado(?) c.c. Cosme de Barros Marinho

3.2.2 Isabel Vidal de Negreiros c.c. Sgt. Mor João de Andrade Falheiros
4.1 Mathias Vidal de Negreiros II (*Goiana, entre Sec XVII e XVIII) c.c. Clara de Araújo Sampaio, f.ª de Brás Correia de Araújo e de Ana da Rocha Sampaio.
4.2 André Vidal de Negreiros c.c. Ana Roxa Maciel
4.3 Semeão Correia Lima c.c. Ana de Oliveira Maciel

3.2.3 Antonio Curado Vidal c.c. Maria de Carvalho.
4.1 Cpt. Salvador Curado Vidal
4.2 Mestre de Campo Antonio Curado Vidal
5.1 Antonio Vital Curado

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Clã dos Bueno(s)



“Podemos, então, tentar traçar a descendência de Amador Bueno. Na verdade, acabaremos descobrindo que virtualmente todo mundo no Brasil descende dele, porque o número de descendentes cresce, não em potência de 2, como no caso dos antepassados, mas mais rapidamente ainda, por causa do grande número de filhos que as pessoas tinham no passado. A propósito, sei com confiança que sou parente de Amador Bueno, porque um livro chamado Amador Bueno, o Aclamado, na Família Lagoana, menciona o nome de minha avó paterna, Balbina Drummond Pena, como sua descendente."

Sérgio Pena, geneticista.


São muitos os brasileiros descendentes de Amador Bueno. Dentre eles estão vultos como Getúlio Vargas, Tancredo Neves, Roberto Marinho, Júlio de Mesquita Filho, Walter Moreira Sales, Vicente de Carvalho, Carlos Drummond de Andrade, Frei Gaspar da Madre de Deus, Pedro Taques de Almeida Paes Leme e Bárbara Heliodora.

Teve princípio esta família em Bartholomeu Bueno de Ribeira (natural de Sevilha, *1555, †1620) vindo para S. Paulo em 1571 com seu pai Francisco Ramires de Pórros, carpinteiro da Ribeira de Sevilha, que viera para o Brasil na armada de D. Diego Flores de Valdez e casou-se com Maria Pires f.ª de Salvador Pires, português do Porto, e de Mecia Fernandes (ou Mecia ussú). Mécia Fernandes era filha de António Fernandes, português, e de Antónia Rodrigues, mameluca, descendente do Cacique Piquerobi de Ururaí e de António Rodrigues, um dos dois portugueses encontrados por Martim Afonso de Sousa, que não se sabe como vieram parar no litoral paulista. 

Do casamento de Bartholomeu Bueno de Ribeira com Maria Pires, tiveram os seguintes f.ºs.:

Cap. 1.º Amador Bueno de Ribeira
Cap. 2.º Francisco Bueno
Cap. 3.º Bartholomeu Bueno
Cap. 4.º Jeronimo Bueno
Cap. 5.º Maria de Ribeira
Cap. 6.º Messia de Ribeira
Cap. 7.º Izabel de Ribeira

Cap. 1.º Amador Bueno de Ribeira (o Aclamado), capitão-mór e ouvidor da capitania de S. Vicente, cargo que ocupou em 1627, foi aclamado rei em S. Paulo em 1641 pelo poderoso partido formado de influentes e ricos castelhanos, como foram os três irmãos Rendons da cidade de Coria; dom Francisco de Lemos, da cidade de Orens; dom Gabriel Ponce de Leon, natural de Guayra; dom Bartholomeu de Torales, de Vila Rica de Paraguai; dom André de Zunega e seu irmão dom Bartholomeu de Contreras y Torales; dom João de Espinola Gusmão, da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação em 1641. Não só recusou essa honra, que queriam conferir-lhe, mas ainda, com a espada desembainhada, deu vivas, como leal vassalo, a dom João IV rei de Portugal, em quem restaurou-se a monarquia portuguesa, depois de 60 anos de sujeição ao domínio dos reis de Castela. Por este ato e por outros serviços que prestou à pátria, legou um nome imorredouro à seus descendentes e recebeu carta de el-rei agradecendo esse ato de lealdade. Foi casado com Bernarda Luiz f.ª de Domingos Luiz (o Carvoeiro), cavaleiro professo da ordem de Cristo e de Anna Camacho.

Casou com Bernarda Luís, filha de Domingos Luís, o Carvoeiro, e de Ana Camacho, os quais em 10 de abril de 1603 haviam fundado a capela de Nossa Senhora da Luz no bairro do Guarepe, nos arredores da vila de São Paulo. Tiveram numerosa descendência, entre elas um filho, bandeirante, também chamado Bartolomeu Bueno como seu avô e seu tio e um filho chamado, para distinguir do pai, Amador Bueno, o Moço, também bandeirante.

Entre seus irmãos os famosos bandeirantes Francisco Bueno e Bartolomeu Bueno, o Moço.

Amador Bueno foi o bisavô de outro personagem importante da história de São Paulo, Amador Bueno da Veiga, que comandou os paulistas na Guerra dos Emboabas. Foi também tio e tutor de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro "Anhangüera".


Cap. 2.º Francisco Bueno, foi capitão de uma bandeira que em 1637 estava no sertão. Não sabemos se faleceu o capitão Francisco Bueno no sertão ou se em povoado, só conhecemos a data do falecimento que foi 1638. Filho do castelhano Bartholomeu Bueno de Ribeira, serviu os honrosos cargos da republica em S. Paulo, e casou-se em 1630 em S. Paulo com Filippa Vaz f.ª de Francisco João Branco e de Anna de Cerqueira. Francisco João Branco foi homem nobre, natural de Setúbal, irmão do padre Antonio João Branco e de Manoel João Branco casado com Maria Leme § 4.º do Cap. 5.º do Tit. Lemes, f.ºs. de Simão João e de Filippa Vaz. Teve Francisco Bueno 2 f.ºs. que são:


§ 2.º Bartholomeu Bueno da Silva (o Anhangüéra), natural de Parnaíba, foi notável sertanista. Filho de Francisco Bueno e neto Amador Bueno de Ribeira.

"Este notável sertanista em 1682 penetrou com numerosa bandeira nos sertões do gentio Goyà, e descobriu ouro por observar que as mulheres dos índios se ornavam com folhetas daquele metal. Anteriormente a ele, porém sem resultado, diversos bandeirantes paulistas haviam explorado quase todo o sertão, hoje (1) província de Goiás e Mato Grosso, tais foram (como se vê no inventário do capitão Francisco Ribeiro de Moraes em 1665) o capitão-mór Francisco Lopes Buenavides, o capitão Francisco Ribeiro de Moraes, que faleceu na exploração, Jeronimo Bueno, f.º natural de outro (que era irmão de Amador Bueno), João Martins Heredia, Antonio Ribeiro Roxo, Antonio Fernandes Barros, Francisco Sutil Cide, João de Lara e um tal Manoel Corrêa, que se diz achara algumas oitavas de ouro, que trouxera à povoado. (Cartório 1.º de Orphãos inventário de Francisco Ribeiro de Moraes, Alencastre, - Anais da província de Goiás). Bartholomeu Bueno o Anhanguéra, nessa exploração levava em sua companhia um filho do mesmo nome, de idade de 12 anos, que voltou com seu pai a Parnaíba, tendo este apreendido e conquistado tantos índios, que com eles se poderia fazer uma vila, renunciando por essa ocasião a exploração de minas do precioso metal, mas tendo obtido a certeza de sua abundância pelo estratagema de lançar fogo a um vaso de aguardente em presença dos índios, que, aterrados, prometeram mostrar os lugares em que existia; e pelo que dai em diante o denominaram - Anhangüéra - que significa, Diabo Velho. Pedro Taques refere que este Bartholomeu Bueno tinha um olho furado ou estragado, provindo deste defeito o nome que os índios lhe puseram; mas atribui o fato da aguardente em chamas a outro paulista, também conquistados dos índios, Bento Pires Ribeiro".

Foi 1.º casado com Izabel Cardoso f.ª do capitão Domingos Leme da Silva, que foi inventariado em 1684 em Sorocaba, e de Francisca Cardoso, n. p. de Pedro Leme e de Helena do Prado, n. m. de Antonio Lourenço e de Izabel Cardoso, em Tit. Lemes Cap. 1.º § 5.º; segunda vez casou Bartholomeu Bueno em 1697 em Parnaíba com Maria de Moraes f.ª de Jeronimo de Lemos e de Leonor Domingues. Tit. Moraes Cap. 2.º § 5.º. Sem geração desta 2.ª. mulher, porém, teve da 1.ª:


Bartholomeu Bueno da Silva (o moço), era filho de Bartholomeu Bueno da Silva (Anhangüéra) que, com 12 anos de idade, acompanhou seu pai em 1682 ao sertão de Goiás, em 1722 (40 anos mais tarde) ofereceu-se ao governador capitão-general Rodrigo Cesar de Menezes para explorar de novo aqueles sertões. Sendo aceito seu oferecimento, que era retribuído com promessas de remuneração pelo dito governador, organizou ele uma numerosa comitiva figurando como sócios: seu genro João Leite da Silva Ortiz, seu cunhado Manoel Peres Calhamares casado com a irmã n.º 2-1 supra, seu sobrinho Antonio Ferraz de Araujo f.º de outro e de Maria Pires, e, acompanhados de religiosos beneditinos Frei Jorge e Frei Cosme, partiram de S. Paulo em 30 de junho de 1722, levando detalhadas instruções sobre as minas que por ventura descobrissem. Depois de 3 anos de lutas no sertão contra a fome, contra os inimigos selvagens que os cercavam, mesmo contra as dificuldades do abandono por parte de alguns de seus companheiros, que desanimavam e fugiam, chegou a descobrir as paragens onde tinha estado 36 anos antes com seu pai. Voltou a S. Paulo em 1725, e, depois de dar contas de sua descoberta ao governador Menezes e demorando-se até 1726 para preparar-se, voltou para o sertão em Maio desse ano com o fim de estabelecer-se nas novas minas por ele descobertas, levando em sua companhia: o padre Manoel de Oliveira Gago, Manoel Pinto Guedes, o engenheiro Manoel de Barros, seu genro João Leite da Silva Ortiz e outras pessoas notáveis; foi revestido do posto de capitão-mór regente das minas do arraial de Santa Anna (hoje termo da capital de Goiás), com jurisdição absoluta no cível e crime, e com poderes de dar sesmarias. Chegando ás minas, deu começo a povoação, que em 1739 foi elevada a categoria de vila, com o nome Vila Boa de Goiás. Bartholomeu Bueno da Silva faleceu pobre em 1740, tendo ficado no esquecimento todo o seu sacrifício pela causa publica; ele, que deu um aumento enorme de riqueza à coroa de Portugal, sacrificando na descoberta das minas toda a sua fortuna que tinha herdado de seus pais, teve de recorrer ao governador de Goiás D. Luiz de Mascarenhas, que, sob sua responsabilidade, lhe mandou dar em nome de El-Rei uma arroba de ouro das rendas do estado. Este ato do governador foi censurado, e ordenou-se a restituição dessa quantia com seqüestro dos bens do beneficiado, se por outros meios não fosse efetuada.

Em 1726, à requerimento de Bartholomeu Bueno e seu genro João Leite, tinha sido concedido pelo governador Rodrigo Cesar de Menezes, por 3 vidas, o direito de passagens nos rios, que dependessem de canoas, no caminho de seus descobrimentos e uma sesmaria em cada uma das passagens com 6 léguas de testada e outras tantas de sertão, nos rios Iguatibaya, Jaguari, Rio Pardo, Rio Grande, Rio das Velhas, Rio Parnaíba, Rio Guacurumbá, Rio da Meia Ponte, e dos Pasmados. Entretanto, apenas estabelecidas as 1.ªs. estações para cobrança desses direitos, foram nulificadas as concessões pelo governador Antonio da Silva Caldeira Pimentel, que moveu guerra contra Bartholomeu Bueno, Bartholomeu Paes de Abreu e João Leite da Silva Ortiz.

Este veio a falecer vitimado pelo veneno em 1730 em Pernambuco, quando se dirigia ao reino para representar contra os desmandos do dito Caldeira Pimentel.

Foi Bartholomeu Bueno da Silva, casado com Joanna de Gusmão f.ª de Balthazar de Godoy Moreira e de Violante de Gusmão. Tit. Godoys Cap. 4.º § 5.º. Teve:


Domingos da Silva Bueno, filho de Izabel de Ribeira casada em 1642 em S. Paulo com Domingos da Silva dos Guimarães, era neto de Amador Bueno (o Aclamado). Foi mestre de campo do terço de ordenanças, criado por Arthur de Sá e Menezes governador e capitão-general do Rio de Janeiro em 1697. A seu respeito escreveu Pedro Taques o seguinte, que damos em resumo:

"Foi o mestre de campo Domingos da Silva um paulista adornado de muitos merecimentos, de grande tratamento e igual respeito. Recebeu do rei dom Pedro II uma carta de agradecimento pelos serviços prestados a pátria em data de 1698. Ameaçada a vila de Santos pelo inimigo francês em 1710 desceu para ali em socorro do governador Manoel Gomes Barbosa com todas as companhias de seu terço e ali, à sua custa, se deteve até que o inimigo desapareceu. Foi o 1.º guarda-mór das Minas Gerais de Sabarabuçú, que concedeu e repartiu terras minerais; estabeleceu-se ali em 1711 com numerosa escravatura e extraiu muitas arrobas de ouro.

Estava nessa opulência, quando a cidade do Rio de Janeiro foi atacada e invadida pelos franceses ao mando de Du Guay, que vinha emendar os erros do general Ducler vencido e aprisionado em 1710. De França saiu a armada composta de 16 naus de guerra e 2 de fogo, que conduziam mais de 4000 homens comandados pelo dito Du-Guay. Desta armada teve conhecimento o rei d. João V que mandou sair com presteza a frota que nesse ano devia seguir para o Rio de Janeiro, dobrando-lhe as naus de comboio, a gente e os petrechos militares, e por cabo dela a Gaspar da Costa de Athayde com o posto de mestre de campo do mar. Ao Rio chegou com presteza esta frota com 4 poderosas naus de guerra, bons navios, escolhido cabos e soldados para a defesa da praça. Era então governador Francisco de Castro e Moraes (irmão do mestre de campo Gregorio de Castro e Moraes vitimado em 1710 por uma bala dos franceses, e que deixou no Rio de Janeiro nobre descendência pelo casamento de seu f.º coronel Mathias de Castro e Moraes) a quem chegou aviso em Agosto de 1711 de que na baía Formosa se viram passar as naus inimigas com o rumo para a barra da cidade. No dia 10 de Setembro se ratificou o aviso mandado de Cabo-Frio. No dia 11 protegidas por denso nevoeiro foram divisadas ao meio dia as naus inimigas já para dentro das fortalezas da barra. Atravessaram a enseada dando fogo de artilharia contra as fortalezas e ás 5 horas fundearam na ponta das Baleias.

"Devendo Gaspar da Costa de Athayde meter as naus em linha, na defensa da marinha, as mandou marear para as livrar do inimigo; porém, dando no baixo da Prainha e ponta da Misericórdia, lhes mandou pôr fogo com que arderam lastimosamente. Naquela tarde e nos três dias seguintes foram tais os ecos da artilharia das naus inimigas e das nossas fortalezas, que parecia arruinar-se o mundo, causando mais horroroso estampido a explosão da casa da pólvora da fortaleza de Villegaignon, em que acabaram desastradamente alguns alentados capitães e muitos valorosos soldados. Isto não entibiou o animo dos naturais do Rio de Janeiro; pois vendo que os franceses assentavam artilharia no monte de S. Diogo, para lá se dirigiu o capitão Felix Madeira que matou alguns e fez prisioneiros outros. Bento do Amaral Coutinho, indo defender a fortaleza de S. João, perdeu a vida, depois de tira-la à muitos inimigos; porém, a infelicidade destinada aquela cidade superou ao valor dos seus heróicos defensores, que, vendo desanimado a Gaspar da Costa de Athayde e que o governador Francisco de Castro e Moraes mandara encravar a artilharia da ilha das Cobras, entenderam que, por falta de direção, era irremediável a perdição. Assim sucedeu, porque na noite do 5.º dia da chegada dos inimigos, lançaram estes tantos artifícios de fogo que, pegando no palácio e outras casas, infundiram nos moradores um pânico terror tão intenso, que o governador e Gaspar da Costa assentaram retirar-se com a infantaria e deixar a praça, e assim o fizeram tão confusamente que, por salvarem as vidas, deixaram suas riquezas, não obstante a tempestade e copiosa chuva que teve lugar nessa noite. Senhores da cidade, os franceses, que acharam a cidade já deserta, fortificaram os postos mais importantes e deram-se ao saque, achando um despojo que importou em muitos milhões. No mesmo dia 11 de Setembro se deu aviso a Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho capitão general de S. Paulo e governador, que se achava em Minas Gerais. Este juntou imediatamente 3000 homens armados, ajudado pelo mestre de Campo Domingos da Silva Bueno, que por si convocou um grande corpo de armas e acompanhou em pessoa ao general Albuquerque, indo também incorporado Domingos Dias da Silva, natural de S. Paulo, a quem o general deu a patente de brigadeiro daquele exercito composto de paulistas e europeus. Apesar das marchas forçadas de sol a sol, chegaram ao Rio, quando já a cidade estava ganha e saqueada pelo inimigo. Dela saíram os franceses a 28 de Outubro de 1711. Recolheu-se o exercito para as Minas Gerais donde saíra, levando o mestre de campo Domingos da Silva Bueno e o brigadeiro Domingos Dias da Silva a gloria de honrados e dedicados vassalos que despenderam, sem nunca reclamarem, quantia não pequena para sustentarem e armarem os soldados que trouxeram e se recolherem para as mesmas Minas".


Amador Bueno da Veiga, bisneto de Amador Bueno (o Aclamado). Participou da Guerra dos Emboabas entre 1707 e 1709, quando foi eleito chefe do "exército vingador dos paulistas" após o episódio do Capão da Traição, a frente de 1.300 homens, cercou 400 brancos e 500 pretos de Ambrósio Caldeira Brandt em combates que duraram 4 dias e 4 noites, com três sortidas dos sitiados repelidas. Quando decidiram se retirar ante a aproximação de uma Companhia de 1.200 portugueses vindos de Ouro Preto e duas Companhias de dragões do Rio de Janeiro. Contaram os paulistas 40 baixas contra 80 de portugueses. Finda a Guerra dos Emboabas, e o reconhecimento da coroa do direito dos paulistas sobre as terras descobertas, como recompensa obteve sesmarias no interior do que é hoje o estado de São Paulo.

Em carta ao Rei escrita em 20 de Janeiro de 1708 Antônio Luís Peleja, Ouvidor Geral de São Paulo, fala dele: 

"natural e morador de São Paulo, insolente, régulo, o mais fascinoroso homicida de muitas vida", que se tinha feito atribuir, no momento das repartições, o mais precioso do ribeiro de Bento Rodrigues, em Ouro Preto. Habitou a região de Minas «muitos anos com muito gentio e roças em tempos que davam os maiores lucros, trazendo grande número de arrobas de ouro e tinha tido, durante meses, ourives trabalhando para ele para fundir o ouro em lingotes, cunhá-lo ou fazer jóias e objetos preciosos. Diz Antonil que tirara das minas oito arrobas, ou 128 quilos.

Descendente de bandeirantes, foi por sua vez, ascendente de figuras importantes de São Paulo e do Brasil, como a poetisa Bárbara Heliodora.


Outros Clãs:

Clãs Brasilaicos
Clã Aguirre
Clã dos Pires
Clã Rendon de Quebedo
Clã dos Saraiva(s)
Clã dos Teixeiras
Clã dos Wanderley
Clã Vidal de Negreiros
Clã Vieira de Mello

*Procuramos abordar apenas o ramo familiar mais antigo e proeminente registrado no Brasil. Podendo haver outros ramos familiares que advieram para o Brasil em épocas posteriores, ou mesmo na mesma época, porém não registrados.


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Clã dos Furtado de Mendonça

MENDOZA / MENDONÇA . Conta-se entre as mais ilustres e antigas famílias da Espanha a dos Mendozas / Mendonças, por vir dos senhores de Bisc...